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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Palavra e Silêncio

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"O silêncio, portanto, não é um fim em si mesmo; não gera mais silêncio, mas produz fruto, que é a palavra, favorecendo o colóquio da alma com Deus. Daí que se pode dizer que o silêncio realça a Palavra."


Passamos recentemente por mais um setembro, mês dedicado às Sagradas Escrituras pela Igreja no Brasil. Neste contexto, por mais estranho que possa parecer, é muito apropriado falarmos sobre o silêncio.

No mundo hodierno vivemos constantemente bombardeados por estímulos artificiais, principalmente visuais e sonoros. São outdoors amontoados, construções arquitetônicas desconexas do seu redor, televisores constantemente ligados em nossas casas, veículos automotivos, músicas com ritmos frenéticos, etc. Todos estes estímulos causam em nosso íntimo uma sensação de desordem, de falta de harmonia, que nos dificulta - e muito! - o recolhimento interior e a reflexão sobre aquelas questões essenciais ao homem e a nossa vida terrena.

A situação chegou em tal ponto que a maioria dos homens têm um certo medo do silêncio. Basta pensarmos no televisor ligado na sala para gerar ruído, sem que ninguém o esteja assistindo. Ou nos fones de ouvido que muitas pessoas usam ao andar nas ruas, num momento que seria propício para a reflexão interior, para, como se diz, colocar o pensamento em dia, por mais que o ambiente exterior continue rodeado destes estímulos. Não que o uso de fone de ouvido na rua seja de todo ruim; pelo contrário, ouvindo uma boa música (calma, independentemente do gênero) conseguimos eliminar muito destes ruídos externos que causam harmonia e desordem. Mas os homens, em geral, parecem acreditar que silenciar é perder tempo, e então procuram subterfúgios para evitá-lo a todo custo.
"No silêncio, escutamo-nos e conhecemo-nos melhor a nós mesmos, nasce e aprofunda-se o pensamento, compreendemos com maior clareza o que queremos dizer ou aquilo que ouvimos do outro, discernimos como exprimir-nos. Calando, permite-se à outra pessoa que fale e se exprima a si mesma, e permite-nos a nós não ficarmos presos, por falta da adequada confrontação, às nossas palavras e ideias." (Papa Bento XVI. 46º Dia Mundial das Comunicações Sociais)
São Bento, ao falar do silêncio, faz uma distinção entre quies e silentium: o primeiro é a ausência de ruídos, a quietude, o silêncio físico; o último é um estado da mente, duma consciência atenta, voltada para os outros e para Deus. O homem de hoje, movido principalmente pela falta de quies, perdeu a capacidade do silentium, que tão desconhecido lhe é a ponto de causar-lhe medo.



Tenho por certo que nesta pouca quietação do homem moderno encontra-se uma das principais causas de sua enorme dificuldade em buscar o transcendente. Recordemo-nos da experiência do Profeta Elias, a quem Deus manifestou-Se não na força ou no ruído, mas na brisa suave:
11. O Senhor disse-lhe: Sai e conserva-te em cima do monte na presença do Senhor: ele vai passar. Nesse momento passou diante do Senhor um vento impetuoso e violento, que fendia as montanhas e quebrava os rochedos; mas o Senhor não estava naquele vento. Depois do vento, a terra tremeu; mas o Senhor não estava no tremor de terra.
12. Passado o tremor de terra, acendeu-se um fogo; mas o Senhor não estava no fogo. Depois do fogo ouviu-se o murmúrio de uma brisa ligeira.
13a. Tendo Elias ouvido isso, cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da caverna. (I Reis XIX - Bíblia Ave Maria)
Se a oração é o colóquio da alma com Deus, e toda conversação exige tanto momentos de fala como de escuta (silêncio), uma alma que não silencia torna-se incapaz de ouvir a Deus. 
“Para que as coisas possam guardar-se no interior e ser ponderadas no coração, é condição indispensável guardar silêncio. O silêncio é o clima que torna possível o pensamento profundo. Quem fala demasiado dissipa o coração e leva-o a perder tudo o que há de valioso no seu interior; assemelha-se então a um frasco de essência que, por estar destapado, perde o perfume, ficando apenas com água e um ligeiro aroma a recordar vagamente o precioso conteúdo de outrora” (SUÁREZ, Federico. A Virgem Nossa Senhora, Ed. Quadrante, pág. 185)
Infelizmente, no momento da história em que a humanidade menos silencia, nossas celebrações litúrgicas habitualmente não propiciam momentos de silêncio, ou não lhes dão a devida importância. Com isso, desacostumamo-nos com o silêncio na Liturgia, tal como estamos desacostumados com o silêncio no dia-a-dia. Sentimo-nos incomodados com os cinco segundos a mais que o grupo de música demorou para entoar o Kyrie, ou com o leitor que demora em começar a leitura do Lecionário.

Não temos uma alma contemplativa, que sabe silenciar (silentium). E aí temos um problema: sem o silêncio, a Liturgia transforma-se numa sequência ininterrupta de palavras, gestos e rituais em que apenas o homem fala, com pouco espaço para Deus. Este silêncio pode ser entendido como a pausa numa música, que possui uma função essencialmente ativa. Um instrumento em pausa coloca o seu instrumentista num estado de contemplação, por conta da sinfonia ocasionada pelos demais instrumentos, e simultaneamente de atenção, enquanto aguarda o momento de juntar-se aos demais de forma harmônica e bela. Sem as pausas, uma música transformar-se-ia num punhado de notas sobrepostas e difíceis de serem ouvidas e, portanto, contempladas.

