De acordo com Dom Gil Antônio Moreira, Arcebispo de Juiz de Fora (MG), membro da Congregação para a Educação Católica (desde 2007, nomeado pelo Papa Bento XVI), "o que estamos vendo é uma tradução mais adequada das orações que estão em latim, sejam as orações da Missa, sejam as orações também eucarísticas que são fixas e esta tradução é importante para que haja sempre uma melhor compreensão e fidelidade ao texto original".
Quanto à demora na tradução brasileira, Dom Gil afirma que trata-se de um trabalho minucioso, tendo "todo o cuidado, não palavra por palavra, mas vírgula por vírgula", e que "esperamos que seja finalizado em breve, mas eu não tenho a ilusão de saia de hoje para amanhã".
Vale recordar que na época de nossa tradução vigente (segunda edição do Missal Romano) a questão da tradução ainda estava um pouco solta. O passar do tempo e a observação prática dos efeitos positivos e negativos das diversas traduções vernaculares, cada qual guiado por um determinado princípio, levou a um maior discernimento. E assim, foi publicada em 2001 a Instrução LITURGIAM AUTHENTICAM [1] pedindo fidelidade aos textos originais latinos (mas também gregos, hebraicos e aramaicos).
É reconfortante ver que nossos bispos estão procurando ser fiéis ao que pede a Santa Igreja. Não apenas porque devemos servir a Igreja como ela quer ser servida, mas porque as traduções fiéis aos originais manifestam uma maior unidade de todos os fiéis do Rito Romano, independentemente da língua que falam, bem como revelam os tesouros de nossa tradição litúrgica. E mais, não nos transmite uma certa segurança saber que já na Oração Eucarística de Santo Hipólito de Roma (meados do séc. III) [2] encontramos o diálogo que antecede o prefácio (- Dominus Vobiscum. - Et cum spiritu tuo. ...), e que este provavelmente data dos tempos apostólicos[3]?
Por fim, no maior espírito de humildade, deixamos uma sugestão para a Cetel: embora entendamos que um certo sigilo seja conveniente para o bom andamento dos trabalhos da comissão, por que não disponibilizar um rascunho de parte das traduções já aprovadas pela CNBB ou pela Santa Sé (supondo que a aprovação seja por partes)? Foi o que fez a conferência episcopal norte-americana (atualmente, com a tradução aos falantes de língua inglesa já concluída, o rascunho do Ordinária da Missa foi removido do site da conferência). Certamente isso colaboraria para que os novos textos, mais fiéis ao texto latino, fossem sendo acolhidos de forma mais gradual e com o maior e devido cuidado que a introdução da nova tradução exigirá.
Coloquemos o trabalho da Cetel em nossas orações, para a maior glória de Deus e para o bem do povo de Deus.
[1] Quinta Instrução "Para a Reta Aplicação da Constituição sobre a Sagrada Liturgia do Concílio Vaticano II" LITURGIAM AUTHENTICAM: Sobre o uso dos idiomas vernaculares na publicação dos livros da Liturgia Romana. Disponível na íntegra em latim e inglês; press release disponível em português.
[2] ROUET, Albert. A missa na história. São Paulo: Paulinas, 1981.
[3] Dominus Vobiscum - Catholic Encyclopedia.