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domingo, 3 de junho de 2012

Santíssima Trindade- Pe. Francisco F. Carvajal

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A Igreja celebra hoje o mistério central da nossa fé, a Santíssima Trindade, fonte de todos os dons e graças, mistério inefável da vida íntima de Deus. A liturgia da Missa convida-nos a chegar ao trato íntimo com cada uma das Três Divinas Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A festa foi estabelecida para todo o Ocidente em 1334 pelo Papa João XXII, e ficou fixada para o domingo depois da vinda do Espírito Santo.
I. TIBI LAUS, tibi gloria, tibi gratiarum actio... “A Ti o louvor, a Ti a glória, a Ti a ação de graças pelos séculos dos séculos, ó Trindade Beatíssima”1.
Depois de ter renovado os mistérios da salvação – desde o nascimento de Cristo em Belém até a vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes –, a liturgia propõe-nos o mistério central da nossa fé: a Santíssima Trindade, fonte de todos os dons e graças, mistério inefável da vida íntima de Deus.

Pouco a pouco, com uma pedagogia divina, Deus foi manifestando a sua realidade íntima, foi-nos revelando como Ele é em si, independente de todas as coisas criadas. No Antigo Testamento, dá a conhecer sobretudo a Unidade do seu Ser, bem como a sua completa distinção do mundo e o seu modo de relacionar-se com ele, como Criador e Senhor. Ensina-nos de muitas maneiras que é incriado, que não está limitado a um espaço (é imenso), nem ao tempo (é eterno). O seu poder não tem limites (é onipotente): Reconhece, pois, e medita hoje no teu coração – convida-nos a liturgia – que o Senhor é o único Deus desde o alto dos céus até ao mais profundo da terra, e que não há outro2. Somente Tu, Senhor.
O Antigo Testamento proclama sobretudo a grandeza de Javé, único Deus, Criador e Senhor de todo o Universo. Mas também revela-o como pastor que busca o seu rebanho, que cuida dos seus com mimo e ternura, que perdoa e esquece as freqüentes infidelidades do Povo eleito... Ao mesmo tempo, vai manifestando a paternidade de Deus Pai, a Encarnação de Deus Filho, que é anunciada pelos profetas, e a ação do Espírito Santo, que vivifica todas as coisas.
Mas é Cristo quem nos revela a intimidade do mistério trinitário e o convite para que participemos dele. Ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar3. Ele revelou-nos também a existência do Espírito Santo junto com o Pai e enviou-o à Igreja para que a santificasse até o fim dos tempos; e revelou-nos a perfeitíssima Unidade de vida entre as Pessoas divinas4.
O mistério da Santíssima Trindade é o ponto de partida de toda a verdade revelada e a fonte de que procede a vida sobrenatural e para a qual nos encaminhamos: somos filhos do Pai, irmãos e co-herdeiros do Filho, santificados continuamente pelo Espírito Santo para nos assemelharmos cada vez mais a Cristo. Assim crescemos no sentido da nossa filiação divina. Assim nos convertemos em templos vivos da Santíssima Trindade.
Por ser o mistério central da vida da Igreja, a Santíssima Trindade é continuamente invocada em toda a liturgia. Fomos batizados em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e em seu nome perdoam-se os pecados; ao começarmos e ao terminarmos muitas orações, dirigimo-nos ao Pai, por mediação de Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Muitas vezes ao longo do dia, nós, os cristãos, repetimos: Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
“– Deus é meu Pai! – Se meditares nisto, não sairás dessa consoladora consideração.
“– Jesus é meu Amigo íntimo! (outra descoberta), que me ama com toda a divina loucura do seu Coração.
“– O Espírito Santo é meu Consolador!, que me guia nos passos de todo o meu caminho.
“Pensa bem nisso. – Tu és de Deus..., e Deus é teu”5.
II. A VIDA DIVINA – da qual fomos chamados a participar – é fecundíssima. O Pai gera o Filho eternamente, e o Espírito Santo procede do Pai e do Filho. Esta geração do Filho e a espiração do Espírito Santo não são algo que tenha acontecido num momento determinado, deixando como fruto estável as Três Divinas Pessoas: essas procedências (os teólogos chamam-nas “processões”) são eternas.
No caso das gerações humanas, um pai gera um filho, mas esse pai e esse filho permanecem depois do ato gerador; o homem que é pai não é somente “pai”: antes e depois de gerar, é “homem”. Mas a essência de Deus Pai está em que todo o seu ser consiste em dar a vida ao Filho. Isso é o que o determina como Pessoa Divina, distinta das outras. Na vida natural, o filho que é gerado tem a sua realidade própria, mas a essência do Unigênito de Deus é precisamente ser Filho6. Em Deus, a Paternidade, a Filiação e a Espiração constituem todo o ser do Pai, do Filho e do Espírito Santo7.