De fato, a própria Liturgia cristã tem muito a ver com este sentido de pausa, de descanso. Deus, terminada a obra que havia feito, descansou ao sétimo dia da criação, consagrando-o (Gn II, 2ss). Também os cristãos passaram a consagrar o domingo, o Dies Domini (Dia do Senhor), o dia da nova criação, através principalmente da Liturgia, mas também do descanso do trabalho.

É preciso ter em conta que silenciar não é passar de uma postura ativa para outra, passiva. Não é passar do fazer para o nada fazer. Quem silencia troca uma ação (falar, fazer algum gesto ou rezar em voz alta) por outra ação (ouvir o que outro ou o próprio Deus fala, rezar interiormente unindo-se ao celebrante).

Uma das condições pessoais exigidas para uma frutuosa participação litúrgica é 
"o espírito de constante conversão que deve caracterizar a vida de todos os fiéis: não podemos esperar uma participação activa na liturgia eucarística, se nos abeiramos dela superficialmente e sem antes nos interrogarmos sobre a própria vida. Favorecem tal disposição interior, por exemplo, o recolhimento e o silêncio durante alguns momentos pelo menos antes do início da liturgia, o jejum e — quando for preciso — a confissão sacramental; um coração reconciliado com Deus predispõe para a verdadeira participação." (Papa Bento XVI, Sacramentum Caritatis, 55)
O silêncio, portanto, não é um fim em si mesmo; não gera mais silêncio, mas produz fruto, que é a palavra, favorecendo o colóquio da alma com Deus. Daí que se pode dizer que o silêncio realça a Palavra.
Não há que surpreender-se se, nas diversas tradições religiosas, a solidão e o silêncio constituem espaços privilegiados para ajudar as pessoas a encontrar-se a si mesmas e àquela Verdade que dá sentido a todas as coisas. O Deus da revelação bíblica fala também sem palavras: «Como mostra a cruz de Cristo, Deus fala também por meio do seu silêncio. O silêncio de Deus, a experiência da distância do Omnipotente e Pai é etapa decisiva no caminho terreno do Filho de Deus, Palavra Encarnada. (...) O silêncio de Deus prolonga as suas palavras anteriores. Nestes momentos obscuros, Ele fala no mistério do seu silêncio» (Exort. ap. pós-sinodal Verbum Domini, n. 21). No silêncio da Cruz, fala a eloquência do amor de Deus vivido até ao dom supremo. Depois da morte de Cristo, a terra permanece em silêncio e, no Sábado Santo – quando «o Rei dorme (…), e Deus adormeceu segundo a carne e despertou os que dormiam há séculos» (cfr Ofício de Leitura, de Sábado Santo) –, ressoa a voz de Deus cheia de amor pela humanidade.

Se Deus fala ao homem mesmo no silêncio, também o homem descobre no silêncio a possibilidade de falar com Deus e de Deus. «Temos necessidade daquele silêncio que se torna contemplação, que nos faz entrar no silêncio de Deus e assim chegar ao ponto onde nasce a Palavra, a Palavra redentora» (Homilia durante a Concelebração Eucarística com os Membros da Comissão Teológica Internacional, 6 de Outubro de 2006). Quando falamos da grandeza de Deus, a nossa linguagem revela-se sempre inadequada e, deste modo, abre-se o espaço da contemplação silenciosa. (Papa Bento XVI. 46º Dia Mundial das Comunicações Sociais)



Por esta razão a Liturgia Romana sempre dedicou muito espaço para o silêncio. Quando foi normatizada por São Pio V, a Liturgia Romana já possuía muitos momentos de silêncio, e que ainda podem ser observados na Forma Extraordinária. Hoje, mesmo que todos os momentos de silêncio prescritos na Forma Ordinária sejam observados - o que raramente ocorre - ainda são em menor quantidade. Isto, aliado ao crescente interesse dos jovens pelo Usus Antiquior e à constante necessidade dos últimos Papas em reforçar a redescoberta do silêncio na Liturgia, leva a um saudável questionamento, tendo em vista uma eventual Reforma da Reforma, se a diminuição brusca do silêncio foi pastoralmente apropriada ou não. (Por outro lado, é digno de menção que a catequese litúrgica dos fiéis daqueles tempos muitas vezes não permitia que o rito mais silencioso fosse acompanhado de forma mais frutífera, algo que hoje parece superado entre os fiéis que freqüentam a Forma Extraordinária.)

O Silêncio na Forma Ordinária

Por não ser tão observado nas celebrações litúrgicas da Forma Ordinária, falemos mais do silêncio aí. O silêncio foi tido em conta pelos Padres Conciliares, a ponto de tocarem - embora sucintamente - de forma explícita no assunto. Ao contrário daquele que é o senso comum entre certos liturgistas modernos, o silêncio entrou justamente num trecho em que fala da participação ativa do povo, o que reforça o que foi dito anteriormente.

A Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia, publicada em 1963, em seu Capítulo I, intitulado "Princípios Gerais em Ordem à Reforma e Incremento da Liturgia", na seção "III - Reforma da Sagrada Liturgia", subseção "A. Normas gerais", diz o seguinte:
"A participação do povo
30. Para fomentar a participação ativa, promovam-se as aclamações dos fiéis, as respostas, a salmodia, as antífonas, os cânticos, bem como as ações, gestos e atitudes corporais. Não deve deixar de observar-se, a seu tempo, um silêncio sagrado."
No 40º aniversário da Sacrosanctum Concilium, São João Paulo II, observando como o silêncio havia sido deixado de lado na liturgia, escreveu com maior ênfase sobre esta questão:
"Um aspecto que é preciso cultivar com maior compromisso, no interior das nossas comunidades, é a experiência do silêncio. Temos necessidade dele "para acolher nos nossos corações a plena ressonância da voz do Espírito Santo, e para unir estreitamente a oração pessoal à Palavra de Deus e à voz pública da Igreja"(32). Numa sociedade que vive de maneira cada vez mais frenética, muitas vezes atordoada pelos ruídos e perdida no efémero, é vital redescobrir o valor do silêncio. Não é por acaso que mesmo para além do culto cristão, se difundem práticas de meditação que dão importância ao recolhimento. Por que não começar, com audácia pedagógica, uma educação ao silêncio no contexto de coordenadas próprias da experiência cristã? Que esteja diante dos nossos olhos o exemplo de Jesus, que "tendo saído de casa, retirou-se num lugar deserto para ali rezar" (Mc 1, 35). Entre os seus diversos momentos e sinais, a Liturgia não pode minimizar o silêncio." (João Paulo II. Spiritus et Sponsa, n. 13)
Os livros litúrgicos modernos tratam do silêncio em alguns trechos, apresentados abaixo:

