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terça-feira, 22 de novembro de 2011

“Missa é outra coisa!”

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Há alguns dias, no Twitter, usuários católicos, revoltos em sua maioria, com o que vêem em suas comunidades paroquiais, ao chegarem em casa, começaram a tuitar o que a Missa não é e dizendo o que são as discrepâncias vistas. De fato, o que se percebe é um desejo profundo do que a Missa é e deve ser: o memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, por amor.

Vale ressaltar que esta postagem é a título de descontração, entretanto, “toda brincadeira tem um fundo de verdade”. Então, fica o convite para os leitores acrescentarem mais a esta lista, em que foram selecionados os mais interessantes tuites. 

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#Missa não é lugar pra exibir cartazes de crianças e adolescentes. O nome disso é Feira de Ciências. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar para repouso... o nome disso é cama. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar para baixar espírito. O nome disso é terreiro de candomblé! #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar para choradeiras e devaneios sentimentalóides. O nome disso é consultório de psicanalista. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar para se cantar o que quer. O nome disso é Palco. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar para apresentações artísticas. O nome disso é Teatro. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é onde se vai pra ver animação. O nome disso é Cartoon Network. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é aquilo que se vai pra receber cura. O nome disso é hospital. #Missa é outra coisa... 

#Missa também não é festa, nome disso é Buffet. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar para encostar no irmão que está do seu lado. O nome disso é metrô no rush. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar para se bater palmas ritmadas e fazer coreografias. O nome disso é Broadway. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar pra ir de mini saia. O nome desse lugar é boite. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar pra pedir ao irmão: "Cêis ora"? O nome disso é relógio #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar pra desfiles de carros alegóricos. Nome disso é sambódromo. #Missa e outra coisa... 

#Missa não é lugar para defender a Amazônia. O nome disso é Greenpeace. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar de bater palma e sacudir os braços. O nome disso é apresentação musical. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar pra usar havaianas, nome disso praia. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar para jogar conversa fora. Esse lugar é o bar. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar de ficar reparando no que os outros estão vestindo. O nome disso é janela. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar de falar em várias línguas. O nome disso é curso de idiomas. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar de deixar criança correr por todo lado. O nome disso é parque. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar para cantar: "como Zaqueu..." O nome disso é culto protestante! #Missa é infinitamente outra coisa... 

#Missa não é lugar de se cantar parabéns. O nome disso é festa de aniversário. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar para agradar as pessoas. O nome disso é circo. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar pra usar atabaques, nome disso é roda de Capoeira. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar de cada um pegar a sua comunhão, o nome disso é self-service. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é encontro social, o nome disso é happy hour. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar pra vender rifa, o nome disso é quermesse. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar de leigo fazer homilia. O nome disso é desobediência #Missa é outra coisa.... 

#Missa não é lugar de passar filme. O nome disso é cinema. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar para bateria, guitarra e baixo. O nome disso é show. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar de curtição. O nome disso é Facebook. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar para sorteio de prendas. O nome disso é bingo. #Missa é outra coisa... 

#Missa não é lugar de queimar papéis. O nome disso é Conclave. #Missa é outra coisa...

#Missa não é lugar para defender teses pessoais. O nome disso é TCC. #Missa é outra coisa...

#Missa não é lugar para treinar a leitura de crianças. O nome disso é escola. #Missa é outra coisa...

#Missa não é lugar se você quer sorrir, dançar e brincar. O nome disso é Patati & Patatá. #Missa é outra coisa...

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Fotos: Missa em rito carmelita no Rio

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Celebrada pelo Fr. Tiago de São José, ECarm, na Igreja do Carmo da Antiga Sé, no Rio de Janeiro, no dia 17 de novembro passado, por ocasião do II Encontro Summorum Pontificum.

