No sábado, postamos uma frase do Pe. Mauro Gagliardi para reflexão aqui no Salvem. Hoje, Zenit nos traz o artigo completo, que vale a pena ler.
Vale a pena ler!
No sábado, postamos uma frase do Pe. Mauro Gagliardi para reflexão aqui no Salvem. Hoje, Zenit nos traz o artigo completo, que vale a pena ler.
Vale a pena ler!
Na paróquia da Fraternidade Sacerdotal São Pedro, o Arcebispo de Bordeaux, Cardeal Jean Pierre Ricard, crismou, em 13 de junho último, vários fiéis utilizando o usus antiquor do rito romano, com os livros de 1962.
Fotos do Le Forum Catholique:
"O caráter mais 'aberto' das novas normas litúrgicas (nota: do pós-Concílio) não pode ser usado como pretexto para perverter a natureza do culto público da Igreja." (Pe. Mauro Gagliardi, professor de liturgia no Athenaeum Pontificium Regina Apostolorum, dos Legionários de Cristo, em Roma, e consultor do Escritório de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice)
Sabem qual é o fato mais interessante disso tudo? É que se trata de uma paróquia RURAL!!!! Isso mesmo. Não uma cidade pequena, e sim no interior do município mesmo! É uma paróquia em um distrito, fora da cidade! E com tanto zelo que faria corar de vergonha tantas paróquias urbanas…
Notem o arranjo beneditino.
Mais um Prelado em apoio ao nosso blog!
A vida do homem é simbólica: ele se expressa através de símbolos e a liturgia os usa. Porém, existem símbolos que são anfíbios, isto é, estão aqui, lá e acolá. Então, cremos que a vivência litúrgica deve ser o ponto alto da vida cristã. Em sendo cristão, se crê em Cristo e esta fé, ele deve demonstrar através de sinais, que têm o seu ponto alto na Liturgia, que deve ser bem participada e por isso mesmo bem preparada! Com isso, Queremos parabenizar a todos vocês, do Salvem a Liturgia, que se preocupam com ela, pois é necessário que nossas paróquias tenham celebrações dignas; porque um gesto mal feito pode acabar com uma catequese que durou tanto tempo ou uma Missa mal celebrada, que derruba o cristão de modo catastrófico! Por isso, Pedimos aos Nossos sacerdotes que tenham consciência de que vão fazer algo “extraordinário!” E que todos possam ver tudo isso. Que façam com uma profunda piedade, que façam não um “teatro litúrgico”, mas uma verdadeira celebração litúrgica! Mais uma vez parabéns pelo trabalho de vocês e que haja sempre uma boa argumentação teológica, como “pano de fundo”, para que aqueles que lêem se convençam de que precisam caprichar na Liturgia!
+ Dom Carmo João Rhoden, SCJ
Bispo de Taubaté, SP
Beato Ildefonso [Alfredo Ludovico], Cardeal Schuster, OSB
Capítulo VII de Liber Sacramentorum – Notes historiques et liturgiques sur le Missel Romain
Poesia e Música nas Sinaxes Eucarísticas
Os elementos já examinados nos permitem distinguir e ordenar cronologicamente as diversas partes de todo este magnífico conjunto de ritos eucarísticos. Se é verdade que o Esposo emprega neles uma inefável linguagem de amor dificilmente traduzível em palavras humanas, a Esposa, por sua vez, se eleva a tal sublimidade de pensamento que só pode ser compreendida pelas almas eleitas que realizam, em si mesmas, pela inocência de sua vida, o ideal de santidade e de graça das quais a Igreja possui a plenitude. Para compreender, assim, a santa liturgia, necessário se faz sobretudo vivê-la com a Igreja una, santa, católica e apostólica.
Orações litânicas, coletas, perícopes escriturísticas, orações eucarísticas e aclamações coletivas, nós as encontramos em abundância desde a segunda metade do primeiro século nos escritos de São Paulo, de São João, e, principalmente, na Didaké; e o mais notável é que conservaram no uso litúrgico a mesma ordem que haviam ocupado nas sinagogas da Palestina e da Grécia.
Talvez possa causar surpresa, no entanto, que convidemos nosso leitor a assistir ao Divino Sacrifício nas catacumbas de Roma no tempo de Justino e de Tertuliano, para em seguida acompanhá-lo em Jerusalém, Milão e nas esplêndidas basílicas constantinas do Latrão e de São Pedro, sem de antemão explicar-lhe os elementos eucológicos e rituais que compõem a ação sagrada. Foi um pequeno artifício de nossa parte: preferimos dar desde o início uma primeira impressão da sublimidade lírica à qual se eleva o culto cristão antes de fazer a anatomia de suas fórmulas, a qual, à semelhança do esqueleto humano, dificilmente demonstra toda a alegria e beleza da vida.
É o momento de examinar mais particularmente os elementos do nosso Missal, sobretudo agora que podemos apreciar seu esplendor, tendo em conta, assim, a disposição e os diversos lugares ocupados por eles no desenrolar do cerimonial litúrgico. Dada a natureza eminentemente dramática da Ação sagrada, comecemos distinguindo os diversos gêneros musicais aos quais pertencem os cantos salmódicos da Missa.
