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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

As origens da celebração do Natal

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Publicado originalmente em: http://www.reinodavirgem.com.br/historiaigreja/origens-Natal.html


A solenidade do Natal, isto é, a celebração do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, é uma das celebrações mais importantes da Santa Igreja. Contudo, não é a solenidade mais antiga (a solenidade mais antiga é, certamente, a Páscoa da Ressurreição), sendo que a uniformidade de sua celebração é posterior ao século IV. Pretendemos aqui apresentar brevemente as origens e o significado dessa importante solenidade.

I- As Origens da Celebração da Natividade do Senhor


A celebração do Natal, conforme podemos auferir pelos registros históricos, surge no século IV a partir dos principais bispados da época, embora não celebrassem na mesma data. Ao que as fontes indicam, a data do nascimento de Cristo era desconhecida dos primeiros cristãos, sendo que nem as Sagradas Escrituras, nem os Padres Apostólicos citam uma data certa.



São Clemente de Alexandria (morto em 215) relata que os escritores de seu tempo estabeleceram diversas datas como sendo a do nascimento de Jesus, embora critique essas suposições como curiosidade. Ao que tudo indica, a Natividade de Cristo ainda não era celebrada.[1]


Em Alexandria (cidade localizada no Egito - um dos bispados mais antigos, cujo primeiro bispo foi o Apóstolo São Marcos), no III século, tornou-se costume a celebração da Natividade de Cristo junto com a festa da Epifania, isto é, por volta de 6 de Janeiro. Ainda nos tempos do Concílio de Nicéia (ocorrido em 325), nas Constituições da Igreja de Alexandria lê-se dies Nativitatis et Epiphaniae (“Dia da Natividade e da Epifania”), o que indica que tais festas ainda eram celebradas conjuntamente. Contudo, entre os anos de 427 e 433 a data da celebração no Egito passou a ser o dia 25 de dezembro, conforme podemos observar pelos sermões de São Cirilo, Bispo de Alexandria e de outros autores da época.[2]


Santo Epifânio (morto em 403), que foi bispo de Salamina na Ilha de Chipre, menciona a data do nascimento de Cristo como sendo em 6 de Janeiro (Hær., li, 16, 24 en P.G., XLI, 919, 931), o que nos permite deduzir que em Chipre também tinha-se o costume de celebrar o Natal juntamente com a Epifania. Tal é o caso também da Armênia. Santo Éfrem, o Sírio (morto em 373) relata que na Mesopotâmia celebrava-se o nascimento de Cristo treze dias após o solstício de inverno (6 de janeiro). Segundo os sermões de São Gregório de Nissa (morto em 395) datados de 380, o Natal já era celebrado no dia 25 de dezembro durante essa época na região da Ásia Menor (P.G., XLVI, 788; cf, 701, 721), assim como afirmam outros contemporâneos da mesma região.[3]


Em Jerusalém (cujo primeiro bispo foi o Apóstolo São Thiago), por volta de 385, relatos mostram que a Natividade era comemorada no dia 6 de janeiro. Embora tenha havido algumas correspondências entre o bispo São Cirilo de Jerusalém (morto em 386) e o Papa São Júlio I (morto em 352) sobre uma possível mudança da data da celebração do Natal (estabelecida pelo Papa para 25 de dezembro), não foi efetuada nenhuma mudança por Cirilo. Talvez isso esteja ligado ao fato de que São Gregório Nazianzeno estava sendo criticado por ter “dividido as duas festas” (isto é, ter estabelecido a data do Natal em 25 de dezembro, separada da Epifania de 6 de janeiro) em Constantinopla. Contudo houve críticas também no sentido contrário. São Jerônimo de Strídone criticara, em um escrito de 411, o fato de Jeursalém “ocultar” a celebração do Natal ao festeja-la junto com a Epifania (en Ezeq., P.L., XXV, 18). Jerusalém apoiava sua tradição de celebrar as duas festas conjuntamente baseados na suposição de que Jesus teria sido batizado no dia de seu aniversário, conforme deduziam a partir do relato do Evangelho de São Lucas III, 23.[4]