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O Dies Irae na última semana do ano litúrgico

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O poema latino Dies Irae foi adotado, pela Liturgia do Rito Latino, para a Missa dos Fiéis Defuntos. Este famoso texto se lê ou canta logo antes do Evangelho na Forma Extraordinária do Rito Romano. A reforma litúrgica de 1969-1970 o retirou da Missa, de modo que, assistindo à celebração da Forma Ordinária da Missa dos Fiéis Defuntos, o fiel vivo não o ouvirá.

Não é minha intenção, neste texto, discutir se a reforma litúrgica fez bem em tirar o Dies Irae da Missa dos Mortos; discussão, aliás, que os católicos podem empreender, certamente, dentro dos justos limites. Sabemos que muitos conhecedores da Liturgia advogam a introdução deste texto na Forma Ordinária.

O Dies Irae está ausente da Forma Ordinária da Missa, mas continua presente na Liturgia, e não apenas na Missa dos Fiéis Defuntos da Forma Extraordinária. A reforma litúrgica aprovada pelo papa Paulo VI o transferiu para o Ofício Divino, a que chamamos também Liturgia das Horas. Tornou-se um hino utilizado na última semana do Tempo Comum, e somente nela.

Se isto foi um “rebaixamento” do Dies Irae, também não me preocupa discutir, neste momento. O que nos interessa é que a sua presença na última semana do Ano Litúrgico está longe de ser arbitrária. O fim do Ano Litúrgico nos faz pensar também no fim dos tempos, e ao fim dos tempos está também ligado o Dies Irae, cujas palavras não se limitam simplesmente à meditação do tempo imediato da morte de um indivíduo, mas referem-se também à sua ressurreição, no futuro, ao juízo, e ao fim do mundo.

Já na Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, no Domingo, a primeira leitura do Ofício das Leituras é tomada do Livro do Apocalipse (Ap 1, 4-6. 10. 12-18; 2, 26. 28; 3,5b. 12. 20-21). Nessa mesma data, e nesse mesmo Ofício, ambos os Responsórios têm temas escatológicos, sugerindo também a primeira vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Primeiro Responsório do Ofício das Leituras da Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo – Mc 13, 26-27; Sl 97 (98), 9b
R. Verão o Filho do Homem descer,
Das nuvens, com glória e poder
E Ele há de enviar anjos seus,
* E congregará seus eleitos de todos os cantos do mundo,
Dos confins mais distantes da terra
Aos extremos mais altos dos céus.
V. Julgará o universo com justiça,
Regerá as nações com eqüidade.
* E congregará seus eleitos de todos os cantos do mundo,
Dos confins mais distantes da terra
Aos extremos mais altos dos céus.
Segundo Responsório do Ofício das Leituras da Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo – Ap 11, 15b; Sl 21 (22), 28b-29a
R. Instalou-se sobre o mundo a realeza,
A realeza do Senhor e de seu Cristo;
* E ele reinará na eternidade.
V. Pois ao Senhor é que pertence a realeza,
Ele domina sobre todas as nações;
Todos os povos e famílias das nações
Se prostrem adorando diante dele.
* E ele reinará na eternidade.
A meditação mais específica sobre a morte aparece nesta semana, na Liturgia das Horas, também por meio da impressionante segunda leitura do Ofício das Leituras da Sexta, um trecho do Tratado sobre a morte, de São Cipriano:
Lembremo-nos de que devemos fazer a vontade de Deus, e não a nossa, de acordo com a oração que o Senhor ordenou ser rezada diariamente. Que coisa mais fora de propósito, mais absurda: pedimos que a vontade de Deus seja feita e quando Ele nos chama e nos convida a deixar este mundo, não obedecemos logo à sua ordem!
O leitor pode conhecer o texto inteiro na segunda página deste documento.

Certamente que a realeza de Cristo está presente em toda essa semana litúrgica, sejam o fim dos tempos e a morte mencionados ou não.

