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domingo, 15 de agosto de 2010

O rito dominicano

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A estrutura do rito dominicano é semelhante à do rito romano. Aliás, os ritos ocidentais são todos muito parecidos. Há diferenciações o suficiente, todavia, para que o consideremos um rito particular, autônomo, e não apenas um uso próprio do mesmo rito.

A preparação do cálice ocorre não no Ofertório, como no rito romano, e sim quando o celebrante chega ao altar. Até o início da Missa, ademais, ele usa o amito como um capuz sobre a sua cabeça. Em relação à forma extraordinária do rito romano, distingue-se o rito dominicano, outrossim, pela ausência do Salmo Judica me, e pelo Confiteor mais curto, em que se invoca São Domingos. O Confiteor mais curto e a ausência do Judica me foram, segundo alguns especialistas, inspirações para a reforma do rito romano em seu uso moderno.

O Gloria é iniciado no centro do altar, terminando em frente ao Missal. O mesmo com o Credo.

A hóstia e o cálice formam uma mesma e única oblação no Ofertório, com a prece Suscipe Sancta Trinitas. As uniões de mãos no Cânon são diversas das prescritas no rito romano. Há também a previsão, ainda no Cânon, de ter os braços em forma de crucifixo em certas partes. Não há oração na Comunhão do Sangue pelo padre.

Já na Missa Solene, outras diferenças existem em relação ao rito romano: o cálice é levado em procissão até o altar durante o canto do Glória, e o corporal é aberto pelo diácono enquanto o subdiácono canta a Epístola. Assim que termina de cantá-la, vai o subdiácono ao altar, com os ministros sentados, e prepara o cálice. Há uma incensão dos ministros durante o canto do Prefácio. Os movimentos cerimoniais são diferentes dos previstos pelas rubricas do rito romano.

Há também distinções no breviário, e na notação e melodia de alguns cantos gregorianos, que, aliás, nem sempre são os mesmos previstos para os mesmos atos no rito romano.

O Ano Litúrgico dominicano é dividido em duas partes: Advento até a Trindade, e Trindade até o Advento.

Também a Confissão no rito dominicano não pede, quando solene, o hábito/batina com sobrepeliz e estola roxa, mas apenas o hábito completo (com a capa preta), sem estola. A fórmula da absolvição também é distinta. Há diferenças também na Unção dos Enfermos, como o rito do beijo na cruz, que, aliás, foi aproveitado para o rito romano atual.

Os dominicanos abandonaram o seu rito próprio, nos anos 70, adotando, em massa, o rito romano moderno, hoje chamado "forma ordinária do rito romano". Todavia, segundo parecer da Comissão Ecclesia Dei, os superiores provinciais da Ordem dos Pregadores poderão autorizar, no espírito do Motu Proprio Summorum Pontificum, que autorizou universalmente o uso do rito romano tradicional, antigo, "forma extraordinária", que seus sacerdotes celebrem o rito dominicano próprio.

A Fraternidade São Vicente Ferrer, de inspiração dominicana, mas autônoma em relação à Ordem dos Pregadores, sendo um instituto religioso específico, preserva a liturgia dominicana antiga.

Além disso, mesmo no rito romano moderno, quando celebrado pelos dominicanos, alguns elementos do antigo rito dominicano foram mantidos, a exemplo dos cistercienses. A bênção das palmas no Domingo de Ramos, por exemplo, mesmo no rito atual, romano, ordinário, pode ser executada segundo o antigo rito dominicano.

Desse modo, dentro da Ordem dominicana, temos, hoje, duas possibilidades:

a) celebrar o rito romano moderno, com as derrogações autorizadas pela Ordem e pela Santa Sé e que se encontram na tradição litúrgica dominicana;
b) celebrar, quando autorizado pelos priores provinciais, o rito dominicano.



















































































































































































sábado, 7 de agosto de 2010

Beato Cardeal Schuster: A Santa Liturgia, suas divisões e suas fontes, parte II

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A primeira parte deste texto está publicada neste link. Hoje publicamos a segunda. A terceira e a quarta (final) aparecerão nos próximos dois Sábados. Até lá, não deixe de visitar o Salvem a Liturgia, pois trazemos novidades diariamente.

