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quarta-feira, 16 de março de 2011

Despedida do aleluia

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As fotos abaixo ilustram um costume que alguns países europeus adotavam para se praticar no sábado anterior ao Domingo da Septuagésima, quando, pelo calendário antigo (hoje preservado na forma extraordinária do rito romano), despediam-se da palavra “aleluia”, retomada depois só na Vigília Pascal. Para quem usa o calendário novo, ou seja, a forma ordinária do rito romano, essa despedida se dá na Terça-feira de Carnaval, dado que, sem Septuagésima, o aleluia só se encerra na Quaresma.

Não é um ato litúrgico, uma celebração litúrgica, mas uma devoção. Ainda assim, guarda muita conexão com a liturgia, como devem ser os atos devocionais (culto privado inspirado ou iluminado pelo culto público, evitando-se tanto a dicotomia piedade X liturgia, quanto o erro do liturgicismo em extirpar as devoções populares em nome de uma falsa compreensão da liturgia).

Aqui em casa, estamos adotando um jantar especial para nos despedirmos do aleluia na Terça-feira de Carnaval, que nos ajudará a viver melhor a Quaresma iniciada na Quarta-feira de Cinzas. Mas não fazemos, por enquanto (por falta de quórum: apenas minha esposa, eu, e nossa filha de onze meses), o “enterro do aleluia”, como nas fotos abaixo.

A celebração devocional se deu antes da Missa, em um colégio católico dirigido pelos ex-anglicanos do Texas, EUA, ligado à Paróquia Anglican Use de Nossa Senhora da Expiação (Our Lady of Atonement). Aliás, a Missa, celebrada versus Deum, foi, como de costume, no uso anglicano.

Os alunos escreveram a palavra “aleluia” em bilhetes, e colocaram em um pequeno caixão. Após, esse caixão foi levado para o altar principal, onde, depois, foi celebrada a Santa Missa. Após a celebração eucarística, os alunos levaram o caixão com os “aleluias”, para um altar lateral em honra de Nossa Senhora, cantando, em gregoriano, o “Alleluia, dulce carmen”.

O caixão lá permanecerá até a Solene Vigília Pascal, quando será aberto durante o canto aleluiático próprio desta Missa.

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Abaixo, fotos da Missa:

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Rito de Eleição, para os candidatos ao Ordinariato para ex-anglicanos

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Uma das etapas do Rito de Iniciação Cristã de Adultos (RICA) foi celebrada em catedrais Inglaterra afora, para recepção de novos convertidos, entre os quais perto de 800 ex-anglicanos.

O RICA, sobre o qual escreveremos algum dia, é uma grande ferramenta implementada pela reforma litúrgica, que redescobriu as etapas de formação, com caráter ritual, aproveitando a Quaresma para formar os não-batizados e os batizados em outras confissões cristãs que queiram entrar na Igreja Católica. Nem todas as dioceses do mundo o aplicam, e temos a triste de notícia de algumas, inclusive no Brasil, tratam-no como apenas um diretório para a catequese, tirando sua dimensão litúrgica.

Embora facultativo, ele é um poderoso instrumento de mistagogia para os convertidos. Ao longo da Quaresma, várias celebrações, algumas delas fora da Missa, constituindo uma cerimônia a parte, vão iniciando os catecúmenos na doutrina e na oração da Igreja. A Entrega do Pai Nosso, o Rito da Eleição, etc. Tudo para culminar na Solene Vigília Pascal, com o Batismo, Crisma e Primeira Comunhão dos catecúmenos. No caso dos já batizados, apenas a Crisma e a Primeira Comunhão na Igreja.

Abaixo, uma foto do Rito da Eleição, primeira cerimônia do RICA, celebrado em Westminster:





Anglican Use Gradual

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As paróquias de uso anglicano nos EUA utilizam em suas Missas e Ofícios um livro oficial, em inglês, semelhante e baseado no Graduale Romanum. Pode, ademais, ser adaptado para uso nas Missas em rito romano moderno, celebrado em vernáculo nos países de língua inglesa.

É excelente constatar essa sadia criatividade que se expressa no livro, que disponibilizamos abaixo, em PDF, ao passo em que, tristemente, nos lembramos que não há um só hinário oficial decente para a liturgia vernácula em português do Brasil.

