Prece de consagração de um altar
quarta-feira, 23 de março de 2011
Análise sacramentológica da Prece de Consagração de um Altar
Prece de consagração de um altar
terça-feira, 22 de março de 2011
As características das Santas Missas da Quaresma
Apresentamos um interessante artigo do Arquimandrita João Carlos Teodoro, sacerdote católico da Igreja Greco-Melquita no Brasil, sobre as características da Quaresma bizantina, tirado de sua página na internet:
A Igreja ajuda aos cristãos no seu esforço de jejuar, criando condições, que dispõem ao jejum e à penitencia. Durante a Quaresma, tudo muda na igreja, tudo é incomum: as missas, as orações, os cânticos, as melodias, as prostrações e todo o ambiente. O ambiente festivo e a solenidade são substituídos pelo arrependimento e pela purificação da consciência. Os padres se vestem em vestimentas escuras; a Porta Real se abre com menos freqüência, a iluminação é mais fraca, o sino toca menos, há poucos cânticos e mais leitura de salmos e de outras orações que predispõem à penitencia; as pessoas se ajoelham com mais freqüência.
Durante a Quaresma se repete freqüentemente a oração do Sto. Efrem o Sírio: "Senhor e Mestre da minha vida" com prostrações. A missa liturgica completa, como a mais solene de todas as missas, só é oficiada aos sábados e aos domingos, às 4as e 6as feiras durante toda a Quaresma há missas liturgicas dos Dons Pré-Santificados, que têm o caráter de penitencia.
A primeira semana tem o caráter especialmente rigoroso e suas missas são repletas de uma profundidade espiritual. Na 2a, 3a, 4a e 5a — feiras durante o grande vesperal é lido o cânone de Sto. André de Creta, que é capaz de comover até a alma mais empedernida e conduzi-la à penitencia. No sábado é lembrado o milagre do S. Teodoro de Tiro, o Megalomártir , que com a sua aparição salvou os cristão da profanação pelo sangue derramado em honra dos falsos deuses e ordenou a eles de comer o trigo cozido com mel no lugar da comida impura.
O primeiro domingo da Quaresma se chama de Domingo de Ortodoxia, que foi estabelecido em comemoração da vitória sobre os iconoclastas dos séculos 8 e 9, quando os santos ícones voltaram a ser novamente veneradas. Após a liturgia, é celebrada uma missa especial pedindo a conversão dos enganados.
O terceiro domingo da Quaresma é dedicado à adoração da venerável e vivificante cruz. No sábado, durante a missa vesperal a santa Cruz é levada do altar para o centro da igreja para adoração. Com isto, a Igreja inspira os fiéis para continuarem a jejuar, porque pela cruz Nosso Senhor retirou o poder do diabo e livra-nos dos pecados. A cruz fica no centro da igreja durante toda a quarta semana. Ao adorar a cruz, cantamos ou rezamos: "Adoramos a Tua cruz, Senhor, e glorificamos a Tua santa ressurreição."
Na quarta-feira da quinta semana, à noite, novamente é lido o Grande Cânon do Sto. André de Creta e é oferecida como exemplo a vida da Sta. Maria Egípcia, a qual, sendo uma grande pecadora, após a penitencia, se regenerou e se transformou numa santa igual-aos-apóstolos. Na sexta-feira à noite é oficiado o akáthistos em louvor da Nossa Senhora, A Qual, com a sua perfeição espiritual excedeu todos os homens e se transformou no nosso maior exemplo de inspiração.
Toda a sexta semana da Quaresma é uma preparação para a digna glorificação do Nosso Senhor, Que foi para Jerusalém para voluntariamente sofrer por nós. Na sexta-feira da sexta semana termina a Quaresma, como período designado para a penitencia. No domingo é comemorada a entrada do Nosso Senhor em Jerusalém e começa a Semana Santa — em que são lembrados os últimos dias de vida na terra do Nosso Senhor.
Durante a Quaresma, tudo nos ajuda a corrigir as nossas vidas: a abstinência da comida e de diversões, uma atenção especial nas orações em casa bem como na igreja. Desde os tempos antigos veio o costume de terminar a Quaresma com confissão e comunhão. Cada um de nós deve se preparar para a confissão, confessar sem pressa, com um profundo sentimento de arrependimento e com a intenção de modificar o nosso modo de viver. A comunhão nos proporciona uma enorme força espiritual. Por isso, é recomendável repetir a confissão e a comunhão várias vezes durante a Quaresma.