IGMR - Instrução Geral do Missal Romano, 3ª edição (2008)
O silêncio

XII. SILÊNCIO SAGRADO
201. Geralmente, em todas as celebrações litúrgicas se há de procurar «guardar, nos momentos próprios, um silêncio sagrado». Consequentemente, na celebração da Liturgia das Horas, facultar-se-á também a possibilidade de uns momentos de silêncio.
202. E assim, conforme as conveniências e a prudência aconselharem, seguindo o costume dos nossos maiores, poder-se-á introduzir uma pausa de silêncio após cada salmo, depois de repetida a antífona, mormente quando, a seguir ao salmo, se disser uma coleta salmódica (cf. n. 112); ou ainda após as leituras, breves ou longas, antes ou depois do responsório. Este momento de silêncio visa obter a plena ressonância da voz do Espírito Santo nos corações e unir mais estreitamente a oração pessoal à palavra de Deus e à oração oficial da Igreja.
Cuidar-se-á, porém, que o silêncio não venha alterar a estrutura do Ofício ou causar aos que nele participam mal-estar ou enfado.
203. Na recitação individual, é deixada mais ampla liberdade quanto a estas pausas, com o fim de meditar alguma fórmula susceptível de estimular afetos espirituais, sem que por isso o Ofício perca o seu caráter de oração pública.
45. Oportunamente, como parte da celebração deve-se observar o silêncio sagrado*. A sua natureza depende do momento em que ocorre em cada celebração. Assim, no ato penitencial e após o convite à oração, cada fiel se recolhe; após uma leitura ou a homilia, meditam brevemente o que ouviram; após a comunhão, enfim, louvam e rezam a Deus no íntimo do coração.
Convém que já antes da própria celebração se conserve o silêncio na igreja, na sacristia, na secretaria e mesmo nos lugares mais próximos, para que todos se disponham devota e devidamente para realizarem os sagrados mistérios.
* Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. sobre a S. Liturgia, Sacrossanctum Concilium, n. 30; S. Congre. dos Ritos, Instr. Musicam sacram, de5 de março de 1967, n. 17: A.A.S. 59 (1967) p. 305 

Na edição anterior da IGMR, que acompanha a 2ª edição do Missal Romano, este trecho equivale ao n. 23. O último parágrafo, contudo, a respeito do silêncio extra-litúrgico na igreja, é uma novidade da atual edição da IGMR.

Ordo Lectionum Missae (1981), tradução minha a partir do espanhol
28. A Liturgia da Palavra deve celebrar-se de tal maneira que favoreça a meditação; por isso, há de se evitar todo tipo de pressa, que impede o recolhimento. O diálogo entre Deus e os homens, que se realiza com a ajuda do Espírito Santo, requer breves momentos de silêncio, adequados à assembléia presente, para que neles a palavra de Deus seja acolhida interiormente e se prepare uma resposta por meio da oração. 
Estes momentos de silêncio podem ser guardados, por exemplo, antes de começar a Liturgia da Palavra, depois da primeira e da segunda leituras, e ao terminar a homilia.

Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas
XII. SILÊNCIO SAGRADO

201. Nas ações litúrgicas deve-se procurar em geral que se guarde também, há seu tempo, um silêncio sagrado; por isso, haja ocasião de silêncio também na celebração da Liturgia das Horas.

202. Por conseguinte, se parecer oportuno e prudente, para facilitar a plena ressonância da voz do Espírito Santo nos corações e unir mais estreitamente a oração pessoal com a Palavra de Deus e com a voz pública da Igreja, pode-se intercalar uma pausa de silêncio, após cada salmo, depois de repetida sua antífona, de acordo com antiga tradição, sobretudo se depois do silêncio se acrescentar a coleta do salmo; ou também após as leituras tanto breves como longas, antes ou depois do responsório.

203. Na recitação a sós, haverá maior liberdade para demorar na meditação de alguma fórmula, que incentive a elevação espiritual, sem que com isso o Ofício perca sua natureza pública.


E você, caro leitor? Conte-nos como o silêncio é ou não vivido por ti ou em tua comunidade. Consegues aproveitar o silêncio em tuas celebrações litúrgicas? Ou ele está em falta?

Referências


domingo, 12 de outubro de 2014

Rito e Santa Missa de Posse do novo Arcebispo Militar do Brasil, Dom Fernando José Monteiro Guimarães

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A Arquidiocese Militar.

A Arquidiocese Militar responde pelo atendimento pastoral das Capelanias militares católicas espalhadas por todo o território brasileiro, tendo como seus diocesanos os militares católicos pertencentes às Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) e às Forças Auxiliares (Polícias Militares estaduais e Corpos de Bombeiros Militares), juntamente com os seus familiares, não excetuados os militares da reserva remunerada e reformados, com seus respectivos dependentes. O Clero da Arquidiocese é constituído por padres e diáconos pertencentes às próprias Forças Armadas ou Forças Auxiliares, como também por padres e diáconos civis, que prestam serviço nas Capelanias. Possui também seu quadro próprio de seminaristas.

