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domingo, 6 de março de 2011

Ordenação subdiaconal em rito armênio, em São Paulo, SP

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As tradições litúrgicas católicas sempre denominaram as cerimônias pelas quais se concediam ministérios não-sacramentais de ordenações, ainda que não fossem, claro, o sacramento da Ordem. O sacramento só se concede na ordenação diaconal, na sacerdotal e na episcopal (sagração). As demais ordenações não são sacramentos, mas celebrações nas quais se conferem “ordens menores” (ainda que o subdiaconato, que não é sacramento, seja “ordem maior”).

A reforma de Paulo VI extinguiu o subdiaconato no rito romano e passou a denominar as ordens menores de ministérios, sendo que as ordenações menores foram chamadas de instituições. A intenção é louvável: evitar toda confusão das ordens menores e do subdiaconato com o sacramento da Ordem, e das ordenações que não são sacramento com as que são. Todavia, isso foi, de certa forma, uma rompimento com uma tradição ininterrupta de denominações de tais institutos quer no Ocidente, quer no Oriente.

Feito o parêntese, algumas fotos de uma ordenação subdiaconal entre os armênios católicos, aqui no Brasil. O rito armênio é ancestral, mas bebe em fontes bizantinas com alguma influência latina (vejam a mitra do Bispo, que, entretanto, é mais comprida do que a latina). Majoritariamente, é praticado por uma cismática e monofisita Igreja Armênia Apostólica, independente, pois, de Roma. Todavia, há uma vibrante e fiel parcela católica, conservando o rito armênio, e com patriarca próprio, submisso ao Papa. Eles mantém o subdiaconato e ainda chamam as instituições de ministérios de ordenações.

A presente cerimônia de ordenação/instituição, no contexto de uma Divina Liturgia (Missa) em rito armênio, foi celebrada no dia 9 de janeiro deste ano, na Catedral Armênia Católica de São Gregório, o Iluminador, em São Paulo, SP. O novo subdiácono se chama Fábio Silveira Wagner.

Eis as fotos, gentilmente cedidas pelo amigo e leitor Romman Werneck, que se encontram originalmente no blog do Movimento dos Amigos da Realeza de Cristo.

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sábado, 5 de março de 2011

Edwin Barnes, ex-bispo anglicano, é ordenado sacerdote católico para o Ordinariato Pessoal Nossa Senhora de Walsingham

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Recentemente, postamos, em primeira mão para os países de língua portuguesa, as fotos da ordenação diaconal do ex-bispo da Church of England, Dr. Edwin Barnes. Agora, via Blogonicvs, que desta nos “ganhou”, postando primeiro, vão as fotos da ordenação sacerdotal do Diác. Barnes, ocorrida hoje em Portsmouth.

A Missa foi no rito romano, em sua forma ordinária. Penso que isso continuará a ser feito enquanto não se decide qual rito os ordinariatos para ex-anglicanos seguirão (uso anglicano, forma ordinária, forma extraordinária, Sarum etc).

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O Ordinário, Pe. Keith Newton, presbítero com vestes episcopais por privilégio de Roma

 

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Pe. Allan Hawkins, e sua esposa, Josie Hawkins, com o Pe. Keith Newton. Pe. Hawkins, que veio do Texas, EUA, para essa ordenação, como ex-anglicano que é, recebeu, por privilégio de Roma, a faculdade de se ordenar sacerdote católico, mantendo seu casamento.

Reflexões sobre a Sagrada Comunhão

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De que devemos primeiramente considerar a imensidade desse mistério: É admirável a obra de Deus na Criação e de como Ele maravilhosamente fez a Criação toda retamente ordenada, como uma bela rosácea de uma Catedral. Mas no mistério da Sagrada Eucaristia, Deus fez algo mais excelso do que todas as obras da Criação, Deus fez com que a substância de pão e de vinho se transformasse em Si mesmo! Os hebreus comiam da carne de seus animais oferecidos a Deus, mas nós... nós comemos da carne do próprio Deus que se oferece a Si próprio por nós! Na Sagrada Comunhão, tornam-se mais intensas aquelas palavras de São Paulo sobre a recapitulação de todas as coisas em Cristo posto que nós nos unimos a Cristo e com Ele nos oferecemos ao Pai, de forma que em Cristo, Deus e Homem verdadeiro, tudo convirja para Deus. Considerai que Jesus Cristo, que é Deus infinitamente feliz e perfeito no Céu quis fazer se nós Sua Morada. Jesus quer assentar-se como rei em nossos corações tal como senta-se no Trono Celeste sobre os Querubins. Considerai que sob o véu do pão e do vinho, recebemos o mesmo Cristo nascido da Virgem Maria em Belém, padecido na Cruz, ressuscitado e que assentou-se glorioso à destra do Pai. Aquele que os profetas ardentemente e ansiosamente desejaram nós o agora o recebemos, fazendo de nosso corpo e nossa alma um Templo Sagrado, um Palácio, um Paraíso para o Rei de imensa e tremenda majestade! Não há no mundo graça mais excelsa! Com razão disse o Angélico Doutor que se compreendêssemos verdadeiramente esse insondável mistério, morreríamos de amor.

