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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Modificações no Rito do Consistório

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Do Blogonicvs:


O papa Bento XVI aprovou a introdução de modificações na celebração do próximo consistório, que ocorrerá em 18 e 19 de fevereiro para a nomeação de 22 novos cardeais. Dentre eles, estará o brasileiro dom João Braz de Aviz, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.

As alterações serão aplicadas pelo Departamento de Celebrações Litúrgicas e implicarão em simplificações e revisões de alguns ritos.

“Na oração da coleta e na final serão retomados os versos do rito de 1969, mais ricos em conteúdo e provenientes da tradição dos ofícios. As duas preces falam explicitamente dos poderes que o Senhor confiou à Igreja, de modo especial o de Pedro: o Pontífice reza de modo direto por si mesmo, para bem realizar o seu ofício”.

Será encurtada a Proclamação da Palavra de Deus e serão unificados os três momentos da nomeação, que compreendem a imposição do barrete, a entrega do anel cardinalício e a assinatura do título da diaconia.

O jornal vaticano L'Osservatore Romano informa que “a partir de hoje, a distinção entre o consistório público e o secreto de fato não será mais observada, e portanto, é mais coerente incluir os três momentos significativos da criação dos novos cardeais no mesmo rito”.

“Conserva-se a celebração do Papa com os novos cardeais na missa do dia seguinte, que se abre com a homenagem e a gratidão que o primeiro dos cardeais expressa ao Papa em nome de todos os outros”.

Fonte: Rádio Vaticano via CNBB

Novus Ordo em latim, versus Deum, nas reduções jesuíticas do Paraguai

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Via Acción Litúrgica, nos chegam as fotos de uma peregrinação com Missa no rito novo, mas em latim e versus Deum, nas reduções das missões jesuíticas do Paraguai, por ocasião de uma viagem de estudos dos seminaristas de Ciudad del Este. As missões jesuíticas cobriam boa parte do território paraguaio, um pedaço da Argentina bem como a fronteira oeste e parte do norte do Rio Grande do Sul, Brasil.



Aniversário de ordenação de sacerdote gaúcho, amigo do Salvem – fotos e homilia

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Recebi por e-mail:

 

Muito estimado Dr. Rafael

Viva Cristo!

Há um certo tempo visito o Salvem a Liturgia e parabenizo pelo seu conteúdo fiel aos ensinamentos da Igreja.

Conforme conversamos há pouco por telefone, no dia 13 de dezembro próximo passado, celebrei a missa de aniversário de minha ordenação presbiteral, acontecida no dia 13/12/2003. Estiveram presentes dois padres amigos: Pe Osvaldo Carballosa González e Pe Sergio Girardello e o Bispo Diocesano de Vacaria Dom Frei Irineu Gassen, que optou por concelebrar a missa.

Trabalho na Paróquia de Esmeralda e Pinhal da Serra, na Diocese de Vacaria RS. Pertenço ao Clero Secular dessa Diocese e exerço o cargo de Pároco em Esmeralda.

Envio duas fotos da Matriz e outras duas da missa celebrada e o texto da homilia. Peço ao senhor para avaliar se é viável ou não a publicação no Salvem a Liturgia. Qualquer que seja a resolução, agradeço!

Que o Bom Deus abençoe o trabalho do senhor! Bom Natal e Próstero Ano Novo!

Pe João Carlos Zanella

Texo da homilia

Homilia na Santa Missa de Comemoração do 8º ano de Ordenação Sacerdotal do Pe João Carlos Zanella – 13/12/2003 – 13/12/2011

Caros irmãos e irmãs! As palavras da Oração da Coleta que a pouco pronunciamos, nos introduziram no acontecimento que fazemos memória: o oitavo ano de nossa Ordenação Presbiteral recebida no Santuário N. S. de Caravágio de Paim Filho aos 13 de dezembro de 2003, pelas mãos do Ex.mo e Rev.mo Dom Pedro Sbalchiero Neto, de feliz memória. Santa Luzia (280-304), mártir dos primeiros séculos, continua interceder por nosso ministério e iluminar nossas ações com seu corajoso testemunho.