A Constituição brasileira de 1988 prevê, no art. 5, inciso VII, que é “assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva”. A Lei 6.293, de 29 de junho de 1981, alterada pela Lei 7.672, de 23 de setembro de 1988, organizou o Serviço de Assistência Religiosa (SAR) nas Forças Armadas, que tem por finalidade prestar assistência religiosa e espiritual aos militares e aos civis das organizações militares e às suas famílias, bem como atender a encargos relacionados com as atividades de educação moral realizadas nas Forças Armadas.

O Ordinariado Militar do Brasil foi erigido a 6 de novembro de 1950, pelo Papa Pio XII, como Vicariato Castrense do Brasil. Por força da Constituição Apostólica Spirituali Militum Curae, de 21 de abril de 1986, passou a ser Ordinariado Militar, depois do acordo diplomático entre a Santa Sé e a República Federativa do Brasil, assinado em 23 de outubro de 1989. O atual estatuto da Arquidiocese Militar brasileira foi homologado pelo Vaticano, com o decreto “Cum Apostolicam Sedem”, de 2 de janeiro de 1990, emanado pela Congregação para os Bispos.

O Arcebispo deve ser brasileiro nato e está vinculado administrativamente ao Estado-Maior das Forças Armadas, sendo nomeado pelo Papa, após consulta ao Governo brasileiro.

O novo Arcebispo Militar.

Filho de Antônio Monteiro Guimarães e Judith Bacelar Guimarães, Fernando José Monteiro Guimarães, foi batizado aos 27 de outubro de 1946 na Igreja da Torre, em Recife. Em 1958 ingressou no Seminário Menor dos Redentoristas em Garanhuns, onde permaneceu até 1961; no ano seguinte, até 1963 completou os estudos no Seminário Redentorista de Campina Grande. Depois do noviciado, emitiu a profissão religiosa na Congregação do Santíssimo Redentor no dia 25 de janeiro de 1965, cursando posteriormente as faculdades de Filosofia e Teologia no Seminário Maior Redentorista em Juiz de Fora, até 1969.
Foi ordenado presbítero aos 15 de agosto de 1971 no Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na cidade de Campos. De 1972 a 1980 exerceu o seu sacerdócio na Arquidiocese do Rio de Janeiro como assessor do Cardeal Dom Eugênio Sales; foi ainda membro do Colégio de Consultores e do Conselho Presbiteral da Arquidiocese.
Em 1980 chamado a Roma desempenhou diversas funções na Santa Sé. Em 1989 obteve o doutorado em Teologia Moral pelo Instituto Alfonsianum de Roma, e o mestrado em Direito Canônico pelo Ateneo Romano della Santa Croce. A partir do ano 2000 foi chefe do Departamento responsável pelo setor que se ocupa da vida e do ministério dos presbíteros no mundo da Congregação para o Clero, no Vaticano. Foi perito no Sínodo dos Bispos de 1990, sobre a Formação sacerdotal nas atuais circunstâncias.


Em 12 de março de 2008, foi nomeado Bispo de Garanhuns, pelo Papa Bento XVI. Foi ordenado bispo em 31 de março de 2008 pelas mãos do Cardeal Cláudio Hummes,OFM,  Prefeito da Congregação para o Clero, na Igreja de Santo Afonso de Ligório na Via Merulana em Roma. Foram concelebrantes dessa cerimônia o Cardeal Crescenzio Sepe, Arcebispo de Nápoles e Dom Mauro Piacenza, Secretário da Congregação para o Clero. Tomou posse na Diocese de Garanhuns no dia 1 de junho de 2008.
No dia 25 de janeiro de 2010, o Papa Bento XVI, nomeou Dom Fernando José membro do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica. Também exerce as seguintes funções: é membro da Comissão Especial para o estudo das causas de declaração de nulidade da Sacra Ordenação e da dispensa das obrigações do diaconato e do presbiterato; é consultor da Congregação para as Causas dos Santos e é juiz externo do Tribunal de Apelação do Vicariato de Roma.
No dia 06 de agosto de 2014, foi nomeado Arcebispo do Ordinariado Militar do Brasil, pelo Papa Francisco.

O Brasão e lema Episcopal.


COR NOSTRUM ARDENS (Nosso coração ardia): O lema é tirado do Evangelho de São Lucas, que descreve o encontro de dois discípulos com o Ressuscitado, no caminho de Emaús. Após ter Jesus se revelado na partilha da Palavra e na fração do Pão, os discípulos se interrogaram e constataram que seu coração ardia pelo caminho enquanto ele conversava conosco (nonne cor nostrum ardens erat in nobis, dum loqueretur nobis... Lc 24, 32). A escolha destas palavras identifica a experiência pascal que o Bispo é chamado a viver como pastor: caminhar com a sua Igreja, partilhando a Palavra e repartindo a Eucaristia, revelando a presença do Cristo ressuscitado, que percorre conosco as estradas da vida, até o Emaús do céu. O coração da Igreja deve arder, porque Ele caminha conosco!
O coração ardente é, também, uma referência a Santa Teresinha, que escreveu: No coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o Amor (Ms B, 3v).
BRASÃO: O Brasão azul, com escalão de prata, carregado com três rosas vermelhas, acompanhado por um monte de três cumes de ouro e uma estrela de sete pontas, de ouro, no cantão direito.
1. O azul simboliza o caminho das Virtudes que, através da renúncia ao que passa, impulsionam a Igreja rumo à realidade do Céu, dando testemunho da transcendência de Deus e da eternidade à qual somos todos chamados. Vejamos os elementos do Brasão:
2. O escalão é uma figura heráldica antiga que provavelmente simbolizava a trave principal do teto do edifício sob o qual se reunia a coletividade. Para os cristãos, ele representa a Igreja. O escalão é de prata, cor da transparência e, portanto, símbolo da Verdade revelada, transmitida pela Igreja. As três rosas simbolizam Santa Teresinha do Menino Jesus. Colocadas no centro do escalão, recordam as palavras da Santa: no coração da Igreja eu serei o Amor.
3. O monte é tirado do escudo da Congregação dos Missionários Redentoristas, na qual Dom Fernando Guimarães emitiu sua profissão religiosa. É de ouro, o metal mais nobre, símbolo portanto da Fé. Com efeito, é graças à Fé que podemos compreender a mensagem de Amor e de Redenção que brota do Monte Calvário.
Sobre todo o escudo esplende radiosa a estrela da Virgem Maria, nossa Mãe Celeste, cuja luz ilumina o caminho da Igreja. A estrela de sete pontas encontra-se no véu que cobre a cabeça da Virgem, no ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, entregue pelo Beato Papa Pio IX aos Missionários Redentoristas. À proteção desta Mãe, Dom Fernando confia o seu ministério pastoral e a sua Diocese.

