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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Solenidade de Pentecostes em Frederico Westphalen - RS

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Irmãos e irmãs, na noite na qual se deu vida ao alegre tempo Pascal, o “dia de cinqüenta dias”, no momento de acender o Círio, nós aclamamos a Cristo nossa Luz. E a luz do Círio pascal nos acompanhou nestes cinqüenta dias e contribuiu não pouco a nos fazer recordar a grande realidade do Mistério pascal.

Hoje, no dia de Pentecostes, ao fechar-se o Tempo da Páscoa, o Círio é apagado, este sinal nos é tirado, também porque, educados na escola pascal do mestre Ressuscitado e cheios do fogo dos dons do Espírito Santo, agora, devemos ser nós, “Luz de Cristo” que se irradia, como uma coluna luminosa que passa no mundo, em meio aos irmãos, para guiar-nos no êxodo em direção ao céu, à “terra prometida” definitiva.

Veremos agora, no desenrolar do ano litúrgico, resplender a luz do Círio Pascal, sobretudo em dois momentos importantes do caminhar da Igreja: Na primeira Páscoa que viveram os seus filhos com a recepção do Batismo, e por ocasião da última Páscoa, quando, com a morte, ingressarão na verdadeira vida. (do Rito para Apagar o Cirio Pascal)

No dia 23 de maio, passado, a Igreja celebrou a Solenidade de Pentecostes, podemos dizer que é o aniversário de fundação da Igreja, e de sua Missão Evangelizadora, o Espirito Santo, vem até Maria e até os discipulos em forma de linguas de fogo é o cumprimento da promessa de Jesus, de que nós nunca estariamos sós, porque o Pai, nos enviaria o Espirito Santo.

Nesta solenidade, se apaga o Cirio Pascal, a luz de Cristo, como foi três vezes entoado solemente na Vigilia Pascal, nós é tirada, porque devemos nós agora, ser o resplendor desta luz de Cristo Ressuscitado.

Na Catedral Santo Antonio em Frederico Westphalen, a última missa da Solenidade de Pentecostes, com o prescrito Rito, foi celebrada por S. E. R. Dom Antonio Carlos, Bispo Diocesano, que após a oração depois da comunhão, como prescrito, presidiu o rito para apagar o cirio pascal, como vemos nas fotos abaixo.

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A incensação do Cirio Pascal, no inicio da celebração

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Homilia

(Nota-se o uso da dalmatica episcopal pelo Bispo, bem como do uso do barrete pelo Cônego Leonir, pároco da Catedral)

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Inicio do Rito Para Apagar o Cirio Pascal

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Faz-se inclinação ao Cirio Pascal

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E em seguida o Bispo o apaga, enquanto se canta um hino a Cristo Ressuscitado

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Benção Solene do Dia de Pentecostes

Digna-Te, ó Cristo, nosso dulcíssimo Salvador, de acender as nossas lâmpadas da fé; que em Teu templo elas refuljam constantemente, alimentadas por Ti, que sois a luz eterna; sejam iluminados os ângulos escuros do nosso espírito e sejam expulsas para longe de nós as trevas do mundo/.

Faz que vejamos, contemplemos, desejemos somente a Ti, que só a Ti amemos, sempre no fervente aguardo de Ti, Que vives e reinas pelos séculos dos séculos/.

A consagração é oração!