De como devemos proceder na Sagrada Comunhão: Considerando, pois a imensidade desse santo dom, que é o próprio Senhor dos Senhores que vive e reina por toda a eternidade, quem ousaria aproximar-se da Sagrada Mesa sem antes examinar sua consciência? Se comermos da carne do Senhor e bebermos de Seu sangue sem distinguir, ou seja, sem reconhecermos a grandeza do Senhor que recebemos, estaríamos comendo e bebendo nossa própria condenação, dado que estaríamos cometendo um sacrilégio. Se tivermos, portanto algum pecado grave na consciência devemos primeiramente buscar o perdão de Deus no sacramento da confissão para que possamos receber o Senhor glorioso em Corpo, Sangue, Alma e Divindade como Rei e Senhor de nossa alma, nossa mente e nosso coração. Procedamos também com reverência, lembrando o conselho de Santo Agostinho “que ninguém coma dessa carne sem antes ter adorado”. Não façais como muitos que recebem este Admirável Sacramento com a mesma indiferença que receberiam em sua mão uma mera bolacha ou uma moeda! Recebei-O com reverência profunda interna e externa, sabendo que vais conter em ti Aquele que o Universo inteiro não pode conter! De preferência recebei o Cristo Eucarístico de joelhos e deixai que o sacerdote mesmo o coloque em tua boca. Reconhece-te pequeno diante do Senhor, deixai-te alimentar qual uma criança, pois se não te fizerdes criança não poderás entrar no Reino de Deus! Comunga sempre como se fosse a última comunhão de tua vida, e tratai ao Senhor com a mesma adoração e reverência que o faria se o visse vindo em Sua glória sobre as nuvens do Céu, escoltado pelas milícias celestes. Toda vez que o Senhor se faz presente sob as espécies eucarísticas Ele em certa medida antecipa a sua Parousia e a realização plena de Seu Reino sem fim. Por fim, paguemos amor com amor, recebendo com muito amor Aquele que nos amou primeiro e, amando-nos, amou-nos até o fim.

Do que devemos dizer ao Senhor quando estivermos unidos a Ele: Quando estivermos unidos a Cristo, devemos dizer que desejaríamos poder corresponder ao seu amor. Ofereçamo-nos também ao Pai Celeste juntamente com Jesus eucarístico pela salvação e redenção de todos os homens. Peçamos ao Senhor como São Boaventura para que Ele fira o nosso coração com o salutar dardo de sua abrasada Caridade! Digamos-Lhe que cremos de coração e confessamos com a língua que Ele está real e substancialmente presente neste admirável Sacramento tal como está glorioso reinando nos Céus! E assim, renovemos nossa Fé, Esperança e Caridade nEle e Lhe roguemos para que Ele aumente nossa Fé, nossa Esperança e nossa Caridade, reconhecendo-nos totalmente dependentes de necessitados dEle. Ofereçamos também a Hóstia Divina como desagravo pelos pecados nossos e dos demais homens, principalmente pelos pecados cometidos contra o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Jesus. Roguemos a Jesus, manso e humilde de coração, que faça nosso coração semelhante ao Seu. Peçamos primeiramente pelas necessidades da Santa Igreja, em especial do Papa, do Bispo de nossa diocese, de nosso pároco... peçamos depois a conversão dos que estão afastados da Igreja e de todos nós, pecadores. Depois peçamos pelas almas do purgatório. Por fim, peçamos por nossa pátria e pelas necessidades materiais e espirituais de todos os homens (nesse caso, podemos nomear em especial algumas pessoas queridas ou que sabemos muito necessitadas). Depois, façamos uma profunda ação de graças. Rendamos graças primeiramente por termos podido assistir ao Santo Sacrifício da Missa. Depois rendamos graças pela Comunhão e peçamos que ela seja para nós remédio para nossas enfermidades e sustento para nossa vida. Depois rendamos graças a Deus por todos os benefícios que concede a nós e a todas as pessoas (podemos nesse momento também nomear em especial algumas graças... o alívio de uma necessidade, a solução de um problema, as amizades confortantes e edificantes, as oportunidades de boas leituras ou boas conversas que tivemos, os momentos de oração...). Depois finalmente, rendamos Glória a Deus, unidos intimamente a Jesus, podendo recitar mentalmente o final do hino do Glória tu solus Sanctus tu solus Dominus tu solus Altissimus Iesu Christe cum Sancto Spirito in Gloria Dei Patris. Amen.

