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quinta-feira, 17 de março de 2011

Papa confere títulos honoríficos a fundadores do Ordinariato para ex-anglicanos

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Excelente notícia que nos traduz o Pe. Clécio, em seu sempre recomendado Oblatvs. Os seus comentários vão entre colchetes.

Nota do site do Ordinariato para ex-anglicanos:

Foi hoje anunciado que o Ordinário do Ordinariato Pessoal de Nossa Senhora de Walsingham foi distinguido por Sua Santidade, Papa Bento XVI, com o título de Protonotário Apostólico.

Padre John Broadhurst e Padre Andrew Burnham também foram distinguidos com o título de Prelados de Honra.

De forma que os três padres são agora conhecidos como Monsenhores.

A mesma notícia no Catholic Herald:

O Papa distinguiu os três ex-bispos anglicanos, os primeiros membros do Ordinariato de Nossa Senhora de Walsingham, com o título de monsenhor [na realidade "monsenhor" não é título, mas apelativo que se usa para certos sacerdotes, alguns por serem detentores de títulos, outros por desempenharem certos ofícios; o Ordinário, por exemplo, mesmo sem qualquer título é chamado "monsenhor" ex officio, como o são os vigários-gerais].

Padre Keith Newton, líder do Ordinariato que desempenha a maioria das funções de um bispo, e Padre John Broadhurst, ex-bispo [anglicano] de Fulham, receberam a comenda papal de Protonotários Apostólicos, mais elevado título eclesiástico para não bispos. Padre Andrew Burnham, ex-bispo [anglicano] de Ebbsfleet, recebeu a comenda papal de Prelado de Honra, e portanto também é um monsenhor [a informação está incorreta, conforme se lê acima no site do Ordinariato].

Os três tornaram-se os primeiros clérigos do primeiro ordinariato pessoal do mundo estabelecido para grupos de ex-anglicanos em janeiro, fruto da Constituição Apostólica Anglicanorum Coetibus.

Grupos de ex-anglicanos serão recebidos na Igreja na Semana Santa e os padres para o Ordinariato serão ordenados por volta de Pentecostes.

O ordinário espera que cerca de 900 pessoas se tornarão membros do Ordinariato na Semana Santa, incluindo 61 clérigos. A maioria dos leigos que entrarão no Ordinariato participaram de um Rito de Eleição em todo o país na semana passada.

Padre Newton afirmou: "Estou deveras encantado com o número de leigos anglicanos que iniciaram sua jornada em direção à plena comunhão com a Igreja Católica na Semana Santa. Não tem sido uma jornada fácil para muitos mas eu sei que eles serão largamente abençoados. Os Ritos de Eleição (ou Alistamento para membros do Ordinariato) nas dioceses foram uma parte muito comovente e importante desta jornada".

O propósito da abstinência e do jejum quaresmal

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Escrevi, faz algum tempo, um artigo defendendo o Opus Dei e suas práticas ascéticas. Desse artigo, extraio o texto abaixo, que serve muito bem como fundamento simples às abstinências e jejuns quaresmais, e outras formas de penitência.

Há um propósito na mortificação, nas espirituais (orações impostas pelo confessor, esmolas, atos de piedade etc) e nas diversas modalidades corporais (entre as quais, além do cilício e das disciplinas, estão o jejum, a abstinência de carne e outras). Quem as pratica (e todos os católicos são obrigados a determinadas penitências, mínimas, como a abstinência de carne e o jejum na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa) deseja alcançar certos fins: submeter o corpo à alma e a vontade à inteligência; abster-se de coisas lícitas (carne, por exemplo, ou, no caso do cilício, a ausência da dor) para melhor renunciar às ilícitas, i.e., pecaminosas; unir seus próprios sacrifícios pessoais ao Sacrifício de Cristo na Cruz; reparar as conseqüências dos pecados já perdoados (notem: não é para pagar o pecado, pois ele já foi limpo por Jesus na Cruz e tal perdão se torna presente quando o fiel recebe os sacramentos, sobretudo o Batismo e a Confissão); procurar a santificação não só da alma como do corpo, numa visão integral do ser humano; adquirir disciplina e constância, adestrando a vontade. A aceitação resignada das penas da vida, o cumprimento das penas dadas pelo confessor e a procura de penas livremente (jejuns, abstinências, cilícios, disciplinas) pelo fiel católico não têm absolutamente nada a ver com masoquismo ou desprezo pela matéria. Muito superficial seria tal leitura.

