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segunda-feira, 14 de julho de 2014

CORPVS CHRISTI: Novo livro de Dom Athanasius em Português

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Publicado inicialmente em italiano pela Livraria do Vaticano, já se encontra em português o novo livro de Dom Athanasius Schneider.

O autor é bispo auxiliar de Santa Maria Santíssima, em Astana (Casaquistão), e um dos bispos que apoiam nosso apostoladoDom Athanaius escreveu ainda: "DOMINUS Est: Reflexões de um bispo da ásia sobre a Sagrada Comunhão", publicado inicialmente pela Editora do Vaticano e traduzido para diversos idiomas. Publico uma tradução do texto que se encontra na contra-capa do livro:
"A Encarnação de Deus atinge o seu verdadeiro ápice de auto-humilhação e auto esvaziamento no Mistério da Eucaristia. Neste sacramento o mistério do “Deus conosco” se revela de modo insuperável, com todas as consequências do incomensurável amor de Deus.
Cristo não é somente o “Deus conosco”, Ele é o Deus que na pequena Hóstia Consagrada se entrega de modo incondicional nas mãos dos homens, renunciado a sua própria defesa. Jesus Eucarístico na Hóstia Consagrada é verdadeiramente o mais pobre e o mais indefeso na Igreja, e isto acontece em primeiro lugar durante a distribuição da Comunhão.Durante a distribuição da Comunhão se constata nos nossos dias o fenômeno de uma surpreendente falta de sensibilidade e de cuidado diante de todas as exigências concretas da presença real e substancial do Deus Encarnado na pequena Hóstia Consagrada. Os necessários atos exteriores de adoração, de sacralidade e respeito no trato com a Hóstia Consagrada são geralmente reduzidos ao mínimo. O modo exterior de tratar a Hóstia com gestos de adoração conduzem a uma fé na Encarnação e na Transubstanciação eucarística.
Eucaristia é o verdadeiro coração da vida da Igreja. Se o culto concreto ao Deus Eucaristia se torna objetivamente reduzido, o coração da vida da Igreja estará ferido. Para curar o coração da vida da Igreja nos nossos dias é necessário recuperar o modo de tratar Jesus Eucarístico na Hóstia Consagrada – ainda no seu menor fragmento, que não é nada menos que Nosso Senhor mesmo."
Dom Athanasius foi durante muitos anos professor de Patrística no Institutum Sapientiae, aqui no Brasil.
O livro pode ser adquirido clicando AQUI.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Dom Antônio Coelho OSB fala sobre a vetus ordo

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Na primeira metade do séc. XX destacou-se um grande vulto na Liturgia em Portugal, Dom Antônio Coelho OSB, pertencente à comunidade beneditina de Singeverga. Esta comunidade beneditina estava muito envolvida no Movimento Litúrgico, e até publicava uma revista litúrgica chamada Opus Dei - Revista Litúrgica Mensal. Num edital duma destas revistas, encontrei um artigo do D. Antônio Coelho OSB que me pareceu pertinente partilhar com os leitores do Salvem a Liturgia. Transcrevo aqui os parágrafos que me chamaram à atenção - uma defesa da vetus ordo (que na altura era a única ordo) que ainda hoje é valida.

«Falam [...] duma liturgia nova, chamada a suprir a liturgia velha, a oficial, que já não é compreendida do povo, que já não instrui nem santifica, que já não é arma ofensiva para a conquista do mundo…
[...]
E a Liturgia da Igreja é tão velha como a Igreja e tão nova como ela. Ora como não há Igreja velha e Igreja nova, também não há Liturgia velha e Liturgia nova. Há uma só Liturgia, que possui elementos duma antiguidade venerável, mas que não carecem de ser chamados a uma vida nova, por isso que estão carregados da vida perene da Igreja, que é a vida da graça que jorra do Sacrifício, emana dos Sacramentos e circula, em certo sentido, em todos os ritos, que todos eles são poderosos sacramentais.
E o que é preciso, o que é urgente fazer neste século em que, sim, infelizmente, a Liturgia nem é praticada, nem estimada, nem conhecida, não é criar uma liturgia nova; é atrair todos os fiéis à Liturgia perene da Igreja, antiquíssima e duma juventude alegre, ardente, activa e sedutora, que a todas as Horas se renova, Liturgia popular, popularíssima, como no-lo demonstram a história do passado e as felizes experiências em boa hora empreendidas em todas as nações da terra; é fortificar e unificar a vida espiritual dos povos, introduzindo-os todos na corrente vivificante da Liturgia.
[...]
E não é esta Liturgia [...] a Liturgia do Coração de Jesus, desse Coração divino cujos mistérios de amor e de dor ela [a Igreja] revive do primeiro Domingo do Advento ao Domingo de Cristo Rei, desse Coração amantíssimo do Pontífice e Vítima do Sacrifício todos os dias renovado, desse Coração generoso, fonte inexaurível de vida cujas graças correm abundantes pelos Sacramentos, desse Coração obedientíssimo, harpa harmoniosa dos louvores do Padre Eterno cujo eco ressoa nos hinos e cânticos do Ofício Divino?
Criada pelo Coração de Jesus, regulamentada, conservada e praticada pela Igreja, a Liturgia, sempre antiga e sempre nova, carregada do fecundante eflúvio da graça, é Apostolado de Oração que detém os raios da vingança divina, converte e santifica as almas, une-as à infinita reparação do nosso Pontífice e Vítima, e , depois atira-as à conquista do mundo, à consolidação e extensão do reinado social de Jesus; é o meio poderosíssimo, o único meio oficial, de que a Igreja se serviu no passado, se serve hoje e há-de servir sempre, para regenerar a humanidade, santificar as almas e dar glória a Deus.»
Dom Antônio Coelho, OSB
in Opus Dei – Revista Litúrgica Mensal, IV Ano, 1929-1930


quinta-feira, 6 de março de 2014

Solene Entronização do Santíssimo Sacramento no "QG da Imaculada", GO

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No último dia 04 de Março, nos limites da Paróquia Imaculada Conceição, no município de Novo Gama-GO, aconteceu a Solene Entronização do Santíssimo Sacramento, na "Capela da Grande Promessa do Sacratíssimo Coração de Jesus", da "Associação de Fiéis Filhos da Imaculada", no chamado "QG da Imaculada", com a Santa Missa, seguida da rasura com o Santíssimo Sacramento e canto solene do Te Deum

A Santa Missa foi votiva à Sagrada Face e a homilia, baseada na Encíclica do Papa Pio XII Haurietis aquas, sobre o culto do Sagrado Coração de Jesus.

A ASSOCIAÇÃO:

Trata-se de "um grupo de fiéis da Paróquia São Francisco de Assis, Diocese de Luziânia – Goiás, que a partir de meados do ano de 2006 começaram a reunir-se para o Cenáculo de Oração, rezando o santo Terço e estudando a doutrina cristã.