Em Antioquia (cidade localizada na Síria, onde o Apóstolo São Pedro foi Bispo antes de tornar-se Bispo de Roma), São João Crisóstomo (morto em 407), quando ainda era Presbítero defendera a mudança da data da celebração do Natal para o dia 25 de dezembro, o que já era costume para parte da comunidade antioquina. Crisóstomo conseguiu introduzir este novo costume em Antioquia e em toda a região próxima[5], baseando-se em algumas suposições calculadas sobre a data em que São Zacarias recebeu o anúncio do Anjo Gabriel enquanto oficiava no Templo de Jerusalém.[6]


Em Constantinopla (cuja algumas tradições consideram ter sido o Apóstolo Santo André seu primeiro Bispo), a celebração do Natal no dia 25 de dezembro foi introduzida por São Gregório Nazianzeno, entre 379 e 380. Contudo, a celebração nesta data desapareceu após o desterro de Gregório em 381. Alguns escritos também sugerem que a data de 25 de dezembro foi introduzida em Constantinopla novamente pelo Imperador Arcádio e por São João Crisóstomo, nomeado Bispo da dita cidade, embora essa informação seja mais incerta.


Ao que tudo indica, em Roma o Natal, desde que começou a ser festejado, sempre fora celebrado no dia 25 de dezembro. Um dos registros mais antigos nesse sentido é a Depositio Martyrum de Filocálio, uma espécie de calendário litúrgico da época, datado de 354.[7] Nele podemos ler VIII kal. ian. natus Christus in Betleem Iudeae (“[No] oitavo [dia das] calendas de janeiro [isto é, 25 de dezembro] nasce Cristo em Belém da Judéia”). Existem referências a essa data também em um manuscrito de Santo Hipólito de Roma (morto em 235), embora alguns estudiosos julguem ser as menções a essa data contidas no escrito de Hipólito como interpolações posteriores.[8] Assim, é mais seguro afirmar que a celebração do Natal em Roma existe a partir do século IV. Também o discurso do Papa São Libério em 353 durante a cerimônia de velatio de Santa Marcelina, irmã de Santo Ambrósio de Milão (morto em 397) faz menção a data de 25 de dezembro. Tal discurso está reproduzido no tratado De Virginibus escrito por Ambrósio 23 anos depois.[9] As referências neste caso, contudo, são implícitas e não tão certas quanto as da Depositio Martyrum, embora a proximidade com este texto possa favorecer a hipótese de que o discurso do Papa mencionava de fato a celebração do Natal do Senhor.


II- A fixação da data do Natal em 25 de dezembro


Como vimos, ao longo do século IV, a maioria das principais dioceses acabou por introduzir em suas regiões de influência a celebração do Natal no dia 25 de dezembro, separado da festa da Epifania, celebrada no dia 6 de janeiro. Segundo Cyril Martindale na Enciclopédia Católica, a data de 25 de dezembro foi trazida de Roma ao Oriente durante o reavivamento anti-ariano pelos defensores da ortodoxia Católica.[10]


Como se deu a fixação dessa data? Monsenhor Mario Righetti aponta duas principais hipóteses levantadas pelos liturgistas. A primeira hipótese defendida principalmente por Usener e Botte, defende que a fixação da date em 25 de dezembro está relacionada com a festividade pagã do Natalis Invicti, isto é, a celebração do nascimento da divindade pagão do Sol Invictus (“Sol Vitorioso”) ou o deus Mitra. Defendem esses estudiosos que tal fixação de data deu-se para substituir a festa pagã do Sol Invicto por uma solenidade Cristã. De fato, a Igreja sempre procurou dar novo significado às festas pagãs, tirando-lhes o sentido pagão e substituindo por uma significação cristã. Em outras palavras, uma “cristianização” da festa pagã. Contudo, embora os Santos Padres usem o sol e o nascer do sol como símbolos de Cristo e de sua renovação no mundo e nos homens, esta analogia parece ter sido tomada do Livro de Malaquias[11] e não de alguma associação com a divindade solar pagã. Também não há nenhum registro da época que mencione explicitamente a instituição da celebração do Natal de Cristo no dia 25 de dezembro com a intencionalidade de substituição da festa pagã.[12]


A segunda hipótese, defendida por Duchesne, sugere que a fixação da data deu-se por razões astronômicas e suposições de que Cristo teria se morrido no mesmo dia da Encarnação. Sendo assim, Cristo teria sido concebido em um dia 25 de março e nascido em 25 de dezembro. Embora a primeira hipótese seja mais aceita pelos liturgistas modernos, Righetti concilia as duas hipóteses como complementares: “Observando bem, não obstante, as duas teorias poderiam completar-se mutuamente. As autoridades eclesiásticas, desejosas de substituir uma festa cristã à festa solar de 25 de dezembro, encontraram no sincronismo das duas festas (25 de março, 25 de dezembro) um motivo a mais para por a comemoração e celebração do nascimento de Cristo.”[13]