Os mais custosos sacrifícios, aliás, são empreendidos pelos que querem a beleza exterior e a saúde do corpo. Quantas dietas radicais, quantas máquinas de musculação cujas dores, muitas vezes, são bem maiores do que a ocasionada pelo cilício (usado sempre com moderação e sob orientação de um diretor espiritual que pode proibir a mortificação, inclusive), e tudo em nome de coisas que passam. Não se pode almejar, por sacrifícios da mesma ordem e com semelhantes (ou menores) dores, a beleza interior e a saúde da alma?


Cardeal Sales: Pensamentos para a Quaresma

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Apresentamos uma belíssima reflexão do grande Cardeal Sales, um dos campeões da ortodoxia católica brasileira, por ocasião desta Quaresma de 2011.



Pensamentos para Quaresma

Dom Eugenio de Araujo Cardeal Sales Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro

Iniciamos com a quarta-feira de cinzas mais um ciclo litúrgico, a Quaresma. Ela nos oferece ainda excelente oportunidade para tratar de um assunto cada vez mais ofensivo à mentalidade e sensibilidade reinantes, inclusive de cristãos.

Respira-se uma atmosfera na qual o direito à satisfação dos sentidos é afirmado como algo supremo e indiscutível, acima de qualquer limitação. Dentro dessa visão errônea, tudo o que se lhe opõe é proscrito. No entanto, há um "direito ao prazer", dentro de uma conceituação correta. Não como um ídolo ao qual tudo se submete, mas como meio de preservar uma finalidade de vida individual e coletiva.

Vejamos esse assunto sob o ângulo natural, independentemente da crença religiosa.

Toda criatura busca a perfeição, uma harmonia a ser construída. Essa tarefa, ao ser posta de lado por algum motivo, gera tensão e desordem. Assim, o instinto foi dado ao homem como força protetora para salvar a si mesmo e fazer sobreviver a coletividade. No primeiro caso, ele é espicaçado pela vontade de reter e usufruir bens materiais. Então, pela falta de autocontrole e desprezo dos valores que devem alicerçar a conduta, surgem as mais variadas deformações. Quem quer possuir dificilmente se dá conta que pesa sobre o que ele acumulou uma grave “hipoteca social”. O egoísmo ofusca-o. Ele não vê as necessidades dos irmãos. Naturalmente reage à penitência que exige uma justa distribuição. A consciência de que nada nos pertence de maneira absoluta mostra outra realidade: os que vivem em penúria, passam privações, os doentes, os sem-emprego, os acabrunhados pelo luto. Nos hospitais e nas prisões, em muitos lares, em locais de trabalho há pessoas sofredoras. Na rua, irmãos sem amigos nem compreensão, sem saber como enfrentar o dia de amanhã. Somente pelo esforço contra as tendências deformadoras alcançaremos a harmonia interior e social.

O mesmo ocorre com o instinto sexual. Ele é destinado a perpetuar a vida na terra. Como a espécie é mais importante que o indivíduo, é extraordinariamente forte. Mas, sob o império do prazer, termina por divinizá-lo. Em consequência, sacrifica-se a existência do outro ser, no aborto, no adultério e no estupro.