Às vésperas da divulgação de que o Santo Padre Bento XVI promulgaria um Motu Proprio para tratar da celebração da Missa Tradicional, o que ocorreria em setembro de 2007, o mesmo grupo passou a interessar-se pelo conhecimento desta forma de celebração do Rito Romano no usus antiquior, nascendo, assim, a devoção pela expressão tradicional da lex orandi da Igreja – tesouro da antiga liturgia do Santo Sacrifício da Missa.
Em razão do patrocínio da Santíssima Virgem, foi inevitável a aproximação ao Santuário Jardim da Imaculada e dos ideais de São Maximiliano Maria Kolbe, tendo em vista, ainda, o carisma franciscano da paróquia em Valparaíso de Goiás. Com ardente expectativa, esta realidade levou muitos dos integrantes do grupo a fazer a consagração à Imaculada Conceição, no dia 8 de dezembro de 2009, vivendo de forma singular e espontânea a devoção à Imaculada, segundo o Estatuto Original da Mílicia fundada pelo “Padre Kolbe”.
O grupo, no entanto, queria manter a devoção à Virgem Imaculada, com os ideais de São Maximiliano, aliada ao conhecimento da doutrina do Magistério solene e perene da Santa Igreja, bem como a estima pela forma extraordinária do Rito Romano, conforme o Motu Proprio Summorum Pontificum. Nasceu, naquela ocasião, a ideia de constituir os FILHOS DA IMACULADA como associação privada de fiéis – mantendo ligação afetiva à Milícia da Imaculada.
O amadurecimento na caminhada tem reunido membros associados e cooperadores, além de outros participantes, na consecução de um apostolado de piedade, através do cenáculo de oração nas casas em Valparaíso e Cidade Ocidental. Nessas oportunidades, nos reunimos para rezar o Santo Terço, fazer a leitura espiritual de um trecho das Sagradas Escrituras, seguida de uma meditação, e encerrando com a recitação do Pequeno Ofício da Imaculada. Este exercício de piedade, aliado às reuniões de formação têm sido motivo de auxílio para fomentar a união entre fé e vida de nossas famílias.
No cumprimento das finalidades espirituais do grupo e na busca por um apostolado de caridade, as orações e o incentivo do Revmo. Frei José de Arimatéia, OFMConv., animado pelo seu carisma franciscano, tem sido de fundamental importância para a motivação da persecução das finalidades associativas.
Convém mencionar, ainda, a identificação do Revmo. Frei José de Arimatéia com os princípios e finalidades de nossa associação e a sua disposição e devoção à liturgia segundo o usus antiquor, não afastando em nenhum momento – assim como aos FILHOS DA IMACULADA – a assistência e reverência à forma ordinária do Rito Romano. 
FINALIDADES:

1. Promover atividades sociais, culturais, educativas e comunitárias, colaborando com a santificação de todos e de cada um em particular, exortando à observância da lei de Deus e a comunhão com a Igreja, com o auxílio da Imaculada Conceição;

2. Difundir a devoção à Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria, dogma de fé proclamado pela Santa Igreja, incentivando a recitação do Ofício da Imaculada;

3. Incentivar a devoção ao ‘Saltério da Virgem’, o Santo Rosário pregado por São Domingos de Gusmão como ‘arma contra o pecado e a heresia’ e ‘artilharia contra o demônio’, assim como o Terço do Rosário recomendado por Nossa Senhora nas aparições aos pastorinhos de Fátima;

4. Incentivar o conhecimento das excelências e do valor do Santo Sacrifício da Missa, considerando a forma ordinária ou extraordinária da 'lex orandi' da Igreja Católica de rito latino;

5. Incentivar e apoiar, cuidando para o que dispõe o cânone 214 CIC, a devoção ao Rito Romano na forma extraordinária, observando o ‘Motu Proprio Summorum Pontificum’;

6. Incentivar e apoiar o conhecimento da doutrina cristã, conforme os ensinamentos do Magistério solene e perene da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, tendo em vista o cânone 229 CIC;

7. Motivar os inscritos na Associação, pela união fraterna, à perseverança da oração e ao exercício da caridade, para que o Senhor possa derramar ‘a vida e uma bênção eterna’ (cf. Salmo 132).

A partir disso, em 26 de Dezembro de 2013, o Bispo diocesano de Luziânia, Dom Afonso Fioreze, CP, autorizou a instalação do Sacrário na capela da Associação, cujas fotos da celebração ora publicamos. Devoção ao Santo Sacrifício da Missa, especialmente na forma extraordinária do Rito Romano, iluminados pela sã Doutrina da única Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, através da união fraterna dos filhos da Imaculada Conceição da Virgem Maria - conforme os ideais de São Maximiliano."
Vale salientar que a presença dos Militares junto à Associação, desde o seu início, foi e é de grande valia, uma vez que os mesmos são ativos e o diretor espiritual é quem os assistem.
Os álbuns completos, podem ser acessados AQUI (Fotos de Bárbara Cabral) e AQUI.




























terça-feira, 7 de janeiro de 2014

E chamam a isso “liturgia”!

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Trazemos hoje um excelente texto postado por Dom Henrique Soares da Costa, bispo auxiliar de Aracaju, em sua página pessoal no Facebook, sobre as palavras do Cardeal Arcebispo Emérito de Bruxelas, Cardeal Godfried Danneels logo após o Sínodo sobre a Eucaristia:

O cardeal, afirma: “A indicação mais útil surgida no Sínodo foi a recomendação de celebrar bem a Missa. A primeira obra de evangelização é a própria liturgia. Se ela é bem celebrada, exerce uma força de atração e é já uma evangelização em si mesma. Não é necessário acrescentar coisas... O que é belo, atrai e desarma. Muitos bispos africanos e asiáticos falaram-me dos ‘prosélitos de porta’... aqueles pagãos que chegam à porta das igrejas atraídos pela beleza da liturgia. Sentem que algo importante acontece ali...”



O Cardeal recordou que a Eucaristia não é um simples banquete festivo, mas é primeiramente o Sacrifício de Cristo: “Depois do Concílio, colocou-se a ênfase na Eucaristia como banquete. Mas, a última ceia não foi simples banquete. Foi um banquete ritual e ao mesmo tempo sacrifical. Os apóstolos e Jesus não se encontraram no cenáculo somente para comer juntos... Reuniram-se para fazer memorial da ceia pascal dos judeus e comemorar a obra da salvação realizada por Deus no Egito”.

Daneels está certíssimo! Nunca esqueçamos que a Celebração eucarística não é uma folia, um teatro, uma invenção da cabeça de padre espertinho e de uma comunidade “criativa” em inventar modas! A Missa não é um festa – pelo menos não uma festa no sentido corrente do termo! Não é isso e nunca será isso!