Ao fixar-se a celebração do Natal, a Igreja também fixou no calendário litúrgico as festas da Circuncisão de Cristo, Apresentação de Cristo no Templo, da Anunciação do Anjo à Virgem Maria e mesmo do Nascimento e Concepção de São João Batista. Até o século X, o Natal era considerado o início do ano litúrgico, mas depois surgiu o tempo litúrgico do Advento, de preparação para a solenidade do Natal.[14]

III- O dia 25 de dezembro como a data real do nascimento de Jesus


Conforme demonstrado, a celebração do Natal no dia 25 de dezembro surgiu em Roma por volta do século IV. Contudo, estudos recentes mostram que a decisão pode ter sido menos arbitrária do que parece. Baseados na revisão dos cálculos do historiador judeu Flávio Josefo (morto por volta de 100 d.C.) e comparação com outros cálculos de datações da época, estudiosos mostram que é muito possível a hipótese de que o monge Dionísio, o Exíguo estivesse certo ao estabelecer em 532 que a data do nascimento de Cristo tinha se dado no VIII dia das Calendas de Janeiro do ano 754 da fundação de Roma. Tal data corresponde ao dia 25 de dezembro do ano 1 a.C.[15]


Outro estudo, realizado por Shemarjahu Talmon, docente da Universidade Hebraica de Jerusalém, conseguiu através de consultas aos manuscritos de Qumran calcular a data em que a classe sacerdotal de Abias (a qual pertencia São Zacarias, pai de São João Batista) oficiava a Liturgia no Templo de Jerusalém. A classe de Abias servia duas vezes ao ano, sendo uma delas na última semana de setembro. “Eis, portanto, como aquilo que parecia mítico assume, improvisamente, uma nova verosimilhança - Uma cadeia de acontecimentos que se estende ao longo de 15 meses: em Setembro o anúncio a Zacarias e no dia seguinte a concepção de João; seis meses depois, em Março, o anúncio a Maria; três meses depois, em Junho, o nascimento de João; seis meses depois, o nascimento de Jesus. Com este último acontecimento, chegamos precisamente ao dia 25 de Dezembro; dia que não foi, portanto, fixado ao acaso.”[16] Desta forma, não só mostra que Cristo nasceu possivelmente no dia 25 de dezembro, como mostra uma compatibilidade com as demais datas de festas litúrgicas da Igreja conectadas com esse acontecimento.


Esta última hipótese torna-se ainda mais interessante se recordarmos que São João Crisóstomo usou de uma hipótese semelhante para introduzir a data de 25 de dezembro como a da celebração do Natal na diocese de Antioquia, quando ainda era apenas um presbítero nesta diocese.

IV- O significado do Natal


Cumpre-nos agora, a título de conclusão, refletir sobre o significado dessa importante solenidade cristã. Havia, nos anos que antecederam o nascimento de Jesus, uma expectativa muito grande pela vinda do Messias, o Rei e Salvador prometido por Deus ao Seu Povo. Vários profetas já haviam falado de sua vinda. E eis que um anjo de Deus é enviado a uma pequena cidade da Galiléia, Nazaré, para anunciar a uma jovem virgem que ela traria em seu ventre o Filho de Deus. Esta jovem é a Bem-aventurada e Sempre Virgem Maria.



O nascimento de Cristo foi muito importante, pois com ele, o Senhor Jesus iniciaria Sua obra de Redenção do Gênero humano. Tal acontecimento foi permeado de diversos sinais miraculosos. Primeiramente a própria concepção milagrosa de Cristo, nascido de uma Virgem e concebido sob o poder do Espírito Santo, sem o auxílio de varão. Junto à isso a aparição de um anjo à Virgem. Depois, a estrela que mostrou o local do nascimento do Senhor.



Muitas seitas protestantes acusam o Natal de ser uma festa pagã, devido à hipótese de que a festa teria sido instituída pela Santa Igreja para substituir a festividade pagã de Mitra ou do Sol Invicto. Carece de logicidade argumentar que uma festa tem sentido pagão apenas pela coincidência das datas. Analisemos, então, o sentido de se festejar o nascimento de Cristo.


