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quinta-feira, 10 de março de 2011

Sobre a solenidade externa

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Entende-se por "solenidade externa" de uma festividade, segundo a lição de Ludovico Trimeloni, a celebração dessa mesma festa sem o Ofício, mas outra manifestação litúrgica feita pelo bem dos fiéis (cf. Compendio di Liturgia Pratica, n. 164, 1). É, na prática, uma transferência de uma festa ou solenidade para o Domingo precedente ou seguinte à data prevista no calendário litúrgico.

Era algo bastante comum na vigência das rubricas anteriores à reforma de Paulo VI, pelo que havia disciplina própria para a transferência de determinadas festas quer pelo próprio direito, quer por indulto. Havia a possibilidade também de, quando a festa é impedida por ser um dia litúrgico que pede outra Missa ou Ofício, celebrar-se, como solenidade externa, a Missa da festa impedida, Justificarmantendo-se, todavia, no Ofício, o dia litúrgico "correto".

Um exemplo frequente desse fenômeno litúrgico é a transferência do Corpus Christi para o Domingo seguinte à festa, nos lugares onde não for feriado, impossibilitando os fiéis de participarem adequadamente da Missa e da procissão subsequente.

Com a introdução das novas rubricas, promulgando-se o novo texto da Missa em rito romano (hoje chamada, a partir do Motu Proprio Summorum Pontificum, de "forma ordinária"), essa tradição da solenidade externa se manteve. Sem embargo, dizem as normas:

"Para promover o bem pastoral dos fiéis, é lícito celebrar nos domingos do Tempo Comum as celebrações pelas quais tenham grande apreço e que ocorram durante a semana, contanto que na tabela de precedência elas se anteponham ao próprio domingo. Estas celebrações podem ser realizadas em todas as Missas celebradas com o povo." (Normas Universais do Ano Litúrgico e do Calendário Romano, 58)


quarta-feira, 9 de março de 2011

Sermão de Sto. Antônio de Pádua para a Quarta-Feira de Cinzas

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1. Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: “Quando jejuardes, não fiqueis tristes como os hipócritas que desfiguram o rosto para se fazer ver pelos homens que estão jejuando. Em verdade, eu vos digo: eles já receberam a sua recompensa. Tu, ao contrário, quando jejuares, urge a cabeça, lava o rosto para que os homens não vejam que estás jejuando, mas o teu Pai que está no secreto” (Mt 6,16-18).Neste trecho evangélico vamos tratar de dois assuntos: o jejum e a esmola.

I. O jejum
2. “Quando jejuais”. Nesta primeira parte devem-se considerar quatro coisas: • o fingimento dos hipócritas; • a unção da cabeça; • o lavar o rosto; • a ocultação do bem. “Quando jejuais”. Lê-se na História Natural que com a saliva do homem em jejum resiste-se aos animais portadores de veneno; aliás, se uma cobra o ingere, morre (Plínio). Portanto, no homem em jejum existe verdadeiramente um grande remédio. Adão no paraíso terrestre, até que não comeu (jejum) do fruto proibido, permaneceu na inocência. Eis aí o remédio que mata a diabólica serpente e restitui o paraíso, perdido por culpa da gula. Por isso conta-se que Ester castigou seu corpo com jejuns para fazer cair o orgulhoso Aman e reconquistar aos judeus a benevolência do rei Assuero. Jejuai, portanto, se quiserdes conseguir estas duas coisas: a vitória sobre o diabo e a restituição da graça perdida. Mas “quando jejuais, não fiqueis tristes como os hipócritas”, isto é, não queirais ostentar o vosso jejum com a tristeza do rosto. Hipócrita diz-se também “dourado”, isto é, que tem a aparência do ouro mas, internamente, na consciência é barro. Este é o ídolo dos babilônios (Baal), de quem diz Daniel: “Não te enganes, ó rei, este ídolo, de fora é de bronze; dentro, porém, é só barro” (14,6). O bronze ressoa e pelo aspecto pode quase parecer ouro. Assim também o hipócrita ama o som do louvor e ostenta um pouquinho de santidade. O hipócrita é humilde no rosto, simples no vestir, submisso na voz, mas lobo em sua mente. Esta tristeza não é segundo Deus. É uma maneira estranha de buscar para si mesmo o louvor, essa de ostentar os sinais da tristeza. Os homens estão acostumados a alegrar-se quando ganham dinheiro. Mas trata-se de negócios diferentes: nestes últimos existe a vaidade, nos outros a falsidade. “Desfiguram-se (em latim exterminant) o rosto”, isto é, desfiguram-no para além dos limites da condição humana. Como se pode orgulhar da beleza das vestes, pode-se também fazê-lo da sua feiúra e falta de cor. Não se deve abandonar nem a uma sem cor exagerada e nem a uma excessiva vaidade: é bom estar na justa medida! “A fim de serem vistos pelos homens...” Qualquer coisa que fazem é apenas, aparência, pintado de um falso colorido. Fazem-no para aparecerem diferentes dos outros e serem chamados “super-homens”, até mesmo por causa da aviltação. “...jejuam”. O hipócrita jejua para receber louvor disso, o avarento para encher o bolso, o justo para agradar a Deus. “Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa”. Eis a recompensa do prostíbulo, de que diz Moisés: “Não prostituas tua filha” (Lv 19,29). Filha representa as obras deles: colocam-nas no prostíbulo do mundo para receberem a recompensa do louvor. Seria loucura de quem vendesse como uma moeda de chumbo uma preciosa moeda de ouro. Na realidade vende por um preço muito barato algo de grande valor, aquele que faz o bem só para ser louvado pelos homens.