E a tradução brasileira do Missal quando vem mesmo?
É, os EUA e a Grã-Bretanha não só fizeram uma excelente tradução para o inglês da III Editio Typica do Missale Romanum, corrigindo todas as imperfeições, como já estão editando os missais de altar para uso em seus países.
E a CNBB, quando dará à luz sua tradução mesmo? Sabemos que agora não há chance de enganar a Cúria e fazer passar uma tradução fajuta, como confessou, orgulhosamente, D. Clemente Isnard, OSB, e a tradução deverá ser fiel ao latim (ou seja, nada de “Ele está no meio de nós”, e “Deus do universo”, ou “por todos”).
Uma boa tradução é um passo na reforma da reforma…
Para dar um gostinho do que nossos irmãos católicos de língua inglesa experimentarão ao assistirem Missas na forma ordinária, no seu vernáculo, abaixo, as fotos do novo Missal da Inglaterra e do novo dos EUA.
segunda-feira, 21 de março de 2011
Domingo das Santas Relíquias em Juiz de Fora, MG
O II Domingo da Grande Quaresma, no rito bizantino, é chamado de “Domingo de São Gregório Palamas”, como vimos ontem, mas também de “Domingo das Santas Relíquias”.
A seguir, fotos da Divina Liturgia (Missa) bizantina por ocasião dessa data, celebrada ontem, na Paróquia Melquita São Jorge, em Juiz de Fora, MG, pelo Arquimandrita João Carlos Teodoro:
A Liturgia dos Pré-Santificados, o coração da Quaresma bizantina
A Liturgia dos Pré-Santificados, o coração da Quaresma bizantina
Por Marcelo Wallace Paiva,
Leigo da Igreja Ortodoxa Russa (Patriarcado de Moscou) e membro da Paróquia Ortodoxa Santa Zenaide, no Rio de Janeiro, RJ
A Liturgia dos Dons Pré-santificados pode ser caracterizada, sem exagero, como o coração, o centro dos serviços da Grande Quaresma. Em alguns manuscritos antigos dos livros do serviço, ela é conhecida como a "Liturgia da Grande quaresma."
De fato, é o serviço que melhor caracteriza este tempo sagrado do ano.
A essência deste serviço é revelado em seu próprio nome: é a "Liturgia dos Dons Pré-Santificados." Distingue-se da Liturgia de São Basílio, o Grande, e da Liturgia de São João Crisóstomo, em que a Eucaristia, a oferta e a santificação dos Dons ocorre nelas.
Durante esta "Liturgia da Grande Quaresma" são oferecidos os Santos Dons "pré-santificados", ou seja, já santificados com uma liturgia celebrada no dia anterior. Estes Santos dons são oferecidos a nós para que possamos ter a oportunidade de comungar delas e sermos santificados por eles.
Em outras palavras, a Liturgia dos Dons Pré-Santificados não é essencialmente uma "Liturgia" no sentido das liturgias de São João Crisóstomo e São Basílio, o Grande, mas sim um rito especial de Comunhão. Não é, pois, Missa, atualização do sacrifício.
Para entender por que este rito de Comunhão dos Santos Dons Pré-Santificados entrou em vigor, é preciso considerar sua história, pois suas raízes estão na antiga prática da Igreja.
Nos primeiros séculos da história cristã, os fiéis se aproximavam para receber os Santos Dons em cada Santa Liturgia. Era uma prática entre os fiéis, quando não havia nenhuma liturgia da semana, que ficariam privados de receber os Santos Dons até a celebração dominical.
Em razão disso, um rito especial de oração foi instituido dentro dos mosteiros: todos os monges oravam juntos antes da Comunhão, e depois, agradeciam a Deus, Que tinha que lhes permitido ser os communicantes dos Santos Mistérios. Tal rito era feito, quer depois das Vésperas, ou depois das horas (a Nona Hora cerca de 3h). Com o tempo, essa regra de oração assumiu a forma de um serviço, algo semelhante ao rito da Liturgia.
Assim, se desenvolveu o que hoje chamamos de "Ordem do Typica", existente na prática contemporânea, celebrada após a sexta e a nona horas.