A Missa é um sacrifício sagrado, santíssimo na forma ritual de banquete. Um rito não deve ser mudado, inventado, adulterado! O rito é algo sagrado e santo: deve ser simplesmente recebido e celebrado! Participar do rito não é inventar coisas, fazer coisinhas, pequenas atividades, mas sim deixar-se tomar por ele, invadir por ele: pelo silêncio, pelas palavras, pelos gestos sagrados, pela gravidade, pela piedade, pelo senso do mistério santo... Participa bem e frutuosamente do rito quem, invadido por ele e nele mergulhado, encontra o Santo, o Eterno, o Senhor tão íntimo, tão próximo e tão santo e aí, por Ele colhido e tocado, é transformado! Por isso mesmo, Jesus seguiu à risca o rito judaico e estabeleceu um novo rito, o rito eucarístico, que devemos celebrar com reverência, unção e respeito amoroso.

O Cardeal também ficou muito contente com a ênfase na adoração eucarística: “Vejo que tantos jovens a descobrem como uma coisa nova. Viu-se isso em Colônia e na adoração silenciosa dos meninos de primeira comunhão (com Bento XVI), na Praça de São Pedro. Os jovens apreciam uma fé anunciada sem enfeites, sem intermináveis preâmbulos e truques de pré-evangelização (ou seja, aquelas coisas que querem tornar a fé mansinha, fácil e agradável ao mundo). Eles são abertos a quem testemunha a sua fé cristã na liberdade, sem procurar convencer-lhes fazendo pressão sobre eles...”

O Cardeal está coberto de razão! Basta pensar em João Paulo II e Bento XVI... O Santo Padre Francisco, quando celebra, não faz gracinha para ninguém: celebra os santos mistérios e pronto: com gravidade e reverência.



Veja ainda o que ele diz: “Os sacramentos são gestos concretos, que utilizam sinais materiais. O sinal é sempre visível, mas é sempre apenas um sinal de “algo” invisível, a realidade mesma do sacramento, que nos é dada através do sinal. É aqui que está a força da liturgia! Este “algo” não é perceptível quando a liturgia se torna um teatro, uma autocelebração inventada por nós mesmos. Quando acontece isso, a liturgia torna-se algo pesado. Não tem sentido sair de casa para assistir todo Domingo à mesma peça teatral!”

Veja que a afirmação do Cardeal é perfeita. Se a liturgia for inventada pelo padre ou pela comunidade, não passa de um teatro chato e de mau gosto! Liturgia inventada é coreografia, é autocelebração que cedo ou tarda, cansa, mata de monotonia! O rito repetido sempre é mistério santificante; a coreografia é gesto humano que sempre tem que ser renovado pela criatividade e, ainda, assim, acaba enfadando! A liturgia somente encanta se for maior que o padre e que a comunidade, se for sagrada, se nos der a presença santíssima e misteriosa do Senhor Jesus, o Enviado do Pai!




E pensar que no nosso Brasil a gente tem que suportar cada celebração, cada invenção, cada criatividade! É dança “litúrgica”, é um palavreado vazio, é uma inflação de comentários, é um repertório de cânticos que não tem nada de litúrgico nem ligação alguma com o tempo litúrgico e o mistério celebrado, é aviso que não acaba mais, é palma pra lá e pra cá, é o mau gosto na ornamentação, é a bagunça nos paramentos inventados, é a falta de respeito ao texto do missal... E chamam a isso “liturgia”!

domingo, 15 de dezembro de 2013

Missa Rorate celebrada pelo Superior Padre Fr. José Ricardo

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Já mencionamos em outro artigo em nosso blog que uma tradição católica para o Advento é fazer celebrar, aos sábados desse tempo litúrgico, uma Missa votiva de Nossa Senhora que começa com a antífona Rorate Caeli. Uma particularidade dessa Missa é ser toda celebrada no escuro, sem luz: apenas a que emana de dezenas de candelabros sobre o altar, espalhados no presbitério e em outros locais da igreja.


Seguem algumas fotos da Missa Rorate celebrada, pelo Superior Padre Fr. José Ricardo, no Mosteiro (Pequenos Carmelitas do Santíssimo Sacramento), com orientação versus Deum e em vernáculo. 













Agradecemos ao 
Frei Jonatan Rocha Do Nascimento pelo envio das fotos.

domingo, 24 de novembro de 2013

A minha casa é casa de oração, mas fizestes dela...

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O Evangelho desta sexta-feira da XXXIII Semana do Tempo Comum nos recordou a necessidade do cuidado e zelo para com o Templo, a Casa de Deus. Com a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo e a perpetuação de seu sacrifício no lenho da cruz - através do sacrifício do altar oferecido por meio da Ordem sacerdotal, meio pelo qual temos acesso à Santíssima Eucaristia -, Deus passou a habitar em nossas igrejas e erigiu aí Sua nova Casa. Se no Templo de Jerusalém Sua presença era significada pela Arca da Aliança no Santo dos Santos, muito maior é cada uma de nossas igrejas e capelas. Nelas, Deus habita verdadeiramente, com Presença Real.

Enquanto no Evangelho vemos a venda de bens materiais dentro do Templo, vemos hoje - tristemente - em muitos lugares a venda da fé. O relativismo e o laxismo dos tempos de hoje podem até tornar a crença mais palatável - mais acessível, é a desculpa que se costuma utilizar -, mas acabam, assim como naquele tempo, por deturpar a verdadeira finalidade do Templo, o culto propício a Deus.

Diz assim o Pe. Francisco Fernández Carvajal, na meditação diária que oferece em seu Falar com Deus:
Movido pelo zelo da casa de seu Pai, por uma piedade que brotava do mais fundo do seu Coração, Jesus não pôde suportar aquele deplorável espetáculo e expulsou dali todos os vendilhões, com as suas mesas e animais, sublinhando a finalidade do templo com um texto de Isaías bem conhecido de todos: A minha casa é casa de oração, mas vós fizestes dela um covil de ladrões.”
Inspirado nesta mesma piedade e zelo é que devemos lutar contra a venda da fé. Como fazer isto? Como não temos a santidade e a conformação com a vontade do Pai que Cristo tinha, é certamente muito mais prudente e eficaz evitarmos o confronto direto com nossos pastores e superiores e doarmo-nos no serviço ao próximo, atuando como catequista, auxiliando na formação de um amigo ou de um grupo deles.

O que isto tem a ver com Liturgia? Bom, sabemos que a fé e a Liturgia estão intimamente ligadas e influenciam-se mutuamente, pois lex orandi, lex credendi. E um pressuposto para o novo movimento litúrgico é uma formação doutrinal mais sólida aos fiéis e aos novos seminaristas, futuros padres.

O cuidado que devemos para com a Casa de Deus não termina aí. Se aí Deus habita, faz-se necessário uma postura apropriada. Por mais que sejamos amigos de Nosso Senhor - não mais servos, como Ele mesmo disse -, ainda assim reconhecemos que somos muito pouco perto de Deus. Nesta saudável tensão entre a intimidade e o temor que devemos ter para com Deus, a Igreja incentiva nos fiéis algumas atitudes e gestos concretos de piedade: o decoro ao entrar e enquanto estiver na igreja; a postura adequada; um andar em ritmo natural, sem correria; roupas modestas; as diversas reverências dentro da missa e fora dela, as genuflexões ao se passar diante do Sacrário, adorando a Deus; etc.