O Saltério, por excelência o livro da oração eclesiástica, forneceu ao Divino Redentor e à Sua Igreja as notas desta oração sublime que, anunciada sob diversas formas e em tempos diferentes na recolha dos cânticos davídicos, teve seu complemento definitivo na oração vesperal pronunciada sobre o Calvário no dia da grande Parasceve [Sexta-feira Santa].
Conhecemos quatro modos de execução salmódica:
A-)
O psalmus responsorius é o salmo executado por um solista ante uma assembleia, e interrompido a cada versículo, ou a cada grupo de versículos, por um refrão dos assistentes. Tem a grande vantagem de unir intimamente os sentimentos do cantor aos sentimentos do povo fiel, excitando mutuamente sua atenção, e proporcionando a alternância, o entrelaçamento e o complemento mútuo das duas partes. Esta íntima ligação e este entrelaçamento, tanto das melodias salmódicas como das perícopes escriturísticas, às quais a salmodia serve como moldura e ornamento, é um dos caracteres mais notáveis da liturgia antiga, de formas eminentemente dramáticas, e que se desenvolve regularmente com natural majestade, tal qual um drama ou representação cênica de um poema sacro.
Para bem compreender as belezas da liturgia romana e especialmente do Missal, nunca é demais insistir sobre o fato de que, em sua origem, todas estas orações, estas cerimônias, estes cânticos, foram estabelecidos para se executar e representar em vastas basílicas. As missas privadas apareceram muito mais tarde, e manifestam uma simples adaptação da grandiosa liturgia estacional, criada precisamente para ser realizada por um povo numeroso.
No mais, as origens do responsorius se confundem com as origens do próprio saltério; algumas composições salmódicas supõem necessariamente esta execução com refrãos, como o Salmo 135, cantado pelo grande coro de músicos na dedicação do Templo de Jerusalém, enquanto o povo exclamava: Quoniam in aeternum misericordia eius [Pois sua misericórdia é eterna].
A antigüidade cristã tomou este costume, sempre em vigor, da sinagoga; ele até mesmo extrapola o ritual estritamente litúrgico, inclusive na oração privada dos fiéis primitivos; é assim que Evódio entoava, próximo do leito de morte de Santa Mônica, o Salmo 100, ao qual Agostinho e os outros membros da família respondiam com o refrão: Misericordiam et iudicium cantabo tibi, Domine [A vós cantarei a misericórdia e a justiça, Senhor] [ver Confissões, livro IX, capítulo XII, 3].
B-)
Com o salmo responsorial se parece aquele recitado sem interrupção pelo solista, mas ao qual a assembleia responde com uma fórmula ou doxologia final, Amen, Benedictus Deus, Alleluia ou outras parecidas. Os Salmos 40, 71, 88 e sobretudo o 105: Benedictus Dominus Deus Israel a saeculo et usque in saeculum. Et dicet omnis populus: Fiat, Fiat [Bendito seja o Senhor Deus de Israel, pelos séculos dos séculos; e que todo o povo diga: amém] confirmam seu uso entre os hebreus. No tempo de Cassiano, o rito dos mosteiros dos gauleses, diferentemente dos orientais, determinava que a assembleia, assim que terminasse o salmo do solista, entoasse o Gloria Patri, enquanto no Egito e na Palestina esta doxologia era reservada exclusivamente ao fim do salmo antifônico.
C-)
A antífona difere da salmodia responsorial em que, suprimida a antiga parte do solista, a assembleia se dividia em dois coros, comportando-se como um duo, alternando os versículos e as diversas melodias, às vezes até mesmo em diferentes línguas, para se reunir finalmente num canto em intervalo de oitava.
Mais tarde, o elemento polifônico com o intervalo de oitava passando ao esquecimento, consideraram-se a alternância dos coros e sua resposta como a característica do salmo antifonado. Diferentemente do responsorius, a réplica do refrão da assembleia não era tomada necessariamente do texto do salmo (o Alleluia intercalado nos salmos aleluiáticos era às vezes considerado um elemento salmódico), mas podia ser tomado de empréstimo a outros livros da Escritura; neste caso, podia indicar o sentido especial que a Liturgia atribuía a um salmo em determinada circunstância. Assim, no dia de Pentecostes, a antífona do Introito foi tirada do Livro da Sabedoria: Spiritus Domini replevit orbem terrarum [O Espírito do Senhor enche toda a Terra], e o Salmo 67 que segue: Exsurgat Deus et dissipentur inimici eius [Levanta-se o Senhor e se dispersam seus inimigos] faz, justamente, alusão à missão do Espírito Santo: a de glorificar Jesus e humilhar seus inimigos.
A doxologia (Gloria Patri), primeiro no Oriente, depois no Ocidente, terminava o salmo antifonado, dando assim, por causa de seu final, um caráter trinitário e fortemente anti-ariano.
Diz-se geralmente que a origem da antífona remonta a 344-357; os monges Flaviano e Diodoro a teriam introduzido em Antioquia com a finalidade de se opor à antifonia ariana que ali dominava. Sua introdução na liturgia oriental é, porém, muito anterior ao século IV, já que na época de São Basílio o uso da antistrofe estava disseminado; Eusébio-Fílon havia falado dela longamente, já antes disso. Voltaremos mais adiante às origens da antifonia.
continua...