Das Graças que recebemos na Sagrada Comunhão: Quanto mais comunhões fizermos com devoção, mais graças poderemos receber. A comunhão freqüente é muito útil e salutar para o fortalecimento das virtudes, o domínio dos vícios e a constância na vida espiritual. Se porventura não pudermos comungar quotidianamente, nos dias em que estivermos afastados da comunhão eucarística, façamos um ato de comunhão espiritual, dizendo mentalmente a Jesus o quanto o amamos e o desejamos unirmo-nos a Ele e expressando-Lhe o desejo de recebê-lo com a mesma pureza, humildade e devoção com que o recebeu a Santíssima Virgem Maria, com o espírito e o fervor dos santos. Busquemos comungar quanto mais dias forem possíveis, para que o Pão Vivo descido do Céu seja cada vez mais o nosso “pão nosso de cada dia”.


sexta-feira, 4 de março de 2011

A Septuagésima

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O Prof. Carlos Ramalhete aceitou nosso convite para escrever sobre o assunto. Agradecemos a ele as interessantíssimas reflexões abaixo produzidas.

A Septuagésima
por Carlos Ramalhete


Quanto eu era criança e estudava de manhã, eu sempre ficava impressionado com um amigo e colega de colégio, que morava defronte à escola. Havia três sinais, três toques da campainha, antes do início da aula: no primeiro, sabíamos que ainda havia 15 minutos para o início da aula. No segundo, sabíamos que era a hora de entrar na sala. No terceiro, as portas se fechavam e quem não houvesse entrado teria que esperar o início da próxima aula.

Este meu amigo, aproveitando que da cama à carteira escolar havia menos de duzentos metros, havia desenvolvido o hábito de acordar com o primeiro sinal, vestir-se, descer correndo as escadas de casa, atravessar a rua, subir correndo as escadas da escola, e entrar na sala imediatamente antes das portas se fecharem. Sentava, provavelmente com gosto de cabo de guarda-chuva na boca, remelas pendendo das pálpebras inchadas e o raciocínio confuso de quem ainda não acordou direito. Mas sentava na carteira; estava lá na hora da aula.

Estes três sinais, que eram para nós um aviso gradual, eram para ele outra coisa: um susto, uma correria que para ele se justificava pelos minutinhos a mais de sono que ele conseguia ter.

A Igreja, na sua sabedoria, desenvolveu ao longo dos séculos uma prática de "gradualidade", de preparação cuidadosa de cada momento importante. Antes do Natal, temos o Advento; hoje, com a transformação do Natal em festa comercial, muitos têm a impressão de que o Tempo do Natal é imediatamente antes da festa, acabando nela. Na verdade, antes do natal é o Advento, tempo de preparação, com o Natal propriamente dito durando do dia da festa ao dia de Reis.

E antes da Páscoa, que é a festa por excelência, a festa em que celebramos a nossa Salvação, o presente imerecido e maravilhoso que Deus nos deu em Seu amor, temos a Quaresma.

O termo "Quaresma" é uma corruptela de "quadragésima" - 40a - por corresponder a quarenta dias de penitência, em que nos preparamos, tentando nos livrar das muitas armadlhas do mundo, para que sejamos menos indignos de receber tão magnífico presente, pela Páscoa. Na Quaresma não se canta o Aleluia, na Quaresma não se canta o Glória. É um tempo penitencial, um tempo de recolhimento e preparação.