3. “Tu, ao contrário, quando jejuas, unge a cabeça, lava o rosto”. Isto concorda com o que diz Zacarias. “Isto diz o Senhor dos exércitos: O jejum do quarto mês, do quinto, do sétimo e do décimo mês serão para a casa de Judá dias de alegria e felicidade, dias de grande festa” (Zc 8,11). A “casa de Judá” significa “que manifesta” ou “que louva” e representa os penitentes que manifestando e confessando seus pecados prestam louvor a Deus. Destes é e deve ser o jejum do quarto mês, porque jejuam (abstêm-se, de quatro coisas: soberba do diabo, impureza da alma, glória do mundo e injúria ao próximo. “Este é o jejum que eu amo”, diz o Senhor (Is 58,6). O jejum do quinto mês consiste em afastar os cinco sentidos dos pensamentos e prazeres ilícitos. O jejum do sétimo mês é a representação da cobiça terrena; com efeito como se lê que o sétimo dia não tem fim, assim também nem a cobiça do dinheiro chega ao fundo o suficiente. O jejum do décimo mês consiste em deixar de perseguir um fim mau. O final de cada número é o dez: quem quiser contar além tem que começar de novo do um. O Senhor se lamenta pela boca do profeta Malaquias: “Vós me roubais e ainda me dizeis: Em que coisa nós te roubamos? No dízimo e nas primícias (3,8), isto é, na finalidade má e no início de uma intenção perversa. Preste-se atenção, que o profeta coloca o dízimo antes das primícias, porque é sobretudo pela finalidade perversa que é condenada toda a obra precedente. Este jejum transforma-se para os penitentes em alegria da mente felicidade de amor divino e em esplêndida solenidade de celeste convivência. Isto quer dizer ungir a cabeça e lavar o rosto. Unge a cabeça aquele que em seu interior está cheio de alegria espiritual. Lava o rosto aquele que orna as suas obras com a honestidade da vida.