A Oração da Coleta (pelo próprio sacerdote, c. no aniversário da própria ordenação) recorda que o chamado é sempre realizado pelo Pai Santo, sem mérito algum de nossa parte. Não é qualquer chamado: é um chamado à comunhão no eterno sacerdócio de Cristo, a serviço da Igreja. Reconhecemos a sublimidade dessa graça que nos foi participada e, ao mesmo tempo, reconhecemos a miséria, a fraqueza, a falta de jeito e nossa debilidade diante da excelência do sacerdócio. Dessa forma, pedimos com a Oração da Coleta, a mansidão e a coragem para anunciar o evangelho e distribuir os sacramentos de forma fiel.

A fim de melhor nos preparar para esta data - nesse ano de 2011 - resolvemos escolher o decreto do Concílio Vaticano II Presbyterorum Ordinis- PO (promulgado em 07 de dezembro de 1965) para relermos e meditarmos com calma em nossa oração pessoal, nos últimos dias, à semelhança de um tríduo ou retiro espiritual. Esse documento nos ajudou a aprofundar alguns dos muitíssimos aspectos da vida sacerdotal que agora, brevemente, queremos contemplar.

Pela Sagrada Ordenação, o padre participa do ministério de Cristo Sacerdote, Mestre e Rei, em favor do Povo de Deus e da Igreja (PO 1/1142). Qual seria a finalidade do ministério presbiteral? O documento é claro: “ocupar-se da gloria de Deus Pai, em Cristo” (PO 2/1146). Em que consiste essa gloria e de que forma podemos ocupar-nos dela?

A gloria de Deus Pai consiste em que as pessoas aceitem a Obra de Deus, aceitem o sacrifício redentor de Jesus de maneira consciente, livre e agradecida, correspondendo por uma vida adequada a essa graça. O padre, por meio da oração e da adoração, da pregação da palavra, do oferecimento do Sacrifício de Cristo: a missa, da administração dos demais sacramentos, contribui para aumentar a gloria de Deus e, ao mesmo tempo, para conduzir as pessoas à vida divina, ou seja, à santidade.

Tudo na vida da Igreja e na vida do Padre se liga à Eucaristia e tudo à Ela se ordena (PO 5/1151). A missa produz a Eucaristia, que contém o bem espiritual da Igreja, que é o próprio Cristo, Pão Vivo descido do céu. As atividades pastorais (todas elas necessárias) convergem para a Eucaristia. Ela é a fonte e o ápice de toda evangelização (PO 5/1151). O padre é chamado a oferecer-se a si mesmo como vítima agradável a Deus. E, de forma semelhante, precisa convidar o povo a fazer de suas vidas, hóstias agradáveis a Deus (PO 5/1152).

Tudo se ordena à Eucaristia. O padre é chamado a cultivar retamente a ciência e a arte litúrgicas, para que, por seu ministério, Deus Pai e Filho e Espírito Santo seja louvado com mais perfeição pelas comunidades cristãs e ele confiadas (PO 5/1154). Nesse sentido, o Sumo Pontífice Bento XVI, nos últimos anos, por meio de sua palavra, mas, sobretudo, de seu exemplo, mostrou à Igreja como se pode restaurar a sacralidade da liturgia pelo viés da observância das normas e da continuidade à Tradição litúrgica dos séculos. O Papa sugere o entendimento, não só da liturgia, mas da moral, do dogma e também dos escritos do Concílio Vaticano II, sob a ótica da hermenêutica da continuidade: não há rupturas com o passado (Bento XVI, 22 de dezembro de 2005). A Igreja é a mesma ontem hoje e sempre porque Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre. Queremos estar em plena sintonia com o pensamento do Santo Padre e ajuda-lo nessa obra em tudo o que estiver ao nosso alcance.

A missa precisa ser celebrada com ciência e arte. O Papa Bento XVI sublinha a necessidade da “ars celebrandi” (elemento fundamental para o sacerdote é entrar em comunhão com o Senhor/ Castelcandolfo em 31 de agosto de 2006). A Igreja e nela, a liturgia, não é propriamente território humano, local de protagonismo humano: a Igreja é território divino que, por sua vez, acolhe generosamente o ser humano. A pessoa é chamada por Deus a entrar em seu seio, descansar e restaurar suas forças. Não se pode lidar de qualquer jeito com aquilo que não nos pertence. Com as coisas sobrenaturais se lida de forma respeitosa e, o quanto possível, sobrenatural. O Concílio Vaticano II insiste nesses pontos: arte, e não aparência; verdade, e não representação (cf. PO 5/1154). Celebrar a liturgia corretamente é apontar para a veracidade de Deus, que é a Suprema Beleza.