Quem traduzisse os hinos do Graduale Romanum para o português ou apenas adaptasse as melodias às antífonas já presentes no Missal da CNBB, colocando pautas gregorianas, prestaria um excelente serviço à causa da liturgia.

terça-feira, 15 de março de 2011

Sobre o post com o Próprio de São José

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Segundo nossas estatísticas, nesta semana o post sobre o Próprio, em latim, da Missa de São José, a ser comemorado no próximo sábado, obteve 209 visualizações de página...

Será que nossos leitores estão organizandos celebrações com canto gregoriano ou, quiçá, toda em latim?

Postem seus comentários sobre as iniciativas e mandem eventuais fotos.

A Quaresma, por D. Gaspar Lefebvre, OSB

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Do excelente Missal Romano Quotidiano, de Dom Gaspar Lefebvre, OSB, que uso quando vou à Missa na forma extraordinária, extraio o seguinte texto explicativo sobre esta quadra a que recentemente entramos.

A exposição dogmática, bem como o sentido espiritual, seguem os mesmos, dado que independem do rito, mas a parte refere a notas litúrgicas e rubricas nem sempre correspondem ao atual rito romano (ou forma ordinária).

TEMPO DA QUARESMA

Da Quarta-Feira de Cinzas ao Domingo da Páscoa

EXPOSIÇÃO DOGMÁTICA

O Tempo da Septuagésima já nos demonstrou a necessidade de nos unirmos, pelo espírito de penitência, à obra redentora do Salvador. Pelo jejum e outros exercícios de penitência, a Quaresma vai associar-nos a Ele de maneira efetiva. Mas não há Quaresma que valha, sem esforço pessoal de retificação da vida e de a viver com mais fidelidade, reparando, por qualquer privação voluntária, as negligências de outros tempos. Paralelamente a este esforço, que exige de cada um de nós, a Igreja ergue diante de Deus a cruz de Cristo, o Cordeiro de Deus, que tomou sobre Si os pecados dos homens, e que é o verdadeiro preço da nossa Redenção. À medida que nos aproximarmos da Semana Santa, o pensamento da Paixão tornar-se-á predominante, até chegar o momento de prender por completo a nossa atenção. Já desde o começo da Quaresma, ela nos está presente, e é em união com os sofrimentos de Cristo que o exército cristão vai entregar-se à «santa quarentena», indo ao encontro da Páscoa com a alegre certeza de partilhar da Ressurreição do Senhor.

«Eis o tempo favorável, eis os dias da Salvação» [II Cor. VI, 2. Epístola do I Domingo da Quaresma]. A Igreja apresenta-nos a Quaresma nos mesmos termos com que a apresentava outrora aos catecúmenos e aos penitentes públicos, que se preparavam para as graças pascais do batismo e da reconciliação sacramental. Para nós, como para eles, a Quaresma deve ser um longo retiro, um treino, em que a Igreja nos exercita na prática de uma vida cristã mais perfeita. Aponta-nos o exemplo de Jesus e, através do jejum e da penitência, associa-nos aos seus sofrimentos, para nos fazer participar da Redenção.

Lembremo-nos que não estamos isolados, nem somos os únicos em causa nesta Quaresma, que ora se empreende. É todo o mistério da Redenção que a Igreja põe em ação. Fazemos parte dum conjunto imenso, em que somos solidários de toda a humanidade, resgatada por Jesus Cristo. – A liturgia do tempo não se cansará de o recordar. Nas matinas dos Domingos, as lições do Antigo Testamento, começadas na Septuagésima, continuam a lembrar, a largos traços, a história do povo judeu, em que se consignam os desígnios de Deus acerca da salvação de todo o gênero humano: o afastamento de Esaú em benefício de Jacob (não é a linhagem terrestre, mas a escolha gratuita, agora estendida a todas as nações, que faz os eleitos); José, vendido por seus irmãos, e salvando o Egito, é Jesus salvando o mundo, depois de ser rejeitado e traído pelos seus; Moisés, que arranca o seu povo à escravidão, e o conduz à terra prometida, é Jesus que nos liberta do cativeiro do pecado e abre as portas do Céu. Os evangelhos não são menos eloqüentes: a narrativa da tentação de Jesus, mostra o segundo Adão, novo chefe da humanidade, a contas com as astúcias de Satanás, mas esmagando-o com o seu poder divino; a parábola do homem armado e expulso, por um mais forte, do domínio que usurpara, é ainda afirmação da vitória de Cristo.