Por sua vez, o Dies Irae aparece como hino do Ofício das Leituras, de Laudes e das Vésperas. Não inteiro em cada um deles, mas distribuído, cantando-se ou se recitando uma terça parte do texto completo em cada um desses ofícios. Ademais, sua presença ocorre nos dias de semana, de Segunda a Sábado, mas não no Domingo, Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, dotada de hinos próprios.

Três alterações foram realizadas no texto do Dies irae para inclusão na Liturgia das Horas:

  1. Foi retirada a última estrofe, "Pio Senhor Jesus, dai-lhe o descanso eterno", que havia sido originalmente acrescentada para se usar o Dies Irae na Missa dos Defuntos;
  2. Foi acrescentada uma estrofe com uma invocação à Trindade (Doxologia), maneira pela qual normalmente terminam os hinos: O tu Deus majestatis / alme candor Trinitatis / nos coniunge cum beatis. Amen. [Ó, Vós, Deus de majestade / esplendor da Trindade / contai-nos entre os eleitos];
  3. Modificou-se o verso Qui Mariam absolvisti [Vós, que absolvestes Maria], que se tornou Peccatricem qui solvisti [Vós, que absolvestes a pecadora].
O Beato Cardeal Schuster escreve que o Dies Irae, antes de ser associado à liturgia fúnebre, foi utilizado pela Igreja no Primeiro Domingo do Advento como seqüência, isto é, antes do Evangelho. O Primeiro Domingo do Advento se segue ao Domingo de Cristo Rei, depois da reforma litúrgica, e assim podemos constatar que a presença do Dies Irae na Liturgia da última semana do Tempo Comum tem raízes num uso antigo: o de associar este texto não apenas à liturgia dos falecidos, mas também à do fim do ano litúrgico e à de seu imediato início, momentos em que são mais numerosas as meditações sobre o fim do mundo e as vindas de Nosso Senhor Jesus Cristo, tanto a primeira como a segunda.

A versão do Dies Irae em português utilizada no Brasil, constante do livro litúrgico oficial da Liturgia das Horas, é assim:
Ofício das Leituras
Dia de ira, aquele dia, será tudo cinza fria: diz David, diz a Sibila.
Que temor será causado, quando o Juiz tiver chegado, para tudo examinar!
Correrão todos ao trono quando, em meio ao eterno sono, a trombeta ressoar.
Morte e mundo se espantam, criaturas se levantam e ao Juiz responderão.
Vai um livro ser trazido, no qual tudo está contido, onde o mundo está julgado.
Quando Cristo se sentar, o escondido vai brilhar, nada vai ficar impune.
Vós, ó Deus de majestade, vivo esplendor da Trindade, entre os eleitos nos contai.
Laudes
Eu, tão pobre, que farei? Que patrono chamarei? Nem o justo está seguro.
Rei tremendo em majestade, que salvais só por piedade, me salvai, fonte de graça.
Recordai, ó bom Jesus, que por mim fostes à Cruz, nesse dia me guardai.
A buscar-me vos cansastes, pela cruz me resgatastes, tanta dor não seja vã.
Juiz justo no castigo, sede bom para comigo, perdoai-me nesse dia.
Pela culpa, se enrubesce o meu rosto; ouvi a prece e poupai-me justo Deus.
Vós, ó Deus de majestade, vivo esplendor da Trindade, entre os eleitos nos contai.
Vésperas
A Maria perdoando e ao ladrão na cruz, salvando, vós me destes esperança.
Meu pedido não é digno, mas, Senhor, vós sois benigno, não me queime o fogo eterno.
No rebanho dai-me abrigo, arrancai-me do inimigo, colocai-me à vossa destra.
Quando forem os malditos para o fogo eterno, aflitos, entre os vossos acolhei-me.
Dum espírito contrito escutai, Senhor, o grito: tomai conta do meu fim.
Lacrimoso aquele dia, quando em meio à cinza fria levantar-se o homem réu.
Libertai-o, Deus do Céu! Bom Pastor, Jesus piedoso, dai-lhe prêmio, paz, repouso.
Vós, ó Deus de majestade, vivo esplendor da Trindade, entre os eleitos nos contai.