Desde que o homem é chamado a participar da própria vida divina pela graça recebida no Batismo, está destinado a participar cada vez mais dessa Vida. É um caminho que é preciso percorrer continuamente. Do Espírito Santo recebemos constantes impulsos, moções, luzes, inspirações para avançarmos mais depressa por esse caminho que conduz a Deus, para estarmos numa “órbita” cada vez mais próxima do Senhor. “O coração necessita então de distinguir e adorar cada uma das Pessoas divinas. De certa maneira, o que a alma realiza na vida sobrenatural é uma descoberta semelhante às de uma criaturinha que vai abrindo os olhos à existência. E entretém-se amorosamente com o Pai e com o Filho e com o Espírito Santo; e submete-se facilmente à atividade do Paráclito vivificador, que se nos entrega sem o merecermos: os dons e as virtudes sobrenaturais!
“Corremos como o cervo, que anseia pelas fontes das águas (Ps XLI, 2); com sede, gretada a boca, ressequida. Queremos beber nesse manancial de água viva. Sem esquisitices, mergulhamos ao longo do dia nesse veio abundante e cristalino de frescas linfas que saltam até a vida eterna (cfr. Ioh IV, 14). Sobram as palavras, porque a língua não consegue expressar-se; começa a serenar-se a inteligência. Não se raciocina, fita-se! E a alma rompe outra vez a cantar com um cântico novo, porque se sente e se sabe também fitada amorosamente por Deus, em todos os momentos”8.
III. A SANTÍSSIMA TRINDADE habita na nossa alma como num templo. E São Paulo faz-nos saber que o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado9. E aí, na intimidade da alma, temos de nos acostumar a relacionar-nos com Deus Pai, com Deus Filho e com Deus Espírito Santo. “Vós, Trindade eterna, sois mar profundo, no qual quanto mais penetro, mais descubro, e quanto mais descubro, mais vos procuro”10, dizemos-lhe no recolhimento da nossa alma.
“Ó meu Deus, Trindade Santíssima! Extraí do meu pobre ser o máximo rendimento para a vossa glória e fazei de mim o que quiserdes no tempo e na eternidade. Que eu jamais levante o menor obstáculo voluntário à vossa ação transformadora [...]. Segundo a segundo, com intenção sempre atual, quereria oferecer-vos tudo quanto sou e tenho; e que a minha pobre vida fosse, em união íntima com o Verbo Encarnado, um sacrifício incessante de louvor de glória à Santíssima Trindade [...].
“Ó meu Deus, como quereria glorificar-vos! Oh, se em troca da minha completa imolação, ou de qualquer outra condição, estivesse em minhas mãos incendiar o coração de todas as vossas criaturas e toda a Criação nas chamas do vosso amor, como quereria fazê-lo de todo o coração! Que ao menos o meu pobre coração vos pertença por inteiro, que nada reserve para mim nem para as criaturas, nem uma só das suas pulsações. Que eu ame imensamente todos os meus irmãos, mas unicamente convosco, por Vós e para Vós [...]. Desejaria, sobretudo, amar-vos com o coração de São José, com o Coração Imaculado de Maria, com o Coração adorável de Jesus. Desejaria, finalmente, submergir nesse Oceano infinito, nesse Abismo de fogo que consome o Pai e o Filho na unidade do Espírito Santo e amar-vos com o vosso próprio infinito amor [...].
“Pai Eterno, Princípio e Fim de todas as coisas! Pelo Coração Imaculado de Maria eu vos ofereço Jesus, vosso Verbo Encarnado, e por Ele, com Ele e nEle, quero repetir-vos sem cessar este grito arrancado do mais fundo de minha alma: Pai, glorificai continuamente o vosso Filho, para que o vosso Filho vos glorifique na unidade do Espírito Santo pelos séculos dos séculos (cfr. Jo 17, 1).
“Ó Jesus, que dissestes: Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar (Mt 11, 27), “mostrai-nos o Pai, e isso nos basta! (Jo 14, 8).
“E Vós, ó Espírito de Amor!, ensinai-nos todas as coisas (Jo 14, 26) e formai com Maria, em nós, Cristo Jesus (Gal 4, 19), até que sejamosconsumados na unidade (Jo 17, 23), no seio do Pai (Jo 1, 18). Amém”11.
(1) Triságio Angélico; (2) Deut 4, 39; Primeira leitura da Missa da Solenidade da Santíssima Trindade, ciclo B; (3) Mt 11, 27; (4) Jo 16, 12-15;Evangelhoib., ciclo C; (5) Josemaría Escrivá, Forja, n. 2; (6) cfr. J. M. Pero-Sanz, El Símbolo Atanasiano, Palabra, Madrid, 1976, pág. 51; (7) Um Cartuxo, La Trinidad y la vida interior, 2ª ed., Rialp, Madrid, 1958, págs. 45-47; (8) Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, ns. 306-307; (9) Rom 5, 5; Segunda leituraib., ciclo C; (10) Santa Catarina de Sena, Diálogo, 167; (11) Sor Isabel da Trindade, Elevación a la Santísima Trinidad, em Obras completas, 4ª ed., Ed. Monte Carmelo, Burgos, 1985, págs. 757-758.