*

Na qualidade de ciência, a Liturgia tem seus cânones, suas leis, suas subdivisões, como todas as outras ciências, e particularmente como a teologia positiva, com a qual possui muitas afinidades, tanto por método como por objetivo. Ela se propõe, de fato, a estudar sistematicamente o culto cristão, ditinguindo e classificando as diferentes fórmulas litúrgicas de acordo com o tipo específico de cada família, ordenando-as de acordo com as diversas datas de redação, instituindo exames e comparações entre os diferentes tipos, a fim de descobrir nelas seu esquema de origem em comum. Somente assim é que se pode chegar a um tronco único das liturgias aparentemente irredutíveis, como, por exemplo, a romana, a galicana e a hispânica; e sem isto não se chegaria a compreender como a unidade do símbolo da Fé não teria como conseqüência imediata a unidade primitiva de sua expressão litúrgica. Ao contrário, estudos recentes e pesquisas minuciosas e pacientes descobriram em todas as liturgias, mesmo naquelas que se diferenciam muito umas das outras, um substrato comum. Às vezes um conceito idêntico se exprime por fórmulas rituais e numa linguagem completamente diferentes, mas não se pode mais duvidar que as liturgias orientais e ocidentais derivam, todas, de um tronco único, antiqüíssimo, que forma como a base e o ponto de apoio da unidade católica no culto eclesiástico.

Entre as fontes para o estudo da santa liturgia, umas são diretas, outras são indiretas. À primeira espécie pertencem as publicações antigas e recentes das anáforas orientais e os diferentes sacramentários latinos. Recentemente [NT: a edição que usamos do texto do beato é de 1925], o príncipe Maximiliano de Saxe empreendeu a publicação, em fascículos, de diversos textos das Missas orientais, siro-maronita, caldaica, grega, armênia, siríaco-antioquena, e não são escassos os bons estudos e comentários sobre quase todos os livros litúrgicos orientais editados até o presente.

Entre as fontes ocidentais, é preciso mencionar especialmente os sacramentários leonino, gelasiano e gregoriano; os Ordines Romani, o Missale gothicum, o galicano antigo e os livros litúrgicos moçárabes. Se nos damos conta de seu desenvolvimento cronológico e de suas relações etnográficas, podemos agrupá-los aproximadamente da seguinte maneira:

Fontes litúrgicas da era imediatamente posterior aos tempos apostólicos: Didaké, Primeira Epístola de São Clemente, Epístola de Santo Inácio

Século II: liturgias ocidentais, São Justino, fragmento latino palimpsesto de Verona, Tertuliano

Século III: Canones Hippolyti

Século IV: Liturgias:

1-) Orientais antioquenas:

Siríaca – catequeses de São Cirilo; constituições apostólicas; liturgia grega de São Tiago; liturgia siríaca de São Tiago; liturgia de São Basílio; litrugia de São João Crisóstomo (grega; armênia)

Nestoriana da Pérsia e da Mesopotâmia – anáfora de Bickell (século VI); liturgia dos Santos Adai e Mari; anáfora de Teodoro de Mopsuesto; de Nestório, etc.

2-) Alexandrina:

Eucologia de Serapion – liturgia grega de São Marcos.

Liturgias coptas – São Cirilo de Alexandria (liturgia abissínia; XII apóstolos); São Gregório de Nazianzo; São Basílio.

3-) Latinas:

Românica – milanesa (Áquila; Ravena); galicana; hispânica; céltica.

Este esquema apresenta exclusivamente as grandes linhas de classificação de diferentes famílias litúrgicas, e às vezes as aproximações não têm um valor exato, como quando se trata de fazer depender de Roma todas as outras liturgias latinas.

Os antigos sacramentários romanos merecem uma menção particular; estão às vezes bem longe de representar exatamente o estado da liturgia de Roma em seu período primitivo, pois quase todos sofreram, mais ou menos, retoques galicanos de adaptação local.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Workshop “Restaurando o Sagrado com a Santa Missa Tradicional”, em Fátima, Portugal

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Recebemos a seguinte notícia de Portugal:

FATIMA - SANCTA MISSA - 2010 - POSTER

UIOGD

Caríssimo,

Queremos apresentar mais algumas novidades relativamente ao Workshop Restaurando o Sagrado com a Santa Missa Tradicional que irá decorrer em Fátima, do dia 08 ao dia 11 de Setembro deste ano.