Em Portugal se utiliza uma versão um pouco diferente:
I
Dia de ira, aquele dia, volve o mundo em cinza fria: diz David e a Sibila.
Que terror não há-de haver, quando Deus comparecer para julgar com rigor!
Nos sepulcros ressoando, vai a tuba convocando os mortos a tribunal.
A terra inteira estremece, quando o homem comparece para o juízo final.
Um livro será trazido em que tudo está contido para o mundo ser julgado.
Quando o Juiz Se sentar, tudo se há-de revelar: A justiça e o pecado.
Jesus, Deus de majestade, vivo esplendor da Trindade, contai-nos entre os eleitos.
Amen.
II
Pobre de mim, que direi, que patrono invocarei ao ver o justo em temor?
Rei de excelsa majestade, que salvais só por bondade, salvai-me no vosso amor.
Recordai-Vos, bom Jesus: por mim deixastes os Céus, não me condeneis então.
A buscar-me Vos cansastes, pela Cruz me resgatastes: tanta dor não seja em vão.
Justo Juiz do castigo, usai de graça comigo antes de chegar o fim.
Como réu envergonhado, sinto-me tremer, culpado: tende compaixão de mim.
Jesus, Deus de majestade, vivo esplendor da Trindade, contai-nos entre os eleitos.
Amen.
III
A pecadora absolvendo e o bom ladrão acolhendo, grande esperança me dais.
Embora não seja digno, vós me livrareis, benigno, dos tormentos infernais.
Entre os cordeiros contado, dos precitos separado, ponde-me à vossa direita.
Repelidos os malvados e a vivas chamas lançados, suba eu à pátria eleita.
Com profunda contrição imploro o vosso perdão: ajudai-me na agonia.
Quando nesse triste dia, das cinzas em que jazia, ressurgir o homem réu, perdoai-lhe, Deus do Céu.
Jesus, Deus de majestade, vivo esplendor da Trindade, contai-nos entre os eleitos.
Amen.
Os irmãos portugueses poderão me corrigir, se não for realmente este o Dies Irae de seu livro litúrgico; minha fonte é esta: http://www.liturgia.pt/lh/pdf/0635Sem34.pdf, do site www.liturgia.pt.

Ambas as versões em português utilizam o esquema de rimas AAB, diferente mas próximo do original AAA. Na versão usada em Portugal ocorrem diversas rimas entre os terceiros versos de estrofes contíguas. A métrica também está muito próxima, e fica possível cantá-las com a mesma melodia do Dies Irae gregoriano, feitos pequenos ajustes.

Por falar no Dies Irae gregoriano, não é demais lembrar que se trata de uma das melodias mais conhecidas deste gênero de música. Uma curiosidade é que, de tão marcada que ficou na cultura ocidental, foi utilizada por alguns compositores, em meio a suas obras, principalmente românticas, para simbolizar a morte; tal é o caso da Totentanz [Dança dos mortos] de Franz Liszt (1811-1886), que já no início faz ouvir o Dies Irae em atmosfera aterradora. Outra composição muito conhecida é a Sinfonia Fantástica de Hector Berlioz (1803-1869), cujo contexto é igualmente de romantismo um tanto mórbido.

Eis o Dies Irae gregoriano:



Em 2011 a última semana do ano litúrgico começou ontem, 20 de Novembro, com a Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo. Assim, o Dies Irae seria utilizado na Liturgia das Horas entre os dias 21 e 26 de Novembro. Seria?