A Quaresma, contudo, nem sempre começou tão subitamente; hoje, infelizmente, no calendário ordinário passamos diretamente do tempo comum ao auge do tempo penitencial. O resultado é que muitas vezes chegamos à Quaresma como meu amigo chegava à sala de aula: remelentos, olhos inchados, com gosto ruim na boca e sem entender muito bem o que está acontecendo.

No calendário clássico, que ao lado do atual - embora menos comum - continua sendo usado e orientando a vida litúrgica da forma extraordinária do Rito Romano, a Quaresma - quadragésima - é precedida de um tempo chamado Septuagésima.

Este tempo conta três domingos: o Domingo da Septuagésima propriamente dito, o Domingo da Sexagésima e o Domingo da Quinquagésima (também conhecido como Domingo de Carnaval). Como as semanas não têm dez dias, os nomes são simbólicos, lembrando-nos dos setenta anos de duração que teve o exílio babilônico do povo hebreu e contando o tempo para a chegada da Quaresma.

Como os três sinais que na escola avisavam que a aula iria começar em breve, dando-nos tempo para subir com vagar as escadas, lavar o rosto, preparar-se para aprender, o tempo da Septuagésima é um tempo em que podemos ir aos poucos nos aproximando do mistério quaresmal, podemos ir aos poucos restringindo os nossos mimos, a nossa "vida fácil", para que entremos na Quaresma já em pleno espírito penitencial.

Em muitas tradições cristãs, a abstinência começa antes da Quaresma; os gregos, por exemplo, que se abstém não apenas de carne, como nós (no Brasil há a possibilidade de trocar a abstinência de carne por outra penitência, mas é a abstinência a regra), mas também de ovos e derivados de leite, cortam a carne num domingo, os ovos e derivados mais tarde, etc., de modo a ir aos poucos acostumando-se ao rigor quaresmal. Entre nós, por muito tempo foi comum que os monges iniciassem sua abstinência na Sexagésima e os clérigos na Quinquagésima, com o laicato assumindo-a apenas na Quarta-Feira de Cinzas.

Outros sinais, contudo, permaneceram na forma clássica da liturgia. O Aleluia, por exemplo, não é mais cantado ou dito na forma extraordinária a partir do início da Septuagésima. Em muitos lugares havia até mesmo o hábito de fazer uma despedida solene - ou mesmo um enterro, com caixão e tudo! - do Aleluia; na Europa, havia hinos celebrando tristemente esta separação entre os habitantes da terra - indignos de cantá-lo - e os habitantes do Céu, que nunca param de fazê-lo. Antes do Evangelho, O Aleluia é substituído no Domingo da Septuagésima pelo De Profundiis: "das profundezas clamo a Vós, Senhor..."

Ao mesmo tempo vai-se o Glória, que só voltará, em júbilo, na Páscoa.

No entanto, a vida continua mais ou menos igual: ainda não há jejum, ainda não há abstinência, as imagens dos Santos ainda não foram cobertas por panos roxos (belo costume quaresmal ainda presente em muitos lugares), já presentes nos paramentos. É uma preparação para a Quaresma, uma série de avisos, uma entrada gradual no Mistério quaresmal, que será assim atingido aos poucos, para que a sua chegada súbita não nos pegue desprevenidos. Nada de sustos, nada de olhos inchados e remelentos!

As leituras da Santa Missa ajudam nesta preparação: No Domingo da Septuagésima, lê-se a história da Queda. Em seguida, vai-se percorrendo a História da Salvação, da Redenção; A Igreja nos conta de Noé na Sexagésima, e de Abraão na Quinquagésima: não estamos sozinhos! Na Quarta-Feira de Cinzas, fala-nos o santo profeta Joel: "Jejuai!" E recomenda Nosso Senhor: "quando jejuardes, não façais como os hipócritas"...

É a Quaresma que se inicia, preparando-nos, burilando-nos, polindo-nos para que, chegada a Páscoa, possamos nos reencontrar, felizes, com o Aleluia, com o Glória, com a re-ligação de Céus e Terra, na perfeita similitude e presença da Missa eterna da Jerusalém celeste em cada Missa celebrada em cada pequena capelinha do interior.

Pediu o Santo Padre que haja em enriquecimento mútuo das Formas Ordinária e Extraordinária da liturgia. Isto inclui, evidentemente, os calendários. Espero em Deus que a Forma Ordinária recupere em breve este tesouro, tão adequado à natureza humana, tão perfeitamente alinhado a nossas necessidades, que é o tempo da Septuagésima.