O documento PO, na esteira dos Concílios anteriores, continua convidando o padre à santidade (12/1181): pelo seu batismo e ordenação é chamado a ser santo, em meio às peripécias e contingências da vida humana e crescer na santidade por meio do exercício da caridade, que na Igreja é a lei maior (Rm 13,10); da celebração diária e piedosa da santa missa; da récita do ofício divino; do terço e outras práticas devocionais. Mesmo que a graça de Deus possa operar pelas mãos de padres infiéis, Deus prefere homens santos para distribuir seus dons (PO 12/1183).

A caridade, que é o vínculo de perfeição (Col 3,14), à qual como sacerdotes somos chamados, evoca o aspecto de Cristo Bom Pastor (PO 13/1188), que é capaz de morrer para si mesmo e dar a vida pelas ovelhas. A santidade que cresce na dinâmica da caridade aponta também e, sobretudo, ao Sacrifício Eucarístico, que é o centro e raiz da vida do padre. E, conforme PO (14/1190), o padre deverá se esforçar por interiorizar o que na ara sacrifical se passe. É preciso muita, muita, muita intimidade com o Senhor.

Essa recomendação do Concílio, a propósito, remeteu-nos às palavras do ritual de ordenação, palavras que nos marcaram, particularmente, naquele dia 13, quando Dom Pedro nos entregou a patena com o pão e o cálice com vinho e água: “recebe a oferenda do povo santo para apresenta-la a Deus. Toma consciência do que vais fazer e põe em prática o que vais celebrar conformando tua vida ao mistério da cruz do Senhor” (Ritual de Ordenação, 163). Sim, essas palavras nos convidam à seriedade com as coisas de Deus, ao cultivo de uma vida interior que se exteriorize em caridade para com o próximo. Nesse sentido, o padre precisa cultivar também uma disponibilidade interior para não procurar sua própria vontade, mas a vontade daquele que o chamou e enviou. Humildade e obediência fazem-se necessárias (PO 15/1192).

Caros irmãos! Estes são alguns aspectos dos vários elementos que o Vaticano II nos oferece no decreto PO. Essa meditação nos trouxe, por um lado, uma imensa alegria: a certeza de que, mesmo entre mil situações que aconteceram e acontecerão conosco, temos a absoluta convicção de que somos sacerdotes para sempre. Por outro lado, nos advertiu sobre tantos outros aspectos que precisam melhorar em nosso ministério, para que seja mais eficaz à nossa própria salvação e ao bem do Povo de Deus a nós confiado. Parece ouvirmos a admoestação e o convite de São Francisco de Assis que nos torna a dizer: “precisamos recomeçar, pois até agora pouco ou nada fizemos” (cf. 1 Cel, 103).

Entregamos ao Senhor nosso ministério, as missas e demais sacramentos que administramos, entregamos nossas atividades pastorais, nossa família, nosso pai que hoje completa mais um ano de vida: 59, nossa sobrinha Ana Lívia, entregamos nossos amigos e benfeitores, nosso Bispo Diocesano e Bispos amigos, colegas padres e lugares que tivemos a graça de exercer o ministério sacerdotal, de modo especial essa Paróquia de Esmeralda e Pinhal da Serra. Enfim, tudo entregamos ao Senhor, pois a Ele tudo pertence. Ficamos com nossos pecados e o dever de nos emendar por uma vida nova. Não temos méritos. Diante do Calvário somos pó e nada mais. Os méritos são de Jesus.