A Sagrada Escritura nos mostra que o nascimento de Jesus foi um motivo de grande júbilo não somente para os judeus, mas também para os pagãos. Tanto os pastores judeus de Belém, quanto os magos pagãos do Oriente foram à estrebaria adorar o Menino Deus recém-nascido. Como pode ser anti-cristão festejar o nascimento do Senhor se até mesmos os anjos cantaram a Glória de Deus, desse Deus que havia nascido segundo a carne? Acaso não imitam os cristãos os santos anjos do Deus ao festejarem com júbilo o nascimento de Seu Filho e Senhor Nosso?


Vimos anteriormente que muito é possível que a data real do nascimento de Nosso Senhor tenha sido de fato no dia 25 de dezembro. Mas consideremos, por um breve momento, que a data ainda seja incerta ou desconhecida e que a data fora estabelecida para substituir a festa pagã do deus Mitra. Isso altera o sentido do Natal cristão? Os cristãos celebram o Natal cientes de que o fazem comemorando o nascimento de Cristo e não de uma divindade antiga cujo culto jaz extinto desde a Antigüidade Tardia.


Ao estabelecer a data do Natal no dia do deus Sol (ou, poderíamos dizer, Cristo, ao nascer coincidentemente no mesmo dia da festividade pagã da divindade solar) a Igreja mostra que Cristo ao nascer ensinou os pagãos a não adorarem mais o sol físico, mas a adorar Aquele que é o verdadeiro “Sol da Justiça”, Jesus Cristo. Isso é exposto de maneira brilhante em um trecho da Liturgia de rito bizantino do Natal: “Teu nascimento, ó Cristo, nosso Deus, fez brilhar no mundo a luz da Sabedoria; e, graças a uma estrela, aqueles que adoravam os astros aprenderam a adorar-te, Sol de Justiça, e ao conhecer em Ti o Oriente que vem do alto: Glória a Ti, Senhor.”[17]


Neste Natal, e em todos os demais, portanto, munamo-nos dos mesmos sentimentos e da mesma Fé com que os pastores e magos foram à manjedoura. Jubilemos e glorifiquemos a Deus como os anjos do Céu e rendamos Graças ao Senhor por ter descido dos Céus e para nossa Salvação ter se feito homem. Não há para nós maior presente do que Cristo. Deus se faz homem para remir-nos do império do pecado. Este é, de fato, nosso verdadeiro presente de Natal!

Notas:
[1]RIGHETTI, Mons. Mario. Historia de la Liturgia. Tomo I. Parte III. Disponível em: http://www.holytrinitymission.org/books/spanish/historia_liturgia_m_righetti_1.htm#_Toc22650581
[2]MARTINDALE, Cyril. Verbete Navidad na Enciclopédia Católica. Disponível em: http://ec.aciprensa.com/n/navidad.htm
[3]Idem, Ibidem.
[4]Ibid.
[5]Ibid.
[6]Segundo essa suposição, “Zacarias, que era sacerdote, entrou no Templo no Dia da Expiação, recebendo o anúncio da concepção de João, por conseguinte, foi em setembro; seis meses depois, Cristo foi concebido, ou seja, em Março, nascendo em Dezembro.” Para tanto, vide o Verbete Navidad da Enciclopédia Católica, anteriormente citado. Estudos recentes mostram que as suposições de São João Crisóstomo não eram completamente infundadas. Voltaremos a nos deter sobre esse aspecto mais adiante.
[7]RIGHETTI, Op. Cit. Em: http://www.holytrinitymission.org/books/spanish/historia_liturgia_m_righetti_1.htm#_Toc22650581
[8]MARTINDALE, Op. Cit. Em: http://ec.aciprensa.com/n/navidad.htm
[9]RIGHETTI, Op. Cit.
[10]MARTINDALE, Op. Cit.
[11]Mas, sobre vós que temeis o meu nome, levantar-se-á o sol de justiça que traz a salvação em seus raios. Saireis e saltareis, livres como os bezerros ao saírem do estábulo.” Malaquias III, 20.
[12]RIGHETTI, Op. Cit.
[13]Idem, Ibidem.
[14]MARTINDALE, Op. Cit.
[15]Trata-se de um estudo complexo envolvendo vários cálculos e diferentes sistemas de datações da Antigüidade. Para maiores informações vide SUNGENIS, Robert A. Boas Novas – Jesus Cristo nasceu mesmo em 25 de dezembro do ano 1 a.C. Disponível em: http://www.veritatis.com.br/article/4688
[16]MESSORI, Vittorio. Jesus nasceu mesmo num dia 25 de dezembro... Disponível em: http://www.veritatis.com.br/article/4698
[17]Citado em STEPHAN, Pe. Elie K. A História do Natal. Disponível em: http://ortodoxiabrasil.com/site//index.php?option=com_content&task=view&id=42&Itemid=29 Aviso: Este site pertence a fiéis da Igreja Ortodoxa, que não mantém comunhão com o Papa, portanto, cismática. O presente texto, contudo, não contém nada que contrarie a Doutrina Católica.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Sugestão para a Missa da Noite de Natal: canto ou recitação das Kalendas, em ambas as formas do rito romano

