Original em New
Liturgical
Movement
Tradução por Salvem a Liturgia
Tradução por Salvem a Liturgia
(Obs: Notas do
tradutor, sejam no rodapé, sejam no decorrer do texto, estão
indicadas pela sigla NdT)
Duas
semanas atrás, o Santo Padre encorajou
todos
dentro da Igreja para assumirem a oração dos salmos e o Ofício
Divino, e ainda
ontem
[01 de dezembro de 2011, NdT] o Papa destacou que “a nova
evangelização é inseparável da família cristã”. Enquanto
isso, no New Liturgical Movement, falamos ontem de uma família
cristã
ortodoxa
que assumiu o canto do Ofício como parte de sua oração em família,
e uma semana e meia atrás, falamos de alguns
costumes
do
Advento
como a Coroa do Advento e a Árvore de Jessé, que poderiam ajudar a
trazer o ano litúrgico para dentro de casa.
Então,
como todas estas coisas se interligam?
Bem,
verdade seja dita, elas se interligam de várias maneiras, mas há
uma maneira em particular que eu gostaria de destacar e que está
ligada a um tema que temos discutido e rediscutido ao longo dos anos:
a Igreja doméstica e a vivência de uma vida litúrgica.
Alguns
leigos podem experimentar uma sensação de impotência quando
consideram as “sombras” (para usar a imagem adotada por alguns
dentro da Cúria Romana) dentro da Igreja. Mesmo que eles não se
sintam completamente impotentes, particularmente quando consideram a
questão da sagrada liturgia eles podem sentir que têm pouco a
contribuir – além de, quem sabe, uma voz no coro ou um ou dois
coroinhas no presbitério. Eles podem sentir como se tivessem que, em
última análise, sentar e esperar para que Roma ou o clero entreguem
a solução para eles. Mas se alguém fosse pensar assim, estaria
realmente errado, mais ainda, drasticamente errado.
Certamente
Roma e o clero têm um papel muito importante a desempenhar, mas o
novo movimento litúrgico não se trata de uma questão apenas para o
Santo Padre, para a Santa Sé ou para o clero e os religiosos
cuidarem. O novo movimento litúrgico é uma tarefa a ser assumida
por todos, e todos, de fato, tem um papel importante a desempenhar.
Isto inclui a família. Na verdade, não apenas inclui a família; eu
ouso dizer que a família tem um papel absolutamente crítico e
altamente influente.
Se for
para o novo movimento litúrgico florescer e avançar para sua
máxima extensão, ele deve ser vivido não apenas dentro de nossas
paróquias e instituições, ele deve também enraizar-se e ser
atualizado dentro de nossas casas; não devemos apenas tentar
fomentar a vida litúrgica tardiamente na vida, devemos plantar a
semente e regá-la cedo dentro da vida de nossas crianças. E, de
fato, uma vez que as famílias são, como dizia o Papa João Paulo
II, “a
sementeira
das
vocações”
[1],
esta
educação
antecipada
na vida
litúrgica,
esta
formação
litúrgica
será
seguramente
de grande
importância
e
influência
também com
relação
aos futuros
padres e
bispos. Na
verdade, se
as famílias
não
incutirem
esta
formação
litúrgica
logo no
início,
nós
dificilmente
poderemos
não nos
surpreender
se a
tarefa
parecer tão
lenta e árdua mais tarde. A este respeito, talvez possamos pensar na
família não apenas como sementeira
de
vocações,
mas também
como
sementeira
de um novo movimento litúrgico.
Voltando
nosso olhar para o Movimento Litúrgico do século XX, este mesmo
ponto foi feito por Emerson Hynes em seu artigo Before All Else
(Orate Fratres, 21 de março de 1943. Vol. XVII,
n. 5). Lá ele fez a pergunta “quão importante é a família no
movimento litúrgico”? E comentou:
Nós reconhecemos a força da família em moldar os hábitos e o caráter das crianças. Nós sabemos também que nem a fé nem as idéias são herdadas. Elas são incutidas, e a família é o instrumento ordinário por meio do qual isto é realizado... Porque a família é uma sociedade tão básica e tão íntima, ela é a unidade mais poderosa para a preservação da herança. Antes que um movimento possa estabelecer-se permanentemente ele deve ter o apoio das famílias, deve tornar-se parte da tradição familiar. O movimento litúrgico permanecerá um movimento e nada mais até o momento em que ele se torne uma herança familiar. Pois embora a fonte da liturgia seja Cristo, através de Sua Igreja, e os seus guardiões próprios sejam os padres, através da paróquia, o florescimento da liturgia nas vidas dos membros [da Igreja, NdT] não será permanente até que ela se torne uma parte e parcela da vida da família cristã. Neste sentido, nós não podemos falar das famílias cristãs como os guardiões populares da liturgia, meios subordinados, porém essenciais para sua [maior, NdT] força e expansão?Assim, também nossa resposta para a questão “quão importante é a família no movimento litúrgico?” deve ser que a família tem um papel absolutamente indispensável a desempenhar antecipando-o, proporcionando a faísca e o fogo que lançarão a luz necessária, a qual ajudará a dissipar as “sombras”. Mas se isso for acontecer, as famílias devem assumir o desafio agora, “moldando os hábitos e o caráter de [suas] crianças” de uma forma litúrgica, fazendo-a “parte e parcela da vida da família cristã”.
Vamos ao
trabalho.
[1]
NdT: Optou-se por uma tradução mais literal, embora a tradução
oficial para português desta expressão, conforme a Familiaris
Consortio (n. 53), seja “seminário da vocação”.