sábado, 2 de junho de 2012

Deixai vir a mim as criancinhas (ou: a participação ativa de crianças na Forma Extraordinária)

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O New Liturgical Movement trouxe recentemente um interessantíssimo relato de uma leitora a respeito da participação de crianças numa Santa Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano.

A Missa foi rezada para uma Junior school (mais ou menos equivalente ao nosso Ensino Fundamental) na cidade de Birmingham (Inglaterra) pelo Pe. George Grynowski. Antes da Missa, houve uma breve palestra sobre a história da Missa e as diferenças entre as duas formas do Rito Romano. Durante a Missa, foram inseridos três comentários (antes do Ofertório, do Cânon e após a Comunhão), lidos por crianças. E após a Missa, o Regina Caeli foi cantado (detalhe: o pedido partiu de uma das crianças!).

As crianças recebendo a Santa Comunhão
Na volta para a escola, os alunos escreverem uma breve redação sobre a Missa da qual participaram. E aqui veio a parte que mais me surpreendeu! O retorno delas foi extremamente positivo. Comentários como: “Eu gostei que ela foi rezada em latim, como deveria ser sempre”, “Ela é silenciosa e mais cheia de paz”, “Ela era quieta, o que me deu mais tempo para rezar”. De fato, um terço das crianças do 5º Ano (aprox. 10 anos de idade) disse preferir a Missa na Forma Extraordinária.

Quem sabe é justamente a pureza destas crianças – livres de preconceitos e ideologias – de que necessitamos todos nós, principalmente aqueles que se opõem radicalmente à Forma Extraordinária. O argumento de que o usus antiquior ou o latim impedem a participação verdadeira e ativa cai por terra diante da simplicidade destas crianças.

Bem tinha razão Nosso Senhor: «Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas. Em verdade vos declaro: quem não receber o Reino de Deus como uma criancinha, nele não entrará» (Lc XVIII, 16-17).

Que Nossa Senhora nos ensine a ter um coração de criança para que possamos, como uma criança que se agarra na saia de sua mãe, nos colocar ao seu lado diante do Sacrifício de Seu Filho que se atualiza em cada Santa Missa.

E você, caro leitor, tem alguma história positiva acerca da participação de crianças na Santa Missa na Forma Extraordinária?