O próprio nome "Típica" aponta para o fato de que, em certa medida este serviço tipifica a Liturgia. Neste sentido, ele é um precursor de nossa Liturgia dos Dons Pré-Santificados.
Durante a Grande Quaresma, a Divina Liturgia é celebrada somente aos sábados e domingos. A antiga prática da Igreja, confirmada nos cânones dos Conselhos, proíbe o serviço de liturgias em dias de semana durante a Grande Quaresma, na medida em que esses dias são inteiramente dedicados ao jejum e ao arrependimento. O serviço da Divina Liturgia, seria incompatível com o carácter triste de tais dias, pois a liturgia é um mistério pascal, uma festa da Igreja, cheios de alegria e júbilo espiritual.
Os fiéis do passado, recebiam a Comunhão, não só aos sábados e domingos, mas também pelo menos duas vezes durante a semana - às quartas e sextas-feiras. Assim, surgiu a pergunta: Como eles podem comungar fora da Liturgia? A resposta já tinha sido prevista: eles podem comungar dos Santos Dons santificados em uma das liturgias anteriores.
Nesses dias, o jejum significa abstinência completa de alimentos até o pôr do sol, e a comunhão dos Santos Dons era a coroa, ao final de um dia de Quaresma. Por essa razão, nesses dias de semana, a comunhão desses Dons ocorria depois das Vésperas.
O rito da Liturgia dos Dons Pré Santificados ocorre nas Vésperas, quando os Santos Dons Pré-Santificados são oferecidas, e as orações antes da comunhão são lidas.
A Comunhão se realiza, e é seguida pelas orações de agradecimento.
O serviço é imerso em sua especial "tristeza", tipica da Grande Quaresma. A mesa do altar e os vasos sagrados contendo os Santos Dons estão cobertos com paramentos de cor escura. As orações são lidas com um senso de humildade e ternura.
No seu todo, o serviço é marcado por um sentido especial de mistério.
domingo, 20 de março de 2011
Domingo de São Gregório Palamas, no rito bizantino
Os fiéis católicos bizantinos (melquitas, ucranianos, gregos, russos, ítalo-albaneses, rutenos etc), celebram no II Domingo da Quaresma, tal qual suas contrapartes da “Igreja Ortodoxa”, o santo Bispo Gregório Palamas, teólogo falecido em 1359.
A muitos causa estranheza que alguém que viveu após o Cisma de 1054, seja filho da Igreja cismática “ortodoxa”, seu Bispo, e que a defendeu doutrinariamente, possa ser venerado por católicos. Que São Sérgio de Radonezh, falecido em 1392, possa ser santo católico, embora oriental, pós-cisma e súdito de uma Igreja em cisma, se compreende, dado que a consciência do que era realmente o cisma ainda não era muito clara na Rússia de então. Todavia, Gregório Palamas viveu, embora na mesma época, em uma região em que o cisma já era claro, com posições muito definidas, e uma explícita oposição entre Roma e Constantinopla. Palamas era, ao contrário do monge Sérgio, um Bispo de uma importante cidade grega, Tessalônica, e debateu com latinos. E, se foi monge, como Sérgio, o foi no Monte Athos, que desde aqueles anos já era um importante centro de confrontação com os ocidentais.
Como se pode, pois, venerar como santo católico, justamente, um santo não-católico?
Em primeiro lugar, cabe responder que, se se venera Gregório Palamas, ele não pode ser um santo “dos orientais” apenas. A Igreja é una, sob um mesmo Papa. Não há um “santo dos melquitas” não aceito por católicos latinos. O santo ou é de todos os católicos, ou não é santo.
Aos perplexos, o fato é que São Gregório está inscrito nos calendários litúrgicos oficiais dos bizantinos, e “lex orandi, lex credendi”. Embora não seja uma declaração ex cathedra, dificilmente não se consideraria como “fato dogmático” a inscrição de um santo em uma liturgia. De outra sorte, antes que se acuse tal inscrição de modernista ou “fruto do Vaticano II”, é importante notar que foi feita na época de Pio XII e por ele aprovada.
Ora, mas então católicos veneram um cismático? Sim, é fato. E, para tentar “resolver” o problema, escrevi, no Orkut, as linhas abaixo, certa feita:
A questão (…) [é] a autorização oficial para culto que Pio XII concedeu a santos orientais pós-cisma, e com consciência do cisma, como Serafim de Sarov. Canonização certamente não é. Qual a solução? A meu ver, beatificação, pois autorização para culto é beatificação (canonização é empenho infalível da palavra da Igreja, não mera autorização de culto).