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Publico a seguir um belo artigo, publicado há 10 anos, pela revista 30 Giorni, que veio a ser republicado recentemente na mesma revista no mês de fevereiro deste ano.
Retomada brevemente a história da composição do decreto dogmático do Concílio de Trento sobre o santíssimo sacrifício da missa, aprovado em setembro de 1562.
O processo de composição do decreto evidenciava que o chamado Cânon Romano (a atual Oração Eucarística I) foi declarado imune de qualquer erro, diante das contestações dos reformadores, na medida em que reúne nada mais que as próprias palavras do Senhor, a tradição apostólica e patrística.
No ano passado, o papa Bento XVI, na homilia da missa “In Coena Domini” da Quinta-feira Santa, comentando o Cânon Romano, sublinhou um aspecto importante relacionado a esse Cânon, dizendo que em todas as suas partes é oração. Ouçamos outra vez suas palavras, como sempre mais claras que qualquer comentário: “A narração da instituição não é uma frase autônoma, mas começa por um pronome relativo: ‘Qui’ pridie. Este ‘Qui’ liga toda a narração à frase anterior da oração: ‘... se converta para nós no Corpo e Sangue de vosso amado Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo’ [... ut nobis Corpus et Sanguis fiat dilectissimi Filii tui Domini nostri Iesu Christi. Qui pridie...].
Deste modo, a narração fica unida à oração anterior, ao Cânon inteiro, e torna-se ela mesma oração. Não é de modo algum uma simples narração aqui inserida nem se trata de palavras de autoridade, como um todo à parte, que interromperiam mesmo a oração. É oração. E somente na oração se realiza o ato sacerdotal da consagração, que se torna transformação, transubstanciação dos nossos dons de pão e vinho em Corpo e Sangue de Cristo”.
Nos dá vontade de perguntar se esse critério não pode e não deve ser estendido, ou seja, se é possível haver na Igreja outra forma de realização de qualquer tipo de potestas (inclusive a potestas iurisdictionis), que não seja oração.
Este artigo – escrito no atribulado período compreendido entre a primeira e a segunda Guerra do Golfo e sob a impressão deixada por acontecimentos que, entre outras coisas, deram a conhecer a todos a existência da antiquíssima comunidade católica do Iraque – diz, além disso, que, diante de tantas contestações dos “próximos”, a confirmação da apostolicidade da fé contida no Cânon Romano veio em Trento, no verão de 1562, graças a um bispo proveniente do Iraque (a terra dos Caldeus). Impressionava-nos e ainda nos impressiona que um antigo predecessor dos patriarcas dos Caldeus, Raphaël Bidawid, falecido em 2003, e do atual, Emmanuel Delly – que nas páginas desta edição nos faz ouvir ainda a voz daquela pequena e indefesa comunidade –, tenha expresso uma unidade tão imediata na fé e na oração, capaz de superar de um só golpe qualquer estranheza de língua e cultura. E já há dez anos o artigo mencionava a China, ainda mais distante que o Iraque, e no entanto já tão próxima.
Por Lorenzo Cappelletti
(Revista 30 Giorni nella Chiesa e nel mondo, n. 2/3 2010)

domingo, 30 de maio de 2010

"Cenas" do XVI Congresso Eucarístico Nacional

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Postamos aqui algumas "cenas" que ocorreram durante diversos momentos do XVI Congresso Eucarístico Nacional. Algumas belíssimas e alguns abusos litúrgicos.



O chamado "Altar-Monumento" que tenta imitar (em tamanho ampliado)
a tenda da primeira missa em Brasília, há 50 anos

A procissão de entrada dos Bispos, na quinta-feira, dia 13 de maio


O beijo do altar

Uma das cenas mais belas: o Cardeal Dom Frei Cláudio Hummes, OFM, o Cura da catedral de Brasília,Monsenhor Marcony Vinícius e o Núncio Apostólico, Dom Lourenço Baldisseri que,
em meio ao barulho da procissão, faziam sua adoração ao Senhor Sacramentado

A procissão com o Santíssimo Sacramento, no sábado, dia 15 de maio
Detalhe: uso do Pálio e da capa com o véu de ombros


A adoração dos Bispos no Simpósio Teológico

A recepção dos Bispos, na subida para o "Presbitério", pela
Guarda Presidencial

Os Fuzileiros Navais guardando a Cruz da 1ª Missa de Brasilia


A Orquestra da Escola de Música de Brasília

Parte do Coral de 1000 vozes voluntárias

O Coração de São João Maria Vianney

Relíquia: Gota do Coração de São Vicente de Paulo,
sob a custódia dos Franciscanos Conventuais



Que postura estranha a desse padre, não?!

Um "belo" modelo de túnica de um padre!
(A moda pode pegar!)


Sacras para o Invitatório, em latim, da Liturgia das Horas - II

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Pouco mais de um mês atrás o Salvem a Liturgia trouxe aos leitores algumas sacras para o Invitatório do Ofício Divino em latim, na sua Forma Ordinária.

Ficaram faltando as sacras para o Advento, para o Natal e para as Solenidades do Senhor.