***

E cala-se o Aleluia. E faz-se o silêncio. E chega, belo e assustador em toda a sua mística dimensão, o Mistério da Quaresma, Mistério de amor e de dor, de penitência e de esperança.

Unamos nossa voz à dos gregos, que cantam por esses dias:

"Abriu-se a porta da penitência; vinde, amigos de Deus, apressemo-nos de entrar, temendo que o Cristo no-la feche como a indignos! Ó, irmãos, munamo-nos da pureza, da abstinência, da modéstia, da força, da prudência, da oração e das lágrimas: é por estas virtudes que se abrirá para nós o sendeiro da justiça."

Laus tibi, Domine, Rex œternœ gloriœ !

quinta-feira, 3 de março de 2011

Novos passos na paróquia: três erros litúrgicos a serem extirpados em 2011

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Temos muitos padres leitores do Salvem, e leigos com acesso aos padres. Sabemos que os amigos do nosso apostolado não promovem ou compactam com aqueles mais graves (Comunhão self-service, “consagração” de pipoca, não-uso da casula, proibição de Comunhão de joelhos ou na boca etc). Os padres leitores certamente não praticam essas e outras barbaridades na Missa.

Todavia, ainda que estejam na direção certa no que concerne à liturgia, talvez ainda não tenham extirpado alguns erros que, embora não sejam gravíssimos, certamente possuem sua gravidade, além de serem fáceis de extinguir. Concedemos que alguns dos erros sejam mais difíceis de se combater, mas os três que listamos são relativamente fáceis.

Por isso, senhor padre, ao passo em que o parabenizamos por ajudar no novo movimento litúrgico, nós lhe pedimos, com toda a humildade, que adote, ainda esse ano de 2011:

a) a retirada dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística do presbitério, e que só sejam usados quando realmente necessário:

“Os fiéis, sejam eles religiosos ou leigos, que estão autorizados como ministros extraordinários da Eucaristia podem distribuir a Comunhão apenas quando não há sacerdotes, diáconos ou acólitos, quando o sacerdote está impedido por motivo de doença ou idade avançada, ou quando o número de fiéis indo receber a Comunhão é tão grande que tornaria a celebração da Missa excessivamente longa. Por conseguinte, uma atitude repreensível é aquela dos sacerdotes que, embora presentes na celebração, recusam-se a distribuir a Comunhão, deixando essa tarefa aos leigos.” (Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Instrução Inestimabile Donum, 10)

Em sentido estrito, os ministros extraordinários da Comunhão Eucarística (MECEs) são fiéis, quer leigos quer religiosos, que, depois de devida instrução, são instituídos pelo Bispo através de um mandato para auxiliar o sacerdote a distribuir a Sagrada Comunhão, quando necessário, e nas condições impostas pela lei litúrgica. Não devem estar no presbitério junto com o sacerdote, pois não são concelebrantes nem têm a função de ajudar como acólitos ou servos, subindo ao altar somente se for preciso e na hora de distribuir a Comunhão, i.e., depois dos ministros comungarem.

O termo, utilizado em seu sentido lato, aponta para todos os que não podem, ordinariamente, distribuir a Eucaristia, mas o fazem pelas necessidades, e observando as leis litúrgicas: acólitos, servos, MECEs, demais fiéis leigos ou religiosos (ministros ocasionais da Comunhão Eucarística).

“... nas celebrações litúrgicas, cada qual, ministro ou fiel, ao desempenhar a sua função, faça tudo e só aquilo que, pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete.” (Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição Sacrosanctum Concilium, 28)

Os ministros extraordinários, como seu próprio nome já faz entender, podem ser usados em situações muito especiais apenas. A lei litúrgica que disciplina essas situações é bastante clara:

“Artigo 8

O ministro extraordinário da Sagrada Comunhão

Os fiéis não-ordenados, já há tempos, vêm colaborando com os ministros sagrados, em diversos âmbitos da pastoral, para que o dom inefável da Eucaristia seja cada vez mais profundamente conhecido e para que se participe da sua eficácia salvífica com uma intensidade cada vez maior.

Trata-se de um serviço litúrgico que responde a necessidades objetivas dos fiéis, destinado sobretudo aos enfermos e às assembléias litúrgicas nas quais são particularmente numerosos os fiéis que desejam receber a sagrada comunhão.