Os preparativos.
Desde a nomeação, o Arcebispo Emérito, seu auxiliar, o clero castrense, seminaristas, forças militares e demais fiéis empenharam-se em receber o seu novo Pastor com todo afeto e dignidade que lhe é devido. Para tanto, na data escolhida para a posse, 07 de Outubro de 2014 - Memória de Nossa Senhora do Rosário - a Catedral Militar Nossa Senhora Rainha da Paz, no Eixo Monumental, em Brasília, estava repleta de fiéis, que acorreram pressurosos para a acolhida bendita daquele que veio em nome do Senhor.
Catedral Militar Nossa Senhora Rainha da Paz
Foram convidados muitos Bispos, muitos deles, amigos de longa data de Sua Excelência Reverendíssima, Dom Fernando Guimarães, bem como Sacerdotes que lhe são próximos e queridos, assim como todo o clero militar e alguns Padres de sua ex-Diocese, Garanhuns. Da mesma forma, estiveram presentes muitos outros religiosos, como Monges Beneditinos, Franciscanos Conventuais, Menores e Capuchinhos, da Imaculada, entre outros. Sacerdotes famosos como o Padre Eduardo Dougherty, SJ (Edward John Dougherty), da Associação do Senhor Jesus (TV Século 21), Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior e, do próprio clero militar, Padre Alessandro Campos, o famoso "Padre Cowboy".

Os Bispos que estiveram presentes:

Dom Adair José Guimarães, Diocese de Rubiataba-Mozarlândia-GO.
Dom Augustinho Petry, Diocese de Rio do Sul-SC.
Dom Bernardino Marchió, Diocese de Caruaru-PE.
Dom Francisco Canindé Palhano, Diocese de Bonfim-BA.
Dom Frei João Wilk, OFMConv., Diocese de Anápolis-GO.
Dom Frei Magnus Henrique Lopes, OFMCap., Diocese de Salgueiro-PE.
Dom Frei Mário Marquez, OFMCap., Diocese de Joaçaba-SC.
Dom Genival Saraiva de França, Emérito da Diocese de Palmares-PE.
Dom Gil Antônio Moreira, Arquidiocese de Juiz de Fora-MG.
Dom Jaime Vieira Rocha, Arquidiocese de Natal-RN.
Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida, Auxiliar da Arquidiocese de Brasília-DF.
Dom José Luiz Gomes de Vasconcelos, Auxiliar da Arquidiocese de Fortaleza-CE.
Dom Karl Josef Romer, Auxiliar Emérito da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro-RJ.
Dom Marcony Vinícius Ferreira, Auxiliar da Arquidiocese de Brasília-DF.
Dom Roque Costa Souza, Auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro-RJ.
Dom Valdir Mamede, Auxiliar da Arquidiocese de Brasília-DF.
Dom Washington Cruz, CP, Arquidiocese de Goiânia-GO.
Dom Frei José Ruy Gonçalves Lopes, OFMCap., Diocese de Jequié-BA.
Dom Mathias Tolentino Braga, OSB, Abade do Mosteiro de São Bento-SP.
Dom Messias dos Reis Silveira, Diocese de Uruaçu-GO.
Dom Fernando Arêas Rifan, Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, Campos-RJ
Dom Antônio Fernando Saburido,OSB, Arquidiocese de Olinda e Recife-PE.
Dom Sergio da Rocha, Arquidiocese de Brasília-DF.
Dom Osvino José Both, Emérito da Arquidiocese Militar do Brasil.
Dom José Francisco Falcão de Barros, Auxiliar da Arquidiocese Militar do Brasil.
Dom Giovanni d’Aniello, Núncio Apostólico no Brasil.

Os paramentos utilizados (casulas) foram os confeccionados para o XVI Congresso Eucarístico Nacional, ocorrido em Brasília, em 2010, sob a guarda da sacristia da Arquidiocese de Brasília. O Mestre de Cerimônias principal foi o Padre-Major Júlio César Silva Mônaco.
Casulas para os Bispos Concelebrantes
Paramentos (da esq. para a dir.) para Dom José Francisco Falcão de Barros,
Dom Giovanni d'Aniello, Dom Fernando José Monteiro Guimarães e
Dom Osvino José Both.
Mitra Pretiosa, de Dom Fernando José Guimarães.
Detalhe do seu brasão nas ínfulas da Mitra.
Credência
Cálices
 
Presbitério e Altar
Nova Cátedra, com o Brasão esculpido em madeira e pintado de bronze-dourado 
O Comentarista, Capitão Medeiros, solenemente fardado a caráter
com as indumentárias da Ordem Equestre Pontifícia de São Gregório Magno,
da qual é Cavaleiro.
Na Sacristia, enquanto o Arcebispo Emérito e seu Auxiliar recepcionavam os Bispos que chegavam, outros concediam entrevistas à imprensa presente.