A do Natal ainda fica para a próxima - mas já oferecemos as sacras para o Advento [e Natal] e para as Solenidades do Senhor.

Antífonas e Salmo 94 para o Advento e Natal - 428 kb, JPG


Esperamos que sejam úteis para aqueles que rezam ou gostariam de rezar ao menos o Invitatório da Liturgia das Horas em latim. Lembramos também que os arquivos podem ser revelados em papel fotográfico 20 x 30.

ATUALIZAÇÃO. Agradeço ao Álvaro, que escreveu nos comentários, por me avisar: a sacra do Advento traz também as antífonas do Tempo do Natal... perdoem-me tamanha distração! [16-6-2010]

sábado, 29 de maio de 2010

Dom Antonio Carlos Rossi Keller apóia o Salvem a Liturgia!

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Nosso grande amigo, Dom Antonio Keller, Bispo da diocese gaúcha de Frederico Westphalen, nos mandou a seguinte mensagem de apoio ao apostolado do Salvem a Liturgia.

Trata-se de um dos Prelados mais zelosos do Brasil, pelo que louvamos a Deus por seu apoio. Palavras fortes, corajosas, e, por isso mesmo, tão necessárias, como um remédio amargo, porém poderoso.

"A celebração da Missa, como ação de Cristo e do povo de Deus hierarquicamente ordenado, é o centro de toda a vida cristã, tanto para a Igreja, quer universal quer local, como para cada um dos fiéis. Nela culmina toda a ação pela qual Deus, em Cristo, santifica o mundo, bem como todo o culto pelo qual os homens, por meio de Cristo, Filho de Deus, no Espírito Santo, prestam adoração ao Pai. Nela se comemoram também, ao longo do ano, os mistérios da Redenção, de tal forma que eles se tornam, de algum modo, presentes. Todas as outras acções sagradas e todas as obras da vida cristã com ela estão relacionadas, dela derivam e a ela se ordenam". (IGMR, 16)

Estas palavras, tiradas da Instrução Geral do Missal Romano, expressam a realidade que deve estar por trás de cada celebração litúrgica, especialmente, no que se refere à Santa Missa.

Hoje, a meu ver, vivemos ainda tempos tristes... Muita coisa já mudou e melhorou em relação à liturgia. Mas ainda há do que se lamentar. O espírito do "brincar" com a liturgia sagrada, expressão reveladora de uma mentalidade absurda, predomina em muitos recantos deste Brasil.

Assim, "Salvem a Liturgia" vem, de forma corajosa e objetiva, oferecer uma inspiração de rebeldia e de reação a tudo aquilo que significa a desagregação, o vandalismo, o minimalismo, a irresponsabilidade e tantos outros defeitos em relação à Sagrada Liturgia.

Este Apostolado web tem não só meu apoio, mas principalmente, meu incentivo a que, com coerência, competência e principalmente fidelidade às Normas Litúrgicas emanadas pela legítima autoridade da Igreja, possa ser um ponto de referência a tantos que buscam com sinceridade e amor viver a Liturgia.

Parabéns! Sigam em frente com coragem. Vocês estão fazendo um grande bem à Igreja.

+ Dom Antonio Carlos Rossi Keller
Bispo de Frederico Westphalen, RS

Santa Missa na Forma Extraordinária no CEN - "Final"

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Publicamos aqui a parte final da desta Santa Missa, desde a Purificação dos Vasos, pós-comunhão. As fotos completas podem ser vistas no flickr, clicando nos links, no final desta postagem.

Purificação dos Vasos sagrados

O pós-comunhão - Detalhe para a posição de "ação de graças" e piedade dos membros do coro


Posicionamento dos Diáconos e Acólitos durante o término da purificação dos vasos

O coro dos Seminaristas

O Lavabo

"Ite, missa est!"
A Bênção final

As palavras finais de Dom Rifan e Agradecimentos
"Na Santa Missa todos os dias é Sexta-feira da Paixão e Domingo de Páscoa:
renovamos o Sacrifício do Senhor e nos alegramos por Sua Ressurreição."

O Coral entoando o "Aleluia", de Händel:



Os Bispos que se fizeram presentes

A Saída

No final, Dom Rifan acolheu cada um que quis ir ter com ele.