4. O outro sentido. “Tu, ao contrário, quando jejuas...”. São muitos os que nesta Quaresma, jejuam e no entanto continuam em seus pecados. Estes não ungem a cabeça. Há um triplo unguento: o lenitivo (sedativo), o corrosivo e o “pungitivo”. O primeiro é produzido pelo pensamento da morte, o segundo pelo pensamento da presença do futuro Juiz e o terceiro pelo pensamento da geena. Há a cabeça coberta de furúnculo, verrugas e bentiligo. O furúnculo é uma pequena protuberância superficial cheia de podridão (pus); verruga é uma excrescência de carne supérflua, pelo que verruguento pode significar também “supérfluo”; o bentiligo é uma casca seca que deturpa a beleza. Nestas três doenças estão indicadas a soberba, a avareza e a luxúria obstinada. Tu, ó soberbo, recoloca diante dos olhos da tua mente a corrupção do teu corpo, a podridão e o fedor que terá. Onde estará, então, aquela tua soberba do coração, aquela tua ostentação de riquezas? Aí, então, não existirão mais as palavras cheias de vento, porque a bexiga murcha ao mínimo toque do alfinete. Estas verdades, meditadas no íntimo de cada um, ungem a cabeça feridenta, isto é, humilham a mente orgulhosa. Tu, ó avarento, lembra-te do último exame, onde haverá o Juiz justo, estará a carnífice pronto a atormentar, os demônios que acusam, a consciência que remorde. “Então a tua prata será jogada fora, o ouro se tornará sujeira, o teu ouro e a tua porta não poderão livrar-te do dia da ira do Senhor (Ez 7,19). Estas verdades, meditadas com atenção, destróem e tiram as verrugas do supérfluo e os dividem entre aqueles que nem o necessário têm. Por isso, quando jejuas, unge tua cabeça com este unguento, para que o que tiras de ti mesmo seja dado ao pobre. E tu, ó luxurioso, começa a pensar na geena do fogo inextinguível, onde haverá morte sem morrer, fim sem terminar, onde se procura mas não se encontra a morte, onde os condenados engolirão a língua e amaldiçoarão o Criador. Lenha daquele fogo serão as almas dos pecadores e o sopro da ira de Deus as incendiará. Diz Isaías: “Desde ontem”, isto é, desde toda a eternidade, “está preparado o Tofet”, a geena do fogo, “profundo e vasto. Fogo e muita lenha são seu alimento; o sopro do Senhor o acenderá como torrente de enxofre” (Is 30,33). Eis o unguento que punge, que penetra, capaz de sarar a mais obstinada luxúria. Como prego tira prego, assim estas verdades, meditadas assiduamente, são em grau de reprimir o estímulo da luxúria. Tu, portanto, quando jejuas, unge a cabeça com este unguento.


5. “Lava o rosto”. As mulheres, quando querem sair em público, ficam na frente do espelho e se descobrirem alguma mancha no rosto, logo se limpam com água. Assim também tu, olha no espelho da tua consciência. E se encontrares alguma mancha de pecado, vai imediatamente à fonte da confissão e, quando na confissão se lava com lágrimas o rosto do corpo, também o rosto rosto da alma fica limpo e iluminado. Uma observação: as lágrimas são luminosas na escuridão, são quentes contra o frio, são salgadas contra o fedor do pecado. “Para que os homens não vejam que estás jejuando”. Faz jejum para os homens quem busca os aplausos deles. Faz jejum para Deus quem sofre por seu amor e partilha com os outros aquilo que tira de si mesmo. “Mas só o teu Pai que está no secreto”. Acrescente-se: o Pai está no secreto por causa da fé e recompensa aquilo que é feito em secreto. Portanto, deve-se jejuar somente lá onde ele vê. E é preciso que quem jejua, jejue de tal modo que agrade àquele que carrega no coração. Amém.


II. A esmola
6. “Não acumuleis para vós tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde os ladrões assaltam e roubam” (Mt 6,19). A ferrugem corrói os metais, a traça corrói as roupas; o que se salva destes dois flagelos, os ladrões roubam. Com estas três expressões é condenada toda forma de avareza. Vejamos o significado moral das cinco palavras: terra, tesouros, ferrugem, traça e ladrões. A terra, assim chamada porque se seca (em latim “torret”) pela seca natural, representa a carne que é de tal modo sedenta que nunca diz: chega! Tesouros são os preciosos sentidos do corpo. A ferrugem, doença do ferro, assim chamada do verbo latim “eródere”, indica a impureza que, enquanto parece agradar, acaba com a beleza da alma e a corrói. A traça, assim chamada porque “segura”, indica o orgulho ou então a ira. Os ladrões (em latim “fures”, de furrus = obscuro), que trabalham na escuridão da noite, representam os demônios. Portanto, se carregamos alguma coisa na carne, escondemos os tesouros na terra, quer dizer: enquanto usamos os preciosos sentidos do corpo nos desejos terrenos ou da carne, a ferrugem; isto é, a impureza, os corrói. Além disso, o orgulho, a ira e demais vícios destróem a roupa dos bons costumes e, se sobrar ainda alguma coisa, os demônios a roubam, pois estão sempre interessados justamente nisso: roubar os bens espirituais. “Acumulai-vos de tesouros no céu”. Imenso tesouro é a esmola! Diz S. Lourenço: “As mãos dos pobres é que colocaram nos tesouros celestes as riquezas da Igreja!” Acumula tesouros no céu quem dá a Cristo e dá a Cristo quem dá ao pobre: Aquilo que fizestes a um destes mais pequeninos, o fizestes a mim! (Mt 25,40). “Esmola” é uma palavra grega que em latim se diz “misericórdia”. Por sua vez misericórdia significa “que irriga o mísero coração”. O homem irriga o pomar para colher os frutos. Tu, também, irriga o coração do pobre miserável através da esmola que é chamada água de Deus para obter seus frutos na vida eterna. Seja o pobre o teu céu! Coloca nele o teu tesouro, para que nele esteja sempre o teu coração. E isso, sobretudo agora, durante a santa Quaresma. Onde está o coração, aí também está o olho; e onde estão o coração e o olho, alí também está a inteligência, sobre a qual diz o salmo: “Feliz aquele que atende (“intelligit” = tem cuidado) ao mísero e ao pobre” (40,2). Daniel disse a Nabucodonosor: “Seja-te aceito, ó rei, o meu conselho: desconta teus pecados com a esmola, desconta tuas maldades com obras de misericórdia para com os pobres” (Dn 4,24). Muitos são os pecados, muitas são as maldades e por isso, muitas devem ser as esmolas e muitas as obras de misericórdia para com os pobres. Assim resgatado por elas da escravidão do pecado, possais voltar livres à pátria celeste. Vo-lo conceda Aquele que é bendito nos séculos. Amém.

