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domingo, 13 de maio de 2012

Homilia: VI Domingo da Páscoa - Ano B - Pe. Françoá Costa

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Obras do Amor



“Amai-vos uns aos outros, como eu vos amo” (Jo 15,12). Trata-se do amor que pressupõe o amor de Deus e que deve realizar-se através das nossas obras. Com relação ao amor ao próximo, por exemplo, é muito importante que não sejamos teóricos. O famoso romance de Fiodor Dostoievski, Os irmãos Karamázov, também relata como uma pessoa proclamava o seu amor pela humanidade em geral: “Eu amo a humanidade, mas fico admirado comigo mesmo porque quanto mais amo a humanidade em geral diminui o meu amor às pessoas em particular, ou seja, singularmente, como simples pessoas. Sonhando, com frequência, fiz propósitos apaixonados de servir à humanidade e, talvez, teria caminhado rumo à cruz pelas pessoas, caso fosse necessário, em algum momento. Não obstante, sou incapaz de viver com outras pessoas durante dois dias seguidos compartindo o mesmo quarto, e sei-o por experiência. Quanto me vejo perto de alguém, percebo que a sua personalidade oprime o meu amor próprio e tira a minha liberdade. Em apenas 24 horas posso chegar a odiar, inclusive a melhor pessoa do mundo: às vezes porque fica muito tempo à mesa, outras porque está gripado e tosse sem cessar”. Ainda que o texto não seja literal, é possível perceber que não é verdadeira caridade a mera possibilidade de amar a humanidade em geral e desprezar o ser humano em particular. Os que fazem belos discursos de amor à humanidade deveriam provar que as palavras são verdadeiras através daquelas ações que vão ao encontro das necessidades reais dos outros.
Estamos fartos de discursos humanitários retóricos! Gostaríamos de ver solucionada a situação das pessoas com as quais convivemos: “esse vive num barracão, aquele passa fome, fulano não tem trabalho, o outro está com depressão, os grupos estão divididos na minha paróquia, no meu grupo há uma pessoa que sempre quer destacar-se mais que os outros, há críticas… um desastre!”

Será que os acatólicos conhecem os católicos pelo amor mútuo, pela atenção caridosa, pelo carinho, pela boa educação, pela generosidade e pela disponibilidade? Para saber como se vive a caridade é preciso olhar, em primeiro lugar, para Jesus. A regra, a medida da caridade, é ele: “como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”. Como Cristo amou-nos? Rebaixando-se a si mesmo, sofrendo na cruz e derramando todo o seu Sangue por nós, preocupando-se verdadeiramente com os nossos pequenos e grandes problemas. Assim deve ser o nosso amor aos irmãos: será preciso dedicar-lhes tempo, escutá-los, dispor-nos a ajudá-los quando for preciso, mostrar o nosso agradecimento às pessoas, corrigir com fortaleza e gentileza quando necessário, viver as normas da educação e da prudência, viver a discrição, compreendê-los, sorrir também quando não se tem vontade; sacrificar-nos por eles, sem que percebam, para que tenham bons momentos.

E nas paróquias? Quantas rivalidades! Quantos ciúmes! Quanta inveja! Disse alguém que “Cristo mandou que nos amássemos, não que nos amassemos”. Há muitas reuniões, e pouca união! Os problemas na comunidade cristã não são novos, São Paulo escreveu aos Gálatas: “se vos mordeis e vos devorais, vede que não acabeis por vos destruirdes uns aos outros” (Gl 5,15). Por que será que os cristãos às vezes se mordem devorando-se uns aos outros? Pelo mesmo motivo que São Paulo identificou entre os gálatas: eram carnais. O que é necessário para viver a caridade? Deixar-se conduzir pelo Espírito Santo e fazer as obras do Espírito: “caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança” (Gl 5,22-23). Hoje é o dia para que renovemos os bons propósitos de viver “opere et veritate”, com obras e na verdade, a virtude da caridade, não em geral e em abstrato, mas em particular e concretamente: na família, com o pai, com a mãe, com os irmãos, com os amigos, com o patrão, com o empregado, com o meu irmão de comunidade. Não é fácil porque as pessoas têm problemas, dificuldades, às vezes exalam mau olor, falam demasiado (e às vezes com a boca cheia) ou não falam quase nada, faz calor. Poderíamos enumerar mil e uma razões para não viver a caridade, nenhuma delas é consequente. Neste mês de maio, Maria Santíssima nos ensinará a viver no amor a Deus e ao próximo, de verdade!