Veja mais fotos no flickr (Parte 1)
                                flickr (Parte 2)

A dimensão sensível na liturgia

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Não se pode estudar o homem desconhecendo que se trata de um ser profundamente integralizado por suas diferentes facetas. O aspecto espiritual reflete-se no intelectual, bem como no cultural, no sentimental, e assim por diante. Uma análise que queira ter sucesso nesse campo precisa, desse modo, ser necessariamente uma análise integral.

Se é assim em qualquer campo de estudo, o é também na liturgia. Embora culto a Deus, a liturgia é culto a Deus oferecido por pessoas e, sendo atividade humana, também nela estão presentes as distintas dimensões do homem.

Nesse sentido, a sensibilidade é uma área que não pode ser descurada. Sim, a finalidade do culto público é a adoração a Deus, mormente pela Santa Missa, na qual Cristo renova Sua entrega ao Pai pelo perdão dos pecados da humanidade. Todavia, há um aspecto secundário mesmo nas ações dirigidas primariamente a Deus, que é a edificação do homem. Quando cultua o Senhor, volta o homem edificado. E essa edificação é, como ação humana, refletida em todas as suas dimensões, incluindo a sensível.

A narração do esplendor das cerimônias católicas, antes do período de crise por que passsaram a partir dos anos 70, nos mostra almas que, adorando a Deus, edificavam-se espiritualmente também pelo entusiasmo diante da beleza. O Cardeal Ratzinger, em sua vasta literatura sobre teologia litúrgica, não hesita em conferir à sensibilidade e à estética do culto um papel importante na evangelização dos povos. É bem verdade, repetimos, que o apostolado não é o fim da liturgia, porém dela pode decorrer aquele, sem sombra de dúvida.

O fausto nas Missas pontificais, a beleza das velas e tochas em uma procissão de Corpus Christi, a sobriedade solene do canto gregoriano, o espetáculo espiritual da polifonia sacra, o profundo gosto estético de paramentos bem escolhidos, a delicadeza na composição das orações litúrgicas, o cuidado com cada gesto cerimonial, o aparato externo da celebração, bem como o contexto de todo o drama litúrgico, sobretudo o que desemboca no Calvário renovado pela Missa, fala claramente à dimensão sensível do homem. É por isso que, para combater a excessiva austeridade do culto protestante, a Igreja incentivou a arte barroca que, com certos exageros lícitos, procurava cativar o homem e impedi-lo de ser seqüestrado pela frieza da liturgia da Reforma.

Evidentemente que, historicamente, a liturgia dos primórdios não era tão elaborada quanto a que se desenvolveu nos anos imediatamente anteriores à Idade Média. Todavia, nunca foi semelhante ao rigor impassível e, diria, desumano, do protestantismo. A ação de Cristo na Sexta-feira Santa, morrendo no Calvário, não foi algo normal, e sim revestido de profundo impacto externo: a batalha dramaticamente espiritual no Getsêmani, a vigília a ponto de sua sangue, terremoto e céus escurecendo, mortos ressuscitando e andando por Jerusalém, o véu do Templo se rasgando de alto a baixo, o perdão de São Dimas. Mesmo a antecipação da Cruz na última ceia não foi um culto frio à moda protestante, mas algo que recordou o ricamente elaborado ritual judaico da Páscoa, e com uma multitude de sinais: o lava-pés, as palavras que indicavam que o pão e o vinho eram agora Seu Corpo e Seu Sangue, e o convite à oração no horto. Definitivamente, a liturgia católica nasceu simbólica.

Ademais, por sua raiz gnóstica, o protestantismo vê um eterno conflito, sem possibilidade de armistício, entre a matéria e o espírito, e, se quer salvar o último, sacrifica o primeiro. Daí o desprezo, cada vez mais freqüente, à medida em que avançam as distintas seitas protestantes, pelo aspecto mais pomposo do cerimonial litúrgico. Nós, católicos, não desvinculamos o homem de seus múltiplos aspectos. O homem que deve ser salvo é o homem inteiro, espírito e matéria. Daí que nossa liturgia, ao prestar culto a Deus, presta-o com toda a sua integralidade humana: é a adoração, como pedia Cristo, em espírito e em verdade. E, se o homem todo cultua ao Senhor, o homem todo volta edificado desse encontro em que precisa até mesmo descalçar as sandálias.