As conferências serão realizadas no Hotel Fátima, conforme a indicação no horário. A Santa Missa será oficiada na Capela do Opus Angelorum (Mosteiro de Santa Cruz, Rua S. João Eudes, 22; 2495-651 Fátima) todos os dias, excepto no dia 10 em que será oferecida no Altar da Basílica de Nossa Senhora de Fátima. O honorário da inscrição no Workshop é de 50€.

O alojamento e refeições serão da responsabilidade dos participantes que poderão encontrar várias casas ou hotéis disponíveis em Fátima. Não obstante deixamos o contacto do serviço de alojamento do Santuário de Fátima (seal@fatima.pt) pois poderá revelar-se útil.

Deste modo, pedimos, que confirme a sua participação, formalizando a inscrição com os seguintes dados:

Nome completo

Diocese (e para os Religiosos, indicar também Congregação)

Estado (leigo, seminarista, religioso(a), diácono, sacerdote)

Contacto telefónico

Aguardamos, pois, o seu contacto. Estamos disponíveis para eventuais dificuldades.

Novamente apelamos à sua oração e à ajuda na divulgação do mesmo.

In corde Iesu

A organização de Sancta Missa - Portugal

_________________________________________

PROGRAMA

Quarta-feira, 8 Setembro 2010

17h30 – 19h00 Missa Solemnis in Forma Extraordinaria (1962 Missale Romanum)

Local: Capela do Opus Angelorum, Fátima

19h30 – 20h30 Pausa para Jantar

20h00 – 20h45 Abertura do Secretariado

21h00 – 22h30 Conferência de Abertura

Local: Hotel Fátima

Quinta-feira, 9 Setembro 2010

09h00 – 09h45 Abertura do Secretariado

Local: Hotel Fátima

10h00 – 11h20 Conferência

Local: Hotel Fátima

11h30 – 12h50 Conferência

Local: Hotel Fátima

13h00 – 15h00 Pausa para Almoço

15h00 – 16h30 Conferência

Local: Hotel Fátima

17h30 – 19h00 Missa Cantata (Rito Bracarense)

Local: Capela do Opus Angelorum, Fátima

19h30 – 20h30 Pausa para Jantar

21h00 – 22h20 Conferência

Local: Hotel Fátima

Sexta-feira, 10 Setembro 2010

09h00 – 09h45 Abertura do Secretariado

Local: Hotel Fátima

10h00 – 11h20 Conferência

Local: Hotel Fátima

11h30 – 12h50 Conferência

Local: Hotel Fátima

13h00 – 15h30 Pausa para Almoço

16h00 – 17h30 Conferência

Local: Hotel Fátima

18h00 – 19h00 Pausa para Jantar

20h00 – 22h00 Missa Solemnis in Forma Extraordinaria (1962 Missale Romanum)

Local: Basílica de Nossa Senhora de Fátima

Sábado, 11 Setembro 2010

09h00 – 10h15 Conferência de encerramento

Local: Hotel Fátima

10h45 – 12h00 Missa Solemnis in Forma Extraordinaria (1962 Missale Romanum)

Local: Capela do Opus Angelorum, Fátima

terça-feira, 25 de maio de 2010

O rito celta

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Do excelente blog do Thiago de Moraes, do Recife, PE:

 

(São João, livro de Mulling)

A falta de evidências sobre a prática litúrgica nas localidades onde o rito celta foi usado não permite que se tenha um quadro muito claro sobre ele. Todavia, podemos afirmar que nunca houve um rito celta no sentido estrito, como é o moçarábico ou o ambrosiano (fora que, na verdade, o que havia eram ritos).