§ 1. A disciplina canônica sobre o ministro extraordinário da sagrada comunhão deve, porém, ser corretamente aplicada para não gerar confusão. Ela estabelece que ministros ordinários da sagrada comunhão são o Bispo, o presbítero e o diácono, enquanto é ministro extraordinário o acólito instituído ou o fiel para tanto deputado conforme a norma do cân. 230, § 3.

Um fiel não-ordenado, se o sugerirem motivos de real necessidade, pode ser deputado pelo Bispo diocesano, com o apropriado rito litúrgico de bênção, na qualidade de ministro extraordinário, para distribuir a Sagrada comunhão também fora da celebração eucarística, ad actum vel ad tempus, ou de maneira estável. Em casos excepcionais e imprevistos, a autorização pode ser concedida ad actum pelo sacerdote que preside a celebração eucarística.

§ 2. Para que o ministro extraordinário, durante a celebração eucarística, possa distribuir a sagrada comunhão, é necessário ou que não estejam presentes ministros ordinários ou que estes, embora presentes, estejam realmente impedidos. Pode igualmente desempenhar o mesmo encargo quando, por causa da participação particularmente numerosa dos fiéis que desejam receber a Santa Comunhão, a celebração eucarística prolongar-se-ia excessivamente por causa da insuficiência de ministros ordinários.

Este encargo é supletivo e extraordinário e deve ser exercido segundo a norma do direito. Para este fim é oportuno que o Bispo diocesano emane normas particulares que, em íntima harmonia com a legislação universal da Igreja, regulamentem o exercício de tal encargo. Deve-se prover, entre outras coisas, que o fiel deputado para esse encargo seja devidamente instruído sobre a doutrina eucarística, sobre a índole do seu serviço, sobre as rubricas que deve observar para a devida reverência a tão augusto Sacramento e sobre a disciplina que regulamenta a admissão à comunhão.

Para não gerar confusão, devem-se evitar e remover algumas práticas que há algum tempo foram introduzidas em algumas Igrejas particulares, como por exemplo:

— o comungar pelas próprias mãos, como se fossem concelebrantes;

(...)

— o uso habitual de ministros extraordinários nas Santas Missas, estendendo arbitrariamente o conceito de ‘numerosa participação.’

(...)

São revogadas as leis particulares e os costumes vigentes, que sejam contrários a estas normas, como igualmente quaisquer eventuais faculdades concedidas ad experimentum pela Santa Sé ou por qualquer outra autoridade a ela subalterna.


O Sumo Pontífice, no dia 13 de Agosto de 1997, aprovou em forma específica a presente Instrução, ordenando a sua promulgação. (Cúria Romana, Instrução Acerca de Algumas Questões Sobre a Colaboração dos Fiéis Leigos no Sagrado Ministério dos Sacerdotes)

Dessa forma, o sacerdote celebrante é quem deve distribuir a Sagrada Comunhão. Necessitando de ajuda, em face de sua pouca saúde ou do número excessivo de comungantes, quem o deve auxiliar são outros sacerdotes presentes, ainda que não concelebrantes, e diáconos que estejam servindo à Missa. São esses os ministros ordinários. Necessitando, além desses, de mais ministros para a distribuição da Comunhão Eucarística, ou não havendo ministros ordinários, chame o sacerdote celebrante ministros extraordinários: acólitos; servos; fiéis leigos ou religiosos instituídos pelo Bispo – MECEs (ministros extraordinários da Comunhão Eucarística) –; ou fiéis leigos ou religiosos que, estando presentes à Missa, se destaquem por sua piedade e conhecimentos litúrgicos e doutrinários, recebendo estes a bênção própria – ministros ocasionais da Comunhão Eucarística.

Se há muitas pessoas para comungar, mas esse é o normal da comunidade, não há necessidade de ajuda dos MECEs. Não é simplesmente o número extenso de comungantes que autoriza o uso do MECE, mas a extraordinariedade dos mesmos.

