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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Reflexões sobre a Missa nova e a Missa antiga

Artigo escrito pelo Prof. Carlos Ramalhete, que gentilmente nos envia:

Alguns pontos sobre a relação dos católicos com a liturgia, tendo em vista uma reintrodução da liturgia clássica como uso normativo (coisa que não tem praticamente chance nenhuma de acontecer, mas que enfrentaria menos dificuldades no Brasil que em qualquer outro país, com a possível exceção dos países do Oriente e da África):

A suposta "espontaneidade" das Missas paroquiais normais (no rito novo) não tem nada de espontânea. Ao contrário, aliás: o que ocorra na imensíssima maioria das paróquias é ou bem um padre que decide tudo e faz uma "equipe de liturgia" que invente besteiras do tipo que ele gosta, ou um grupinho de pessoas que se sentem importantes e têm "ministérios" (que eles percebem como se fossem ministérios de Estado, ou coisa assim: coisas que os fazem ser "VIPs") que fazem tudo. O povão fica sentado e aceita o lixo que se lhes é apresentado.

O povo brasileiro é extremamente conservador, culturalmente falando, e isso implica um sentido de respeito à autoridade que não tem equivalente no Primeiro Mundo. O conservadorismo é em geral inversamente proporcional à inserção na "modernidade". O resultado disso é que o "conservador" de internet é geralmente muitíssimo menos conservador que o porteiro do prédio dele, por exemplo.

A prática católica, no Brasil, pode ser dividida em alguns grupos.

O maior em número é o daqueles que vão à Missa pq domingo é dia de ir à Missa, não participam de "pastorais" (como sempre digo, falta "ovelhal" pro pessoal participar sem tomar o lugar do padre...), rezam antes de comer e de dormir e ao acordar, e toleram quase qualquer coisa que ocorra na Missa. Este grupo simplesmente não teria nenhum problema com a reintrodução da liturgia clássica. É claro que nos primeiros dois ou três meses haveria um estranhamento, mas não mais do que isso. Muitos, aliás, que não vão à Missa por não se sentirem bem no meio daquela azáfama e daquele auê, voltariam a ir à Missa. Eu conheço muita gente que não vai à Missa por não gostar do auê. Aqui na minha região, aliás, ocorre uma coisa curiosa: há um padre da Adm. Apostólica que tem família na região. Quando o pároco era um monsenhor mais conservador, ele era chamado de vez em quando para celebrar nas capelas rurais. Simplesmente não havia nenhuma estranheza. Todo mundo ia à Missa (inclusive gente que normalmente não ia), e a Missa tradicional era percebida simplesmente como sendo uma Missa.

O segundo grupo, em número, é o dos que se metem nas "pastorais" e se percebem como "atores" da Igreja, agindo predominantemente na paróquia. Estes são os que reagiriam contra a reintrodução da liturgia clássica, unindo-se nisso ao clero. O clero não gostaria da reintrodução da litugia tradicional pq ela dá muito menos espaço para o "show" do padre. O padre some, não é o "Faustão" que muitos padres se vêem como sendo. Neste sentido, aliás, é interessante perceber como é hoje em dia mais comum que na foto do convite da ordenação o padre apareça com um microfone que com o Santíssimo! Os leigos "ativos" perceberiam, com razão, que a Missa de sempre iria fazer com que eles não pudessem mais ficar bancando "otoridade", botando roupitchas engraçadas e se achando donos da Missa.

O menor grupo é o dos modernistas, de esquerda e de direita. Os modernistas de esquerda muitas vezes se confundem com o pessoal das "pastorais": a diferença é que eles em geral têm alguma "causa" externa (ideias remanescentes da "Teologia da LIbertação", por exemplo) que serve como desculpa para sua atração pelo "poder" intra-paroquial que agir nas famigeradas "pastorais" lhes dá. Os modernistas de direita dedicam-se a condenar a Santa Sé, os Bispos e o Clero, e raramente agem nas paróquias, que só servem para demonstrar que, como os presentes e atuantes da liturgia não são todos santos e puros, são evidentemente crias chifrudas do demônio. Ambos os grupos de modernistas reclamariam muito. Os de esquerda, por perceber que simplesmente não teriam mais espaço para fazer o que fazem; os de direita, pq a Missa antiga seria celebrada de uma forma que eles perceberiam como imperfeita.