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Na forma extraordinária, se canta após a hora de Prima, que foi suprimida na forma ordinária, restando, então, para o rito moderno, a opção de se usar as Kalendas combinadas com a Missa ou como cerimônia à parte.

O Papa João Paulo II fazia cantar as Kalendas no início da Missa. Bento XVI manteve o costume, mas mudou nas últimas Missas para antes da celebração, o que é também possível, dado que, em sentido estrito, as Kalendas são parte do Martirológio Romano.

É uma boa tradição litúrgica para se colocar em prática em nossas Missas.

Eis o texto, em português e latim, para a forma ordinária:

Em português:

Vinte e Cinco de Dezembro. Décima-nona Lua.

Tendo transcorrido muitos séculos desde a criação do mundo,

Quando no princípio Deus tinha criado o céu e a terra e tinha feito o Homem à sua imagem;

E muitos séculos de quando, depois do dilúvio, o Altíssimo tinha feito resplandecer o arco-íris, sinal da Aliança e da Paz;

Vinte e um séculos depois da partida de Abraão, nosso pai na fé, de Ur dos Caldeus;

Treze séculos depois da saída de Israel do Egito, sob a guia de Moisés;

Cerca de mil anos depois da unção de David como rei de Israel;

Na sexagésima quinta semana, segundo a profecia de Daniel;

Na época da centésima nonagésima quarta Olimpíada;

No ano setecentos e cinqüenta e dois da fundação da cidade de Roma;

No quadragésimo segundo ano do Império de César Otaviano Augusto;

Quando em todo o mundo reinava a paz, Jesus Cristo, Deus Eterno e Filho do Eterno Pai, querendo santificar o mundo com a sua vinda, tendo sido concebido por obra do Espírito Santo, tendo transcorrido nove meses, (aqui eleva-se a voz, e todos se ajoelham) nasce em Belém da Judeia da Virgem Maria, feito homem:

Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo a natureza humana.

R. Graças a Deus.

Em latim:

Octavo Kalendas Ianuarii. Undevicesima Octava.

Innumeris transactis saeculis a creatione mundi,

Quando in principio Deus creavit caelum et terram et hominem formavit ad imaginem suam;

Per multis etiam saeculis, ex quo post diluvium Altissimus in nubibus arcum posuerat, signum foederis et pacis;

A migratione Abrahae, patris nostri in fide, de Ur Chaldaeorum saeculo vigesimo primo;

Ab egressu populi Israel de Ægypto, Moyse duce, saeculo decimo tertio;

Ab unctione David in regem, anno circiter milesimo;

Hebdomada sexagesima quinta, juxta Danielis prophetiam;

Olympiade centesima nonagesima quarta;

Ab Urbe condita anno septingentesimo quinquagesimo secundo;

Anno imperii Caesaris Octaviani Augusti quadragesimo secundo;

Toto Orbe in pace composito, Iesus Christus, aeternus Deus aeternique Patris Filius, mundum volens adventu suo piissimo consecrare, de Spiritu Sancto conceptus, novemque post conceptionem decursis mensibus (hic vox elevatur, et omnes genua flectunt), in Bethlehem Iudae nascitur ex Maria Virgine factus homo:

Nativitas Domini Nostri Iesu Christi secundum carnem.

R. Deo Gratias.

Para a forma extraordinária, o texto é ligeiramente distinto:

Octavo Kalendas Ianuarii.