Continua o Pe. Carvajal:
“O incenso, as inclinações e genuflexões, o tom de voz adequado nas cerimônias, a dignidade da música sacra, dos paramentos e objetos sagrados, o decoro desses elementos do culto, a limpeza e cuidado com que se conservam, foram sempre manifestações de um povo que crê. O próprio esplendor dos materiais litúrgicos facilita a compreensão de que se trata sobretudo de uma homenagem a Deus.”

São símbolos, claro. Embora hoje não se admita sua força e importância, nem por isso elas não existem. E estes sinais relembram aos outros, e principalmente a nós mesmos, que, como diz o adágio filosófico, nihil est in intelectu quod prius non fuerit in sensu (nada pode ser conhecido pela inteligência se antes não for captado pelos sentidos).

Uma lex orandi mais firme, uma lex credendi mais concreta, praticada com piedade. Antes disso nem se pode desejar uma reforma da reforma. Seria "colocar a carroça na frente dos bois", como diz o dito popular. Sem isto torna-se difícil aos fiéis sequer serem capazes de sentir a necessidade de se recuperar a sacralidade na Liturgia, pois continuarão numa fé movida pelo sentimentalismo. Como querer, por exemplo, que vejam a beleza do canto gregoriano se sua fé é desconexa da tradição litúrgica, se para a experiência musical que adquiriram ao longo de sua vida o gregoriano soa à velharia e se tampouco entendem as qualidades que dão a este canto a primazia no Rito Romano, como lembra o Concílio Vaticano II?


Chama a atenção a proximidade deste Evangelho com a Solenidade de Cristo Rei. Tal como um Rei começa reinando sobre sua própria nação para então expandir seu reino, o Reinado de Cristo deve ser pleno na Igreja para que reine fora dela, no mundo. Se Nosso Senhor não é reconhecido e devidamente honrado como rei pelos seus, por Sua Igreja, como esperar que os demais venham a adorá-lo?



E você, caro leitor, como tem se portado na Casa de Deus? Tem refletido sobre os gestos que realiza durante a Liturgia, realizando-os com piedade e devoção? Tem cuidado com a vestimenta e com o portar-se? Tem evitado distrações para adorar melhor a Deus por meio da Sagrada Liturgia? E como tem colaborado para dar uma fé mais sólida aqueles ao teu redor?

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Livro-chave da Reforma da Reforma agora em tradução brasileira

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O clássico da Reforma da Reforma, "Introdução ao Espírito da Liturgia", foi finalmente publicado em tradução brasileira.

O famoso livro do então Cardeal Ratzinger (Papa Bento XVI) - já foi citado diversas vezes em nosso site - é certamente o livro-base do novo movimento litúrgico iniciado pelo Papa Bento XVI.

Esperamos que esta tradução, publicada pelas Edições Loyola, sane alguns problemas de tradução da edição portuguesa.

Mais informações no site da editora.






segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Série de aulas ao vivo sobre o missal de Paulo VI, por Pe. Paulo Ricardo

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O Pe. Paulo Ricardo vêm realizando uma série de aulas ao vivo a respeito do Missal de Paulo VI. Trata-se de uma análise séria, crítica é verdade, mas com o propósito de colaborar com a reforma da reforma do Papa Bento XVI.

Pretendo fazer alguns comentários sobre estas aulas em breve. Deixo, por ora, os links para as aulas que já aconteceram.


A primeira delas teve como tema "O missal de Paulo VI e a reforma da reforma litúrgica de Bento XVI", com a seguinte descrição:
O pontificado de Bento XVI deu uma atenção especial à chamada “reforma da reforma”. O foco era corrigir as imprecisões e aberturas do Missal de Paulo VI, que dão espaço a interpretações protestantes da Celebração Eucarística. Mas quais são essas aberturas e como elas surgiram? E qual deve ser a posição dos católicos frente a esses problemas?
Semana passada (27 de agosto) ocorreu a segunda aula desta série, intitulada "O Missal de Paulo VI e a hermenêutica da continuidade":
Após o programa da semana passada, muitas pessoas questionaram se havia alguma solução válida para coibir os abusos litúrgicos, decorrentes de uma interpretação protestante do Missal de Paulo VI. Para Bento XVI, sim, há uma solução: a hermenêutica da continuidade.
As aulas vêm ocorrendo nas noites de terça-feira, a princípio semanalmente. Mais informações no site do Pe. Paulo Ricardo.

***

Atualização (03/09/2013):

O Pe. Paulo Ricardo publicou a seguinte carta, com o intuito de tornar mais clara sua posição sobre o Missal de Paulo VI e sanar eventuais dúvidas e mesmo manipulações de suas palavras:

Várzea Grande, 3 de setembro de 2013.
Salve Maria!
Alguns alunos pediram o costumeiro resumo dos conteúdos de meus dois programas ao vivo a respeito de O Missal de Paulo VI e a "reforma da reforma". Decidi fazê-lo pessoalmente para evitar quaisquer equívocos, devido à delicadeza da matéria.
Os dois vídeos são fruto de uma longa reflexão pessoal, que iniciou com a leitura do livro Introdução ao Espírito da Liturgia, do então Cardeal Ratzinger. É de conhecimento comum que o referido livro desencadeou um movimento litúrgico no mundo inteiro. O providencial pontificado do Papa Bento XVI aumentou ainda mais a amplitude e profundidade de seu alcance.
De forma brevíssima poderíamos resumir assim os dois vídeos:
  1. Vídeo 1 – O conteúdo do Missal de Paulo VI é católico, mas, por causa de sua linguagem ecumênica, não toma as precauções que impediriam a manipulação de uma leitura protestante. No século XVI, este tipo de manobra conduziu a Igreja da Inglaterra à perda da fé na Eucaristia.
  2. Vídeo 2 – O tipo de artimanha descrita no vídeo anterior tem feito um mal imenso à Igreja graças à militância de maus teólogos. Devemos seguir o exemplo de Bento XVI e usar as possibilidades que o Missal de Paulo VI nos dá de celebrá-lo de uma forma mais tradicional. Ao mesmo tempo, a liturgia antiga deve ser possibilitada amplamente. Ao Espírito Santo caberá nos conduzir e determinar o futuro do Rito Romano.
Penso que estes dois curtos parágrafos transmitem com fidelidade a substância do que eu desejei transmitir através dos programas.
Espero que isto também seja um instrumento para desmascarar a distorção sensacionalista de alguns resumos que circulam pela internet e que gostariam de interpretar estes dois programas como se fossem uma condenação do Missal de Paulo VI e do Concílio Vaticano II. A estas pessoas eu gostaria de responder com as palavras usadas pelo próprio Cardeal Ratzinger para defender o movimento litúrgico que desejava iniciar:
[Que] se crie a impressão de que nada no Missal jamais poderá ser mudado, como se qualquer reflexão a respeito de possíveis reformas futuras fosse necessariamente um ataque ao Concílio – a uma tal ideia eu só poderia dar o nome de absurda.
(Cardeal Joseph Ratzinger, "Réponse du Cardinal Ratzinger au Père Gy". in La Maison-Dieu 230.2 (2002) 113-20).
Peço aos amigos que divulguem amplamente estes resumos. É um auxílio ao debate sadio das ideias ali enunciadas e uma caridade para com algumas pessoas que não têm tempo ou disposição para assistir os dois longos vídeos. Algumas delas, aliás, de forma imprudente, não se abstém de opinar levianamente a respeito de um assunto sobre o qual não se deram o trabalho de sequer colher as informações preliminares (pedir a estas pessoas uma meditação séria e uma honesta busca da verdade é querer colher uvas de um espinheiro...).
Devido à importância da matéria, pediria também aos sacerdotes e aspirantes ao sacerdócio que acolhessem estas minhas reflexões como um convite ao estudo e ao desapaixonado e objetivo debate do tema.
Peço a Deus que este modesto serviço sirva para o crescimento de sua Santa Igreja, da qual me confirmo filho devotado e obediente,
In Iesu et Maria,
Padre Paulo Ricardo