Dom Osvino e Dom Rifan
Dom Karl Josef Romer e Dom Osvino
Pe. Wendell Mendonça, Dom Giovanni d'Aniello, Dom Messias dos Reis e Dom Rifan
Dom José Francisco Falcão
Dom Giovanni d'Aniello
Dom Gil Antônio Moreira, Ordinário de Juiz de Fora-MG,
aproveitando o tempo na sacristia para rezar o Terço.
Na nave da Catedral, os Sacerdotes já aguardam o início do Ritual de Posse e Santa Missa
No lado oposto, militares das três forças armadas, devidamente fardados
e sentados hierarquicamente, também aguardam o início da Cerimônia
Fora da Catedral, Comandantes das três forças armadas,
o Arcebispo Emérito e o Auxiliar, aguardam a chegada do novo Ordinário Militar
Dom Osvino e Dom José Francisco

A chegada à sua nova igreja Catedral.

Conforme a referência nº 6, do artigo 94, do Decreto nº 70.274, de 09 de Março de 1972, sobre as Normas do Cerimonial Público e Ordem Geral de Precedência, como Arcebispo Militar (ou Castrense), Dom Fernando Guimarães, detém as seguintes patentes militares e, pelas quais, recebe a devida continência ou auto:


Vale afirmar que o Arcebispo do Ordinariado Militar não é remunerado e não usa farda, diferentemente dos Capelães. 

Às 15:50hs, Dom Fernando Guimarães chegou à sua nova Catedral, recebendo as devidas honras militares. 

© Créditos desta foto: Ministério da Defesa
A Guarda Presidencial, os Dragões da Independência, lhe formam cortejo
Dom Fernando passa em revista à Guarda, que lhe presta continência solene
Dom Fernando é recepcionado por seu Predecessor, Dom Osvino Both
Recepcionado e saudado calorosamente por seu Bispo Auxiliar,
Dom José Francisco Falcão
Os três Bispos Militares sobem a rampa, para adentrarem na igreja Catedral
Desde a chegada e o encontro dos três Bispos, até sua entrada na Catedral,
a Banda Marcial da Marinha toca o Hino Pontifício

Exatamente conforme prescreve o Cerimonial dos Bispos, nº 1142, o Arcebispo foi recebido à porta da igreja Catedral pela primeira dignidade do cabido, ou, no caso, não havendo cabido, pelo reitor da mesma igreja, revestido de pluvial (Padre Silas Viana). Este, apresentou-lhe o Crucifixo para beijar, e a seguir, o aspersório da água benta, com o qual o Bispo aspergiu a si mesmo e aos presentes. Depois, foi conduzido ao Santíssimo Sacramento, que adorou, de joelhos, por alguns momentos. Em seguida, dirigiu-se para a sacristia, onde o mesmo Bispo, presbíteros concelebrantes, diáconos e restantes ministros se paramentaram para a Santa Missa, que foi celebrada segundo o rito estacional.


O Pároco da Catedral, Pe. Silas Viana, recebe Dom Fernando,
de Pluvial e lhe oferece o Crucifixo para ser osculado

 

Após o beijo do Crucifixo, aspersão com água benta
Dentro da Catedral, é acolhido pelo Núncio Apostólico no Brasil
Um breve momento de adoração ao Santíssimo Sacramento

A Paramentação.

Auxiliado pelo Seminarista castrense Matheus Fellipe, o novo Arcebispo foi revestido com os paramentos que lhe são próprios, exceto a Dalmática, da qual não fez uso, por não haver uma do conjunto da casula.















"A casula prateada e galão em veludo azul foram confeccionados pela alfaiataria D&A Paramentos. A mitra, segundo a classificação do rito antigo, é 'preciosa', dada a composição.

O prateado (e o dourado), na Liturgia, não é cor litúrgica ordinária, mas substitui o branco, o verde e o vermelho nos dias mais festivos. Esta foi a cor dos paramentos em virtude da memória de Nossa Senhora do Rosário. Por isso o azul no galão da casula, cor restrita no Brasil a detalhes porque o país não detém o privilégio papal de usá-la integralmente nos paramentos.

Devido ao fato de o Arcebispo Militar não ser Metropolitano, ou seja, não possuir dioceses sufragâneas, não solicita ao Papa o Pálio pastoral e, portanto, não o usa. Isto fica mais claro quando se observa seu brasão, que é desprovido deste." (Colaboração textual, deste trecho, de Erick Marçal / Direto da Sacristia).

Depois de paramentado, o Bispo concedeu uma brevíssima entrevista aos repórteres presentes, na qual falou dos sentimentos que tinha naquele momento, ao assumir o Ordinariado: "de alegria por servir a Igreja e a Pátria, em obediência ao Papa".


Enquanto Dom Fernando concedia a entrevista, Dom Osvino falava ao Núncio Apostólico
sobre a história do Báculo que foi utilizado naquela Missa
O Rito de Posse.

Por volta das 16:08hs, teve início a procissão para o rito de Posse do novo Arcebispo Militar. Trata-se de uma liturgia à parte da Santa Missa, prevista no Cerimonial dos Bispos, dos números 1143 ao 1148. O ritual foi presidido pelo Núncio Apostólico, que o empossou.





O 3º Cerimoniário dá as orientações práticas aos Bispos
de como procederem após a procissão e chegada aos devidos lugares
 



Detalhe: Apenas 3 Bispos usaram a Mitra correta para a Concelebração:
a Simples, toda Branca, sem adorno algum.