7. Lê-se no Livro dos Juízes que “Gedeão invadiu os acampamentos de Madiã com tochas, trombetas e ânforas” (7,16...) Isaías também diz: “Eis o Dominador, o Senhor dos exércitos quebrará com o terror a broca de barro; os de alta estatura serão cortados e os poderosos serão humilhados. O centro da selva será destruído a ferro e o Líbano cairá com seus altos cedros” (10,33-34). Vejamos o significado moral de Gedeão, tochas, trombeta e ânforas. Gedeão quer dizer “que gira no útero” e indica a pessoa penitente que, antes de se apresentar à confissão, deve girar no útero da sua consciência em que foi concebido e gerado o filho da vida ou da morte. Ela tem que pensar se já se confessou de todos os seus pecados; e se, depois de ter se confessado, recaiu nos mesmos pecados, e quantas vezes; porque neste caso foi muito, mas muito mesmo mais ingrato para com a graça de Deus. Se transcurou a confissão e por quanto tempo permaneceu em pecado sem confessar-se, e se, com pecado mortal, recebeu o corpo do Senhor. Portanto, a pessoa penitente, ouvindo o Senhor que diz “fazei penitência”, deve julgar a si mesma por todos os dias de sua vida, para ver se ela é “Israel”, isto é, alguém que vê a Deus. Todos os anos, durante a Quaresma, deve analisar a própria consciência, que é a casa de Deus e tudo aquilo que nela encontrar de nocivo ou supérfluo deve circuncidar na humildade da contrição; e deve também considerar o tempo passado, procurando com diligência aquilo que cometeu, omitiu e, depois disso, voltar sempre ao pensamento da morte que deve ter diante dos olhos, aliás, morar mesmo neste pensamento.


8. A pessoa penitente, como atento explorador, feito assim o giro, deve logo acender a lâmpada que arde e ilumina: nela é indicado o coração contrito o qual, pelo fato de arder também ilumina. E eis o que pode fazer a verdadeira contrição. Quando o coração do pecador se acende com a graça do Espírito Santo, ele arde pela dor e ilumina pelo conhecimento de si mesmo; e então, a consciência, cheia de tribulações e remorsos, e a atormentada impureza é destruída porque seja interna que externamente a paz volta a florescer. E o esplendor do luxo deste mundo, a dissolutez carnal são destruidos desde a alma até a carne, porque tudo o que houver de imundo tanto na alma como no corpo, é queimado pelo fogo da contrição. Feliz aquele que queima e ilumina com esta lâmpada! Dela diz Jó: “lâmpada desprezada nos pensamentos dos ricos, preparada para o tempo estabelecido” (12,5). Os pensamentos dos ricos deste mundo são: guardar as coisas adquiridas e suar para adquirir mais ainda. Por isso, raramente ou nunca se encontra neles a verdadeira contrição. Eles desprezam-na porque fixam sua alma nas coisas passageiras. Com efeito, enquanto procuram com tanto ardor o prazer das coisas materiais, esquecem-se da vida da alma que é a contrição e assim caminham ao encontro da morte. Diz a História Natural que a caça dos cervos se faz assim: dois homens saem, um deles toca a trombeta e canta, o cervo segue o canto porque sente uma atração por ele. No entanto, o segundo homem dispara a flecha, atinge-o e o mata. Assim também acontece com a caça dos ricos. Os dois homens são o mundo e o diabo. O mundo, diante do rico, toca a trombeta e canta porque lhe mostra e promete os prazeres e as riquezas. E enquanto o rico estulto segue-o encantado, já que encontra prazer nessas coisas, é morto pelo diabo, levado à cozinha do inferno para ali ser fervido e assado.