Os carismáticos, na sua imensa maioria, pertencem ao primeiro grupo, com a diferença de que eles procuram, como crianças que se vêem sem os pais, fazer o melhor para dar uma "sacralidade" à liturgia. Como a sua herança litúrgica lhes foi negada, eles o fazem imitando cultos protestantes, que são a única coisa que eles conhecem que fala de Nosso Senhor Jesus Cristo de forma evidentemente devota e sem misturar com política ou auto-ajuda. Se eles tiverem a liturgia clássica, vão achar o que vinham procurando. Alguns poucos pertencem ao segundo grupo, mas mesmo estes são, em geral, mais verdadeiramente devotos que os modernistas de esquerda e os simplesmente vaidosos que lhes fazem companhia no grupo, e provavelmente teriam grande prazer em trabalhar em prol de uma liturgia bem celebrada.

O povão pobre pertence quase todo ao primeiro grupo, com um pequeno contigente de "buscadores de poder", muitos deles modernistas de esquerda em dioceses que foram dominadas pela TL por muito tempo. Para a imensa maioria da população, a introdução da Missa antiga seria simplesmente uma mudança não muito maior que a que eles experimentam quando muda o pároco e a liturgia vira de ponta-cabeça (afinal, na Missa nova, cada padre celebra de forma tão diferente que poderiam ser religiões diferentes, e o povão aguenta). Para a maioria, seria um alívio não ter gente que só falta cutucá-los para que fiquem berrando respostas e sacudindo folhetinhos.

Os paulistas quatrocentões e quetais, em sua maioria, são modernistas de esquerda. Alguns poucos são modernistas de direita, e todos são pessoas acostumadas a ter o que querem. Para eles, o retorno à liturgia clássica seria uma coisa horrorosa por não lhes ter sido perguntado se era isso que eles queriam, além dos problemas dos grupos a que já pertencem. Eles são um pouco mais próximos aos cidadãos do Primeiro mundo, com o agravante de terem sido criados como "coronéis" e se acharem no direito de dizer com as coisas devem ser feitas.

O que o Papa diz no seu livro Introdução ao Espírito da Liturgia é que, por mais que a "reforma" tenha sido na prática um fracasso, com coisas abomináveis sendo introduzidas na liturgia (como, por exemplo, o padre se enfiar atrás do altar, fazendo com que a Missa passe a ser uma celebração da assembléia reunida, sem abertura para o Divino...) não vale a pena fazer outro horror como o que foi feito em 1970 e mudar bruscamente de novo. O objetivo, contudo, é retornar à liturgia clássica ou, ao menos, a algo tão próximo dela que seria difícil perceber a diferença. Isto de comer o mingau pelas beiradas, contudo, a meu ver é algo que faz mais sentido no Primeiro Mundo (onde *só há* modernistas de esquerda e de direita, por a sociedade ter-se descristianizado na Europa e nunca ter sido católica, nos EUA). O que eu descrevi daqui (a Missa antiga que é celebrada sem que ninguém estranhe) é algo inimaginável no Primeiro Mundo, em que todo mundo se considera um indivíduo dotado de voz e voto e que precisa ser convencido.

De todo modo, o problema aqui seria outro. Aqui, como no resto do mundo, os padres são, via de regra, pessoas que não tiveram uma formação decente e que, muitas vezes, tornaram-se padres por quererem ser "showmen" ou políticos. Para efetuar esta mudança no Brasil, seria necessário nomear bons Bispos, dando a eles a missão de formar bons padres, e ajudá-los a "dar a volta" no clero enquanto formam uma geração de padres que acolha a Tradição, para substituir os que estão por aí. O laicato é obediente, mas o clero não. Uma ordem de Roma seria simplesmente ignorada pelo clero, e em algo como a Missa que deve ser celebrada, ou mesmo como ela o deve ser, é fundamental que haja adesão do clero às instruções emanadas da Santa Sé. E isso só virá com uma geração que tenha sido formada de maneira ortodoxa.