Após a acolhida do Núncio Apostólico e a Proclamação da Palavra de Deus, deu-se a leitura das "Letras Apostólicas", isto é, da Bula de Nomeação canônica.

Proclamação da Palavra de Deus
(At 20,17-18a.28-32.36)
Apresentação e Leitura das Letras Apostólicas, pelo
encarregado dos Negócios da Nunciatura Apostólica no Brasil
Seguiram-se as palavras (discursos), respectivamente: do Núncio Apostólico, do Arcebispo Militar Emérito, do Excelentíssimo representante do Ministro de Estado da Defesa, do representante do clero do Ordinariado Militar do Brasil e do Presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB.

O Núncio expressou sentimentos de "Gratidão, Alegria, Amizade, Sinceridade e Amor", por tê-lo como amigo desde  o tempo em que era secretário da Nunciatura Apostólica no Brasil, há alguns anos. Também se referiu a Dom Fernando como "um Pastor que tem o cheiro de sua grei" e concluiu sua fala com o desejo "Ad Majorem Dei Gloriam!" (Para a Maior Glória de Deus!)
Em sua fala, Dom Osvino recordou os bons momentos à frente do Ordinariado Militar, pediu perdão pelos erros cometidos e que, por alguns destes, ter ocasionado o afastamento de algumas de suas ovelhas, também se desculpou por seu temperamento e por tudo que pôde afastar as pessoas da presença de Deus. Concluiu sua fala, como o Papa Francisco costumeiramente faz, pedindo: "rezem por mim!"
Representando o Ministro de Estado da Defesa Celso Amorim, coube ao secretário de Pessoal, Ensino, Saúde e Desporto do Ministério da Defesa, General Joaquim Silva e Luna, dar as boas vindas a Dom Fernando. Em sua fala, o secretário lembrou que marinheiros, soldados e aviadores são homens de fé em suas missões, inclusive, com o sacrifício de suas próprias vidas. E terminou  enfatizando que a profissão de fé do militar é a mesma do Centurião romano, isto é, de reconhecer verdadeiramente Jesus Cristo, como o Filho de Deus.
Coube ao Padre Adilson da Costa, como representante do clero militar, dar as  boas vindas a Dom Fernando, em nome de todos os Capelães militares do Brasil. Afirmou que "Dedicação e Alegria" são as duas palavras que resumem o ministério de Dom Osvino, enquanto seu ex-Pastor e concluiu com a mesma fala do Núncio: "Ad Majorem Dei Gloriam!" (Para a Maior Glória de Deus!)
O Presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB, Dom Messias dos Reis Silveira, Ordinário de Uruaçu-GO,  enfatizou que Dom Fernando "chegou como que enviado por Deus a cada um de nós, sendo bendito, pois vem em nome do Senhor!"

Durante as falas, Dom Fernando Guimarães e todos os demais presentes, ouviram atentamente cada palavra, que expressaram o tamanho apreço e prestígio que ele tem de cada um. 







Estiveram também presentes, o Ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, José Elito Siqueira, os Comandantes da Marinha, Almirante Julio Soares de Moura Neto; do Exército, General Enzo Martins Peri; o Brigadeiro Luiz Carlos Teciotti (todos na foto acima), representando o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito; além de oficiais e generais das Forças Armadas, militares das Forças Auxiliares (Polícia Militar e Corpo de Bombeiros), e demais autoridades civis e eclesiásticas.      © Créditos desta foto: Ministério da Defesa 
Entrega do Báculo Pastoral.

O Báculo foi utilizado por todos os Arcebispos que precederam o novo Ordinário em seu Pastoreio Militar, isto é, por Dom José Newton de Almeida Baptista, Dom Geraldo do Espírito Santo Ávila, Dom Osvino José Both e agora por Dom Fernando José Monteiro Guimarães, como 4º Arcebispo Castrense do Brasil.


 
Um momento simbólica e liturgicamente belo:
a transmissão do Pastoreio, por meio do Báculo


© Créditos desta foto: Ministério da Defesa 
Dom Fernando José Monteiro Guimarães,
4º Arcebispo Militar (ou Castrense) do Brasil
Cumprimento dos Arcebispos e Bispos ao novo Arcebispo do Ordinariado Militar do Brasil.

Como em todos os ritos, há um momento de saudação e alegria. Aqui, os que são iguais no Episcopado, saúdam a este que acabara de desposar a Igreja Militar no Brasil como sua Esposa.


Palavras de Dom Fernando José Monteiro Guimarães.

As palavras do novo Ordinário Militar foram breves e diretas:
"Venho, em obediência e alegria e peço a todos que rezem por mim!"
Leitura da Ata de Posse Canônica e Assinatura da Ata.

Seguiu-se a leitura da Ata de Posse Canônica, assinada por todos os Arcebispos e Bispos presentes, assim como pelos chefes maiores de Estado Militar, das três Forças Armadas.


Mesa preparada à frente do altar, para as assinaturas,
como deveria acontecer por ocasião de Matrimônios, isto é,
nada se assina sobre o altar.
 




Terminadas as assinaturas, Dom Fernando proferiu a oração de conclusão do rito e a bênção final, com a qual fez também a despedida. Com o canto final, ficou claro para todos que não se tratava ainda da Santa Missa, que foi celebrada em seguida.

A Santa Missa.

Com o canto "Imaculada, Maria de Deus", teve início a Santa Missa, em ação de graças pelo novo Arcebispo Militar, celebrando a memória de Nossa Senhora do Rosário, data oportunamente bem escolhida por Dom Fernando para o início do seu pastoreio militar, pois em 1571, quando aconteceu a "batalha de Lepanto", foi justamente um fato militar. Além do mais, o modo como celebra (e celebrou) demonstrou seu estilo de pastoreio que ora se inicia.

