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terça-feira, 8 de março de 2011

Sobre como um músico católico pode agir diante de erros litúrgicos ORDENADOS pelo padre durante a Missa… Exemplos concretos

Em um diálogo com um de nossos leitores, em uma das redes sociais em que está o Salvem a Liturgia, se apresentou a seguinte situação. Os comentários do leitor estão em itálico e azul, e os meus estão “normais”, em seguida. A linguagem é mais coloquial, dado que não se trata de um artigo ou estudo, mas de uma conversa amigável.

 

Enquanto as coisas não mudam por aqui, para não escandalizar quem não sabe e acabo tendo que continuar a tocar "Música da Vela", "Música da Bíblia", e outras "processionais".

Nunca é escândalo fazer o correto. Pode ser o uso de elementos facultativos - latim, gregoriano, versus Deum.

Quando se sabe o certo e se o faz, se está simplesmente desobedecendo.

Fazer o certo DEVERIA não escandalizar, mas na prática escandaliza depois de tantos anos de errado. Tem coisas que, para corrigir, não depende exclusivamente de uma pessoa ou de um grupo, mas do próprio padre.

Claro que as coisas devem ser feitas aos poucos, e não dá pra implantar o correto de uma hora pra outra em todas as paróquias. Não estou dizendo que se faça isso. Eu mesmo não consigo nas paróquias por onde passei.

Mas uma coisa que não só dá pra fazer, mas penso que é obrigação, é recusar-se a fazer o errado.

Por exemplo, já me recusei a tocar coisas erradas na Missa. Se o padre bate o pé, ele que arrume outro para tocar. Quando me chamam para fazer leituras, se querem que eu vá na procissão, que eu entre vestindo fantasia de ministro, simplesmente digo que não farei: "Ou faço a leitura como manda o Missal, ou procurem outro".

Uma coisa é tolerar os erros na Missa, temporariamente, enquanto se luta ou reza pela adoção do correto. Isso é lícito. O que não me parece lícito é a outra atitude, que retratas: não só tolerar os tais erros, como PROMOVÊ-LOS OU DELES PARTICIPAR.

Evidentemente, é preciso coragem, mas somos chamados a isso. Não adianta saber o certo se participamos do errado.

Existe uma situação bem corriqueira, que é o "Derrama Senhor / Parabéns" após os avisos e antes da bênção final. As pessoas estão acostumadas a isso, e se o padre não extirpa (por exemplo, dá a bênção final e a despedida e, após, faz o parabéns, bênção das alianças, apresentação de crianças e coisas do gênero), eu que to na música fico sem escolha, toco o parabéns!

Ué, é simples. Não toca. Deixa que cantem sozinhos. Se depois o padre vier perguntar, explica o motivo. Se não podes obrigar o padre a fazer o certo, muito menos ele pode te obrigar a fazer o errado. O que ele vai fazer? Te pegar pelo pescoço e obrigar a tocar?

De fato, isso é que tá faltando. Mas me veio um questionamento à mente agora: será que não existe a possibilidade de ocorrer omissão nas rubricas? Por exemplo, algo deveria estar previsto, e é lógica a sua previsão pois sem a qual desestrutura a sequência de rubricas, mas nada há previsto. Digamos, em juridiquês, "a lei disse menos do que queria dizer".

Sim, e quando tal ocorre vamos buscar na "mente do legislador", que é, na prática, o costume tradicional do rito romano. Por exemplo, a omissão dos "dedos unidos após a Consagração do pão", "abençoar a água antes de colocar no cálice", "purificar o cálice não só com vinho, mas com água", "cruzar a estola" etc.

Aliás, é justamente esse entendimento de que o rito antigo pode iluminar o novo nas omissões, quando há lógica em manter costumes, que permite o chamado "mútuo enriquecimento", do qual fala o Summorum Pontificum, e que vai proporcionar um sadio desenvolvimento ritual. As duas formas são de um mesmo rito, e a reforma de Paulo VI, mesmo com algumas deficiências, não criou, simplesmente, um rito, mas continuou o mesmo rito romano.

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