Os monges celtas, incansáveis missionários que levaram o Evangelho para terras distantes, nunca quiseram criar uma nova liturgia. Parece que eles escolhiam elementos de diferentes tradições e os combinavam. Desse modo, os rituais celtas acabavam sendo uma composição eclética de costumes estrangeiros, tanto romanos quanto galicanos. Na Escócia, na Irlanda, em Gales, na Cornualha e na Bretanha  existiam  várias especificidades. Essas especificidades ficavam patentes na forma da tonsura (tonsura magorum - eles raspavam toda a cabeça, como os antigos druidas), na data da Páscoa (uma controvérsia que eu particularmente não entendo e acho muito chata para pesquisar), e nas leituras e unções durante uma ordenação. Após um sínodo fracassado em 603, o Sínodo de Whitby conseguiu a completa submissão dos celtas. Mesmo assim, traços de uma liturgia independente continaram a existir em partes da Irlanda até o Sínodo de Cashel (1172) quando o rito anglo-romano foi introduzido. A Bretanha provavelmente perdeu seus rituais distintivos na época de Luiz I, o Pio (817), e a Escócia no século XI pelos esforços da rainha Margarida (canonizada em 1250).

Até onde vão as evidências, pode-se afirmar que o rito celta foi muito influenciado pelo rito galicano no seu nascimento e gradualmente se romanizou. Não existem registros anteriores ao século V.

O rito celta é estudado a partir de três fontes principais: o Antifonário de Bangor, o Missal de Bobbio e o Missal de Stowe – todos de origem monástica. Como se depreende de seu nome, o Antifonário de Bangor é uma coleção de antífonas, versículos, hinos, cantos, etc., e deve ter sido compilado para uso dos abades do famoso mosteiro de Bangor na Irlanda. Ele data do final do século VII (entre 680 e 690) e se encontra na Biblioteca Ambrosiana em Milão. O Missal de Bobbio, um curioso manuscrito descoberto por J. Mabilion em Bobbio, Itália, é uma das testemunhas mais antigas da história do Canon Romano; ele apresenta uma liturgia local influenciada por Roma. Por fim, o Missal de Stowe, um manuscrito dos século VIII ou IX, foi composto provavelmente para a abadia de Tallaght perto de Dublin. Ele contém, além do Evangelho de São João, o ordinário da Missa, três próprios e os ritos do Batismo, da Unção dos Enfermos e da ministração do Viático. Além dessas obras, há vários fragmentos de manuscritos irlandeses e algumas outras  completas (como o Livro de Mulling).

(Missal de Stowe)

Na Missa, a preparação das oblatas era feita antes da entrada do celebrante, como nos ritos galicanos. As orações iniciais incluiam uma confissão dos pecados e longos pedidos de perdão, bem como uma ladainha com o nome dos santos irlandeses. A primeira parte da Missa, na sua forma mais tardia, como está no Missal de Stowe, seguia uma forma romana: Gloria, uma ou mais Coletas, Epístola, Gradual e Aleluia. Nesse ponto era dita uma ladainha, a Deprecatio Sancti Martini, como nos ritos orientais (também presente no rito ambrosiano tradicional – pelo menos na Quaresma). Após mais duas orações, um descobrimento parcial das ofertas e uma invocação tripla sobre elas, o Evangelho era cantado, seguido pelo Credo (com o Filioque). No Ofertório, após o descobrimento total das ofertas, o cálice e, às vezes, a patena, era elevado. Em seguida era feito o Memento dos defuntos e a leitura das intenções pelos falecidos do lugar. O Prefácio, com seu diálogo preliminar, vinha em seguida, acompanhado pelo Sanctus e o pós-Sanctus. Mesmo que no Missal de Stowe o canon seja chamado de Canon dominicus papae Gilasii, o que temos de fato é o Canon Gregoriano com alguns santos irlandeses citados. Após o Memento dos vivos era lida uma lista com mais de 100 nomes de santos (de personagens vétero-testamentários a monges irlandeses). Vários cantos eram designados para a Communion, incluindo (no Antifonário de Bangor) o belo Sancti venite:

Sancti venite,
Christi corpus sumite,
sanctum bibentes,
quo redempti sanguinem.

Salvati Chrsiti,
corpore et sanguine,
a quo refecti
laudes dicamus Deo.

Hoc sacramento
corporis et sanguinis
omnes exuti
ab inferni faucibus.

Dator salutis,
Christus filius Dei,
mundum salvavit
per crucem et sanguinem.

Pro universis
immolatus Dominus
ipse sacerdos
existit et hostia.

Lege praeceptum
immolari hostias,
qua adumbrantur
divina mysteria.

Lucis indultor
et salvator omnium
praeclaram sanctis
largitus est gratiam.

Accedant omnes
pura mente creduli,
sumant aeternam
salutis custodiam.