Como é o correto e seu costume, fez tudo como tinha que ser: ato penitencial completo e em ordem: Confesso a Deus..., Absolvição, Senhor, Cristo, Senhor, tende piedade e, por fim, o Glória. Toda a Liturgia da Palavra foi própria da Mãe de Deus. 

Proclamação do Evangelho
(Lc 1, 26-38)
 

Em sua Homilia (que pode ser lida integralmente AQUI), Dom Fernando abraçava a todo instante o seu Báculo, ora para suster-se, ora para manifestar claramente que ele é o Pastor deste seu novo rebanho. Falou da importância dos Padres que gastaram suas vidas lhe formando e, dirigindo-se ao seu novo clero, disse: "Somos chamados à santidade de vida! Prossigam comigo pelas vias da santificação sacerdotal! Sejam castos, homens de oração e guias seguros do povo de Deus, na vida militar!" Suas palavras eram imbuídas de firmeza e doçura de uma paternidade que gera vida. E afirmou: "As melhores vocações deverão brotar do próprio ambiente militar, quero dizer, o militar evangelizará os militares".
Dom Fernando proferindo sua Homilia
Dirigindo-se aos Diáconos Permanentes e Seminaristas, disse: "A vocação é exigente. Ela exige tudo de nós: o amadurecimento, a doação do nosso coração e da nossa existência." Citava os Concílios de Trento e Vaticano II com a maestria, que lhe é própria. E continuava: "A autêntica renovação da Igreja passa pelo Seminário, porque o Seminário deve estar no centro das atenções do Bispo!"

Ao recordar-se de seu pai, chorou, não de forma contida, mas com um quê de saudade e um sentimento de que ele cumpriu sua missão paterna, ao lembrar de sua história e do desejo que seu pai tinha que ele fosse um militar. E falou em plural majestático: "Nós precisamos ter sempre a lembrança de que nos pequenos e simples, Deus realiza grandes coisas." Finda a homilia, deu sequência à Santa Missa.

Após as preces, a Liturgia Eucarística teve início, normalmente, com o canto da procissão das oferendas. Há que se notar a preparação piedosa dos dons e do oferecimento destes mesmos, por Dom Fernando:

O Mestre de Cerimônias, Pe. Mônaco,
orienta Dom Fernando sobre as próximas ações
 



Sobre o modo de incensação, Dom Fernando fez jus à forma do Rito Tradicional, como pode ser vista e baixada AQUI.






O Prefácio - que foi cantado - foi o I da Virgem Maria e a Oração Eucarística III, com a leitura do seu nome já como Ordinário, nas intercessões. Observe-se que no início do diálogo no Prefácio, o Mestre de Cerimônias  (ou, na falta dele, o Diácono, apesar da norma reger o oposto) retira o solidéu do Arcebispo e convida os concelebrantes principais a se aproximarem do altar e colocarem-se à volta dele, como prevê o Cerimonial dos Bispos, no número 153. 



No memento pelos defuntos, uma curiosidade do mundo militar: um trompetista entoou a "Marcha fúnebre", enquanto todos permaneciam em silêncio.

Ao canto do Sanctus, uma procissão com 6 candelabros, turíbulo, naveta e Diácono, adentraram em marcha e, sincronizadamente, se puseram, cada qual do seu lado, prontos para a elevação do Corpo e Sangue do Senhor. Como prevê o Cerimonial dos Bispos (número 391 c, seguindo a tradição de "acompanhar com velas o Santíssimo Sacramento"). "As luzes foram consideradas desde sempre como um tributo de honra prestado às personagens ilustres. Os imperadores romanos nos cortejos triunfais faziam-se preceder de sete círios acesos. Este costume foi adotado pela Igreja na sua Liturgia. Os sete círios que antigamente abriam o cortejo pontifical eram colocados diante do altar durante o Sacrifício." (Dom António Coelho, Curso de Liturgia Romana. Braga: 1943. p. 217).





É o Diácono quem incensa durante a consagração. Somente na falta dele é que o turiferário incensa (Cerimonial dos Bispos, nº 155 c; Instrução Geral do Missal Romano, nº 179 b).




Na elevação do Cálice, após a Consagração, a banda marcial, de fora da catedral, tocou uma música em adoração... Outra curiosidade do mundo militar.

Após a Consagração os que levavam as tochas, permaneceram em frente ao altar, até o final da Doxologia.



O Abraço da Paz foi sem canto e brevíssimo. O Cordeiro, rezado.

Pós-Comunhão
 

Após a Oração Depois da Comunhão, seguiram-se algumas falas de homenagens e agradecimentos finais, como a do Padre Marcelo, representante do clero de Garanhuns e de Dom Fernando Saburido, Arcebispo de Olinda e Recife, em nome do Regional Nordeste 2, do qual Dom Fernando Guimarães fazia parte.

Dom Fernando Guimarães ouvindo as palavras do Pe. Marcelo, da
Diocese de Garanhuns-PE.
Pe Marcelo: "Dom Fernando é um verdadeiro Bispo, pai, amigo e 'chorão'!"
Dom Fernando Guimarães ouvindo as palavras de Dom Fernando Saburido
Dom Fernando Saburido: "...além de tudo, Dom Fernando Guimarães é um grande canonista!"
Por volta das 18:50hs, deu-se a bênção final da Santa Missa e seguiu-se um coquetel para os convidados, no salão de festas do Hotel de Trânsito dos Oficiais do Exército, no Quartel próprio.

Bênção Final
O "Bendigamos ao Senhor!"
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Fotos e reportagem: Cleiton Robsonn.





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