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Demais Orações Eucarísticas do Missal Romano "ganham" São José

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QUA, 19 DE JUNHO DE 2013 09:16
POR: CNBB / RÁDIO VATICANO

A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, por meio de um de um decreto emitido no dia 1º de maio passado, inseriu São José no texto das Orações Eucarísticas II, III e IV do Missal Romano. “Pelo seu lugar singular na economia da salvação como pai de Jesus, São José de Nazaré, colocado à frente da Família do Senhor, contribuiu generosamente à missão recebida na graça e, aderindo plenamente ao início dos mistérios da salvação humana, tornou-se modelo exemplar de generosa humildade, que os cristãos têm em grande estima, testemunhando aquela virtude comum, humana e simples, sempre necessária para que os homens sejam bons e fiéis seguidores de Cristo”, afirma o texto.

“Na Igreja Católica os fiéis, de modo ininterrupto, manifestaram sempre uma especial devoção a São José honrando solenemente a memória do Esposo da Mãe de Deus como Patrono celeste de toda a Igreja; de tal modo que o Beato João XXIII, durante o Concílio Ecumênico Vaticano II, decretou que no antiquíssimo Cânone Romano fosse acrescentado o seu nome. O Sumo Pontífice Bento XVI acolheu e quis aprovar tal iniciativa manifestando-o várias vezes, e que agora o Sumo Pontífice Francisco confirmou, considerando a plena comunhão dos Santos que, tendo sido peregrinos conosco neste mundo, nos conduzem a Cristo e nos unem a Ele”, explica o decreto.

A partir de agora, no texto das Orações Eucarísticas II, III e IV da terceira edição típica do Missal Romano, o nome de São José deve ser colocado depois do nome da Bem-aventurada Virgem Maria como se segue: na Oração Eucarística II: “ut cum beata Dei Genetrice Virgine Maria, beato Ioseph, eius Sponso, beatis Apostolis”, Na Oração Eucarística III: “cum beatissima Virgine, Dei Genetrice, Maria, cum beato Ioseph, eius Sponso, cum beatis Apostolis”; na Oração Eucarística IV: “cum beata Virgine, Dei Genetrice, Maria, cum beato Ioseph, eius Sponso, cum Apostolis”.

Para os textos redigidos em língua latina utilizam-se as formulas agora apresentadas como típicas. A Congregação fará a tradução nas línguas ocidentais mais difundidas; para as outras línguas a tradução devera ser preparada, segundo as normas do Direito, pelas respectivas Conferências Episcopais e confirmadas pela Sé Apostólica.
ATUALIZAÇÃO:

O Fr. Z disponibilizou uma digitalização da tradução - da conferência episcopal norte-americana - do decreto, que replicamos aqui.

O decreto em português está disponível no site do Vaticano. As fórmulas em português (de Portugal, ao menos) ficarão assim:
Na Oração Eucarística II:
"com a Virgem Maria, Mãe de Deus, com São José, seu esposo, os bem-aventurados Apóstolos...";

Na Oração Eucarística III:
"com a Virgem Santa Maria, Mãe de Deus, com São José, seu esposo, os bem-aventurados Apóstolos...";

Na Oração Eucarística IV:
"com a bem-aventurada, Virgem Maria, Mãe de Deus, com São José, seu esposo, os Apóstolos...".

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Manifesto Pelo Novo Movimento Litúrgico

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A História da Sagrada Liturgia tem nos mostrado que, na imensa maioria das  vezes, são os Sumo Pontífices que iniciam os processos de adaptação e reforma ritual da  Igreja. Foi assim com a compilação que mandou fazer o papa Gregório Magno dos  textos até então usados, foi assim com os textos litúrgicos que foram levados e  difundidos ao Norte dos Alpes pelos francos, também o foi assim quando o Concílio de  Trento quis que os ritos de menos de duzentos anos de uso comprovado fossem postos de lados ou quando o Rito Romano consolidou-se, cristalizou-se, com o Missale  Romanum, promulgado por São Pio V.

Também vieram dos pontífices, por exemplo, a ideia que o Cardeal Quignonez colocou em ordem: resumir o Breviário Romano e adaptá-lo para um uso mais ligeiro  dos sacerdotes. Uma ideia que, felizmente, foi abandonada assim que se percebeu o  tamanho do problema que se havia criado, simplificando o rito litúrgico para se adaptar  a realidade da Idade Moderna.

No século XIX há um movimento que, de certa forma, atinge a Igreja, mas que  não vem dela, chamado Positivismo. De maneira geral, é por causa dele que,  atualmente, temos as Ciências em formas tão variadas, mas também de forma bastante estanques, quase como que compartimentadas e, infelizmente, algumas vezes sem que  uma interaja com a outra. É do século XIX, nas Ciências Humanas principalmente, que  nasce o desejo pela redescoberta e catalogação de fontes históricas, especialmente  documentos régios e burocráticos, que não apenas acrescentassem pontos novos à  História e ao pesquisador, mas que também acabassem por legitimar o ambiente social  da época. 

Vastas bibliotecas de manuscritos foram catalogadas e expostas à luz do dia  depois de centenas (alguns, milhares) de anos. Foram lidos e datilografados, depois  publicados em vastas bibliotecas de fontes ainda hoje existentes e de extrema  importância para qualquer pesquisador sério. A Ciência Histórica conseguiu, talvez  mais que em qualquer momento antes ou depois em sua trajetória, atingir uma crescente  onda de novas produções e de novas interpretações graças a esses documentos.