Sanctorum custos,
rector quoque, Dominus
vitam perennem
largitur credentibus.

Caelestem panem
dat esurientibus,
de fonte vivo
praebet sitientibus.

Alpha et Omega
ipse Christus Dominus
Venit venturus
iudicare homines.

Uma grande liberdade parece ter sido deixada para os mosteiros na organização do Ofício Divino, e detalhes sobre isso podem ser encontrados em várias regras monásticas (como a de São Columbano). O rito celta teve ampla influência no desenvovimento do sacramento da Penitência, já que é devido a ele que hoje a confissão é auricular (e não pública).

Fontes:

Cabrol, Dom Fernand. The Mass of the Western Rites.

Jenner, Henry. "The Celtic Rite." The Catholic Encyclopedia. Vol. 3. New York: Robert Appleton Company, 1908.16 May 2010 http://www.newadvent.org/cathen/03493a.htm

Sancti Venite. Disponível em: http://www.preces-latinae.org/thesaurus/AnteMissam/SanctiVenite.html. Acessado em 17 de maio de 2010.
Sheppard, L. C. “Celtic rite” New Catholic Encyclopedia. Vol. 3. The Catholic University of America, 1967.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Do Zenit, sobre o rito mozárabe

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Importante notícia que nos traz o Zenit:

Apresentado em Roma importante estudo sobre rito moçárabe
Permitirá aprofundar no significado teológico e da celebração da liturgia hispânica

ROMA, segunda-feira, 17 de maio de 2010 (ZENIT.org).- Na semana passada, na sede da Rádio Vaticano de Roma, foi apresentada a obra Concordantia Missalis Hispano-Mozarabici, editada pela Libreria Editrice Vaticana. Trata-se de um livro de grande importância no âmbito da pesquisa da liturgia.

A Concordantia é o resultado de vários anos de trabalho dos investigadores espanhóis Félix María Arocena e Adolfo Ivorra, e do italiano Alessandro Toniolo.

Nele se recolhe todo o patrimônio oral do rito hismano-moçárabe, e pela primeira vez, as Concordantias, "instrumento essencial que permite se aprofundar na rica teologia presente nos textos", afirmam os autores.

O livro foi publicado no ano passado, como parte da coleção Monumenta Studia Instrumenta Liturgica, dirigida por Manlio Sodi e Achille Maria Triacca.

Trata-se de um volume de quase mil páginas, que oferece um apoio para o estudo da eucologia eucarística (ou seja, um conjunto de orações contidas em um formulário litúrgico, em um livro ou, geralmente, em livros de uma tradição litúrgica).

A Concordantia permitirá compreender as acepções semânticas de cada termo litúrgico e o contexto em que se encontra.

"O profundo significado teológico de algumas fórmulas, as particularidades do latim hispânico e as discrepâncias entre o Missal e as fontes hispânicas são outras das benfeitorias que possibilita este instrumento".

"O trabalho baseado nas Concordâncias permitirá conhecer não apenas a densidade teológica do Missale Hispano-Mozarabicum, como também a transcendência e a beleza de nossa tradição ritual", afirmam os autores.

Eles se disseram confiantes de que a Concordantia "será um incentivo para a reflexão teológica sobre o atual Missal Hispânico, facilitando sua aproximação, e corrigindo, quando for o caso, as hipóteses e conclusões, até agora formuladas, por meio de uma inspeção in directo dos textos, sensível a sua história - nem sempre clara".

Rito moçárabe

O rito moçárabe ou hispânico é um dos ritos ocidentais antigos (juntamente ao romano, ao ambrosiano e ao galicano), tendo nascido e se consolidado na península ibérica por volta do século VI, antes da invasão muçulmana.

Segundo os especialistas, uma das características deste rito é a importante presença do canto. Outros garantem que esse rito conversa, muito mais que os demais ritos, influências da liturgia judia nas sinagogas.

Apesar das dificuldades (conquista muçulmana e imposição do rito romano, especialmente depois de Trento), o rito hispânico sobreviveu em Toledo. Em 1495, o cardeal Cisneros empreendeu uma importante reforma, dedicando uma capela para a celebração desta liturgia, e compondo um missal escrito que coletava as tradições orais que ainda prevaleciam.