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Escola de Acólitos São João Bosco na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro

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A Escola de Acólitos São João Bosco na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro para a Forma Extraordinária do Rito Romano informa a todos do curso de formação de acólitos a iniciar-se no dia 27/05/2012.

O objetivo do curso é formar acólitos para ajudar os padres que querem rezar a Missa na forma extraordinária. Todos são muito bem vindos! 

O curso será na  Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, localizada na Rua Primeiro de Março-Centro-Rio de Janeiro/RJ. Sempre no 2° e 4° Domingo do mês,depois da Santa Missa das 9h00.

Há uma taxa de R$ 15,00 referente à apostila do curso, que terá a duração de aproximadamente seis meses.

A iniciativa conta com a benção de sua Exa. Revma. Dom Orani João Tempesta e apoio do Revmo. Monsenhor Sérgio Costa Couto (Arquidiocese do Rio de Janeiro), Revmo. Monsenhor José de Matos (Adm. Apostólica São João Maria Vianney), Revmo. Pe.João Jefferson Chagas (Arquidiocese do Rio de Janeiro), Revmo. Pe.Thiago Carvalho (Arquidiocese do Rio de Janeiro) e Revmo. Pe. Eduardo (Arquidiocese do Rio de Janeiro).

Os interessados podem fazer a sua inscrição através do e-mail missatridentinario@hotmail.com ou no dia do curso.

Oferecer as Obras do dia - Pe. Francisco F. Carvajal

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A meditação diária da coleção Falar com Deus, do Pe. Francisco Fernández Carvajal, trouxe, nesta quinta-feira da quinta semana do Tempo Pascal, um belíssimo texto sobre o oferecimento das obras e a Santa Missa.
– Pelo oferecimento de obras dirigimos para Deus o nosso dia desde o começo. A nossa primeira oração.
– Como fazê-lo. O “minuto heróico”.
– O oferecimento de obras e a Santa Missa. Oferecer as nossas tarefas ao Senhor muitas vezes ao dia.
I. PARA ORDENARMOS a nossa vida, o Senhor deu-nos os dias e as noites. O dia fala ao dia e a noite comunica à noite os seus pensamentos1. E cada novo dia recorda que temos de continuar os nossos trabalhos interrompidos e renovar os nossos projetos e as nossas esperanças: “O homem sai para o trabalho e lá fica até o anoitecer. Depois chega a noite e, com um sorriso bondoso, Deus manda-nos pôr de lado todas as ninharias a que nós, pobres mortais, damos tanta importância [...], fecha-nos os livros, esconde-nos as distrações, cobre com um grande manto negro as nossas existências...; quando a escuridão nos envolve, passamos por um ensaio geral da morte; a alma e o corpo despedem-se um do outro... Então chega a manhã e com ela o renascimento”2.