Anno a creatione mundi, quando in principio Deus creavit cœlum et terram, quinquies millesimo centesimo nonagesimo nono:

A diluvio autem, anno bis millesimo nongentesimo quinquagesimo septimo: A nativitate Abrahæ, anno bis millesimo quintodecimo:

A Moyse et egressu populi Israël de Ægypto, anno millesimo quingentesimo decimo:

Ab unctione David in Regem, anno millesimo trigesimo secundo;

Hebdomada sexagesima quinta, iuxta Danielis prophetiam:

Olympiade centesima nonagesima quarta:

Ab urbe Roma condita, anno septingentesimo quinquagesimo secundo:

Anno Imperii Octaviani Augusti quadragesimo secundo, toto Orbe in pace composito, sexta mundi ætate, Iesus Christus æternus Deus, æternique Patris Filius, mundum volens adventu suo piissimo consecrare, de Spiritu Sancto conceptus, novemque post conceptionem decursis mensibus (hic vox elevatur, et omnes genua flectunt), in Bethlehem Iudæ nascitur ex Maria Virgine factus Homo.

R. Deo Gratias.

A melodia é a que segue (com texto da forma extraordinária, mas podendo ser usada, em latim ou português, para a forma ordinária):



UPDATE (24/12): Corrigimos a lua do Natal de 2010, após um comentário de um leitor nos alertando, o que passou por um lapso.

Antífonas do Ó: O Radix Iesse

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A Antífona do Ó, das Vésperas de de hoje, em preparação ao Natal do Senhor, é a O Radix Iesse:

Em latim: O Radix Iesse, qui stas in signum populórum, super quem continébunt reges os suum, quem gentes deprecabúntur: veni ad liberándum nos, iam noli tardáre.

Em português (trad. oficial da CNBB): Ó Raiz de Jessé, ó estandarte, levantado em sinal para as nações! Ante vós se calarão os reis da terra, e as nações implorarão misericórdia: Vinde salvar-nos! Libertai-nos sem demora!

sábado, 18 de dezembro de 2010

Antífonas do Ó: O Adonai

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Ontem, iniciamos a reza, nas Vésperas, das chamadas Antífonas do Ó, típicas da preparação próxima do Natal que vivemos desde o dia 17 até o 24 de dezembro.

A antífona de hoje é a O Adonai, cujo canto é o que segue:

Em latim: O Adonái et Dux domus Israel, qui Móysi in igne flammæ rubi apparuísti, et ei in Sina legem dedísti: veni ad rediméndum nos in brácchio exténto.

Em português (trad. oficial da CNBB): Ó Adonai, guia da casa de Israel, que aparecestes a Moisés na sarça ardente e lhe destes vossa lei sobre o Sinai: vinde salvar-nos com o braço poderoso!

A correta vivência litúrgica

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Recebi por e-mail do amigo e advogado Dr. André Brandalise, da Comunidade Shalom:

Confesso a todos que tenho esperança de que os católicos ... quer dizer, pelo menos aqueles que REALMENTE querem viver a fé católica ... ouçam as palavras do Santo Padre em relação à vivência litúrgica.

Não é de hoje que o Papa Bento XVI exorta a todos a mais correta vivência litúrgica, e não porque “tem que seguir as normas”, mas porque a correta aplicação das normas litúrgicas representa o devido zelo ao sagrado (que muito se perdeu nos dias de hoje) e um maior aprofundamento na vivência dos mistérios litúrgicos.

É importante lembrar que a liturgia é uma só, existe apenas a liturgia da Igreja Católica Apostólica Romana. Qualquer acréscimo realizado não significa que se trata de liturgia própria desta ou aquela expressão dentro da Igreja. Não é a liturgia que deve se adaptar aos fiéis, mas os fiéis que devem se adaptar à liturgia. E já vi algumas vezes a inversão dos valores.

E diante disso, temos uma situação que já ouvi muito: “a lei mata”. Essa é uma das frases mais ridículas que já ouvi, e que muitos gostam de usar para não cumprir as normas litúrgicas.

Como advogado lido com leis e aprendi desde a faculdade que cada norma somente pode ser feita pela pessoa competente e por determinada situação. No caso das normas litúrgicas, estas foram criadas pelas pessoas competentes dentro da Igreja e buscam a melhor e mais correta vivência da liturgia. Diversos documentos da Igreja e pronunciamentos dos Santos Padres (inclusive o Papa Bento XVI) reforçam esta vivência mais correta da liturgia, o que mantêm a validade de cada letra nas normas litúrgicas.