E uma beatificação análoga à equipolente.
Assim, não teríamos uma certeza absoluta da salvação de Serafim de Sarov nem se poderia prestar culto UNIVERSAL a ele (privilégio dos santos canonizados), mas uma certeza meramente moral e uma autorização de culto LOCAL.
E o fato de continuarem a ser chamados santos e não beatos se resolve por concessão da Igreja, para manter a tradição dos orientais. São santos em um sentido lato, não no estrito (canonizados). Tecnicamente, ainda que mantendo o título "santo", seriam beatificados.
A canonização de ortodoxos não é possível, mas não vejo óbice à beatificação. Até porque é um fato e temos que lidar com isso.
Um argumento a favor de minha teoria de que os santos orientais pós-cisma, ao serem reconhecidos pela Santa Sé, o foram na qualidade de beatos, ainda que se chamem santos, é o caso do frade dominicano português Gonçalo do Amarante.
Ele foi beatificado, mas não canonizado. No entanto, o povo o chama de São Gonçalo e há igrejas dedicadas a ele com esse nome "santo" e não "beato". Ninguém põe dúvida, todavia, de que se trata de um beato.
Qual a diferença entre a beatificação e a canonização? Nesta última, a Igreja empenha sua palavra: é um ato infalível. Na primeira, há uma mera autorização de culto oficial, mas sem infalibilidade.
São Serafim de Sarov e São Gregório Palamas não podem ser canonizados pela Igreja Católica em face de sua ciência quanto ao cisma e a alguns problemas em seus ensinos. A Igreja, se os canonizasse, estaria como que comprometendo sua infalibilidade.
Sem embargo, é fato que os calendários litúrgicos dos católicos bizantinos, oficialmente aprovados por Roma, falam nos dois santos, e em outros.
Como resolver o impasse?
A meu ver, ambos foram beatificados pela Igreja, e não canonizados. A canonização dos mesmos é impossível, mas a beatificação (autorização de culto) não. A Igreja poderia autorizar um culto dos dois. Não uma autorização por processo normal, mas por equipolência, onde já exista, como é o caso das Igrejas orientais católicas. E essa autorização, por não ser infalível, é aceitável: a Igreja não atesta que os dois estão no céu, e sim autoriza que os fiéis, se desejarem, os cultuem.
Quanto ao fato de que, se forem mesmo somente beatos para a Igreja Católica, como é que se os chamam “São” Serafim e “São” Gregório, o exemplo de “São” Gonçalo do Amarante responde. O termo “santo” figura como tradição, podendo estar até mesmo na denominação de templos, desde que, tecnicamente, se saiba que é uma mera beatificação.
Para conhecer mais da história de São Gregório Palamas (que, para a Igreja Católica, que não pode canonizar cismáticos, é meramente um beato, porque a beatificação não implica infalibilidade, sendo mera autorização de culto; Beato Gregório Palamas, então, embora, por tradição se o possa chamar São Gregório Palamas, como vimos), veja abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Greg%C3%B3rio_Palamas
http://www.ortodoxiaplena.com/2010/02/ii-domingo-do-grande-jejum-sao-gregorio.html
http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/pais_da_igreja/s_gregorio_palamas_antologia.html
São Gregório Palamas é um baluarte do cristianismo, e sua memória tem tudo a ver com a Quaresma que estamos celebrando, cujo II Domingo se encerra em poucos minutos.
São José no Seminário de Niterói, RJ, com latim e correção litúrgica
Recebemos a mensagem e as fotos abaixo:
Solenidade em honra ao Padroeiro do Seminário Arquidiocesano de Niterói (que por sua vez tem 102 anos de fundação), Missa no Rito novo, muito bem celebrada pelo Reitor Padre Alan, totalmente liturgica. Antes, porém, teve uma procissão , onde o reitor estava de batina, sobpeliz, estola branca e Pluvial. Na missa, o "Cordeiro de Deus" foi cantado em Latim. Nota-se, o polegar e o indicador do celebrante juntos na oração eucaristica, mostrando o cuidado com a Eucaristia.
Primeiro, fotos da procissão, e depois da Missa.