Foi por desconhecer ou ignorar todo esse pensamento, que acompanhou a Igreja desde os primórdios – lembremos que a luta contra a heresia do gnosticismo foi a primeira a ser travada pelos teólogos católicos –, que se introduziu, a partir da segunda fase do movimento litúrgico (pelos anos 30 em diante), certos elementos puristas que desejaram uma liturgia desapegada de certos conteúdos mais sensíveis.

A motivação desses liturgistas estava certa: a liturgia não se pode imiscuir irresponsavelmente com outros aspectos da vida espiritual a ponto de desvalorizar o que é essencial. Entretanto, as conclusões tiradas esse desvio – chamado por isso, liturgicismo – são equivocadas: tudo o que não é essencial (como as devoções privadas, o terço, os belíssimos paramentos, o esplendor do culto, as explicações alegóricas dos ritos etc) é ruim. Ora, isso passa claramente dos limites, pois ignora o desenvolvimento da liturgia e o próprio fato de que nasceu distinta do mover-se comum do homem.

É do liturgicismo que nasce o que se costuma chamar minimalismo litúrgico. Se o essencial na liturgia é o sacrifício de Cristo e, por extensão, aquilo que diretamente a ele se refere, sendo todo o resto (beleza dos paramentos, uso generoso do incenso, canto gregoriano, orações ao pé do altar, último Evangelho) meramente acidental, então esses acidentes devem ser removidos. O minimalismo litúrgico, impregnado de liturgicismo, considera o acidental um mal, e essa postura deriva da mesma matriz gnóstica que originou o protestantismo. Ela antagoniza o acidental ao essencial, e até mesmo não distingue, entre os acidentes, que alguns são mais importantes do que outros, e que a linguagem simbólica da liturgia existe para que o homem saiba o que está fazendo ao cultuar a Deus e, secundariamente, seja edificado em sua integralidade.

Do minimalismo litúrgico não está livre, é verdade, a reforma conduzida por Mons. Bugnini. Sem embargo, esse equívoco em termos de liturgia se fez presente menos nas rubricas do Novus Ordo do que num comportamento geral de liturgistas impregnados dos erros liturgicistas. Se as instruções advindas da reforma davam a opção de escolher entre o vernáculo e o latim, entre o versus populum e o versus Deum, entre o uso ou não do incenso, sempre se passou a escolher, salvo raríssimas exceções – como no Vaticano ou em grupos tidos como mais conservadores – pela alternativa menos pomposa. Até mesmo as permissões pontuais para, em situações excepcionais, se usar ministros leigos na distribuição da Comunhão Eucarística ou do sacerdote trajar túnica e estola ao invés de alva, amito, cíngulo, estola e casula, se tornaram a regra, ainda que contra a lei.

O pensamento liturgicista foi além do que diziam as rubricas – pouco claras, é verdade, e que, no dizer de alguns, foram imprecisas o suficiente para que se adotassem as opções mínimas na quase totalidade dos casos.

Diziam: o altar é essencialmente para o sacrifício? Removam-se as velas, que, aliás, na sua idéia, estavam em demasia, e todos os demais objetos. Assim, para o deleite dos gnósticos liturgicistas, o altar digno e simbólico de Cristo e Sua soberania, se tornou nada mais do que uma mesa de banquete, à moda protestante, e, em casos mais radicais, um cubo amorfo perdido no presbitério.

Outro exemplo é o dos acólitos. Precisa-se apenas de um ou dois que exerçam, de fato, funções bem claras, e, em Missas mais solenes, alguns outros para ajudar o Bispo. Todos os demais, que serviam para embelezar, dar solenidade ao rito, ou despertar nos jovens a vocação sacerdotal, deveriam ser eliminados, pois acidentais. E o acidente, para o liturgicista, é algo a ser evitado. Em celebrações solenes, era comum, pela própria dignidade da celebração, colocar vários acólitos. Era um modo de dignificar, de solenizar, de chamar a atenção. A função não é apenas pragmática, mas de embelezamento. Mas, claro, o minimalismo litúrgico não “casa” bem com esse tipo de pensamento...