Há quem olhe a liturgia como uma seqüência de atos e que a norma não passa de um regulamento. Mas quem decide reconhecer a norma litúrgica como fruto da vontade divina para a melhor vivência dos mistérios litúrgicos, vê que ela é de enorme importância para a vida da e na Igreja. Dentro da importância da celebração litúrgica, de forma especial a celebração eucarística, a Santa Sé já nos deixou claro:

Mas a liturgia é o cume para o qual tende toda a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, a fonte de que promana sua força. Os trabalhos apostólicos visam a que todos, como filhos de Deus, pela fé e pelo batismo, se reúnam para louvar a Deus na Igreja, participar do sacrifício e da ceia do Senhor.
(Constituição sobre a sagrada liturgia Sacrosanctum Concilium, 10)

Assim, dizer que “a lei mata” é (para mim) ridículo, pois é praticamente retirar a competência de quem escreveu e a validade da norma.

Tanto se luta contra a relativização na sociedade atual (luta justíssima), mas se vê que MUITOS comentem erro semelhante dentro da Igreja ao se relativizar a norma litúrgica. Persistir nesta relativização da norma litúrgica para adequá-la ao que é mais conveniente, representa bem o que se passa no coração da pessoa.

SER católico é ADERIR VERDADEIRAMENTE ao que nos diz a Santa Igreja (que é MÃE e MESTRA), INCLUSIVE ÀS NORMAS LITÚRGICAS!!!!!

DIZER-SE católico é ADERIR EM PARTE, só no que convém e relativizando o que diz a Igreja para que se sinta mais confortável de acordo com os seus achismos.

Peço desculpas por eventuais exageros, mas tenho certeza de que não exagerei no conteúdo.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Padre da Santa Sé é novo membro do Salvem a Liturgia

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Lembram que noticiamos aqui a nomeação de um padre brasileiro como oficial da Congregação para o Culto Divino e a Liturgia dos Sacramentos?

Pois esse padre, Mons. José Aparecido, é, desde o fim de novembro, membro de nossa equipe no Salvem a Liturgia, como podem ver aqui:

 

Mons. José Aparecido Gonçalves de Almeida mora em Roma, Itália, é doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade de Santa Cruz, também em Roma, subsecretário do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos desde 2002, defensor do vínculo junto aos tribunais vaticanos, colaborador em comissões de estudo preparatórias de alguns documentos da Santa Sé, e recentemente foi nomeado por Bento XVI consultor da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.

Antífonas do Ó: O Sapientia

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Da Wikipedia:

As Antífonas do Ó são sete antífonas especiais, cantadas no Tempo do Advento, especialmente de 17 a 23 de dezembro antes e depois do Magnificat, na hora canônica das Vésperas. As Antífonas do Ó são assim chamadas porque tem início com esse vocativo. (Antifonas - Advento - Sitio do Vacticano).

As Antífonas do Ó foram compostas entre o século VII e o século VIII, sendo um compêndio de cristologia da antiga Igreja, um resumo expressivo do desejo de salvação, tanto de Israel no Antigo Testamento, como da Igreja no Novo Testamento. São orações curtas, dirigidas a Cristo, que resumem o espítito do Advento e do Natal. Expressam a admiração da Igreja diante do mistério de Deus feito Homem, buscando a compreensão cada vez mais profunda de seu mistério e a súplica final urgente: «Vem, não tardes mais!». Todas as sete antífonas são súplicas a Cristo, em cada dia, invocado com um título diferente, um título messiânico tomado do Antigo Testamento (Antífonas do Ó: O antigo e o novo na oração liturgica do advento. - São Paulo: Paulinas, 1997).

Hoje, 17 de dezembro, começo da preparação próxima ao Natal do Senhor (já que a preparação remota começou no I Domingo do Advento), apresentamos o texto da primeira das Antífonas do Ó:

Em latim: O Sapiéntia, quæ ex ore Altíssimi prodísti, attíngens a fine usque ad finem, fórtiter suavitérque dispónens ómnia: veni ad docéndum nos viam prudéntiæ.

Em português (trad. oficial da CNBB): Ó Sabedoria, que saístes da boca do Altíssimo, e atingis até os confins de todo o universo e com força e suavidade governais o mundo inteiro: oh vinde ensinar-nos o caminho da prudência!

Abaixo, o canto da antífona em gregoriano, dos livros oficiais da liturgia romana:

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