Contudo, não foi até o século XX, quando o Concílio Vaticano II dispôs, na Sacrosanctum Concilium, o mesmo direito e honra aos ritos legitimamente reconhecidos, quando se empreendeu a verdadeira reforma do rito, com a edição do Missal atual.

Posteriormente, o Papa João Paulo II concedeu a permissão (que até então só tinha em Toledo) de celebrar esta liturgia em qualquer lugar da Espanha. O próprio pontífice quis celebrar a Missa com este rito, em 28 de maio de 1992, se tornando o primeiro papa que o utilizava em Roma.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O rito cisterciense

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Entre os ritos litúrgicos da Igreja Ocidental, figura o cisterciense, particular da Ordem de mesmo nome e também da Ordem Trapista (ou dos Cistercienses da Estrita Observância).

Trata-se não de um conjunto de particularidades litúrgicas anexas ao rito romano, como vemos, por exemplo, entre os franciscanos e os servitas. Tampouco, é um uso distinto, mas ainda no mesmo rito romano, como se nota entre os anglicanos convertidos à Igreja Católica, ou na Liturgia das Horas dos beneditinos. O rito cisterciense é um rito mesmo, específico, com um conjunto de regras todo próprio, à semelhança do ambrosiano, do mozárabe, do bracarense, do antigo rito celta, do cartusiano (cartuxo) e do dominicano, no Ocidente, ou do bizantino, do maronita, do siríaco etc, no Oriente.

Na verdade, esse rito hoje está extinto, ao menos para a Missa. Após o Vaticano II, os cistercienses e os trapistas, que o praticavam, aderiram oficialmente ao rito romano, adotando os livros litúrgicos romanos, à exceção do Ofício Divino. De fato, os membros das duas ordens continuam recitando a Liturgia das Horas conforme o antigo breviário cisterciense, fidelíssimo à Regra de São Bento.


Faremos, entretanto, um pequeno esboço histórico do rito cisterciense, que, até o século XVII, era bastante distinto do romano.

Entre suas características estava a ausência do salmo Judica me nas Orações ao Pé do Altar, na Missa. Em seu lugar, cantava-se ou rezava-se o Veni Creator, invocando o Espírito Santo para o sacrifício que se iria celebrar.

O rito cisterciense não previa genuflexões, mas, em seu lugar, as inclinações profundas.

Após o Ato Penitencial e a oração Indulgentiam, presentes no rito romano, estavam previstos o Pater Noster e a Ave Maria. Essa devoção mariana presente no Ordinário da Missa é bem característica dos cistercienses que lhe foi legada de São Bernardo, um dos seus patriarcas, e autor das três últimas invocações da Salve Regina.

Ao beijar o altar, fazia-o em silêncio. Não estava prevista a oração Oramus te Domine.

Na Proclamação do Evangelho, não se fazia a mera persignação, mas um grande sinal-da-cruz.

Preparava-se o vinho e a água no cálice, sobre a credência, antes de levá-lo ao altar.

Não haviam as orações Corpus Tuum e Quod ore sumpsimus, após o Agnus Dei.

A Missa terminava com o beijo no altar e um sinal-da-cruz feito pelo celebrante.

É de se notar que, em alguns dias do ano, não só o Próprio variava, como no rito romano, como também o Ordinário. Assim, por exemplo, no Domingo de Ramos, o Evangelho da Paixão era cantado apenas na Missa Solene Conventual, enquanto nas demais Missas do mosteiro era lido um Evangelho distinto. No mesmo Domingo de Ramos, enquanto o rito romano tradicional previa sete bênçãos sobre os ramos, o rito cisterciense estipulava apenas uma bênção, mais longa. Essa bênção continua como alternativa para os cistercienses e trapistas ainda que hoje tenham adotado o rito romano moderno.



No breviário, seguiram estritamente a Regra de São Bento, com poucas modificações feitas no espírito da Ordem. Uma das distinções em relação ao rito romano é a ausência do Nunc Dimittis nas Completas e a previsão, para as Vésperas, de apenas quatro salmos (e não cinco como no rito romano tradicional, ou três como no rito romano moderno).

Para os sacramentos, a Extrema-Unção era dada antes do Viático, e, na Penitência, a fórmula de absolvição era mais curta do que a romana.