Sim; tal seria o caso se todos os dias desta semana fossem comuns. Entretanto, ocorrerão algumas celebrações litúrgicas de grau superior, levando precedência sobre os dias "normais". Hoje mesmo, 21 de Novembro, é a Memória da Apresentação de Nossa Senhora; amanhã, 22 de Novembro, ocorre a Memória de Santa Cecília; na Quinta-feira, 24 de Novembro, temos a Memória de Santo André Dung-Lac e seus companheiros. Todas essas celebrações são obrigatórias, possuindo seus próprios hinos. Em 2011, portanto, o Dies Irae será utilizado na Quarta-feira, na Sexta-feira e no Sábado, dias 23, 25 e 26 de Novembro. Sem nos esquecermos de que no fim da tarde do Sábado já se celebram as Primeiras Vésperas do Domingo, iniciando-se um novo ano litúrgico com o Primeiro Domingo do Advento.

domingo, 20 de novembro de 2011

A respeito de pretéritas particularidades hispanas do traje coral prelatício I

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Do excelente blog histórico e litúrgico de Espanha Inter Vestibulum et Altare, trazemos o texto do seu fundador, Pablo Pomar, traduzido pela leitora e amiga Juliana F. Ribeiro Lima:
image  Hoje vemos nas atuais cerimônias papais em Roma uma uniformidade formal e cromática impressionante entre os trajes dos bispos, arcebispos e cardeais. Uniformidade apenas quebrada – como sendo a exceção a confirmar a regra – pelos prelados de ritos orientais, com suas sugestivas particularidades, que mantém quase como um sinal de identidade. Mas nem sempre foi assim. Às diferenças de cor que caracterizavam os prelados religiosos e que duraram até 1969 (NdT: data da reforma litúrgica de Paulo VI e que resultou no novo rito da missa além das mudanças nos trajes eclesiásticos como fala o autor) devemos acrescentar a carta “dos roxos” que suspenderia a assistência coral em qualquer cerimônia de bispos vindos de diferentes partes do mundo. Isso durou até que um decreto da Sagrada Congregação Cerimonial de 24 de junho de 1933 estabelecesse, com um pedaço de tecido, que qualquer um poderia ver, anexo às páginas da Acta Apostolicae Sedis, onde se reproduz o decreto, qual era o tom preciso do roxo episcopal de suas Excelências Reverendíssimas e que a partir daquele momento seria assimilado pelo paonazzo romano. É que como não se tratava de uma cor primária, como o vermelho dos cardeais, mas antes era uma combinação de azul e vermelho, isso havia propiciado haver tantos tons de roxo quantos bispos existiam na época.

Os bispos espanhóis haviam interpretado a cor violácea como uma composição cromática em que havia muito mais azul que vermelho, chegando a situações em que encontrávamos exemplos de que o tom das vestes era tão celeste como o céu de uma manhã primaveril. As galerias de retratos dos palácios episcopais, seminários e catedrais da Espanha estão cheios de exemplos assim. Agora, muito embora essa seja uma diferença notável em relação ao uso romano, isso não era uma particularidade dos bispos hispanos, já que vemos azuis semelhantes em batinas, capas, manteletas e murças em prelados de outros países, como os franceses, por exemplo. E ainda existiam na Espanha interessantes particularidades no corte e uso entre as muitas peças que compõem o traje coral episcopal e cardinalício. Vamos por partes.
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Enquanto a batina, a faixa e a murça tem-se pouco ou nada a dizer, com exceção do amplo uso da murça por todos os bispos, em conjunto com a manteleta, que ficava por baixo. Assim como faziam os cardeais em Roma sempre que a Sede não estivesse vacante, os bispos espanhóis se acostumaram a vestir por cima do roquete a manteleta e por cima dela, a murça. Então, se o uso romano e geral previa que o bispo usasse a murça dentro do território da sua jurisdição e a manteleta fora dele, na Espanha o costume era mais simples, já que todos usavam tudo, sendo que ambas as peças – uma sobre a outra – eram as que usavam também os bispos auxiliares, contrariamente ao uso geral de se usar só a manteleta. A colegialidade pátria avant la lettre.
image  A partir do Congresso Eucarístico Internacional de Barcelona se foi introduzindo na Espanha o já mencionado  costume geral, que seria logo consolidado no Concílio Vaticano II e que duraria bem pouco, já que desapareceria, pois na segunda sessão do concílio se pediu aos bispos que depusessem a manteleta e usassem a murça em sinal de jurisdição colegial e finalmente, quando em 1969, seu uso fosse ab-rogado pela revolucionária Ut sive sollicite. Por isso podemos qualificar de muito feliz e surpreendente a idéia do primaz espanhol de resgatar o uso simultâneo da murça e manteleta. Ele o fez ou por uma improvável queda pelas vestimentas tradicionais hispânicas ou simplesmente para combater o rígido frio pucelano.