A arquitetura eclesiástica e a arte litúrgica também sofreram com o liturgicismo e sua aversão à beleza tradicional e às devoções – rechaço de imagens do Sagrado Coração, por exemplo.

O apego à letra das rubricas, desconectando-as do espírito litúrgico tradicional que permeou nosso rito, também é um fruto do minimalismo.

O resultado disso foi a frieza de certas celebrações litúrgicas, que já se delineavam nos anos 50 e 60, e passaram a dominar os ambientes, europeus e norte-americanos sobretudo, nos 70 e início dos 80.

Não tardou a reação. O homem, desejoso de simbolismo, vindo a perdê-lo na liturgia católica, buscou-o em outro local.

E o próprio protestantismo, outrora tão frio e austero, já trilhava um caminho de recuperação simbólica, ainda que, por desvinculado da verdade, com sinais um tanto quanto estranhos. Daí, em níveis mais comedidos, os coros gospel das igrejas batistas de negros americanos, ou o southern gospel profundamente enraizado na mentalidade dos cowboys brancos presbiterianos e batistas, a vivacidade dos reavivamentos, sobretudo metodistas, e, em ambientes mais radicais, a histeria de certos grupos pentecostais, seus gritos, suas unções, suas “quedas” no Espírito Santo.

No seio do catolicismo, essa perda do simbolismo foi sentida de tal forma que movimentos do tipo “encontrista” procuraram em seus retiros e reuniões, recuperar o senso de sagrado. Isso se viu, por exemplo, nas “orações de mãos dadas”, nos momentos de espiritualidade com luzes apagadas (para gerar um ambiente emocional), nas canções religiosas de conteúdo adocicado e intimista, e, nos últimos anos, pela invasão do pentecostalismo católico, com suas palmas na Missa, seu pop-rock, seus êxtases.

Minou o minimalismo litúrgico a expressão sensível da fé, e, em sua falta, se a buscou em outros ambientes, sedento que estava o homem da mesma. Como disse, informalmente, o Prof. Carlos Ramalhete:

O efeito que os carismáticos procuram com um violão com pedal de delay arpejando acordes menores enquanto uma voz empostada proclama inanidades é uma caricatura patética do efeito de um coral gregoriano em uma igreja na penumbra, com incenso flutuando no ar. Quando eles tiverem acesso às riquezas da liturgia clássica, é extremamente provável que encontrem nelas a busca do sensível que os move a destruir a liturgia moderna.

É por isso que, embora a maioria dos mais velhos de hoje – que eram jovens rebeldes nos anos 60 – não goste da liturgia romana em sua forma extraordinária, ou, quando se trata da forma ordinária, desprezam o latim, o canto gregoriano, e tudo o que lembra algum viés tradicional, o gosto por todas essas riquezas se acha presente entre muitos jovens. Sofreram demais a frieza e não gostaram do inverno litúrgico. Alguns buscam “aquecer-se” na distorção do sensível dos templos neopentecostais – com suas rosas ungidas, suas correntes de prosperidade com pastores impondo as mãos sobre o povo, seus exorcismos fantásticos –, ou na versão católica da busca por espiritualidade “palpável”. Outros, em contato com a Missa pós-conciliar bem feita – ainda que sem desvincular-se totalmente de alguns defeitos do liturgicismo –, ou com a Missa tridentina, consideram-nas a melhor proteção contra a geada minimalista que cai sobre suas cabeças.

Nesse diapasão, a promoção da liturgia bem feita, com farto uso de latim, incentivo ao gregoriano, paramentos bonitos, efeitos estéticos visualmente aferíveis, constitui-se, sim, em poderosa ferramenta de evangelização. Ainda que o motivo principal por que defendemos a Missa tradicional e a Missa moderna de acordo com as rubricas seja outro – a inclusão no desenvolvimento orgânico da liturgia, a melhor expressão da fé católica no sacrifício da Missa e nos dogmas eucarísticos, o culto a Deus como Ele quer ser cultuado –, não se pode olvidar desse aspecto acessório que muito lembra o velho conselho: a beleza salvará o mundo!

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