Mesmo para quem não participa de nossa Fé, a penitência quaresmal é de grande valia. Combate o amor próprio que desintegra, prejudica e degrada o homem. Ao resistir à força cega dos impulsos, ele redescobre uma liberdade que o eleva como pessoa humana.

A necessidade de ascese torna-se mais clara quando é vista na perspectiva da doutrina cristã.

Recordo que, com data de 17 de fevereiro de 1966, o Papa Paulo VI publicou a Constituição Apostólica “Penitemini”, que assim começa: “Fazei penitência e crede no Evangelho” (Mc 1,15) (...) Entre os graves e urgentes problemas que se apresentam à nossa solicitude pastoral não nos parece ser o último o de lembrarmos aos nossos filhos – e a todos os homens religiosos de nosso tempo – o significado e a importância do preceito divino da penitência”.

Um dos maiores desvios que ofendem gravemente a face do Senhor, na Igreja de nossos dias, é a fuga às exigências da Fé. Deturpa a mensagem de Cristo aquele que busca acomodar-se à mentalidade do mundo. Assim cria uma outra instituição, da qual exclui tudo o que representa renúncia, restrição; substitui a dureza da Cruz salvadora pelas facilidades proporcionadas por falsos ensinamentos. Faz-se mister clamar a plenos pulmões que os deveres do catolicismo não foram abolidos: a missa dominical, a confissão auricular, os mandamentos da lei de Deus e assim por diante. Esta situação dúbia, proveniente de pregadores e professores acobertados sob o título de “católicos”, vem danificando a vida religiosa.

O Papa João Paulo II, em outra Carta Apostólica, a “Savifici Doloris”, “sobre o sentido cristão do sofrimento”, nos ensinava: “As Testemunhas da Cruz e da Ressurreição de Cristo transmitiram à Igreja e à Humanidade um Evangelho específico do sofrimento” (nº25). Repetidas vezes, o Mestre nos adverte que as tribulações, em decorrência da fidelidade a Ele, diante da necessidade de coibir a concupiscência, ao mesmo tempo “contêm em si o chamamento especial à coragem, à fortaleza, apoiado pela eloquência da Ressurreição” (Idem).

O Apóstolo Paulo nos admoesta: “Todos aqueles que querem viver piedosamente em Jesus Cristo, serão perseguidos” (2Tm 3,12).

O tempo da Quaresma nos alerta para o valor da ascese, “o primado dos valores religiosos e sobrenaturais da penitência” (“Penitemini”, nº23). O convite à conversão, próprio desta época do ano litúrgico, deve ser acompanhado “pelo exercício voluntário de ações exteriores de penitência (...), afora as renúncias impostas pelo peso da vida cotidiana” (Idem, nº27). Este documento “indica, na tríade tradicional – oração, jejum e esmola – os modos fundamentais para obedecer ao preceito divino da penitência” (Ibidem, nº30).

É nesse sentido que O Papa Bento XVI, em sua mensagem para a Quaresma deste ano nos exorta a “contemplar o Mistério da Cruz... para realizar uma conversão profunda da nossa vida: deixar-se transformar pela ação do Espírito Santo...; orientar com decisão nossa existência segundo a vontade de Deus; libertar-nos do nosso egoísmo,... abrindo-nos à caridade de Cristo”.

O cristão, durante todo o ano, especialmente na Quaresma, descobre a verdadeira dimensão dos valores temporais e o faz pela penitência.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Despedida do aleluia

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As fotos abaixo ilustram um costume que alguns países europeus adotavam para se praticar no sábado anterior ao Domingo da Septuagésima, quando, pelo calendário antigo (hoje preservado na forma extraordinária do rito romano), despediam-se da palavra “aleluia”, retomada depois só na Vigília Pascal. Para quem usa o calendário novo, ou seja, a forma ordinária do rito romano, essa despedida se dá na Terça-feira de Carnaval, dado que, sem Septuagésima, o aleluia só se encerra na Quaresma.