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Visitação de Nossa Senhora - Pe. Francisco F. Carvajal

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A festa de hoje, instituída por Urbano VI em 1389, situa-se entre a Anunciação do Senhor e o nascimento de João Batista, de acordo com o relato evangélico. Comemora-se a visita de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel, já avançada em idade, para ajudá-la na esperança da sua maternidade, e ao mesmo tempo para partilhar com ela o júbilo das maravilhas realizadas por Deus em ambas. Esta festa da Virgem, com a qual terminamos o mês que lhe é dedicado, manifesta-nos a sua ação medianeira, o seu espírito de serviço e a sua profunda humildade. Ensina-nos a levar a alegria cristã aos lugares aonde vamos. Como Maria, temos de ser causa de alegria para os outros.
I. VINDE E ESCUTAI, todos os que temeis a Deus, e eu vos contarei as maravilhas que o Senhor fez em mim1, lemos na Antífona de entrada da Missa.
Pouco depois da Anunciação, Nossa Senhora foi visitar sua prima Isabel, que vivia na região montanhosa da Judéia, a quatro ou cinco dias de caminho. Naqueles dias – diz São Lucas –, Maria levantou-se e foi com presteza à montanha, a uma cidade de Judá2. A Virgem, ao conhecer por meio do Anjo o estado de Isabel, apressa-se a ir ajudá-la nas lides da casa. Ninguém a obriga; Deus, através do Anjo, não lhe exigira nada nesse sentido, e Isabel não lhe solicitara ajuda. Maria poderia ter permanecido na sua própria casa, para preparar a chegada do seu Filho, o Messias. Mas põe-se a caminho cum festinatione, com alegre prontidão, para prestar os seus singelos serviços à sua prima3.

