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sábado, 21 de janeiro de 2012

Música litúrgica - o Agnus Dei

Em 2010, iniciei aqui no Salvem a Liturgia uma série de textos sobre o Ordinário da Santa Missa. A evolução foi bastante lenta, e neste primeiro mês de 2012 chega finalmente o momento de falar da última parte do Ordinário, o Agnus Dei.

Antes de começar, recapitulo os links para os textos das partes anteriores:

Introdução ao Ordinário

Kyrie - primeira parte

Kyrie - segunda parte

Gloria

Credo

Sanctus

*

O Cordeiro de Deus (em latim Agnus Dei) é quinto e último integrante do Ordinário da Missa. Seu texto de compõe das seguintes invocações:
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, dai-nos a paz.
Em latim:
Agnus Dei qui tollis peccata mundi, miserere nobis.
Agnus Dei qui tollis peccata mundi, miserere nobis.
Agnus Dei qui tollis peccata mundi, dona nobis pacem.
Mais uma vez, as Sagradas Escrituras são fonte dos textos litúrgicos. O leitor encontrará no Evangelho segundo São João, no versículo 36 de seu primeiro capítulo:
E, avistando Jesus que ia passando, disse: Eis o Cordeiro de Deus.
Na Vulgata:
et respiciens Jesum ambulantem dicit ecce agnus Dei
É São João Batista quem avista Jesus passando e profere este solene título dado pela Igreja ao Messias desde o início e para sempre.

Na Missa, o Agnus Dei acompanha a fração do pão, rito abordado no número 83 da Instrução Geral do Missal Romano:
Fração do pão
83. O sacerdote parte o pão eucarístico. (...)
Enquanto o sacerdote parte o pão e deita uma parte da hóstia no cálice, a schola ou um cantor canta ou pelo menos recita em voz alta a invocação Cordeiro de Deus, a que todo o povo responde. A invocação acompanha a fração do pão, pelo que pode repetir-se o número de vezes que for preciso, enquanto durar o rito. Na última vez conclui-se com as palavras: Dai-nos a paz.
Omiti um trecho do texto original, que transcreverei mais adiante por se tratar de uma explicação do significado da fração do pão. 

Por enquanto vamos considerar o texto do Agnus Dei. Como o leitor pôde observar, a Instrução do Missal diz que a invocação "pode repetir-se o número de vezes que for preciso, enquanto durar o rito". Isto significa que a invocação que termina com "tende piedade de nós" ("miserere nobis") pode ser enunciada mais do que as duas vezes a que estamos habituados.

As melodias gregorianas para o Agnus Dei, entretanto, seguem este modelo que conhecemos: duas invocações terminadas por "tende piedade de nós" e uma terceira terminada por "dai-nos a paz".

Mais uma vez é necessário observar que o texto não deve ser alterado nem sofrer acréscimos. Eventualmente se ouve, em certas igrejas, um Cordeiro de Deus com o acréscimo "morreste por causa de nós, foste imolado em nosso lugar" - o que, certamente, não deveria acontecer. Sabemos que muitos são os casos de composições para o Ordinário que mutilam o texto ou acrescentam palavras indevidas; falei disto nos outros textos desta série, às vezes examinando casos concretos; isto deve já estar suficientemente claro para muitos, incluindo nossos leitores. E para que não se diga que é algum tipo de ideia inventada pelo Salvem a Liturgia, observo que comentários escritos por leitores indicam que muitos deles já há algum tempo estão incomodados com a violação dos textos litúrgicos. A própria IGMR se preocupa com esse erro, o que fica claro no número 53, quando se fala do Gloria:
53. O Glória é um antiquíssimo e venerável hino com que a Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus e ao Cordeiro. Não é permitido substituir o texto deste hino por outro.
E, ainda mais, no número 366, falando do Ordinário inteiro:
366. Não é permitido substituir os cânticos do Ordinário da Missa, por exemplo, o Cordeiro de Deus (Agnus Dei), por outros cânticos.
Finalmente, transcrevo integralmente o número 83 da IGMR, agora com o trecho explicativo da fração do pão:
83. O sacerdote parte o pão eucarístico. O gesto da fração, praticado por Cristo na última Ceia, e que serviu para designar, nos tempos apostólicos, toda a ação eucarística, significa que os fiéis, apesar de muitos, se tornam um só Corpo, pela Comunhão do mesmo pão da vida que é Cristo, morto e ressuscitado pela salvação do mundo (1 Cor 10, 17). A fração começa depois de se dar a paz e realiza-se com a devida reverência, mas não se deve prolongar desnecessariamente nem se lhe deve atribuir uma importância excessiva. Este rito é reservado ao sacerdote e ao diácono.
Enquanto o sacerdote parte o pão e deita uma parte da hóstia no cálice, a schola ou um cantor canta ou pelo menos recita em voz alta a invocação Cordeiro de Deus, a que todo o povo responde. A invocação acompanha a fração do pão, pelo que pode repetir-se o número de vezes que for preciso, enquanto durar o rito. Na última vez conclui-se com as palavras: Dai-nos a paz.
Mantemos, neste texto, a tradição desta série sobre o Ordinário da Missa de apresentar o respectivo movimento da Missa Papae Marcelli, de Giovanni Pierluigi da Palestrina (1525-1594), um dos maiores compositores de música para a Liturgia católica (para muitos, o maior); esta Missa recebe o nome do papa Marcelo II, cujo pontificado durou 22 dias no ano de 1555. O vídeo a seguir traz apenas o primeiro Agnus, isto é: apenas a primeira invocação.



Quanto ao canto gregoriano, o Agnus Dei mais simples é o de número XVIII, cuja partitura o leitor pode ver neste link:
http://www.christusrex.org/www2/cantgreg/partituras/agnus_XVIII.gif.

E ouvir neste: http://www.christusrex.org/www2/cantgreg/cantus/agnus_18.mp3.

Trata-se da conhecida página de canto gregoriano hospedada em christusrex.org, com gravações feitas no Mosteiro de São Bento de São Paulo, cujo conteúdo geral pode ser visto neste link: http://www.christusrex.org/www2/cantgreg/index_por.html
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