Confiemo-nos a Nossa Senhora e peçamos sua ajuda. Escolhemos, há oito anos, as palavras Sempre com Maria para marcar nosso ministério. Desde o primeiro dia de seminário, ou melhor, desde que fazemos uso da razão, temos um amor especial por Ela. Sim, foi Ela que nos amparou. Se no Calvário, aquele João foi confortado pela boa Mãe, agora, Ela - a boa Mãe - sustenta esse pobre João ao pé da mesma cruz do Senhor. No deserto da vida e da solidão humana o padre encontra um oásis belo e radiante: o altar de qualquer igreja é a mesma cruz donde jorra a água que mata verdadeiramente a sede. Aí continuam presentes a Virgem Maria e o apóstolo João. O padre, então, nunca estará sozinho no altar: Sempre com Maria, ao pé da cruz, renovando o único sacrifício da redenção! A mãe do sumo e eterno sacerdote, como refere PO (18/1204), além de proteger o ministério do padre, é sua mãe também. Obrigado Jesus pela vossa Mãe, a Mãe que nos destes!

Retornando às palavras da Oração da Coleta podemos agora rezar com insistência e consciência ainda maior: “Pai Santo, que me chamastes à comunhão do eterno sacerdócio do vosso Cristo e ao serviço da Igreja, sem mérito algum de minha parte, fazei que eu anuncie o vosso evangelho com mansidão e coragem e distribua fielmente vossos sacramentos. Por nosso Senhor Jesus vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém”.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Esmeralda, 13 de dezembro de 2011, Memória de Santa Luzia.

Pe João Carlos Zanella,

do Clero Secular de Vacaria RS,

Pároco de Esmeralda e Pinhal da Serra

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Comentário do Salvem: o padre é muitíssimo simpático e acolhedor e já telefonou-me, amavelmente. Um exemplo a ser seguido. Usa casula, incenso, gosta de latim e canto gregoriano e, passo a passo, tenta implementar as coisas corretas.

O Bispo, todavia, talvez movido pela melhor das intenções em concelebrar a Missa de aniversário do padre, está equivocado. Se o Bispo concelebra, ele necessariamente preside! E se ele preside, é ele quem deveria incensar, e também deveria usar a casula (bem como a mitra, dado que toda a concelebração presidida por Bispo é solene). Um Bispo simplesmente não pode concelebrar sem presidir, como se um simples padre fosse.

Entendo que ele não queira presidir para não tirar o destaque, no clero, do padre aniversariante, mas para isso também há uma solução: o Bispo poderia assistir em veste coral, presidindo a Liturgia da Palavra, sem celebrar a Missa. É a chamada Missa diante de um Prelado ou Missa com assistência pontifical, que existe tanto na forma ordinária quanto na extraordinária. Aliás, fotos de uma assim postamos faz poucos dias: http://www.salvemaliturgia.com/2012/01/missa-tridentina-com-assistencia.html

Errou o Bispo, o que demonstra o desconhecimento ou o desprezo pelas mais simples normas de liturgia e um dos mais tradicionais modos de celebrar a Missa. Que um leigo desconheça a Missa com assistência pontifical é perfeitamente possível. Mas um Bispo?

sábado, 7 de janeiro de 2012

Na "Forma Ordinária", com ar de "Extraordinária"

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Temos percebido ao longo de todo o pontificado do Santo Padre Bento XVI, a sua forte investida na [re]sacralização da celebração da Santa Missa e na recuperação do seu caráter sacrifical. É dispensável apontar a quantidade, com qualidade, de exemplos que tem dado, ensinando a nós, suas ovelhas, como é o seu dever próprio de pastor, muito mais do que com palavras, como a comunhão de joelhos e na boca por todos quantos puderem.

Um outro exemplo mais claro e recente foi a celebração da Festa da Epifania do Senhor, ontem, na Basílica de São Pedro, em que ordenou dois novos Bispos. Detalhe: com paramentos ditos "tridentinos", tanto suas vestes pontificais, quanto as dos ordenandos (casulas e dalmáticas). Ou seja, nas pequenas coisas, Deus se manifesta!