No século XVIII, entretanto, o Abade Geral da Ordem Cisterciense (na época, não havia uma Ordem Trapista distinta), Dom Claude Vaussim, OCist, modificou o Missal específico do rito de modo a aproximá-lo do Missal Romano de São Pio V. Esse Missal Cisterciense reformado vigorou até o início dos anos 1970, quando, então, o rito cisterciense foi completamente abandonado na Missa, tendo as duas Ordens cistercienses adotado o Missal Romano de Paulo VI.


A realidade litúrgica hodierna da Ordem Cisterciense e da Ordem dos Cistercienses da Estrita Observância (trapistas) é a seguinte:

1) A Liturgia das Horas segue o antigo rito cisterciense, consubstanciado nos seus breviários particulares.

2) Os ritos dos sacramentos e sacramentais são tomados dos livros do rito romano, com aquelas derrogações próprias de algumas Ordens religiosas (por exemplo, ritual específico para tomada de hábito, profissão religiosa, bênção de abade e abadessa). Além disso, a Santa Sé lhes concedeu uma Variação no Rito da Unção dos Enfermos e um Ritual de Exéquias específico (que contém, entre outras coisas, os Sufrágios pelos Defuntos). Pode-se dizer que, nesse particular, adotam as Ordens cistercienses o rito romano, mas preservando algo de sua antiga tradição.

3) Enfim, na Missa, seguem o rito romano reformado por Paulo VI e João Paulo II. Sem embargo, o Protocolo 525/70, de 8 de junho de 1971, conjunto da OCist e OCSO, concedeu que, ao utilizar o novo Missal Romano pós-conciliar, os cistercienses levassem em conta certos elementos tradicionais de seu antigo rito particular: textos tomadas do Missal Cisterciense e que não se encontram no Missal Romano (como, alternativamente, a grande bênção cisterciense sobre os ramos no Domingo de Ramos, ao invés da bênção romana); a inclinação profunda no lugar da genuflexão; o sinal-da-cruz amplo no lugar da persignação antes do Evangelho; a preparação do vinho e da água no cálice antes de levá-lo ao altar.

As igrejas cistercienses sempre foram marcadas pela sobriedade, que herdaram do estilo arquitetônico românico, não tendo aderido ao barroco nem ao gótico.

Para baixar o Rituale Cisterciense em português, contendo as rubricas para a Missa em rito romano complementadas pelo Próprio da OCist e da OCSO, bem como as regras da Liturgia das Horas em rito cisterciense, e os rituais com o rito romano derrogado pelos costumes da Ordem, clique aqui.

Abaixo, algumas fotos da liturgia celebrada por monges cistercienses. Trata-se não do rito cisterciense que, como vimos, foi abolido na Missa. São fotos que retratam a Missa na forma ordinária do rito romano, com os livros de Paulo VI, adotados pela Ordem nos anos 70.

Repository por Stephen, O.Cist..
Monumento, ou altar da reposição, na Sexta-feira Santa, custodiado por um monge.

Passion por Stephen, O.Cist..
Ação Litúrgica de Sexta-feira Santa. Notem que o sacerdote não veste casula, mas pluvial. É uma particularidade do rito romano celebrada pelos cistercienses, que lhes veio do antigo rito cisterciense.

Solemn Collects por Stephen, O.Cist..
Idem.

Solemn Collects por Stephen, O.Cist..
Idem.

Veneration of the Cross por Stephen, O.Cist..
Conforme antiga tradição cisterciense, a Adoração da Cruz pelos monges se faz em prostração, não de joelhos.

Veneration of the Cross por Stephen, O.Cist..
Vejam a menina de véu. Como se pode perceber, não se trata de um costume apenas dos frequentadores da Missa tridentina...

Communion por Stephen, O.Cist..
O padre coloca a casula para o rito da Comunhão.

Confetior por Stephen, O.Cist..
Santa Missa, no rito romano moderno, de Paulo VI, ou forma ordinária, mas versus Deum e em latim.

Gospel por Stephen, O.Cist..
Idem.

Schola at the Offertory por Stephen, O.Cist..
Idem.

DSC06125 por Stephen, O.Cist..
Idem.

DSC06128 por Stephen, O.Cist..
Idem.

DSC06136 por Stephen, O.Cist..
Idem.

Kiss of Peace por Stephen, O.Cist..
Idem.



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