Nós acompanhamo-la por aqueles caminhos nestes momentos de oração e dizemos-lhe com as palavras que lemos na primeira Leitura da Missa: Entoa cânticos de louvor, filha de Sião, alegra-te e exulta de todo o coração, filha de Jerusalém [...]. O Senhor, que é o rei de Israel, está no meio de ti [...]. Ele se regozijará em ti com júbilo eterno4.
É fácil imaginar a imensa alegria que dominava a nossa Mãe desde o dia da Anunciação, e o grande desejo que teria de comunicá-la. Por outro lado, o anjo dissera-lhe: Eis que Isabel, tua prima, também concebeu um filho..., e, segundo esse testemunho expresso, tratava-se de uma concepção prodigiosa, relacionada de algum modo com o Messias que estava para vir5.
Nossa Senhora entrou em casa de Zacarias e saudou sua prima. E aconteceu que, quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança saltou no seu seio, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Toda a casa se transformou pela presença de Jesus e de Maria. A saudação da Virgem “foi eficaz porquanto cumulou Isabel do Espírito Santo. Com as suas palavras, mediante a profecia, Maria fez brotar na sua prima, como de uma fonte, um rio de dons divinos [...]. Com efeito, onde quer que esteja a cheia de graça, tudo fica repleto de alegria”6. É um prodígio que Jesus realiza por meio de Maria, dAquela que esteve associada desde os começos à Redenção e à alegria que Cristo traz ao mundo.
A festa de hoje apresenta-nos uma faceta da vida interior de Maria: a sua atitude de serviço humilde e de amor desinteressado pelos que se encontram em necessidade7, uma atitude que se traduz numa maravilhosa sementeira de alegria. Maria convida-nos sempre à entrega pronta, alegre e simples aos outros. Mas isto só será possível se nos mantivermos muito unidos ao Senhor, trazendo-o dentro de nós pelo estado de graça e pelo espírito de oração: “A união com Deus, a vida sobrenatural, comporta sempre a prática atraente das virtudes humanas: Maria leva a alegria ao lar de sua prima, porque «leva» Cristo”8. Nós «levamos» Cristo conosco, e com Ele a alegria, aos lugares onde vamos..., ao trabalho, aos vizinhos, a um doente...? Somos habitualmente causa de alegria para os outros?
II. À CHEGADA DE NOSSA SENHORA, Isabel, repleta do Espírito Santo, proclama em voz alta: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre! De onde a mim esta dita, que venha a Mãe do meu Senhor visitar-me? Porque assim que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu ventre.
Isabel não se limita a chamá-la bendita, mas relaciona o seu louvor com o fruto do ventre de Maria, que é bendito pelos séculos. Maria e Jesus estarão sempre juntos. Os momentos mais prodigiosos da vida de Jesus transcorrerão – como neste caso – em íntima união com a sua Mãe, Medianeira de todas as graças: “Esta união entre Mãe e Filho na obra da Salvação – diz o Concílio Vaticano II – manifesta-se desde o tempo da conceição virginal de Cristo até a sua morte”9.
Devemos aprender hoje, uma vez mais, que cada encontro com Maria representa um novo encontro com Jesus. “Se procurarmos Maria, encontraremos Jesus. E aprenderemos a entender um pouco do que há no coração de um Deus que se aniquila [...]”10, que se torna acessível no meio da simplicidade dos dias correntes de uma cena doméstica como a visita de Maria à sua prima Santa Isabel.
Lembremo-nos, porém, de que esse dom imenso – podermos conhecer e amar a Cristo – teve o seu começo na fé de Santa Maria:Bem-aventurada a que acreditou, diz Isabel a Maria. “A plenitude de graça, anunciada pelo anjo, significa o dom do próprio Deus; a fé de Maria, proclamada por Isabel na Visitação, significa que a Virgem de Nazaré correspondeu a esse dom”11.
Manter a fé, robustecê-la no meio da vida diária, não é fácil. Tudo parece tão banal ou tão necessário, tão dependente dos nossos esforços ou de leis meramente naturais, que tendemos a perder de vista que é Deus quem produz em nós o querer e o agir12Sem mim, nada podeis fazer13, disse-nos o Senhor: nada. O nosso Deus é umDeus escondido14, que prefere atuar por meio de causas segundas. Seremos tão insensatos – e tão infelizes – que não descubramos a sua mão amorosa, os seus desígnios eternos, tanto nos eventos mais clamorosos como no suceder “mecânico” das horas de trabalho, da vida familiar? Para um homem de fé, para uma mulher de fé, tudo é Providência.
III. O CLIMA QUE RODEIA e empapa o episódio da Visitação é de alegria; o mistério da Visitação é um mistério jubiloso. João Batista exulta de alegria no seio de Santa Isabel; Isabel, cheia de alegria pelo dom da maternidade, prorrompe em aclamações ao Senhor; e, enfim, Maria eleva aos céus o Magnificat, um hino transbordante de alegria messiânica15. O Magnificat é “o cântico dos tempos messiânicos, onde confluem a alegria do antigo e do novo Israel”16. E é a manifestação mais pura do segredo íntimo da Virgem, que lhe fora revelado pelo anjo. Não há nele rebuscamento nem artificialismo: é o espelho da alma de Nossa Senhora, uma alma cheia de grandeza e tão próxima do seu Criador: A minha alma glorifica o Senhor, e o meu espírito rejubila em Deus, meu Salvador.
E com este canto de alegria humilde, a Virgem deixou-nos uma profecia: Eis que desde agora me chamarão bem-aventurada todas as gerações. “Desde remotíssimos tempos a Bem-aventurada Virgem é venerada sob o título de Mãe de Deus, sob cuja proteção os fiéis se refugiam súplices em todos os seus perigos e necessidades. Por isso, sobretudo a partir do Concílio de Éfeso, o culto do povo de Deus a Maria cresceu maravilhosamente em veneração e amor, em invocações e desejos de imitação, de acordo com as suas próprias palavras proféticas: Eis que me chamarão bem-aventurada todas as gerações, porque fez em mim grandes coisas aquele que é Todo-Poderoso17.
A nossa Mãe Santa Maria não se distinguiu por nenhum feito prodigioso; o Evangelho não nos dá a conhecer nenhum milagre que tenha realizado enquanto esteve na terra; poucas, muito poucas são as palavras que dEla nos conservou o texto inspirado. A sua vida aos olhos dos outros foi a de uma mulher corrente, que devia levar adiante a sua família. No entanto, a profecia cumpriu-se fielmente. Quem pode contar os louvores, as invocações, as oferendas e os santuários em sua honra, as devoções marianas...? Ao longo de vinte séculos, chamaram-na bem-aventurada pessoas de todo o gênero e condição: intelectuais e gente que não sabia ler, reis, guerreiros, artesãos, pessoas de idade avançada e crianças que começavam a balbuciar... Nós estamos cumprindo agora aquela profecia. Ave Maria, cheia de graça [...], bendita sois vós entre as mulheres..., dizemos-lhe na intimidade do nosso coração.
De modo particular, tivemos ocasião de invocá-la ao longo dos dias deste mês de maio, “mas o mês de maio não pode terminar; deve continuar na nossa vida, porque a veneração, o amor, a devoção à Virgem não podem desaparecer do nosso coração, e, além disso, devem crescer e manifestar-se num testemunho de vida cristã, modelada conforme o exemplo de Maria, o nome da formosa flor que sempre invoco, manhã e tarde, como canta Dante Alighieri (Paraíso 23, 88)”18.
Pelo trato íntimo com Maria, descobrimos Jesus. “Como seria o olhar alegre de Jesus! O mesmo que brilharia nos olhos de sua Mãe, que não pode conter a alegria – «Magnificat anima mea Dominum!» –, e a sua alma glorifica o Senhor desde que o traz dentro de si e a seu lado. – Ó Mãe! Que a nossa alegria, como a tua, seja a alegria de estar com Ele e de o possuir”19.
(1) Sl 65, 16; Antífona de entrada da Missa de 31 de maio; (2) Lc 1, 39-59; (3) cfr. M. D. Philippe, Misterio de Maria, pág. 142; (4) Sof 3, 14.17-18; (5) cfr. F. M. Willam,Vida de Maria, pág. 85; (6) Pseudo-Gregório Taumaturgo, Homilia II sobre a Anunciação; (7) João Paulo II, Homilia, 31-V-1979; (8) Josemaría Escrivá, Sulco, n. 566; (9) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 57-58; (10) Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 144; (11) João Paulo II, Enc. Redemptoris Mater, 25-III-1987, 12; (12) Fil 2, 13; (13) Jo 15, 5; (14) Is 45, 15; (15) cfr. id.,Homilia, 31-V-1979; (16) Paulo VI, Exort. Apost. Marialis cultus, 2-II-1974, 18; (17) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 66; (18) João Paulo II, Homilia, 25-V-1979; (19) Josemaría Escrivá, Sulco, n. 95.