Tal é o sentido da nossa Quaresma: um tempo de aprofundamento espiritual, em união com a Igreja inteira, que se prepara para a celebração do mistério pascal. Todos os anos, a exemplo de Cristo, seu chefe, o povo cristão, num esforço renovado, retoma a luta contra a maldade, contra Satanás e o homem de pecado, que cada qual arrasta em si mesmo, para haurir, na Páscoa, um suplemento de vida, renovada nas próprias fontes da vida divina, e continuar a marcha para o Céu.

APONTAMENTOS DE LITURGIA

O Tempo da Quaresma começa na Quarta-Feira de Cinzas e termina no Sábado Santo. Os últimos quinze dias deste longo período constituem o Tempo da Paixão. Outrora, a Quaresma começava no primeiro Domingo, mas os dias que o precedem foram acrescentados para perfazer os quarenta dias de jejum. De contrário, ficaria apenas trinta e seis, visto não se jejuar aos Domingos.

O jejum de quarenta dias, «inaugurado pela Lei e pelos Profetas, e consagrado pelo próprio Cristo», foi sempre uma das práticas essenciais da Quaresma. A liturgia a ele alude constantemente, e o prefácio do Tempo recorda-o todos os dias.

Mas o jejum irá de par com a oração. Como todos os exercícios penitenciais da Quaresma, é oferecido a Deus em união com o sacrifício do Salvador, diariamente renovado na Santa Missa. Cada dia da Quaresma tem Missa própria, devido ao fato de outrora toda a comunidade cristã de Roma assistir diariamente à Santa Missa, durante esta quadra. Daí o indicar-se a «estação», a igreja em que se celebrava, nesse dia, a missa da comunidade romana.

Todas as missas feriais incluem, depois da pós-comunhão, uma «oração sobre o povo», precedido dum convite à penitência e à humildade: «Baixai vossas cabeças diante de Deus.» O caráter penitencial é acentuado pelo silêncio do órgão. Os paramentos são roxos. À 2ª, 4ª, e 6ª feiras, repete-se o tracto da Quarta-Feira de Cinzas: «Senhor, não nos trateis como merecem os nossos pecados...»

RUBRICAS

1. Os Domingos da Quaresma são de 1ª Classe. Têm sempre missa e vésperas. A Quarta-Feira de Cinzas e toda a Semana Santa são férias de 1ª Classe e não admitem nenhuma comemoração.

2. A comemoração da féria é privilegiada: faz-se sempre e antes de qualquer outra.

3. As férias das Quatro-Têmporas são de 2ª Classe, e preferidas mesmo às festas particulares de 2ª Classe; as outras férias da Quaresma são de 3ª Classe e preferidas às memórias e às festas de 3ª Classe.

4. As Quatro-Têmporas da Quaresma verificam-se na primeira semana; seguem as mesmas regras das do Advento.

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segunda-feira, 14 de março de 2011

Precisamos de mais Bispos assim no Brasil…

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É bem verdade que é uma prática tradicional o Bispo ordenante se ajoelhar para tomar a bênção do neo-sacerdote, mas poucos Bispos se lembram disso e o fazem nos dias de hoje. Isso sem contar a belíssima casula, a mitra lindíssima e tradicional, e todo o decoro e respeito na celebração.

A foto abaixo retrata a humildade de D. Antonio Carlos Rossi Keller, Bispo de Frederico Westphalen, no RS, na ordenação sacerdotal do então diácono Maurício Karpinski, em 17 de dezembro de 2010.

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Costumes, liturgia e Igreja doméstica

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O genuíno movimento litúrgico deve se dar não só nas discussões teológicas e históricas acerca dos ritos e cerimônias, mas quando a liturgia começa a "falar" conosco e nos ajuda, mesmo nos pequenos atos da Igreja doméstica, a caminhar rumo à santidade.