Temos que dizer ainda, que o mantelete hispano difere do romano, pois enquanto este último deixava à vista o forro vermelho, o hispano não o fazia e contava com casas e botões decorativos, desconhecidos fora da Espanha e que também se foram perdendo por lá, ao longo do século XX, à medida que os prelados espanhóis iam se “romanizando”. Ainda que não houvessem regras fixas, como pudemos comprovar ao ver retratos históricos, como o do Cardeal Niño de Guevara, que sempre houveram prelados hispanos que preferiam adotar como traje coral o modelo romano.
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E por fim, a capa magna, essa soleníssima peça que já hoje os bispos não usam mais em suas dioceses, nem nas festividades mais solenes – na minha, não a vemos desde 1980 – seria o item que gozaria de maiores particularidades com relação ao modelo romano. Um bom conhecedor dessas peças disse que as diferenças eram que a romana era de proporções generosas, chegando ao cotovelo e, às vezes, ultrapassando-o. Não tem dobras laterais e nem alamares nos ombros e o capuz, que é bem menor, se abotoa no ombro direito. A capa hispana é mais curta que a romana, na frente se parece um grande babador , com os lados dobrados e mostrando parcialmente o forro, tem alamares e o capuz termina atrás do pescoço. O capuz romano é totalmente coberto de pelos na sua versão de inverno, o hispano é somente o babador e o interior do capuz. A capa romana é redonda e chega aos pés, como uma casula antiga larga, e o bispo tem que recolhê-la para caminhar. A capa hispana é uma capa aberta, com veios do forro à vista. Ambas terminam com uma larga cauda. Com certeza, ela é uma peça que, com exceção da cauda, é em tudo semelhante às antigas capas de coro dos nossos cônegos espanhóis, que sem dúvida a copiaram. Hoje podemos ver a cópia, mas não o original.


sábado, 19 de novembro de 2011

Padre Zuhlsdorf: sobre o fim do ano litúrgico e o começo do novo

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Ontem, 18 de Novembro, escreveu o padre John Zuhlsdorf (padre Z) a respeito do fim do ano litúrgico e o começo do novo (o original pode ser lido neste link):