Pe. Jacson, amigo do Salvem, é nomeado cônego em Frederico Westphalen, RS

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Dom Antonio Keller nos manda mensagem e fotos:

No último dia 13 de maio, na Catedral Santo Antonio, de Frederico Westphalen (RS), o Revmo. Pe. Jacson Rodrigo Pinheiro, do presbitério da Diocese, recebeu, de minhas mãos o título de Cônego Honorário do Capítulo da Catedral.

Cônego Jacson é Pároco de Seberi, Chanceler do Bispado, Diretor Espiritual do Seminário Maior, Juiz Auditor da Câmara Eclesiástica e também Diretor Espiritual do Cursilho de Cristandade e do Movimento Emaús.

Todos temos uma grande estima pelo mais novo Cônego da Diocese, por sua dedicação, profundo senso eclesial e por ser sempre um bom amigo de todos.

Desejo ao Cônego Jacson toda a alegria e paz no Senhor, agradecendo muito sua presença tão dedicada em nossa Diocese.

Dom Antonio Carlos Rossi Keller
Bispo de Frederico Westphalen








quarta-feira, 30 de maio de 2012

Cadê o espírito da liturgia?

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É notório que existe atualmente na Igreja um forte clamor pela retomada da estética. Entretanto, como já nos ensina o Santo Padre, esta busca não deve se transformar no esteticismo vazio, mas, isto sim, tem que ser consequência de algo anterior, da intimidade com Deus e da busca sincera pela vivência coerente da fé cristã.

Entretanto, também é notório que muitos se satisfazem nas rendas e nos brocados ou já consideram batalha ganha se os seminaristas usam batina. Contudo, a preocupação de Bento XVI se encontra muito mais na evangelização da cultura e na reflexão a respeito da crise da modernidade. Porém, em perfeita sintonia com o seu projeto, o Sumo Pontífice, em suas cerimônias, procura colocar em prática aquilo que já destacara em obras como “Introdução ao Espírito da Liturgia.”

Como o próprio título do livro do então Cardeal Ratzinger nos mostra, a liturgia tem um espírito, e certamente este não se encontra na vazia percepção horizontal. Reduzir a “reforma da reforma”, como alguns gostam de chamar o novo movimento litúrgico, ao uso de casula romana ou alva com renda de frivolité é, simplesmente, incidir no mesmíssimo erro tão comum nas décadas de 70 e 80. O esvaziamento do mistério pode ser feito tanto de túnica, estola e atabaque como com brocados, batinas e latim.