Não é um ato litúrgico, uma celebração litúrgica, mas uma devoção. Ainda assim, guarda muita conexão com a liturgia, como devem ser os atos devocionais (culto privado inspirado ou iluminado pelo culto público, evitando-se tanto a dicotomia piedade X liturgia, quanto o erro do liturgicismo em extirpar as devoções populares em nome de uma falsa compreensão da liturgia).

Aqui em casa, estamos adotando um jantar especial para nos despedirmos do aleluia na Terça-feira de Carnaval, que nos ajudará a viver melhor a Quaresma iniciada na Quarta-feira de Cinzas. Mas não fazemos, por enquanto (por falta de quórum: apenas minha esposa, eu, e nossa filha de onze meses), o “enterro do aleluia”, como nas fotos abaixo.

A celebração devocional se deu antes da Missa, em um colégio católico dirigido pelos ex-anglicanos do Texas, EUA, ligado à Paróquia Anglican Use de Nossa Senhora da Expiação (Our Lady of Atonement). Aliás, a Missa, celebrada versus Deum, foi, como de costume, no uso anglicano.

Os alunos escreveram a palavra “aleluia” em bilhetes, e colocaram em um pequeno caixão. Após, esse caixão foi levado para o altar principal, onde, depois, foi celebrada a Santa Missa. Após a celebração eucarística, os alunos levaram o caixão com os “aleluias”, para um altar lateral em honra de Nossa Senhora, cantando, em gregoriano, o “Alleluia, dulce carmen”.

O caixão lá permanecerá até a Solene Vigília Pascal, quando será aberto durante o canto aleluiático próprio desta Missa.

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Abaixo, fotos da Missa:

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Rito de Eleição, para os candidatos ao Ordinariato para ex-anglicanos

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Uma das etapas do Rito de Iniciação Cristã de Adultos (RICA) foi celebrada em catedrais Inglaterra afora, para recepção de novos convertidos, entre os quais perto de 800 ex-anglicanos.

O RICA, sobre o qual escreveremos algum dia, é uma grande ferramenta implementada pela reforma litúrgica, que redescobriu as etapas de formação, com caráter ritual, aproveitando a Quaresma para formar os não-batizados e os batizados em outras confissões cristãs que queiram entrar na Igreja Católica. Nem todas as dioceses do mundo o aplicam, e temos a triste de notícia de algumas, inclusive no Brasil, tratam-no como apenas um diretório para a catequese, tirando sua dimensão litúrgica.

Embora facultativo, ele é um poderoso instrumento de mistagogia para os convertidos. Ao longo da Quaresma, várias celebrações, algumas delas fora da Missa, constituindo uma cerimônia a parte, vão iniciando os catecúmenos na doutrina e na oração da Igreja. A Entrega do Pai Nosso, o Rito da Eleição, etc. Tudo para culminar na Solene Vigília Pascal, com o Batismo, Crisma e Primeira Comunhão dos catecúmenos. No caso dos já batizados, apenas a Crisma e a Primeira Comunhão na Igreja.

Abaixo, uma foto do Rito da Eleição, primeira cerimônia do RICA, celebrado em Westminster:





Anglican Use Gradual

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As paróquias de uso anglicano nos EUA utilizam em suas Missas e Ofícios um livro oficial, em inglês, semelhante e baseado no Graduale Romanum. Pode, ademais, ser adaptado para uso nas Missas em rito romano moderno, celebrado em vernáculo nos países de língua inglesa.

É excelente constatar essa sadia criatividade que se expressa no livro, que disponibilizamos abaixo, em PDF, ao passo em que, tristemente, nos lembramos que não há um só hinário oficial decente para a liturgia vernácula em português do Brasil.

Quem traduzisse os hinos do Graduale Romanum para o português ou apenas adaptasse as melodias às antífonas já presentes no Missal da CNBB, colocando pautas gregorianas, prestaria um excelente serviço à causa da liturgia.

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