Também a Igreja não passaria imune por essa fase histórica, ainda que sofrendo  indiretamente seus efeitos. A começar que o século XIX, ainda que tenha sido um  século de grandes papas, um Concílio Ecumênico, uma definição dogmática e várias  aparições famosas e importantes de Nossa Santa Mãe, também foi o século que  começou mergulhado nas sombras do Iluminismo de Napoleão, de um crescente  Racionalismo antirreligioso, de uma arte que passa a valorizar a sensualidade, de  anticlericalismo destacado e apoiado por vastos estados e, por fim, com a unificação da  Itália e o papa que se faz prisioneiro do Vaticano. A Igreja ainda não saíra de todo de uma crise no século XVIII. O galicanismo  permeava grande parte das igrejas francesas, com padres e bispos apoiando doutrinas  contrárias ao que pedia Roma, inclusive o conciliarismo e teses ligadas a independência da Igreja católica francesa de Roma. Para piorar, a época foi de certa confusão doutrinal  e moral, pois muitos padres “galicanos” afastavam os fiéis da Santíssima Eucaristia,  julgando que a maioria deles era, simplesmente, de segunda classe e que, com toda  certeza, o ato de receber Nosso Senhor Eucarístico seria um sacrilégio. Um dos padres  da época chegou a proclamar: “Orgulho-me em dizer que este domingo não houve  nenhuma Comunhão sacrílega em minha igreja, porque nenhum dos fiéis comungou”.

Eram momento difíceis para a Igreja que precisava lidar com a Revolução burguesa, os  ideias liberais e com crises internas. Porém, mesmo nos momentos mais escuros, nasce  a luz. Foi na França que o remédio para o próprio Galicanismo nasceu. E veio de um  mosteiro e de um monge. Era dom Gueranger, no século XIX, que é conhecido, antes de  qualquer coisa, como o incentivador e renovador do canto gregoriano em sua abadia,  São Pedro de Solesmes. Porém, para além do incentivo ao santo gregoriano, o abade  trabalho em grande programa de explicação, difusão e incentivo do calendário romano  (e que tornou-se seu famoso “O ano litúrgico”), com uma forma de se voltar França à  Roma. Como? Levando o povo de volta à própria Liturgia romana e dando a esta seu  devido lugar na vida dos fiéis.

Os historiadores da Liturgia têm o costume de colocar Dom Prosper Gueranger  como o iniciador do “Movimento Litúrgico”. Esse Movimento, não muito depois de  Dom Prosper, também se aproximou das fontes principais da própria liturgia que,  devagar, iam sendo publicadas. Era de entendimento geral que a Liturgia não deveria,  simplesmente, ser um mundo arcano e afastado das realidades dos fiéis. Os fiéis deveriam ser conduzidos à Liturgia e levados a um profundo conhecimento e amor por  ela. A religião não deveria ser apenas uma sequência de preceitos, mas de um amor  grande pelo Senhor e centralizar a vida dos fiéis na Santíssima Eucaristia, Nosso Senhor  Jesus Cristo presente no pão e no vinho em Seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade.

Durante todo a segunda metade século XIX e a primeira do século XX houve um  movimento gradativo, mas bastante forte, para tornar a Liturgia central na vida dos fiéis.  Apareceram os primeiros missais para aproximar os leigos do ritual, livros sobre a  vivência dos diversos tempos do ano litúrgico, além de dezenas de eventos dentro do  âmbito acadêmico voltado ao estudo da Liturgia. Parecia ser uma primavera litúrgica na  Igreja, trazendo o Cristo para o centro dos olhares e atenções dos fiéis. Porém, nem tudo foram luzes no “Movimento Litúrgico”. Foi depois da II  Guerra Mundial que algo mudou dentro dele. Os clamores por “simplificações” e  “adaptações ao espírito do homem moderno” começaram a ser ouvidos mais altos.

Surgiram teorias sérias que diziam que a liturgia estava degradada e, consequentemente,  precisava ser refeita. E o “Movimento Litúrgico”, ainda que ganhando cada vez mais  força, perdeu seu rumo original. Se a questão original era melhor formar o homem à  Liturgia, a partir desta segunda fase dele há uma mudança de rumo e clama-se para que  a Liturgia se adapte ao homem.

O Concílio Vaticano II, talvez o mais importante evento da Igreja do século XX,  dá centralidade à Santa Missa, à Liturgia, respondendo aos apelos dos peritos do  “Movimento Litúrgico”, inclusive muitos deles estando presentes no próprio evento. E é  dele que sai a Liturgia Reformada pelo papa Paulo VI que chamaremos aqui de “Novus  Ordo”.  O período que segue o Concílio, ainda que se esperasse um período de nova  primavera para a Igreja, liturgicamente foi de quase total e completo caos, sendo também um período complicado, não apenas fora, mas dentro da Igreja. A mídia cria  um Concílio que não é o mesmo Concílio da Igreja. O Concílio da mídia é aquele que  interpretou os documentos eclesiais como bem lhe aprouve, querendo adaptar a Igreja  ao homem moderno e não a linguagem da doutrina de sempre para a sociedade atual.

Explodiu a experimentação dentro da Liturgia, porque o homem moderno é dado a  novidades. O que era anterior ao Concílio, muitas vezes, foi considerado menor, errado  ou estragado, doutrina que, infelizmente, ainda hoje é ouvida por muitas pessoas e  pregada por tantas outras. Muitos homens da Igreja apaixonaram-se pela novidade. O  Missal promulgado pelo papa Paulo VI tantas vezes foi esquecido, tornando-se apenas o  lugar para as orações próprias do dia, todo o resto da Santa Missa, muitas vezes, foi  diminuído ou esquecido. Pululou o invencionismo. Pululou o relativismo. A Igreja sempre manteve a vigilância sobre a Santa Liturgia, mas poucas vezes foi ouvida.  Porém, algo novo aconteceu após o Concílio. Também os leigos entraram na luta pela Santa Liturgia. Frente ao complicado espetáculo que, algumas vezes, se delineava  em certas igrejas, foram também os leigos que pediram fidelidade às normas litúrgicas.  Surgiram, assim, movimentos devotados à correta celebração da Santa Liturgia vindo de  sacerdotes e de leigos. Com o beato papa João Paulo II vimos grandes documentos sobre a Eucaristia e  instruções de como bem celebrar a missa, mas, talvez, o ápice deste movimento foi o pontificado do papa Bento XVI, já no começo do século XXI. O papa Bento XVI não  foi um legislador sobre a Liturgia, nem um legislador sobre nenhuma outra matéria  dentro da Igreja. Legislou sobre a Liturgia, sim, porém uma única vez. Basta nos  voltarmos ao Motu Proprio “Summorum Pontificum” que delineia as normas para o uso  do Missale Romanum do beato papa João XXIII e que chamaremos de “Usus  Antiquior”. 