A reforma dos seminários, já ordenada, é um bom passo neste caminho. É necessário que os Bispos cuidem disso também.

Lembro ainda, tratando do conceito de participação plena, muitas vezes usado de forma errônea para justificar o injustificável, que quanto mais se "faz coisas", quanto mais se crê entender o que está acontecendo por se entender as palavras usadas em vernáculo, quanto mais se crê entender e - horresco referens - "criar" uma liturgia, maior é a dificuldade para que haja uma participação real. É até curioso perceber como muita gente boa, qdo vai na Missa clássica pela primeira vez, fica perdido tentando "fazer coisas", acompanhar no Missal, etc., acostumado a ser instado a se distrair da Missa, como sói acontecer na Missa nova. Quando percebem que ninguém ali está forçando a isso, em geral acabam participando muito mais na Missa clássica que na nova.

O Sacramento é um "sinal visível e eficaz de uma realidade invisível". A liturgia verdadeira, a realidade da liturgia, é invisível. É por isso que o padre fala "unamos a nossa voz à dos Anjos e dos Santos", por exemplo: porque o Santo Sacrifício que está ocorrendo não é visível. Ele ocorre na Jerusalém Celeste e é miraculosamente tornado presente ali pela eficácia do sinal que é a celebração da Missa.

Note que é um sinal, não um símbolo. Um sinal é, por exemplo, como a fumaça que sinaliza que há fogo; um símbolo é como uma cruz vermelha que indica que ali pode haver doentes, pode haver médicos, etc.

A Missa que é celebrada é um sinal, como a fumaça. Ela indica a Missa Eterna, que ocorre fora do Tempo e entra no Tempo ali, devido à eficácia deste sinal. O foco da participação, porém, não é nem pode ser o sinal, sim aquilo que ele sinaliza. O fogo, não a fumaça. A liturgia que se celebra é a fumaça; se ela sobe naturalmente, ela aponta com segurança para o fogo que a origina, e é fácil encontrá-lo. Se, ao contrário, fica-se brincando de "esculpir" a fumaça com ventarolas e ventiladores, daqui a pouco se tem um fluxo caótico que não aponta para o fogo, e fica muito mais difícil saber onde podemos nos esquentar.

Paradoxalmente, o projeto da Missa nova, a visão que a construiu (porque ela é uma coisa construída, ao contrária da liturgia clássica, desenvolvida organicamente pelo Espírito Santo ao longo dos séculos), é uma visão muito, muitíssimo, mais "seca" e "reta" que não só a celebração mais comum dela, mas que a própria Forma Extraordinária. Permanecendo na mesma analogia, Dom Bugnini (o presidente do comitê que escreveu o Missal de Paulo VI) queria uma fumaça absolutamente reta, apontando sem firulas, sem o que ele percebia como "repetições inúteis" para o fogo da Missa eterna.

Cabe sempre lembrar que o CVII não mandou criar uma liturgia aberta à espontaneidade. Foi um problema decorrente do momento histórico em que surgiu a liturgia nova, somado às ideias erradas que animaram Dom Bugnini. O que ele tinha em mente era uma coisa seca e racional, mais ou menos no estilo da Comunidade de Bari, e assim ele criou uma liturgia comparável a um quarto de hotel: algo racional e seco, em que tudo está no lugar mais evidente. E, como num quarto de hotel, há escolhas possíveis: onde botar a mala, a senha do cofre, a temperatura do ar condicionado, etc.

Mas aconteceu com o "quarto de hotel" o mesmo que aconteceu com as "máquinas de morar" que a arquitetura moderna dizia que as casas tinham que ser. O arquiteto Le Corbusier, inventor da expressão “máquina de morar”, pariu gatinhos de ódio quando percebeu que os conjuntos habitacionais medonhos que ele fizera – grandes cubos de cimento nu – foram “embelezados” pelos moradores com cortininhas, florezinhas, paninhos coloridos, etc., numa tentativa de dar alguma vida àqueles ambientes secos e racionais.