No calendário novo, pós-conciliar, focamos o fim dos tempos na Festa de Cristo Rei. No calendário antigo, tradicional, não ocorre nenhuma festa litúrgica especial neste Domingo, apontando uma inquebrável continuação no ciclo pelo qual a Igreja representa os mistérios da salvação.
Ao mesmo tempo em que aguardamos a Segunda Vinda do Senhor – e é disso que se trata o Advento, a propósito; a Segunda Vinda, da glória e do julgamento – nós a tememos.
Os primeiros cristãos rezavam ansiosamente “Vinde! Senhor, vinde!”. Nos séculos posteriores esta ânsia deu lugar à sóbria percepção do que sofreremos no dia da Sua Vinda. Eles rezavam em direção ao Oriente, de onde acreditavam que o Senhor retornaria. Rezavam em jubiloso temor, em medo confiante do Senhor, o que é um começo de sabedoria.
Ambas estas atitudes nos podem ajudar, em nossos dias, a nos preocuparmos, temerosamente confiantes, sobriamente jubilosos, com o encontro que teremos com o Senhor quando Ele voltar.
O último dia de tua vida será uma antecipação da Segunda Vinda. Como escreveu Agostinho: Qualis in die isto quisque moritur, talis in die illo iudicabitur (ep. 199.2). Na morte, tua vida será desnudada. Na Sua Segunda Vinda, o Senhor desnudará todas as coisas. Tudo aquilo que toleramos na vida com paciente perseverança e, às vezes, sofrimento, será explicado.
Santo Agostinho explicou que os juízos do Senhor nos são obscuros agora; entretanto, mais tarde ficarão claros.
A justiça nesta vida é imperfeita. Na vida futura, ela será aperfeiçoada.
Tudo que Deus permite que aconteça aqui e agora terá suas razões explicadas. Veremos finalmente a justiça perfeita mesmo detrás daquilo que agora é oculto e desafiador.
O ano da Igreja nos apresenta, novamente, os mistérios imutáveis da nossa salvação. Mas a cada ano ficamos um pouco diferentes e mais próximos do momento quando a justiça oculta e os julgamentos do Senhor serão revelados.
Não te contentes em vagar pelo caminho da sua vida, rumo ao julgamento, com o mesmo conhecimento da Fé salvadora que possuías ao terminares o catecismo, quando criança.
Não permaneças frio nesse caminho sem o calor das obras de misericórdia.
Vive em alegria sóbria, ou sobriedade jubilosa quanto ao estado de tua alma enquanto segue o caminho rumo à Vinda do Senhor por meio dos misteriosos anos de espera da Santa Igreja.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Beleza e renovação da cultura católica - pelo Pe. Thomas Kocik, do Novo Movimento Litúrgico do

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Tradução da leitora Adriana Rocha
Original em The Way of Beauty

por DAVID CLAYTON em 24 de julho de 2011
Segue curto discurso de abertura dado em um simpósio de artistas católicos que ocorreu recentemente na Thomas More College of Liberal Arts (Faculdade Thomas More de Artes Liberais). É uma mensagem de grande esperança para o futuro da cultura católica.

Padre Thomas Kocik, colaborador do site New Liturgical Movement e ex-editor de Antiphon, a revista da Society for Catholic Liturgy, presidiu o debate. Ele é um sacerdote na diocese de Fall River, Massachusetts. Em sua palestra ele abordou o assunto central de qualquer discussão sobre o re-estabelecimento da cultura. Como ele apontou, a palavra "cultura" deriva do latim cultus, que significa aquilo que nós prezamos ou adoramos. A cultura Cristã é, portanto, centrada em Cristo, a beleza encarnada de Deus. "Fonte e ápice da vida Cristã" (Lumen Gentium, nº 11) e, portanto, da cultura Cristã, é a Liturgia: Santa Missa, os sacramentos, as diferentes horas de oração que santificam todo o dia. Na oração litúrgica, arte e cultura - na verdade toda a atividade humana – encontram seu verdadeiro significado; pois no centro da liturgia está Cristo, fonte e ápice de toda a esperança humana.

O texto completo da sua palestra segue aqui:


"O Concílio Vaticano II descreve a Sagrada Liturgia como" o ápice para a qual se dirige a  atividade da Igreja" e "ao mesmo tempo", como "fonte a partir da qual flui todo o seu poder" (SC 10).

Todo o poder da Igreja brota da Sagrada Liturgia: a partir do Santo Sacrifício da Missa, dos sacramentos, e da incessante rotina da oração litúrgica oferecida a cada dia pela Igreja. Se a pessoa não nutrir-se desta fonte de energia, pelo menos, na Missa Dominical e através da confissão regular, a vida de graça que lhe é dada no batismo definhará. Ele corre o risco da morte espiritual.