É por isso que muitas famílias como que transportam os tempos litúrgicos, as festas, as vigílias, para o dia-a-dia em casa, criando ou desenvolvendo costumes piedosos em conexão com a liturgia. Não se tratam, é verdade, de liturgias, mas de devoções pessoais ou tradições pessoais (de enfeites da casa, culinárias etc) que derivam daquelas.

Cá em nosso lar, a Aline e eu gostamos de fazer isso. Ajuda-nos a vivenciar mais o ritmo cristão da nossa existência, a andar no compasso do calendário da Igreja, a tornar a liturgia mais “nossa”. É mais fácil participar da Missa e do Ofício se assim nos comportamos.

Por exemplo, a partir do V Domingo da Quaresma, antigo I Domingo da Paixão, cobrimos as imagens e quadros com santos de nossa casa, como a Igreja recomenda que se faça nos templos e capelas. É um modo de nos associarmos ao que a Igreja Universal faz, e tornar nossa família realmente uma Igreja doméstica.

Outro costume que tenho, e agora já é algo mais meu do que de minha esposa, é recitar algumas ladainhas e orações conforme o dia. Recito, v.g., o Símbolo Atanasiano no Domingo da Santíssima Trindade, a Sequência do Espírito Santo na novena em preparação à Solenidade de Pentecostes, a Ladainha do Espírito Santo em sua oitava, na memória de Nossa Senhora das Dores o Stabat Mater, o Ato de Consagração do Gênero Humano ao Sagrado Coração de Jesus na Solenidade de Cristo Rei, o Ato de Reparação ao Sagrado Coração de Jesus na festa própria, a Ladainha do Sangue de Cristo no dia 1º de julho, a Ladainha de São José nas festas josefinas etc.

Procuramos também acender uma vela para a imagem de Nossa Senhora que temos na sala de visitas de nossa casa quando das festividades marianas, e duas velas no altar de nosso quarto nas solenidades principais. Quando algum dos santos de que temos quadros ou imagens é comemorado, os incensamos na data e colocamos flores por perto. Se a festa, entretanto, é do Sagrado Coração de Jesus ou de Cristo Rei, honramos a imagem do Coração do Senhor em um local de destaque, e colocamos flores para ela.

Para a festa de Nossa Senhora de Guadalupe, é nosso costume também fazer um “jantar mexicano”, com receitas especiais da terra onde a Mãe de Deus apareceu a São João Diego.

Durante a Quaresma, outro costume é rezar, às sextas-feiras, a Ladainha dos Santos seguida dos Sete Salmos Penitenciais.

Após as I Vésperas do Domingo do Advento é a hora de montar nossa árvore de Natal, colocar a guirlanda na porta, armar o presépio, e mudar o capacho da frente de casa por um tapete com decoração natalina. Só removeremos os adereços na Solenidade da Epifania.

Um santo especialmente comemorado por nós, e cuja devoção se acentuou quando moramos no Itaqui, na fronteira oeste do RS, é a de São Patrício. Além de padroeiro da Irlanda – de onde veio parte da família de minha esposa, Aline –, ele é o titular da paróquia itaquiense e patrono da cidade. Em seu dia, fazemos um banquete especial, com velas, uma toalha mais distinta, e consumimos cerveja irlandesa para acompanhar a comida.

Nas principais festas do calendário litúrgico, costumo assar um churrasco ou uma parrillada especiais também, abrindo um bom vinho ou uma cerveja diferenciada.

Neste ano de 2011, iniciamos uma outra atividade aqui em casa: o jantar especial de "enterro do aleluia", na terça-feira de Carnaval. A Aline prepara uma bela receita, tomamos um vinho bem escolhido e harmonizado, colocamos pratos, copos e talheres especiais (não os que usamos no dia-a-dia, mas alguns "de festa"), escolhemos uma toalha mais elegante, e enfeitamos a mesa com flores, velas, uma imagem da Sagrada Família e alguns ícones.

Há uma série de costumes familiares, gastronômicos, devocionais, que estão relacionados à liturgia. Penso que muitas famílias de leitores tenham os seus, e gostaríamos de ouvi-los nos comentários. 

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Um livro de receitas relacionado a várias festas do ano litúrgico está disponível, em pdf, na língua inglesa aqui.

Sugestões de livros sobre costumes e tradições familiares católicos:

Customs And Traditions Of The Catholic Family
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