Deste modo, é mais do que urgente fortalecer as mais diversas frentes. Assim, se é necessário que a Igreja esteja refletindo sobre a cultura, também é importante que haja outros empenhados na defesa da liturgia. Entretanto, que todos saibam pelo que estão lutando e porque estão batalhando. Não há espaço para simplismos e idealizações românticas. Não se pode confundir tradição com uso de batina ou casula romana. Pode ser, porém, que o uso de batinas, rendas, brocados ou qualquer coisa do gênero seja uma faceta da tradição, mas seria extremamente inocente de nossa parte cantar odes de alegria ao se deparar com um sacerdote trajado com o seu hábito talar ou portando um barrete na Santa Missa. Preocupemos-nos primeiro com a coerência de vida e a com a busca sincera da santidade, o resto, sim, o resto, é consequência e fruto.

II Encontro Consagra-te! Em Cuiabá

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terça-feira, 29 de maio de 2012

Arcebispo de Goiânia chama à fidelidade litúrgica e proíbe "orações de cura" durante a Missa

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Do site da CNBB:

Arcebispo de Goiânia não permite inserção de"orações de cura" na Missa  
O arcebispo de Goiânia (GO), Dom Washington Cruz, assinou decreto, no início de abril último, não permitindo a inserção de "orações de cura" durante a celebração da missa. O arcebispo lembra, no Decreto, que as orações de cura litúrgicas se celebrem segundo o rito prescrito e com as vestes sagradas indicadas no Ordo benedictionis infirmorum do Rituale Romanum.
Dom Washington Cruz
Veja a íntegra do Decreto:
Considerando 
• a Instr. Ardens felicitatis, da Congregação para a Doutrina da Fé (14 de setembro de 2000), na qual se afirma que «a própria Igreja na sua liturgia pede ao Senhor pela saúde dos enfermos» (n. 2); 
• o documento n. 53 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (27 de novembro de 1994), no qual se estabeleceu que «Nas celebrações, observe-se a legislação litúrgica [ ..] Não se introduzam elementos estranhos à tradição litúrgica da Igreja ou que estejam em desacordo com o que estabelece o Magistério ou aquilo que é exigido pela própria índole da celebração» (n. 40); 
• a competência do Bispo diocesano de «dar normas relativas à liturgia, às quais todos são obrigados» (cân. 838, § 4),

DECRETA 
- que as orações de cura litúrgicas se celebrem segundo o rito prescrito e com as vestes sagradas indicadas no Ordo benedictionis infirmorum do Rituale Romanum;
- que o uso de instrumentos de comunicação social, durante as orações de cura, tanto litúrgicas como não litúrgicas, seja submetido à vigilância do Bispo, conforme o cân. 823; 
- que não se insiram orações de cura, litúrgicas ou não litúrgicas, na celebração da Santíssima Eucaristia, dos Sacramentos e da Liturgia das Horas. 
Consciente que "A intervenção da autoridade do Bispo diocesano é obrigatória e necessária, quando se verificarem abusos nas celebrações de cura, litúrgicas ou não litúrgicas, em caso de evidente escândalo para a comunidade dos fiéis ou quando houver grave inobservância das normas litúrgicas e disciplinares» (art. 10, Instr. Ardens felicitatis), estabelece que o presente decreto seja publicado e notificado no território da Arquidiocese. 
Dado em Goiânia, na sede da Cúria Metropolitana, aos 05 dias do mês de abril de 2012. 
Dom Washington Cruz
Arcebispo Metropolitano de Goiânia
**

Que mais e mais bispos possam, como nossos pastores que são, repetir esta bela atitude de Dom Washington. Vivemos num tempo em que se tornou comum ouvir falar de "missa de cura", "missa disso" e "missa daquilo". Mas a Santa Missa não é entretenimento, e o centro da Liturgia deve ser Cristo. Essa corrida pela "(pseudo-)criatividade" litúrgica já levou a que padres disputem fiéis um com o outro. Isso é um fato!

Cristo deve voltar a ser o centro e, para que isso aconteça de forma mais eficaz, precisamos mortificar nossa vontade de atrair os fiéis de outras formas que não pelo próprio Cristo presente no Santo Sacrifício da Missa. Basta que sirvamos a Igreja como ela quer ser servida!
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