“Somente por verdadeira necessidade se recorra ao auxilio de ministros extraordinários, na celebração da Liturgia. Porque isto não está previsto para assegurar uma plena participação aos leigos, mas sim que, por sua natureza, ou suplementação e provisoriedade.” (Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Instrução Redemptionis Sacramentum, 151)

“Se habitualmente há número suficiente de ministros sagrados também para a distribuição da sagrada Comunhão, não se podem designar ministros extraordinários da sagrada Comunhão. Em tais circunstâncias, os que têm sido designados para este ministério, não o exerçam. Reprove-se o costume daqueles sacerdotes que, a pesar de estar presentes na celebração, abstém-se de distribuir a Comunhão, delegando esta tarefa a leigos. O ministro extraordinário da sagrada Comunhão poderá administrar a Comunhão somente na ausência do sacerdote ou diácono, quando o sacerdote está impedido por enfermidade, idade avançada, ou por outra verdadeira causa, ou quando é tão grande o número dos fiéis que se reúnem à Comunhão, que a celebração da Missa se prolongaria demasiado. ” (Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Instrução Redemptionis Sacramentum, 157-158)

Institua-se acólitos (sempre varões), de preferência entre os MECEs. Ou invista-se em coroinhas. Que eles vistam batina e sobrepeliz e ajudem nas Missas, ao presbitério, em todas as funções antes desenvolvidas pelos MECEs.

Promova-se a vocação ao diaconato permanente entre os MECEs homens, e se os ordene.

Além dos MECEs que se transformarem em acólitos e diáconos, diminua-se pela metade o número dos que sobrarem. Havendo sério risco de ferir a sensibilidade de alguns, pode-se lhes dar outros encargos, como catequista, dirigente de grupos e pastorais, sacristão etc.

Os MECEs que restarem não mais façam o ofício próprio dos acólitos. Permaneçam, durante a Missa, em seus bancos, na nave da igreja, e só auxiliem na distribuição da Eucaristia se houver real necessidade.

Proíbam-se os MECEs de purificar os vasos e proclamar o Evangelho na Missa.

Que sejam dadas outras funções aos MECEs que restarem: visitas a hospitais, levar a Eucaristia aos doentes quando o sacerdote ou o diácono não puder etc, celebrar a Palavra na falta de ministro ordenado e distribuir a Comunhão nesses locais. Na Missa, o primeiro seja o padre ou o diácono; havendo necessidade, o acólito. Só então, chame-se o MECE (que estará no banco, não no presbitério). Tenhamos atenção que esses casos de MECEs ajudando a distribuir a Comunhão na Missa serão raríssimos, senão mesmo inexistentes na maioria das paróquias. Se o número de comungantes for, ordinariamente, grande, não é preciso chamar acólito, que dirá MECE.

b) Ato Penitencial, Glória e Santo com a letra do Missal:

Convidando os fiéis a um ato de arrependimento, o sacerdote celebrante os introduz ao rito, com a fórmula prevista no Missal. Após uma breve pausa, utiliza uma das três fórmulas: a) o Confiteor; b) o “Tende compaixão”; c) o Kyrie. Conclui com uma absolvição, que, por ser desprovida de força sacramental, não possui a eficácia do Sacramento da Penitência celebrado na confissão dos pecados ao sacerdote.

Podem ser cantadas músicas de Ato Penitencial, desde que a letra utilizada seja de alguma das formas prescritas. Quaisquer outros cantos, ainda que implorem o perdão de Deus e demonstrem arrependimento dos pecados, estão excluídos por não se encaixarem no ordinário da Missa, do qual o Ato Penitencial é integrante.

O Ato Penitencial é omitido quando se celebra, no início da Missa, o rito do Asperges, e também quando a celebração for imediatamente precedida de um ofício da Liturgia das Horas com caráter penitencial. Nos demais casos, muito mais comuns, é imprescindível!

Quando as invocações do Kyrie, “Senhor, tende piedade de nós...”, não forem utilizadas no Ato Penitencial, devem ser proferidas após a absolvição que se segue àquele. Isso significa que sempre que o Ato Penitencial consistir no Confiteor (“Confesso a Deus todo-poderoso...”) ou no “Tende compaixão”, o Kyrie é feito em um ato próprio.

“Depois do Ato Penitencial inicia-se sempre o ‘Senhor, tende piedade’, a não ser que já tenha sido rezado no próprio ato penitencial. Tratando-se de um canto em que os fiéis aclamam o Senhor e imploram a sua misericórdia, é executado normalmente por todos, tomando parte nele o povo e o grupo de cantores ou o cantor.” (Instrução Geral do Missal Romano, 52)

É possível que o Kyrie rezado seja substituído por uma música que tenha as invocações na letra.