A Sagrada Liturgia é o ápice para o qual toda a atividade Cristã - tudo! - se dirige. Toda a atividade humana: vida política, vida familiar, vida social, trabalho, lazer, artes, atos de caridade e compaixão, mesmo as nossas lutas e sofrimento, encontram seu verdadeiro significado e realização quando oferecidos a Deus e unidos ao sacrifício de Cristo , o sacrifício da Missa.
Esta, então, é a razão pela qual somos obrigados (para nosso próprio bem) a nos reunir para a oração litúrgica: oferecer todos os aspectos de nossas vidas a Deus e receber dEle tudo o que precisamos para perseverar no serviço alegre a Deus e ao próximo.

Agora, enquanto a Missa Dominical é o mínimo, eu lembraria que uma vida Cristã, de qualquer cultura, que não é permeada pela oração é deficiente. Outra palavra para adoração é "culto" e não é por acaso que a palavra dá origem à palavra "cultura". Em certo sentido, nossa cultura é uma expressão do que nós adoramos - pense em qualquer das chamadas "figuras de culto." E assim, a cultura Cristã é uma cultura em que Cristo é adorado, louvado, amado e venerado.
Embora possa ser possível participar na Sagrada Liturgia apenas uma vez por semana, podemos, no entanto, manter o nosso espírito de adoração vivo através da oração. Alguns fazem isso rezando partes da oração da Liturgia das Horas, e não poderia haver melhor oração para uso diário. Outros fazem-no com orações, como o Ângelus, o que eleva a mente e o coração a Deus pela manhã, tarde e noite. Existem muitas outras maneiras de fazê-lo. A questão é que ela é feita, como o agricultor na famosa pintura de Millet, L'Angelus, entre os deveres e as distrações de nossos diferentes estados na vida presente, paramos e rezamos. Quando fizermos isso, teremos feito mais uma coisa para ajudar a trazer uma restauração da cultura Cristã, em nós mesmos e em nossa sociedade.

É muito fácil para nós a lamentar a perda da cultura Cristã e ser arrastados para baixo pelo secularismo que nos rodeia, e do qual às vezes até mesmo a Igreja não está imune. Mas não devemos esquecer quem somos: somos Cristãos; foi-nos dado o dom de Deus, o Espírito Santo através do nosso Batismo e da Confirmação. Somos um povo constituído pela fé, esperança e caridade. Sim, o nosso tempo apresenta seus desafios, mas que tempos não os apresentaram? A cultura Cristã foi lentamente construída ao longo de séculos, desde a fundação da fé e do testemunho de um punhado de indivíduos que pessoalmente encontraram Cristo ressuscitado e que deram tudo para proclamá-Lo como o Caminho, a Verdade e a Vida. Talvez tenhamos perdido muito nas últimas décadas; mas a nossa tarefa não é lamentar. É crer, esperar, rezar e trabalhar com integridade para uma renovação de todas as coisas em Cristo. Se os apóstolos e primeiros discípulos poderiam lançar as bases para a cultura Cristã, nós também podemos. Eles também tiveram que lidar com uma cultura predominantemente hostil que não conhecia a Cristo. Eles também, ao confessar um relacionamento com a pessoa de Jesus Cristo, foram recebidos com ceticismo e, por vezes, violenta hostilidade. E ainda, com a ajuda de Deus, eles mudaram o curso da história e influenciaram a cultura de incontáveis povos.

Vamos, portanto, não antepor nada ao opus Dei, à obra de Deus, à Sagrada Liturgia. E vamos sempre estar confiantes do bem que seguir este preceito pode nos render."

Fotos da Missa Pontifical tridentina durante o II Encontro Summorum Pontificum, no Rio

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D. Fernando Arêas Rifan, Bispo da Administração Apostólica São João Maria Vianney, celebrou Missa Pontifical na forma extraordinária, na Igreja da Antiga Sé, no Rio de Janeiro, por ocasião do II Encontro Summorum Pontificum.

As fotos foram tiradas pelo atento leitor Hernan Gouveia, e retratam a presença de D. Orani, Arcebispo do Rio, D. Romer, Bispo Auxiliar Emérito também do Rio, e D. Fernando Guimarães, Bispo de Garanhuns.

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