9. Eis, porém, que chega o tempo da Quaresma, instituído pela Igreja para perdoar os pecados e salvar as almas: na Quaresma prepara-se a graça da contrição que agora está à porta espiritualmente e bate. Se quiseres abrir e acolhê-la ceará contigo e tu com ela. E aí, sim, começarás a tocar a trombeta de maneira maravilhosa. Trombeta é a confissão do pecador contrito. Feita a confissão, deve ser dada a satisfação ou penitência indicada na ruptura da ânfora ou do vaso de barro. É desprezado o barro, o corpo acaba por sofrer; Madiã é interpretada como “do juízo” ou “iniquidade”, isto é, o diabo que, pelo juízo de Deus, já é condenado, é derrotado e a sua iniquidade arrasada. E é isso que diz o profeta Isaías: “Os de estatura alta”, isto é, os demônios “serão cortados” e “os poderosos”, isto é, os homens orgulhosos “serão humilhados” e “o centro da selva”, isto é, a ganância das coisas materiais “será destruída pelo ferro” do temor de Deus; “e o Líbano”, isto é, o esplendor do luxo mundano “com os seus altos cedros”, isto é, as nulidades, os enganos e as aparências, “cairá”. Atenção! A satisfação, a penitência consiste em três coisas: • na oração, naquilo que diz respeito a Deus, • na esmola, no que diz respeito ao próximo, • no jejum, no que diz respeito a si mesmos. E tudo isso para que a carne que, pelo prazer, conduziu ao pecado, pela expiação conduza ao perdão. E isso digne-se conceder-nos Aquele que é bendito nos séculos. Amém.

(Sermões, vol. III, pg. 139ss) Tradução: frei Geraldo Monteiro, OFM Conv

Normas para o jejum e a abstinência

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Chegou a Quaresma. Iniciamos o tempo forte da Igreja para combater, em nós, a influência do demônio, do mundo e da carne. E um dos métodos, que nos vem da Bíblia, e é atestado pela unânime tradição católica, é o jejum, em sentido amplo. Esse jejum abarca o jejum em sentido estrito, e as várias formas de abstinência.

Para melhor realizarmos o propósito que o Senhor tem para as nossas almas, a Igreja dá normas simples e mínimas para que os fiéis iniciemos a luta espiritual.

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Conforme o Código de 1983, eis as normas:

Jejum: fazer apenas uma refeição completa durante o dia e, caso haja necessidade, tomar duas outras pequenas refeições que não sejam iguais em quantidade à habitual ou completa. Não fazer as refeições habituais, nem outros petiscos durante o dia (embora, pela tradição, se possa beber algo sem açúcar). Estão obrigados ao jejum os que tiverem completado dezoito anos até os cinqüenta e nove completos. Os outros podem fazer, mas sem obrigação. Grávidas e doentes estão dispensados do jejum, bem como aqueles que desenvolvem árduo trabalho braçal ou intelectual no dia do jejum.

Abstinência: deixar de comer carnes de animais de sangue quente (bovina, ovina, aviária, bubalina etc), bem como seus caldo de carne. Permite-se o uso de ovos, laticínios e gordura. Estão obrigados à abstinência os que tiverem completado quatorze anos, e tal obrigação se prolonga por toda a vida. Grávidas que necessitem de maior nutrição e doentes que, por conselho médico, precisam comer carne, estão dispensados da abstinência, bem como os pobres que recebem carne por esmola.

Quarta-feira de Cinzas: jejum e abstinência obrigatórios.

Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor: jejum e abstinência obrigatórios.

Demais dias da Quaresma, exceto os Domingos: jejum e abstinência parcial (carne permitida só na refeição principal/completa) recomendados.

Dias assinalados pelo calendário antigo como Sextas-feiras das Têmporas: jejum e abstinência recomendados.

Dias assinalados pelo calendário antigo como Quartas-feiras das Têmporas e Sábados das Têmporas: jejum e abstinência parcial recomendados.