De certa maneira, cada dia começa com um nascimento e acaba com uma morte; cada dia é como uma vida em miniatura. No fim, a nossa passagem pelo mundo terá sido santa e agradável a Deus se tivermos tido a preocupação de que cada dia fosse grato a Deus, desde que o sol despontou até o seu ocaso, como também a noite, porque a teremos igualmente oferecido a Deus.
hoje é a única coisa de que dispomos para santificar. O dia fala ao dia; o dia de ontem sussurra ao de hoje e nos diz da parte do Senhor: “Começa bem”. O dia de ontem desapareceu para sempre, com todas as suas possibilidades e com todos os seus perigos. Dele só ficaram motivos de contrição pelas coisas que não fizemos bem, e de gratidão pelas inumeráveis graças, benefícios e cuidados que recebemos de Deus. O “amanhã” ainda está nas mãos do Senhor. “Porta-te bem «agora», sem te lembrares de «ontem», que já passou, e sem te preocupares com o «amanhã», que não sabes se chegará para ti”3.
O que devemos santificar é, pois, o dia de hoje. Mas como havemos de fazê-lo, se não o começamos oferecendo-o a Deus? Só os que não conhecem a Deus e os cristãos tíbios é que começam os seus dias de qualquer maneira. O oferecimento de obras pela manhã é um ato de piedade que orienta bem o dia, que o dirige para Deus desde o princípio, tal como a bússola aponta para o Norte; prepara-nos para escutar e atender as constantes inspirações e moções que o Espírito Santo nos segredará ao longo do dia que começa, um dia que nunca se repetirá. Se ouvirdes hoje a sua voz, não queirais endurecer o vosso coração4. O Senhor fala-nos todos os dias.
Dizemos ao Senhor que queremos servi-lo no dia de hoje, que queremos tê-lo presente. “Renovai todas as manhãs, com um serviam!decidido – Senhor, eu te servirei! –, o propósito de não ceder, de não cair na preguiça ou no desleixo, de enfrentar os afazeres com mais esperança, com mais otimismo, bem persuadidos de que, se em alguma escaramuça formos vencidos, poderemos superar esse baque com um ato de amor sincero”5.
As nossas obras chegarão mais cedo a Deus se lhe oferecermos o dia através de sua Mãe, que é também a nossa Mãe. “Aquilo que desejes oferecer, ainda que seja pouco, procura depositá-lo nas mãos de Maria, mãos graciosissímas e digníssimas de todo o apreço, a fim de que seja oferecido ao Senhor sem que desperte a sua repulsa”6.
II. O COSTUME DE OFERECER o dia a Deus já era vivido pelos primeiros cristãos: “Logo que acordam, antes de enfrentarem novamente o bulício da vida, antes de conceberem em seu coração qualquer idéia, antes mesmo de se lembrarem do cuidado dos seus interesses familiares, consagram ao Senhor o nascimento e princípio dos seus pensamentos”7.
Muitos bons cristãos têm o hábito adquirido de dirigir o primeiro pensamento do dia para Deus. E, a seguir, de viver o “minuto heróico”, que é uma boa ajuda para fazer animosamente o oferecimento de obras e começar bem o dia. “O minuto heróico. – É a hora exata de te levantares. Sem hesitar: um pensamento sobrenatural e... fora! – O minuto heróico: aí tens uma mortificação que fortalece a tua vontade e não debilita a tua natureza”8. “Se, com a ajuda de Deus, te venceres, muito terás adiantado para o resto do dia. Desmoraliza tanto sentir-se vencido na primeira escaramuça!”9
Ainda que não seja necessário adotar uma fórmula concreta, é conveniente ter um modo habitual de cumprir esta prática de piedade, tão útil para que todo o dia ande bem. Há quem recite alguma oração simples, aprendida na infância ou quando já era crescido. É muito conhecida esta oração à Virgem, que serve ao mesmo tempo de oferecimento de obras e de consagração pessoal diária a Nossa Senhora: Ó Senhora minha, ó minha Mãe! Eu me ofereço todo a Vós e, em prova da minha devoção para convosco, Vos consagro neste dia meus olhos, meus ouvidos, minha boca, meu coração e inteiramente todo o meu ser. E como assim sou vosso, ó boa Mãe, guardai-me e defendei-me como coisa e propriedade vossa. Amém.
Além do oferecimento de obras, cada um deve ver o que pode ser conveniente acrescentar às suas orações ao levantar-se: mais alguma oração a Nossa Senhora, uma invocação a São José, ao Anjo da Guarda. É também o momento adequado de recordar os propósitos de luta feitos no exame de consciência do dia anterior, e de renovar o desejo de cumpri-los, com a graça de Deus.
Senhor Deus todo-poderoso, que nos fizestes chegar ao começo deste dia, salvai-nos hoje com o vosso poder, para que não caiamos em nenhum pecado e as nossas palavras, pensamentos e atos sigam o caminho dos vossos preceitos10.
III. TEMOS QUE DIRIGIR-NOS ao Senhor todos os dias pedindo-lhe ajuda para tê-lo presente em quaisquer circunstâncias; não apenas nos momentos dedicados expressamente a falar com Ele, mas também nas atividades diárias normais, pois queremos que, além de estarem bem feitas, sejam oração grata a Deus. Por isso podemos dizer com a Igreja: Nós te pedimos, Senhor, que previnas as nossas ações e nos ajudes a prossegui-las, a fim de que todo o nosso trabalho comece sempre em Ti e por Ti alcance o seu fim11.
A Santa Missa é o momento mais adequado para renovarmos o oferecimento da nossa vida e das obras do dia. Enquanto o sacerdote oferece o pão e o vinho, nós oferecemos tudo quanto somos e possuímos, bem como tudo aquilo que nos propomos fazer no dia que começa. Colocamos na patena a memória, a inteligência, a vontade... Colocamos nela a família, o trabalho, as alegrias, a dor, as preocupações..., e as jaculatórias e os atos de desagravo, as comunhões espirituais, os pequenos sacrifícios, os atos de amor com que esperamos preencher o dia.
Sempre serão pobres e pequenos estes dons que oferecemos, mas, ao unirem-se à oblação de Cristo na Missa, tornam-se incomensuráveis e eternos. “Todas as suas obras, preces e iniciativas apostólicas, a vida conjugal e familiar, o trabalho cotidiano, o descanso do corpo e da alma, se praticados no Espírito, e mesmo os incômodos da vida pacientemente suportados, tornam-se hóstias espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo (1 Pe 2, 5), hóstias que são piedosamente oferecidas ao Pai com a oblação do Senhor na celebração da Eucaristia”12.
No altar, ao lado do pão e do vinho, deixamos tudo quanto somos e possuímos: anseios, amores, trabalhos, preocupações... E no momento da Consagração entregamo-los definitivamente a Deus. Agora, já nada disso é só nosso, e portanto – como quem o recebeu em depósito e para o administrar – devemos utilizá-lo para o fim a que o destinamos: para a glória de Deus e para fazer o bem aos que estão à nossa volta.
O fato de termos oferecido todas as nossas obras a Deus ajuda-nos a executá-las melhor, a trabalhar com mais eficácia, a estar mais alegres na vida em família ainda que estejamos cansados, a ser melhores cidadãos, a esmerar-nos na convivência com todos. Aliás, podemos repetir em pensamento o nosso oferecimento de obras muitas vezes ao longo do dia; por exemplo, quando iniciamos uma nova atividade ou quando aquilo que estamos fazendo se torna especialmente difícil. O Senhor também aceita o nosso cansaço, que desse modo adquire um valor redentor.
Vivamos cada dia como se fosse o único que temos para oferecer a Deus, procurando fazer bem as coisas, retificando-as quando as fazemos mal. E um desses dias será o último, e também o teremos oferecido a Deus, nosso Pai. Então, se tivermos procurado viver oferecendo continuamente a Deus a nossa vida, ouviremos Jesus que nos diz, como ao bom ladrão: Em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso13.
(1) Sl 18, 3; (2) R. A. Knox, Meditações para um retiro, Prumo, Lisboa, 1960, pág. 30-31; (3) Josemaría Escrivá, Caminho, n. 253; (4) Sl 35, 8; (5) Josemaría Escrivá,Amigos de Deus, n. 217; (6) São Bernardo, Hom. na natividade de N. Senhora, 18; (7) Cassiano, Colações, 21; (8) Josemaría Escrivá, Caminho, n. 206; (9) ib., n. 191; (10)Preces de laudes, Liturgia das horas da quinta-feira da quinta semana do Tempo Pascal; (11) ib.; (12) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 34; (13) Lc 23, 43.