O mesmo ocorreu com a liturgia, com o agravante de ter havido um abandono maciço da Fé nos anos pós-conciliares, o que levou a ver na liturgia um espaço em branco para preencher com qualquer besteira imanente que pareça importante. No tempo da “Teologia da Libertação”, era comum ver enxadas, facões e bandeiras vermelhas. Agora que os hippies velhos já estão quase todos aposentados, em geral são ou besteiras de autoajuda e xuxuzismo (ser amiguinho de todo mundo, ter autoestima, etc.) ou simplesmente emoções açucaradas que são usadas, como as samambaias dos habitantes dos conjuntos habitacionais do Le Corbusier, como forma de injetar alguma vida numa coisa seca.

Mas isso é extremamente problemático, porque - como a Igreja sempre ensinou e como até mesmo os últimos Papas já disseram e repetiram ad nauseam - a liturgia não é algo a ser inventado ou criado.

A visão "seca" bugniniana não está de acordo com a natureza humana. Ela decorre de um erro de antropologia filosófica, por sua vez decorrente da mentalidade moderna. Cartésio dizia que ele pensa, logo existe a sua mente racional. Mas ele não tinha certeza de que tinha braço. Isso porque a razão (ou, como esse pessoal gosta, a Razão, com "R" maiúsculo) é simples, seca, eficiente. O corpo sua, solta pum, fica com fome. A visão bugniniana do homem é a visão moderna, que acha evidente que a casa tem que ser uma "máquina de morar", feita de linhas retas de concreto nu. A Missa nova é uma "máquina de oferecer o Sacrifício", feita de linhas retas e secas. Mas a natureza humana não aceita estas linhas. Ela exige curvas, exige fractais complexos.

A Missa tradicional oferece estes fractais, na forma justamente daquilo que tanto ofendia o desejo de secura de Dom Bugnini: nas repetições e adições aparentemente sem sentido, como é aparentemente sem sentido a organização que uma dona de casa faz de uma despensa, como é aparentemente sem sentido uma segunda e uma terceira voz em contraponto numa música de Bach. O padre diz "ite, missa est" (“ide, este é o envio/a Missa acabou”), e depois continua?! Isso não faz sentido! O "ite, missa est" tem que ir pro fim da Missa! E por aí vai.

Mas este "ite" ali, antes do fim, ressalta de maneira perfeitamente adequada à natureza humana a nossa necessidade da bênção que vem depois. E esta bênção nos chama, de modo admiravelmente adequado à nossa natureza, para ouvirmos a proclamação do Evangelho final. O sentido que isto faz não é o sentido racional, incorpóreo, que Dom Bugnini prezava, mas um sentido divinamente humano, tão humano quanto o dos dois passos que o marido, já à porta, dá de novo para dentro de casa para roubar um último beijo da mulher que ama antes de sair para o trabalho.

Na Missa nova, isto faz uma falta tremenda. E é por isso que as pessoas sentem a necessidade de inventar coisas, de botar "samambaias e paninhos" aqui e ali. Le Corbusier ficava especialmente irritado com as cortinas que os moradores instalavam; ora, ele havia pesquisado a posição do sol naquele lugar, e feito enormes quebra-sol de concreto para garantir que o sol não fosse entrar nos apartamentos-máquinas-de-morar. Mas, mesmo assim, as pessoas insistiam na "repetição inútil" das cortinas. Por quê? Porque são seres humanos, a quem a secura é... seca demais.

Estas invenções, contudo, são quebra-galhos. Elas servem para aliviar a secura, mas elas não estão de acordo com o projeto arquitetônico. E nisso Le Corbusier tinha razão. Mas o que estava errado ali não era a cortininha, sim o projeto.