Créditos das imagens: Subsídios Litúrgicos.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Ponto 87, de "É Cristo que passa"

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De São Josemaria Escrivá:

"A Santa Missa situa-nos assim perante os mistérios primordiais da fé, porque é a própria doação da Trindade à Igreja. Compreende-se deste modo que a Missa seja o centro e a raiz da vida espiritual do cristão. É o fim de todos os sacramentos. Na Missa, encaminha-se para a sua plenitude a vida da graça que foi depositada em nós pelo Batismo e que cresce fortalecida pelo Crisma. Quando participamos da Eucaristia, escreve São Cirilo de Jerusalém, experimentamos a espiritualização deificante do Espírito Santo, que não só nos configura com Cristo - como acontece no Batismo -, mas nos cristifica integralmente, associando-nos à plenitude de Cristo Jesus.

Na medida em que nos cristifica, a efusão do Espírito Santo leva-nos a reconhecer a nossa condição de filhos de Deus. O Paráclito, que é caridade, ensina-nos a fundir com essa virtude toda a nossa vida; e assim, consummati in unum , feitos uma só coisa com Cristo, podemos ser entre os homens o que Santo Agostinho afirma da Eucaristia: sinal de unidade, vínculo de Amor.

Não revelo nada de novo se digo que alguns cristãos têm uma visão muito pobre da Santa Missa, que muitos a encaram como um mero rito exterior, quando não como um convencionalismo social. É que os nossos corações, tão mesquinhos, são capazes de acompanhar rotineiramente a maior doação de Deus aos homens. Na Missa, nesta Missa que agora celebramos, intervém de um modo especial, repito, a Trindade Santíssima. Para correspondermos a tanto amor, é preciso que haja da nossa parte uma entrega total do corpo e da alma, pois ouvimos o próprio Deus, falamos com Ele; nós o vemos e saboreamos. E quando as palavras se tornam insuficientes, cantamos, animando a nossa língua - Pange, lingua! - a proclamar as grandezas do Senhor na presença de toda a humanidade." (É Cristo que passa, 87)

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A importância da posição de joelhos

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Pelo Pe. Leandro Bernardes, do seu blog:

 

A Eucaristia: o dom recebido

É de fundamental relevância o momento da recepção do sacramento eucarístico. Este exige do fiel comungante uma atitude receptiva, pois a Eucaristia foi, é e será o dom recebido. É o dom, e não apenas um dom. A Eucaristia encerra todos os dons, pois condensa sacramentalmente a presença real de Nosso Senhor, isto é, o próprio autor de todo dom, de toda graça. A Eucaristia é sempre recebida, oferecida, transmitida e isso acontece ao Pai, pelo Filho, no Espírito Santo.

A posição de joelhos como um gesto cristológico

A tradição multissecular da Igreja sempre compreendeu que a forma de comungar é de joelhos e na boca. O então cardeal Joseph Ratzinger, em seu livro introdução ao espírito da liturgia diz: “A posição de joelhos não é apenas um gesto cristão, mas também um gesto cristológico”. Nos ajoelhamos para receber a eucaristia porque é um gesto cristológico, isto é, não é algo exterior somente, mas algo profundamente cristológico, que nos aproxima do Cristo vivo. Quem se ajoelha diante da eucaristia rompe com o orgulho e humildemente reconhece que ali está quem é maior.

Muitos questionam o gesto de ajoelhar, como se pervertesse o sentido de que Deus se fez simples, como uma exacerbação, um exagero. Ora, o que fazemos diante dos pequenos? não nos rebaixamos a eles? Quando conversamos ou abraçamos as crianças, nos rebaixamos para que elas sejam elevadas, para que elas sejam dignificadas e não rebaixadas pela nossa maior estatura. O Deus que se rebaixou, que se despojou de sua glória nos dignificou. Qual o nosso gesto diante da grandeza que recebemos? Nos ajoelhamos diante da Eucaristia, porque Deus se fez um de nós, justamente porque ele se rebaixou. A atitude diante da kénosis de Deus é também a kénosis do humano. Se Deus deixou a sua glória para nos elevar, nós também fazemos como Ele, nos rebaixamos porque reconhecemos que é dele que provém toda glória.