Demais sextas-feiras do ano, exceto se forem Solenidades: abstinência obrigatória, mas não o jejum. Essa abstinência pode ser trocada, a juízo do próprio fiel, por outra penitência, conforme estabelecer a conferência episcopal (no Brasil, a CNBB estabeleceu qualquer outro tipo de penitência, como orações piedosas, prática de caridade, exercícios de devoção etc).

Novos passos na paróquia - II: sete sugestões aos padres em 2011

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Temos que respeitar o princípio de “tijolo a tijolo”, recomendado pelo Pe. Z., na correção dos problemas litúrgicos e implementação das “opções mais tradicionais” que constem do Missal atual. Por isso, listamos aqui sete sugestões para os padres leitores do Salvem. Se bem que os erros devam ser extirpados de pronto, o mesmo não se dá na eleição do que as normas dizem ser facultativo.

Já falamos falamos de três erros que os padres leitores do Salvem pode extirpar em suas Missas. Hoje, convidamos os mesmos padres a implementar sete outras práticas.

Dentre as inúmeras “opções mais tradicionais” do rito moderno, penso que algumas das seguintes podem ser adotadas como “resolução de ano novo” em 2011. Outra delas, pela própria natureza, não se refere ao rito novo, como se verá:

a) no rito novo, Comunhão ministrada exclusivamente na boca dos fiéis, que a recebem de joelhos: favorece a piedade eucarística do fiel e é um meio prático de se ensinar a ortodoxa doutrina acerca do sacramento;

b) no rito novo, uso exclusivo do Cânon Romano: até a reforma, era a única Oração Eucarística do rito romano, e, no fundo, aquela que caracteriza o rito exatamente como romano; ademais, carrega consigo uma excelente exposição da doutrina e nos conecta com séculos de tradição litúrgica ocidental;

c) no rito novo, arranjo beneditino no altar: um meio de, enquanto não se adota definitivamente a posição versus Deum, bloquear o “efeito auditório” na Missa versus populum (pois o sacerdote mira o crucifixo e isso impede os fiéis de, na prática, achar que o padre celebra para eles); além disso, o arranjo beneditino é o que usa o Papa; enfim, ele dá todo um realce ao altar, afastando a idéia de que seja uma simples mesa de ceia espiritual à moda protestante;

d) no rito novo, uso exclusivo do Confiteor como fórmula de Ato Penitencial, seguido do Kyrie: é o modo tradicional, sempre presente no rito romano; o atual Missa dá três fórmulas, e é bom que se use a primeira, mais completa, mais “romana”, e que, se assim feito, conectará o rito moderno mais perfeitamente com o rito antigo;

e) no rito novo, unir os dedos polegares aos indicadores desde a Consagração do Corpo de Cristo até a purificação: as rubricas silenciam a respeito, podendo, pois, o sacerdote adotar o que for mais conforme a mente tradicional, e demonstrando um grande respeito pelo Senhor, evitando tocar em qualquer coisa (cálice, Missa, objetos litúrgicos) a partir do contato com o Sacratíssimo Corpo;

f) no rito novo, usar o latim ao menos em parte de uma das Missas dominicais (sinal-da-cruz, Pater Noster, Consagração, bênção, algum canto gregoriano);

g) aprender e fazer celebrar a forma extraordinária (rito antigo), ao menos uma vez por mês na paróquia.

terça-feira, 8 de março de 2011

Como ir à Missa sem perder a Fé

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Bux: “No campo litúrgico, estamos frente a uma desregulação insuportável”

Por Mariaelena Finessi
ROMA, terça-feira, 8 de março de 2011 (ZENIT.org) - Um enfraquecimento da fé e a diminuição do número de fiéis poderiam ser atribuídos aos abusos litúrgicos e às Missas ruins, quer dizer, às que traem seu sentido original e onde, no centro, já não está Deus, mas o homem, com a bagagem de suas perguntas existenciais.

Essa é uma ideia sustentada por Nicola Bux, teólogo e consultor da Congregação para a Doutrina da Fé e do Ofício de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice.

Apresentado em Roma no dia 2 de março, em seu livro "Come andare a Messa e non perdere la fede" [Como ir à Missa e não perder a fé, N. do T.], Bux lança-se contra a virada antropológica da liturgia.

Bux replica a quantos criticaram Bento XVI, acusando-o de ter traído o espírito conciliar. Ao contrário – argumenta o teólogo – os documentos oficiais do Concílio Vaticano II foram traídos precisamente por essas pessoas, bispos e sacerdotes à frente, que alteraram a liturgia com “deformações ao limite do suportável”.