Esqueça-se o folhetinho de Missa. Use-se o Missal. Uma das três fórmulas, e só.

Não se use músicas de perdão. Diz-se o texto do Missal, quer rezado quer cantado, mas só ele e nada mais. Querem música? Cante-se o texto previsto no Missal, mas não “músicas de perdão”.

O Glória deve cantado ou dito nos Domingos fora do Advento e da Quaresma, nas solenidades e nas festas. Seu texto antiqüíssimo não deve ser substituído por outro (cf. Instrução Geral do Missal Romano, 53). O costume, infelizmente disseminado em muitas paróquias, de substituir tal hino por um simples “canto de glória” encontra expressa proibição na Instrução Geral. Nem mesmo o famoso “canto de glória” com letra de louvor à Santíssima Trindade, que alguns afirmam ser suficiente, serve para ser executado nesse momento. O hino do Glória faz parte do Ordinário da Missa, e deve ser cantado ou dito integralmente, como está no Missal!

Não se use “canto de Glória”. Diz-se o texto do Missal, quer rezado quer cantado, mas só ele e nada mais. Querem música? Cante-se o texto previsto no Missal, mas não “músicas de Glória”.

O mesmo em relação ao Santo. A letra é a do Missal. O resto é invenção. Se não se tem canto adequado, que se o reze.

c) uso da casula na Missa:

Ao contrário do que pensam alguns, a casula é obrigatória! Não bastam alva e estola! A casula é a veste própria do sacerdote, e simboliza a Cruz, a dignidade própria do padre! Quem a aboliu de seus cultos foram os protestantes mais exaltados, para negarem o caráter sacrifical da Missa. Se a Santa Missa é a Cruz tornada presente, mesmo invisível, a casula a torna visível, por seu simbolismo. A casula remete ao sacrifício!

Entretanto, quando a Missa for celebrada fora do recinto sagrado, i.e., em local que não seja uma igreja ou oratório, há um indulto em alguns países – no Brasil, inclusive, por determinação da CNBB, decidida em sua 11a Assembléia Geral, e aprovada pela Santa Sé em 31 de maio de 1971 –, para que se possa utilizar uma veste que seja um misto de alva e casula: a túnica. Ao invés de alva, amito, estola, cíngulo e casula, pode ser usada, nesses casos, túnica e estola. Mesmo assim, é uma opção que deve ser evitada na maioria dos casos, servindo apenas para quando houver dificuldade de conseguir as vestes apropriadas, quer pela distância do local, quer por outros fatores pastorais.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Por ocasião do encerramento do Tempo da Septuagésima

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Lamentamos que a reforma litúrgica de Paulo VI tenha abolido a Septuagésima e, em tempo oportuno, iremos escrever mais sobre o assunto. Tomara que uma eventual "reforma da reforma" reinsira esse período no Ano Litúrgico em um futuro rito romano unificado.

Por ora, transcrevemos, via Una Voce Portugal, interessantíssimos comentários sobre esse tempo litúrgico, transcritos do excelente Missal Quotidiano e Vesperal, da lavra de D. Gaspar Lefebvre, OSB:

«No Tempo da Septuagésima a Igreja considera de modo especial [...] três [...] figuras [...]: a queda de Adão – pecado original – e as sua consequências funestas (Septuagésima); a malícia dos homens – pecados actuais – e o dilúvio que o castiga (Sexagésima); e, enfim, o sacrifício de Abraão e o de Melquisedec (Quinquagésima) pressagiando o sacrifício que Deus exigiu de seu próprio Filho para expiação dos pecados de todo o género humano.»

[...]

«O Evangelho dos obreiros da vinha [Septuagésima] e a do semeador [Sexagésima] lemba-nos que a Redenção se estende a todos os homens Judeus e Gentios, e a cura do cego de Jericó [Quinquagésima] que segue o anúncio da Paixão mostra-nos os efeitos benfazejos por ela produzidas em nós. As Epístolas de S. Paulo vêm, por sua vez, durante estes três Domingos, lembrar-nos que a Igreja deve, nesta época, concluir a obra do Salvador, entrando corajosamente na ascese purificadora da penitência.»

[...]

«Para entender plenamente o sentido dos textos da Missa [...] é preciso [...] estudá-los em relação com as lições do Breviário, porque no pensamento da Igreja, a Missa e o Ofício fazem uma só coisa.»

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