A dimensão pascal do gesto de ajoelhar-se


Se pensarmos que a glória foi-nos dada por meio do mistério pascal, e por isso devemos permanecer de pé, pois estamos ressuscitados, esvaziamos o sentido de elevação pela humilhação que a própria páscoa é. Cristo se humilhou para nos elevar, sem o sentido de rebaixamento não podemos viver como ressuscitados, não há ressurreição sem morte. Na liturgia vivemos o mistério pascal que consiste em morte e ressurreição; quando nos colocamos em pé é evidenciado o sentido de ressurreição, quando nos colocamos de joelhos é evidenciado o sentido de morte, de despojamento, de humildade. Não há dicotomia entre morte e ressurreição.

É um verdadeiro absurdo não se ajoelhar em uma celebração eucarística; contradiz o real significado da páscoa que é atualizada por meio do sacramento eucarístico. A atitude obediente de se ajoelhar nos momentos específicos, que a piedade eucarística ao longo dos séculos desenvolveu, é profundamente consonante com a riqueza litúrgica e espiritual da fé católica (Lex orandi, Lex credendi: a lei da oração é a lei da fé). Por isso todos os fiéis são chamados a se ajoelharem diante da Eucaristia, seja no momento da consagração, seja na recepção das sagradas espécies ou da exposição do Santíssimo Sacramento, ao passar diante do sacrário, etc. Todos são chamados, e não obrigados. A Igreja não ensina a estrita obrigação, mas chama à obediência livre e consciente de suas normas litúrgicas. Além de ser uma norma litúrgica, a posição de joelhos é uma manifestação da fé no Cristo presente na Eucaristia. Quando se reconhece essa presença real, a posição de joelhos flui naturalmente pela razão e sobrenaturalmente pela graça. Ajoelhar-se não é somente um ato de fé, mas a união entre fé e razão. Se ajoelha quem reconhece pela fé e a razão Deus, sua presença, sua divindade, sua santidade e também, sua humanidade em Jesus Cristo.

A Liturgia Cósmica: de joelhos aos pés do Senhor

O papa nos diz em sua introdução ao espírito da liturgia que: “a liturgia cristã é liturgia cósmica, precisamente porque se ajoelha perante o Senhor crucificado e elevado”. Estar de joelhos é um gesto cósmico, isto é, quem se ajoelha aos pés do Senhor, se une com todo o cosmos, pois é Ele o criador. Diz ainda: “O gesto humilde com que caímos aos pés de Jesus, insere-nos na verdadeira órbita do Universo”. Sem dúvida, quando se ajoelha acontece uma verdadeira inserção na órbita do universo, ou seja, no movimento da criação. Hoje, muitos cristãos buscam essa inserção por meio de outras espiritualidades provindas de religiões orientais que focalizam a união com o cosmos; por meio da tradição cristã, se entra perfeitamente na ordem da criação, na comunhão com o criador, dispensando qualquer elemento não cristão. A liturgia católica não carece em nada de aspectos cósmicos, pois ela mesma é liturgia cósmica.

A tradição litúrgica da recepção da comunhão na boca e de joelhos

Ao longo de dois mil anos, a Igreja encontrou uma expressão ritual para testemunhar sua fé e seu amor ao sacramento eucarístico. A partir do século VI a Igreja começou a distribuir a comunhão diretamente na boca dos fiéis de joelhos. Isso ocorreu devido ao desenvolvimento orgânico da liturgia ao longo dos séculos, não como uma deturpação como dizem alguns liturgistas. A comunhão na boca e de joelhos é atestada pelos Santos Padres da Igreja dos primeiros séculos.

Portanto, a posição de joelhos é um gesto tradicional na liturgia católica, profundamente cristológico, que insere o ser humano na ordem divina, na comunhão com Deus.

Pe. Leandro Luis Bernardes

Missa na forma antiga do Rito Romano

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Por Dom Fernando Arêas Rifan
Administrador Apostólico da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