Participar de uma celebração eucarística pode significar, de fato, também se encontrar perante as formas litúrgicas mais estranhas, com sacerdotes que discutem economia, política e sociologia, tecendo homilias em que Deus desaparece. Proliferam os ensaios de antropologia litúrgica até reduzir a esta dimensão os próprios sinais sacramentais, “agora chamados – denuncia Bux – preferivelmente de símbolos”. A questão não é pequena: enfrentá-la implica ser tachado de anticonciliar.

Todos se sentem com o direito de ensinar e praticar uma liturgia “ao seu modo”, tanto que hoje é possível assistir, por exemplo, “à afirmação de políticos católicos que, considerando-se ‘adultos’, propõem ideias de Igreja e de moral em contraste com a doutrina”.

Entre aqueles que iniciaram esta mudança, Bux recorda Karl Rahner, quem, à raiz do Concílio, denunciava a reflexão teológica então imperante que, em sua opinião, mostrava-se pouco atenta ou esquecida da realidade do homem.

O jesuíta alemão sustentava em contrapartida que todo discurso sobre Deus brotaria da pergunta que o homem lança sobre si mesmo. Em consequência – esta é a síntese – a tarefa da teologia deveria ser falar do homem e de sua salvação, lançando as perguntas sobre si e sobre o mundo. Um pensamento teológico que, com triste evidência, foi capaz de gerar erros, o mais clamoroso dos quais é o modo de entender o sacramento, hoje já não sentido como procedente do Alto, de Deus, mas como participação em algo que o cristão já possui.

“A conclusão que Häuβling tira disso – recuerda Bux – é que o homem, nos sacramentos, acabaria por participar de uma ação que não corresponde realmente a sua exigência de ser salvo”, já que abre mão da intervenção divina. A semelhante tese “sacramental” e à derivação anexa da liturgia, responde Joseph Ratzinger, que já no dorso do volume XI, “Teologia da Liturgia”, de sua Opera omnia, escreve: “Na relação com a liturgia se decide o destino da fé e da Igreja”.

A liturgia é sagrada, de fato, se tiver suas regras. Apesar disso, se por um lado o ethos, ou seja, a vida moral, é um elemento claro para todos, por outro lado, ignora-se quase totalmente que existe também um “jus divinum”, um direito de Deus a ser adorado. “O Senhor é zeloso de suas competências – sustenta Bux –, e o culto é o que lhe é mais próprio. Em contrapartida, precisamente no campo litúrgico, estamos frente a uma desregulação”.

Sublinhando, em contrapartida, que sem “jus” o culto torna-se necessariamente idolátrico, em seu livro o teólogo cita uma passagem da “Introdução ao espírito da liturgia”, de Ratzinger, que escreve: “Na aparência, tudo está em ordem e presumivelmente também o ritual procede segundo as prescrições. E no entanto é uma queda na idolatria (...), faz-se Deus descer ao nível próprio, reduzindo-o a categorias de visibilidade e compreensibilidade”.
Nicola Bux e S.S. Bento XVI.
E acrescenta: “trata-se de um culto feito à própria medida (...), converte-se em uma festa que a comunidade faz para si mesma; celebrando-a, a comunidade não faz mais que confirmar a si mesma”. O resultado é irremediável: “Da adoração a Deus se passa a um círculo que gira em torno de si mesmo: comer, beber, divertir-se”. Em sua autobiografia (Mi vida), Ratzinger declara: “Estou convencido de que a crise eclesial em que hoje nos encontramos depende em grande parte do colapso da liturgia”.

Para encerrar, uma sugestão e uma advertência. A primeira é relançar a liturgia romana “olhando para o futuro da Igreja – escreve Bux –, em cujo centro está a cruz de Cristo, como está no centro do altar: Ele, Sumo Sacerdote a quem a Igreja dirige seu olhar hoje, como ontem e sempre”. A segunda é inequívoca: “se acreditamos que o Papa herdou as chaves de Pedro – conclui –, quem não o obedece, antes de tudo em matéria litúrgica e sacramental, não entra no Paraíso”.

Sobre como um músico católico pode agir diante de erros litúrgicos ORDENADOS pelo padre durante a Missa… Exemplos concretos

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Em um diálogo com um de nossos leitores, em uma das redes sociais em que está o Salvem a Liturgia, se apresentou a seguinte situação. Os comentários do leitor estão em itálico e azul, e os meus estão “normais”, em seguida. A linguagem é mais coloquial, dado que não se trata de um artigo ou estudo, mas de uma conversa amigável.