sábado, 5 de maio de 2012

Semana Santa na Paróquia do Oratório de São Filipe Néri de São Paulo

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Fotos do Domingo de Ramos e do Tríduo Pascal celebradas pelo Padre Paulo Sampaio Sandes, CO, da Congregação do Oratório de São Filipe Néri de São Paulo, Paróquia São Filipe Neri, situada no Parque São Lucas.

Não deixamos de notar a presença de Sua Alteza Imperial e Real, o Príncipe D. Bertrand de Orleans e Bragança, na Vigília Pascal.

Domingo de Ramos






Sexta-feira Santa






Vigília Pascal





S.A.I.R. Dom Bertrand de Orleans e Bragança




quinta-feira, 3 de maio de 2012

Música devocional é diferente de música litúrgica

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Jeffrey Tucker explica:

Há dois equívocos freqüentes a respeito da música religiosa popular:
1) a crença em que ela seja algo revolucionário e novo nos tempos modernos;
2) a ideia de que ela represente ameaça ao culto litúrgico.
Nenhuma delas é verdadeira. A música devocional é tão antiga quanto a própria Fé. E não representa nenhum problema, desde que as pessoas não a confundam com música litúrgica, que é sempre vinculada ao texto litúrgico. O grande problema do nosso tempo é essa terrível confusão. De algum modo precisamos reencontrar o caminho de volta ao texto litúrgico, de modo a podermos colocar a música devocional no seu lugar adequado.

Parece-me que na maioria das celebrações da Santa Missa, no Brasil, ocorre o uso de música devocional substituindo a música litúrgica (e tudo indica que não é só no Brasil). Não fiz nenhuma pesquisa baseada em métodos estatísticos para dizer que é a maioria (mais de 50%, portanto), mas os relatos e a experiência sugerem isso. Mesmo assim, ainda que isso ocorra em dez por cento das igrejas, deveríamos trabalhar para que nelas a situação mudasse.

Se fossem só dez por cento, não poderíamos abandoná-las, só por ser minoria. E, sendo a maioria, não podemos considerar que seja certo só porque a maioria está fazendo.

Também não se pode justificar o uso incorreto da música devocional na Liturgia dizendo que isso acontece há "muito tempo" (uns quarenta anos). Isto equivale a dizer que um erro, cometido durante bastante tempo, torna-se um acerto.