[CNBBNum gesto de bondade e generosidade, “abrindo plenamente o seu coração”, como ele mesmo se exprime, buscando a “reconciliação interna no seio da Igreja” o Papa Bento XVI, na Carta Apostólica Motu Proprio “Summorum Pontificum”, liberou para todo o mundo o uso da forma antiga do Rito Romano, também chamada Missa no rito de São Pio V ou Missa Tridentina, como forma extraordinária do único Rito Romano, ao lado da sua forma ordinária, que é a Missa no rito de Paulo VI, em vigor atualmente na Igreja. O Motu Proprio é acompanhado de uma elucidativa Carta aos Bispos.
Explicando que essa liberação não afeta a autoridade do Concílio Vaticano II nem a validade da reforma litúrgica dele procedente, o Papa fala que “as duas formas do uso do Rito Romano podem enriquecer-se mutuamente”. E, em termos de reconciliação e convivência, enquanto a nova forma (ordinária) da Missa se apresenta como mais participativa, a antiga forma (extraordinária) exprime mais a sacralidade e a reverência devida ao Mistério Eucarístico.
Sobre os interessados nessa forma antiga, o Santo Padre reconhece que, ao lado de exageros e desvios por parte de alguns, existem pessoas corretamente apegadas à antiga forma litúrgica da Santa Missa: “Quanto ao uso do Missal de 1962, como Forma extraordinária da Liturgia da Missa, quero chamar a atenção para o fato de que este Missal nunca foi juridicamente ab-rogado e, consequentemente, em princípio sempre continuou permitido. Na altura da introdução do novo Missal, não pareceu necessário emanar normas próprias para um possível uso do Missal anterior. Supôs-se, provavelmente, que se trataria de poucos casos individuais que seriam resolvidos um a um na sua situação concreta. Bem depressa, porém, se constatou que não poucos continuavam fortemente ligados a este uso do Rito Romano que, desde a infância, se lhes tornara familiar. Isto aconteceu sobretudo em países onde o movimento litúrgico tinha dado a muitas pessoas uma formação litúrgica notável e uma profunda e íntima familiaridade com a Forma anterior da Celebração Litúrgica. Todos sabemos que, no movimento guiado pelo Arcebispo Lefebvre, a fidelidade ao Missal antigo apareceu como um sinal distintivo externo; mas as razões da divisão, que então nascia, encontravam-se a maior profundidade. Muitas pessoas, que aceitavam claramente o carácter vinculante do Concílio Vaticano II e que eram fiéis ao Papa e aos Bispos, desejavam contudo reaver também a forma, que lhes era cara, da sagrada Liturgia; isto sucedeu antes de mais porque, em muitos lugares, se celebrava não se atendo de maneira fiel às prescrições do novo Missal, antes consideravam-se como que autorizados ou até obrigados à criatividade, o que levou frequentemente a deformações da Liturgia no limite do suportável. Falo por experiência, porque também eu vivi aquele período com todas as suas expectativas e confusões. E vi como foram profundamente feridas, pelas deformações arbitrárias da Liturgia, pessoas que estavam totalmente radicadas na fé da Igreja”.
Em entrevista à revista americana Latin Mass (5/5/2004), o Cardeal Dario Castrillón Hoyos também já afirmara: “Eu não gosto, com efeito, das concepções que querem reduzir o “fenômeno” tradicionalista somente à celebração do Rito antigo, como se se tratasse de um apego nostálgico e obstinado ao passado. Isto não corresponde à realidade que se vive no interior deste vasto grupo de fiéis. Na realidade, nós estamos aí freqüentemente na presença de uma visão cristã da vida de fé e de devoção..., um desejo profundo de espiritualidade e sacralidade,... É interessante em seguida ressaltar como se encontram no seio desta realidade numerosos padres, nascidos depois do Concílio Ecumênico Vaticano II. Eles manifestam...uma ‘simpatia de coração’ por uma forma de celebração, e também de catequese, que... deixa um grande lugar ao clima de sacralidade e de espiritualidade que justamente conquista também os jovens de hoje: não se pode certamente defini-los como ‘nostálgicos’ ou um vestígio do passado.”
Quanto ao uso do latim, língua oficial da Igreja, lembremo-nos que o Concílio Vaticano II, tendo liberado o uso do vernáculo na Liturgia, não deixou de lembrar a norma geral: “Seja conservado o uso da Língua Latina nos Ritos Latinos” (Sacr. Conc. 36). Aliás, era a observação feita pelo Papa Beato João XXIII: “Ninguém por afã de novidade escreva contra o uso da Língua Latina... nos sagrados ritos da Liturgia.” (Const. Ap. Veterum Sapientia, 11, § 2).
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