Mas, com toda certeza, a imagem do santo padre estará, sempre, associada à  Santa Liturgia. Não apenas por ter sido sempre um grande apaixonado pela Santa  Liturgia, devotando muitas páginas sobre o assunto, como o seu já clássico livro  “Introdução ao Espírito da Liturgia”, mas também porque ele deu-nos o exemplo, com  celebrações solenes e dignas. Também foi ele a dizer que não devemos interpretar o  Concílio de forma errônea e, igualmente, apontar-nos que precisamos de um novo  movimento litúrgico. Porém, este novo Movimento Litúrgico não deve sair de seu  âmbito, assomando a si as ferramentas para julgar e mudar a Liturgia. Isso é  experimentalismo e nem mesmo a Igreja tem feito isso com a Liturgia. O novo  Movimento Litúrgico, antes de mais nada, deve ser a ferramenta de transformação do  homem para bem viver a Santa Liturgia, muitas vezes tirando o próprio homem do centro da celebração e colocando nela Jesus, o Verbo de Deus. Além disso, deve ser base desse novo Movimento Litúrgico a fidelidade às normas e às especificações do  Magistério, cuidando para que os desvios litúrgicos não sejam mais realizados.

O amor pela Santa Liturgia do santo padre Bento XVI contagiou muitas pessoas. Aqui é importante pensarmos que precisamos salvar a liturgia para salvar o mundo. A  Liturgia não é uma sequência de normas dispostas a esmo, como também não é um  mundo sem norma alguma. A Liturgia é o espaço privilegiado de encontro com o  Senhor que vem, do Emanuel Deus Conosco, que se faz presente no meio dos seus. É na  Liturgia que o Esposo vem visitar a Esposa em um encontro íntimo, tão íntimo que nas  antigas igrejas se poderia separar a nave do presbitério no momento da Consagração por uma cortina, fazendo com que os fiéis não vissem o Esposo apresentando-se a esposa.  Salvar a Liturgia dos excessos, dos experimentalismos, dos gostos pessoais, é colocá-la  em seu lugar de direito: como centro da vida dos fiéis, é respeitar suas normas e promover a restituição de sentido do sagrado do mundo. 

Porém, já nos deveria ser claro que o papa Bento XVI não seria papa para  sempre e que aquele que o sucedesse no Trono de Pedro poderia ter outras obrigações e  planos que não a continuação das propostas litúrgicas de Bento XVI. Isso não leva os papas a serem melhores sou piores, mas nos leva a agradecer aos Céus por termos pessoas diferentes em tempos diferentes e que governam a Igreja segundo as suas necessidades. Assim, chegou a hora de o Movimento Litúrgico que vimos delineando-se no pontificado do papa Bento XVI deixar a internet que, até agora, tem sido também seu  campo privilegiado. Sim, há muita gente que trabalha arduamente para que haja o  desenvolvimento e aplicação das normas na Liturgia e de sua correta celebração, porém, um grande celeiro de conhecedores da Liturgia está no meio virtual. Chegou a hora de deixarmos os teclados de lado e arregaçarmos as mangas, usando, sim, do meio virtual para evangelizar e discutir, mas também precisamos de mãos para trabalhar. Cada uma de nossas igrejas, por menores que sejam, contam agora com nossas mãos. O pouco que temos, bem aplicado, tornar-se-á muito.

Neste espírito, abaixo, sugerimos algumas das possíveis linhas de ação a serem seguidas pelo Novo Movimento Litúrgico. São de fáceis aplicações e, igualmente,  pensadas para serem bastante práticas.
1. Os beneditinos, assim também a Milícia de Santa Maria, não desenvolvem votos de pobreza ou de obediência ao santo padre, mas são obrigados ao voto de “Conversão dos costumes” (conversatio morum) ao entrarem nos mosteiros (ou assumirem a Associação como parte de suas vidas). Trabalhar em prol da Liturgia é muito mais do que criticar a posição das mãos deste sacerdote ou dizer que tais objetos são mais dignos que outros para a Santa Missa. A conversão dos costumes é a base de todo apostolado. Ninguém que queira seguir adiante com o menor apostolado católico  deve se esquecer que a ação, sem a oração, é e será sempre infrutífera, ou pelo menos  efêmera. Se quisermos lutar pela Santa Liturgia, devemos procurar todos os meios possíveis para nossa santificação: buscarmos um bom diretor de consciências, rezar o santo rosário, participar dignamente dos Santos Mistérios, ter uma vida de oração e buscar sempre o Sacramento da Reconciliação. Porém, devemos nos entregar ao Senhor totalmente, esperando que Ele faça de nós seus instrumentos. Sem a conversão de  nossos costumes, o sincero desejo de sermos verdadeiramente santos como o Pai é santo, podemos cair não apenas nas ações vazias, mas em fazer ações que seriam boas tornarem-se más pela nossa soberba. Sem dobrar os joelhos em fervorosa oração, o  Novo Movimento Litúrgico tenderá a falhar desde seu início e a conduzir aqueles que dele tomarem parte a um fim bastante ruim.
2. Não se ama o que não se conhece e, infelizmente, atualmente as pessoas tendem a serem mais espertas que outras. Infelizmente, certos grupos tomam o lugar onde o discurso é feito e discursam qualquer coisa que não o correto, passando-o pelo correto. Devemos retomar o lugar do discurso sobre a Liturgia, ensinando e repetindo o que ensina a Igreja. Assim, a próxima ação é promover o estudo da liturgia, em sua forma mais geral. Não apenas as normas, mas seu sentido, sua teologia e sua espiritualidade. Os mitos devem ser desfeitos e a clareza da Igreja deve brilhar. O material ruim deve dar lugar ao bom material de estudo litúrgico. Opiniões pessoais devem estar em seus devidos lugares e não parecer que estas são as ações em si. A promoção pode ser feita de várias maneiras, a começar pela própria internet, mas também em reuniões em grupos de amigos e paroquianos.