 

Enquanto as coisas não mudam por aqui, para não escandalizar quem não sabe e acabo tendo que continuar a tocar "Música da Vela", "Música da Bíblia", e outras "processionais".

Nunca é escândalo fazer o correto. Pode ser o uso de elementos facultativos - latim, gregoriano, versus Deum.

Quando se sabe o certo e se o faz, se está simplesmente desobedecendo.

Fazer o certo DEVERIA não escandalizar, mas na prática escandaliza depois de tantos anos de errado. Tem coisas que, para corrigir, não depende exclusivamente de uma pessoa ou de um grupo, mas do próprio padre.

Claro que as coisas devem ser feitas aos poucos, e não dá pra implantar o correto de uma hora pra outra em todas as paróquias. Não estou dizendo que se faça isso. Eu mesmo não consigo nas paróquias por onde passei.

Mas uma coisa que não só dá pra fazer, mas penso que é obrigação, é recusar-se a fazer o errado.

Por exemplo, já me recusei a tocar coisas erradas na Missa. Se o padre bate o pé, ele que arrume outro para tocar. Quando me chamam para fazer leituras, se querem que eu vá na procissão, que eu entre vestindo fantasia de ministro, simplesmente digo que não farei: "Ou faço a leitura como manda o Missal, ou procurem outro".

Uma coisa é tolerar os erros na Missa, temporariamente, enquanto se luta ou reza pela adoção do correto. Isso é lícito. O que não me parece lícito é a outra atitude, que retratas: não só tolerar os tais erros, como PROMOVÊ-LOS OU DELES PARTICIPAR.

Evidentemente, é preciso coragem, mas somos chamados a isso. Não adianta saber o certo se participamos do errado.

Existe uma situação bem corriqueira, que é o "Derrama Senhor / Parabéns" após os avisos e antes da bênção final. As pessoas estão acostumadas a isso, e se o padre não extirpa (por exemplo, dá a bênção final e a despedida e, após, faz o parabéns, bênção das alianças, apresentação de crianças e coisas do gênero), eu que to na música fico sem escolha, toco o parabéns!

Ué, é simples. Não toca. Deixa que cantem sozinhos. Se depois o padre vier perguntar, explica o motivo. Se não podes obrigar o padre a fazer o certo, muito menos ele pode te obrigar a fazer o errado. O que ele vai fazer? Te pegar pelo pescoço e obrigar a tocar?

De fato, isso é que tá faltando. Mas me veio um questionamento à mente agora: será que não existe a possibilidade de ocorrer omissão nas rubricas? Por exemplo, algo deveria estar previsto, e é lógica a sua previsão pois sem a qual desestrutura a sequência de rubricas, mas nada há previsto. Digamos, em juridiquês, "a lei disse menos do que queria dizer".

Sim, e quando tal ocorre vamos buscar na "mente do legislador", que é, na prática, o costume tradicional do rito romano. Por exemplo, a omissão dos "dedos unidos após a Consagração do pão", "abençoar a água antes de colocar no cálice", "purificar o cálice não só com vinho, mas com água", "cruzar a estola" etc.

Aliás, é justamente esse entendimento de que o rito antigo pode iluminar o novo nas omissões, quando há lógica em manter costumes, que permite o chamado "mútuo enriquecimento", do qual fala o Summorum Pontificum, e que vai proporcionar um sadio desenvolvimento ritual. As duas formas são de um mesmo rito, e a reforma de Paulo VI, mesmo com algumas deficiências, não criou, simplesmente, um rito, mas continuou o mesmo rito romano.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Novos diáconos para o ICRSS

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Cardeal Burke, o grande campeão da liturgia tradicional, ordenou três novos diáconos para o Instituto de Cristo o Rei em seu seminário próximo de Florença em 30 de janeiro de 2011. Na véspera, o Cardeal guiou sua peregrinação anual para Treviso, onde o coração de São Francisco de Sales, Patrono do Instituto, é venerado. Aqui estão algumas imagens de ambas as ocasiões.
Primeiras as ordenações:










Peregrinação a Treviso:


O Cardeal diante do coração de São Francisco de Sales.








Estas fotos são do site do ICRSS. Mais fotos AQUI e AQUI.
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