O mesmo ocorre na liturgia nova: celebrada corretamente (o que é raríssimo, mas que eu já tive ocasião de assistir habitualmente), ela aponta secamente para o Mistério, para a Missa eterna na Jerusalém celeste. Mas aponta como uma seta: reta, seca, vagamente irritante. É uma fumaça que sobe reta, sem cheiro de cedro ou eucalipto, sem a luminosidade difusa do fogo que a alimenta. Fica faltando algo que "descanse os olhos", que "descanse a alma", que aponte organicamente para o fogo. Daí as invencionices litúrgicas.

Mas essas invenções não apontam para o fogo, porque a irritação com a secura daquela seta nua faz com que esta se torne, paradoxalmente, o centro da atenção. É por isso que as invenções raramente são invenções devotas, e quando o são, em geral, são de um tipo de devoção que distancia do Mistério.

Por exemplo: é muito mais comum que sejam enfiadas na liturgia referências à comunidade, a peculiaridades locais ou à política que jaculatórias piedosas. E quando se enfia uma jaculatória piedosa, é comum que ela seja, de modo não intencional, uma forma de negação do próprio Mistério. Aqui na minha região, por exemplo (Sul de MG), é comum que seja dita a jaculatória indulgenciada de São Tomé na Grande elevação. Mas as pessoas a dizem em voz alta (a indulgência é para quem a diz de modo silencioso) e ainda acrescentam ao fim; ao invés de "meu Senhor e meu Deus", dizem "meu Senhor e meu Deus, eu creio em Vós; aumentai a minha Fé". Ora, a forma original significa "este é/Vós sois meu Senhor e meu Deus". Quando se faz este acréscimo, se está substituindo um reconhecimento do Mistério (a presença de Nosso Senhor nas Sagradas Espécies) por uma oração que poderia ser feita em qualquer momento, mesmo distante do Santíssimo Sacramento.

A expressão "como estranhos ou espectadores mudos", usada na Sacrosanctum Concilium (n. 48), que muitos aplicam à situação dos fiéis na Missa tradicional apenas, é a meu ver, muitíssimo mais aplicável à liturgia nova. O que a secura da forma nova fez foi atrair a atenção para o que ocorre no tempo, e distrair do Mistério que ocorre fora dele. As pessoas passaram a ser estranhos ao fogo, e familiares à fumaça. É um tal de olhar para o lado, de ver o que se está fazendo, se levantar folheto, abanar folheto, de ser instado a cantar junto, que o foco da ação passa a ser não a realidade invisível ali sinalizada eficazmente, mas os acidentes do sinal.

Já na Missa antiga, o que se tem é uma busca de participação no Mistério: um reza em silêncio, outro sussurra o terço, outro segue um livro de devoções, outro responde junto com o coroinha... A fumaça, que está ali, aponta para o fogo, sinaliza que o fogo está lá, e é o fogo o centro das atenções.

O problema é este: o CVII pediu que fosse feita uma reforma (não uma reinvenção) buscando uma "nobre simplicidade". Ao invés disso, criou-se uma coisa nova, que é "simples" (ou melhor, seca) onde não deveria ser e complexíssima onde não deveria. O ciclo trianual de leituras, por exemplo, fez com que pela primeira vez na história da Igreja os padres não tivessem sempre à mão um tesouro de homilias para cada domingo do ano. É o oposto de simplicidade: leituras aos borbotões, mudando tanto e levando tanto tempo para serem novamente encontradas, que a familiaridade do fiel médio com elas se tornou quase impossível. Ao mesmo tempo, na hora em que a sociedade passava da modernidade à pós-modernidade em que "tudo o que é sólido desmancha no ar", perdeu-se o referencial do Eterno que é a liturgia tradicional. E por aí vai.

Uma mudança no sentido oposto, com pequeníssimas mudanças na liturgia propriamente dita (leituras feitas no ambão nas Missas rezadas, vernáculo nas leituras dominicais, novas leituras feriais...), somado a uma ênfase nos sinais externos da Tradição católica (tonsuras, batinas, etc.) teria ajudado enormemente a Igreja e o mundo. Mas, infelizmente, o que se fez foi provocar um agravamento da crise gravíssimo, de que só sairemos plenamente em algumas gerações.
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