3. Igualmente, caberá a todos nós promover e incentivar o canto sacro. Por definição, o canto sacro católico é o gregoriano, porém a Igreja nunca desprezou outros estilos musicais. Devemos retornar as nossas fontes identitárias em relação à música. O canto gregoriano é simples, ainda que melodioso; austero, ainda que espiritual; leve, ainda que profundo. É tempo de retomarmos nossas fontes e de nos despirmos dos preconceitos contra as formas cantuais tradicionais da Igreja. A volta do gregoriano, e da polifonia sacra, será uma forma de se recoroar o órgão como rei dos instrumentos musicais e das nossas celebrações litúrgicas. Igualmente, a busca por uma melhora constante no canto sacro, levará a criação de novas peças melhores que as atuais (e livres de, por um lado, canto de militância e, por outro, do canto sentimental extremado que gera individualismo).
4. Também, nos caberá promover o Novus Ordo bem celebrado, sem invenções, dentro do espirito característico do Rito Romano que é conhecido pela sua sobriedade. Devemos nos esforçar para que a forma comum de nossas celebrações seja primada não apenas pela sobriedade, mas por grande reverência dos fiéis. Todos aqueles que tomam parte em sua celebração devem primar pelo zelo litúrgico e amor a Nosso Senhor Sacramentado como, igualmente, os sacerdotes devem primar pela sua ars celebrandi. Que os paramentos e objetos sejam dignos, ajudando a elevar os corações  dos fieis ao alto, porém, que eles não sejam a parede ou a muleta onde escora-se a celebração. A Santa Missa bem celebrada pode, ou não, ter bons paramentos, mas terá devoção, boa homilia, zelo litúrgico, acolhida... Ainda que paramentos belos realcem o valor sagrado da Eucaristia, não poucas vezes eles podem transformar-se em uma muleta que leva os olhos ao espetáculo, mas mantem os corações vazios.
5. Igualmente, devemos promover, dando a conhecer e ajudando a desmistificar, o Usus Antiquior. Não devemos opor o anterior ao posterior do Concílio. Da mesma forma, devemos dar a conhecer o Uso Antigo do Rito Romano que foi instrumento de santificação de milhões de fiéis antes do nosso Novus Ordo. Nosso apostolado pode ocorrer de dezenas de formas, na internet com a divulgação de fotos, vídeos e textos. Igualmente, devemos dar a conhecer esta forma litúrgica aos sacerdotes e grupos de fiéis fora da internet. Não de forma abrupta e desrespeitosa, mas com amor e caridade. Os mitos que se desenvolveram em torno do Uso Antigo devem ser desfeitos com calma e caridade. Os grupos de fiéis que, por graça e benção de Deus, já celebramno devem empenhar-se na solenização do mesmo, que as Santas Missas na Forma Extraordinária do Rito Romano resplandeçam pela beleza, sobriedade e profundidade espiritual, tudo favorecendo para elevar o nosso coração ao Senhor.
6. Sabemos que enfrentaremos oposição, como também sabemos que, infelizmente, a situação da Forma Ordinária do Rito Romano em muitas igrejas pelo Brasil e o mundo não é boa, pois abundam a “criatividade” e certo subjetivismo. Então, aqueles que têm os documentos devem chegar e revolucionar o lugar? Ainda que pareça certo, isso é pastoralmente incorreto. A ideia aqui é transbordar o mal com excesso de bem, ou seja, muitos erros que parecem entranhados na comunidade, apenas são considerados certos porque foram ensinados como tal. As pessoas não cometeram erros por hipocrisia, mas pensam que fazem o certo porque foram ensinadas assim. Cabe-nos, com amor, paciência e formação, transbordar esse mal e esse erro em bem e que, antes de tudo, possamos fazer, em proporção, o bem muito mais que a quantidade de mal. Por fim, ficamos com a doutrina da Igreja que diz que dar bom conselho e corrigir o errado, dentro da caridade, são partes dos atos corporais de misericórdia.
7. Por fim, cabe lembrar que a base de todo movimento é a organização. Assim, deve-se organizar-se grupos coesos e com práticas de piedade. Os grupos ajudam a desenvolver a ideia de coesão, pode-se haver líderes e, por exemplo, vários grupos podem juntar-se em organizações maiores e, quiçá, organizarem até eventos de estudo e demonstração. A coesão e a relativa organização são necessárias para que o próprio Novo Movimento possa ser ouvido. Deve-se evitar que os grupos desenvolvam rivalidades, mas que haja um interessante e profícuo convívio fraterno entre eles. Por fim, que os membros de cada grupo lembrem-se que, antes de estudiosos ou acadêmicos, são católicos e como católicos devem se preocupar com suas almas, assim, grupos que não rezam e não entregam seus trabalhos para a maior glória de Deus devem reformar-se. Se cada membro do grupo rezar e o grupo, como unidade, rezar, com toda certeza o trabalho será santificado e irá encontrar um bom caminho.
8. Porém, como leigos, devemos lembrar sempre que, por mais sábios, acadêmicos ou estudiosos que somos, fazemos parte da Igreja discente. Não ensinamos, mas nos resumimos a repetir o que diz a Igreja. São apenas os bispos, pela sua dignidade, que podem ensinar. Assim, devemos buscar apoio eclesiástico, não apenas entre os bispos, mas também entre os sacerdotes, diáconos e religiosos e religiosas. Quanto mais apoios eclesiásticos o Novo Movimento Litúrgico conseguir, mais facilmente ele conseguirá penetrar na Igreja, retirando o que for danoso e, com caridade, consertá-lo, difundindo a todos a Santa Liturgia bem celebrada.
9. Ao contrário de certos expoentes do primeiro Movimento Litúrgico, não devemos nos entender apenas como sábios, mas como católicos que precisam da Igreja para a Salvação. Assim, é nosso dever, sempre e em todo momento, ser fiel ao Magistério da Igreja. Devemos conhecer e pregar a Sã Doutrina e, igualmente, acatar com amor os possíveis documentos que venham a juntar-se ao campo litúrgico. Não devemos, nunca, sermos rebeldes à Igreja, mas deixarmos nossa soberba e orgulhos de lado e sermos fiéis servos e filhos da Igreja.
10. Por fim, entendendo que o grande idealizador e incentivador do Novo Movimento Litúrgico foi o papa Bento XVI, o último passo, será sempre recordar e estudar o legado do papa Bento XVI. Dessa forma, teremos sempre em nossos corações o que este grande papa fez pela Santa Igreja em seus muitos anos de serviço e ministério, também ajudando a difundirmos a boa teologia realizada por ele.São medidas simples e que não são pensadas como um plano de ação fechado em si mesmo ou sem falhas. Linhas de ação delineiam planos e, se bem realizados, esses planos nos levam a metas cumpridas. Não pensem que escrevi sem pensar ou querendo colocar o jugo sobre os ombros alheios, reconheço que devo ser o primeiro a colocar essas atitudes em ação e, igualmente, começar com a minha conversatio morumpessoal. Mas, são pequenos passos dentro do tempo de Deus, que farão o novo Movimento Litúrgico caminhar segundo a vontade d'Ele.
Assim, nesta Páscoa do ano do Senhor de 2013, entrego esses planos nas Doces Mãos marcadas com as chagas de Nosso Senhor pelas Mãos de nossa Santíssima Mãe e Suserana, a Bem-aventura Sempre Virgem Maria. Que Ela, como mulher Eucarística, possa acompanhar a Igreja do Senhor e interceder por todos aqueles que buscam a sacralização da Santa Liturgia, porque é nela que o Filho se nos torna presente, deixando o homem de lado e ensinando que, na Santa Liturgia, devemos ser não como Lúcifer que quis ser como Deus, mas como Santa Maria e são João Batista que disse (Ioh 3,30): "Illum oportet crescere, me autem minui", a mim importa diminuir para o Cristo aparecer.

São Paulo, 31 de março de 2013.

Solenidade da Páscoa do Senhor.

Michel Pagiossi Silva.
Freire d´Armas da
Militia Sanctae Mariae

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