Jeffrey Tucker é um otimista, e escreve a explicação que traduzimos ali acima sob o ponto de vista pelo qual a música devocional não ameaça o culto litúrgico. De fato, a situação ideal é essa: o cultivo da autêntica música litúrgica não exige que se abandone todo o resto da cultura musical; pelo contrário.

Entretanto, é importante lembrar que essa ameaça existe, sim, se não tivermos clara a diferença entre música devocional e música litúrgica. Se soubermos o que é cada uma, ótimo; se as confundimos, temos a situação atual: a música pop de letras religiosas entra na Liturgia.

Seria o equivalente a pegarmos livros de sucesso do momento atual e introduzirmos seus textos na Liturgia, substituindo as leituras da Sagrada Escritura. É verdade que o pop religioso tem letra religiosa, e tirar uma Carta de São Paulo para colocar Harry Potter não produz uma comparação exata, já que os livros deste personagem não são religiosos; mas nossa analogia pode fazer mais sentido se o leitor imaginar um livro de auto-ajuda, ou então certos livros escritos por católicos, às vezes sacerdotes, cujo conteúdo (e também o aspecto visual) é do mesmo naipe.

Bem, não importa: ainda que se tratasse de um piíssimo poema do Beato Anchieta, ou o mais místico escrito de Santa Teresa, não os tomaríamos para substituir as leituras bíblicas da Liturgia da Missa. Do mesmo modo não podemos colocar música devocional no lugar do Introito, do Gradual (ou do Salmo Responsorial), do Alleluia (ou Trato), do Ofertório e da Comunhão. Todos eles, com raríssimas exceções, são tirados da Escritura, prescritos pela Igreja do mesmo modo que são prescritas as leituras. E estamos substituindo essas palavras por música devocional ruim, quando o certo é não substituir nem mesmo por música devocional boa.

O caso das Missas Baixas da Forma Extraordinária do Rito Romano é diferente. Tais Missas, não tendo o seu texto cantado, mas recitado pelo sacerdote, admitem o canto de música devocional pela assembleia; canto, entretanto, sujeito a certas regulações que impedem o uso de música inadequada. O ideal é a Missa Alta, com o Próprio efetivamente cantado.

As rubricas da Forma Ordinária, o rito aprovado pelo papa Paulo VI e que entrou em vigor em 1969-1970, além da compilação do Graduale Simplex, entre outras iniciativas, buscam possibilitar maior uso da música litúrgica autêntica. Entretanto, isto em grande parte ficou no papel: a desobediência, a insubordinação, o desejo de ruptura e a ignorância das coisas sagradas transformaram a Liturgia, em muitos lugares, num palco de mau gosto onde tudo é permitido, menos o tradicional, o genuíno e o sacro.

Se às vezes se chama, pejorativamente, de "rubricismo" ao desejo de seguir com fidelidade o que a Igreja prescreve para a Liturgia, é de se lamentar que às vezes pareça haver um desejo de fazer tudo exatamente ao contrário do que as rubricas dizem, indo contra qualquer bom senso, numa tentativa de contrariar todo o passado e definindo, se fosse possível, a fundação da Igreja e a instituição da Liturgia para o dia de hoje.

Não se deseja que um texto assim termine de modo negativo; antes, é importante ter em mente que a música autêntica é possível, e que sua reintrodução, na maioria dos casos, acontece "tijolo a tijolo" - gradualmente. Ou "devagar e sempre", para usar outra expressão popular. O essencial é tomarmos a consciência das necessidades e peculiaridades musicais da Liturgia, e do enorme bem espiritual que representa o respeito às suas tradições e prescrições. Fariseus? Não há problema: é Cristo, e só Ele, quem sabe o que há na mente de cada um.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Santa Missa Pontifical na forma Extraordinária em Hong Kong

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Apesar de muitos católicos pelo mundo não terem tanta noção da situação da Igreja no Oriente (rito latino), mesmo em tempos difíceis como estes, a Comunidade da Liturgia Tridentina, comemorando o seu 10º aniversário, no Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor (08/04), celebrou a Solene Santa Missa Pontifical, cantada em Hong Kong, por Dom John Cardeal Tong, Arcebispo daquela Diocese, na igreja de Santa Teresa.

Tal feito foi uma mostra de que o Santo Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo é perpetuado, ainda que em meio a tantas situações complicadas, em termos políticos, sociais, econômicos e religiosos. Por tudo isso, Deo gratias!

As fotos originais encontram-se na página do Facebook, Tradition.

Genuflexório para entrada do Bispo










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