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quinta-feira, 7 de junho de 2012

Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo - Pe. Francisco F. Carvajal

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Esta solenidade remonta ao século XIII, quando começou a ser celebrada na diocese de Liège, e o Papa Urbano IV estendeu-a a toda a Igreja em 1264. Tem por fim prestar culto à presença real de Cristo na Eucaristia, um culto que, conforme já era descrito por Urbano IV, deve ser popular, refletido em hinos e em alegria. A pedido do Papa, São Tomás de Aquino compôs para o dia de hoje dois ofícios que alimentaram a piedade de muitos cristãos ao longo dos séculos. A procissão com o ostensório pelas ruas engalanadas testemunha a fé e o amor do povo cristão por Cristo que volta a passar pelas nossas cidades e aldeias. A procissão nasceu ao mesmo tempo que a festa.
Nos lugares onde esta festa não é de preceito, celebra-se – como dia próprio – no domingo seguinte ao da Santíssima Trindade.
I. LAUDA, SION, SALVATOREM... “Louva, Sião, o Salvador; louva o guia e o pastor com hinos e cânticos”1. Hoje celebramos esta grande Solenidade em honra do mistério eucarístico. Nela se unem a liturgia e a piedade popular, que não economizaram talento e beleza para cantar o Amor dos amores. São Tomás compôs para este dia os belíssimos textos da Missa e do Ofício divino.

Hoje devemos dar muitas graças ao Senhor por ter permanecido entre nós, desagravá-lo e mostrar-lhe a nossa alegria por tê-lo tão perto: Adoro te, devote, latens Deitas... adoro-Vos com devoção, Deus escondido..., dir-lhe-emos hoje muitas vezes na intimidade do nosso coração. E na nossa Visita ao Santíssimo poderemos continuar a dizer-lhe devagar, com amor: Plagas, sicut Thomas, non intueor..., não vejo as chagas como Tomé, mas confesso que sois o meu Deus. Fazei que eu creia mais e mais em Vós, que em Vós espere, que Vos ame.
A fé na presença real de Cristo na Sagrada Eucaristia levou à devoção a Jesus Sacramentado também fora da Missa. Nos primeiros séculos da Igreja, começaram a conservar-se as Sagradas Espécies para se poder ministrar a comunhão aos doentes e aos que, por terem confessado a sua fé, se encontravam nas prisões à espera de serem martirizados. Com o passar do tempo, a fé e o amor dos fiéis enriqueceram a devoção pelo Corpo do Senhor e levaram a tratá-lo com a máxima reverência e a dar-lhe culto público. Desta veneração temos muitos testemunhos nos mais antigos documentos da Igreja, e foi ela que deu origem à festa que hoje celebramos.
O amor à Eucaristia pode manifestar-se de muitas maneiras: é a bênção com o Santíssimo, é a oração diante de Jesus Sacramentado, são as genuflexões feitas como verdadeiros atos de fé e de adoração... E dentre essas devoções e formas de culto “merece especial menção a solenidade do Corpus Christi, como ato público tributado a Cristo presente na Eucaristia [...]. A Igreja e o mundo têm uma grande necessidade do culto eucarístico. Jesus espera-nos neste sacramento do amor. Não regateemos o nosso tempo para ir encontrá-lo na adoração, na contemplação cheia de fé e desejosa de reparar as graves faltas e delitos do mundo. Não cesse nunca a nossa adoração”2.
O dia de hoje deve estar especialmente cheio de atos de fé e de amor a Jesus Sacramentado. Se participarmos da procissão, acompanhando Jesus, deveremos fazê-lo como aquele povo simples que, cheio de alegria, ia atrás do Mestre nos dias da sua vida na terra, manifestando-lhe espontaneamente as suas necessidades e dores, como também a felicidade de estarem com Ele. Se o virmos passar pela rua, exposto no ostensório, dar-lhe-emos a saber do íntimo do coração tudo o que representa para nós... “Adoremo-lo com reverência e com devoção; renovemos na sua presença o oferecimento sincero do nosso amor; digamos-lhe sem medo que o amamos; agradeçamos-lhe esta prova diária de misericórdia, tão cheia de ternura, e fomentemos o desejo de nos aproximarmos da Comunhão com confiança. Eu me surpreendo diante desse mistério de amor: o Senhor procura como trono o meu pobre coração, para não me abandonar se eu não me afasto dEle”3. Nesse trono, que é o nosso coração, Jesus está mais alegre do que no mais esplêndido ostensório.
II. O SENHOR ALIMENTOU o seu povo com a flor do trigo, e com o mel do rochedo o saciou4, recorda-nos a Antífona de entrada da Missa.
Durante anos, o Senhor alimentou com o maná o povo de Israel no deserto. Esse povo é imagem e símbolo da Igreja peregrina e de cada homem que caminha para a pátria definitiva, o Céu; e o maná é figura do verdadeiro alimento, a Sagrada Eucaristia. “Este é o sacramento da peregrinação humana [...]. Precisamente por isso, a festa anual da Eucaristia, que a Igreja celebra hoje, contém inúmeras referências à peregrinação do povo da aliança pelo deserto”5. Moisés recordará freqüentemente aos israelitas essas intervenções prodigiosas de Deus em favor do seu povo: Para que não esqueças o Senhor teu Deus, que te tirou da escravidão do Egito...6
Hoje é um dia de ação de graças e de alegria porque o Senhor também quis ficar conosco para que nunca nos sentíssemos perdidos, para nos alimentar, para nos fortalecer. A Sagrada Eucaristia é viático, isto é, alimento para o longo caminho da vida em direção à verdadeira Vida. Jesus acompanha-nos e robustece-nos aqui na terra, que é como que uma sombra comparada com a realidade que nos espera; e o alimento terreno é uma pálida imagem do alimento que recebemos na Comunhão. A Sagrada Eucaristia abre o nosso coração para uma realidade totalmente nova7.
Embora celebremos esta festa apenas uma vez por ano, a Igreja proclama todos os dias esta felicíssima verdade: Jesus Cristo entrega-se todos os dias aos homens como alimento e fica com eles nos Sacrários para ser a fortaleza e a esperança de uma vida nova, sem fim nem termo. É um mistério sempre vivo e atual.
Senhor, obrigado por teres ficado conosco. O que seria de nós sem Ti? Aonde iríamos para restaurar as forças e pedir alívio? Como nos facilitas o caminho permanecendo no Sacrário!
III. CERTO DIA, O SENHOR deixava a cidade a caminho de Jerusalém e passou por um cego que pedia esmola à beira da estrada. Ao ouvir o barulho da pequena comitiva que acompanhava o Mestre, o cego perguntou o que era aquilo. E os que estavam ao seu lado responderam: É Jesus de Nazaré que passa8.
Se hoje, em tantas cidades e aldeias onde se vive esse antigo costume de levar Jesus Sacramentado em procissão pelas ruas, alguém perguntasse, ao ouvir também o rumor da multidão: “O que está acontecendo?”, poderiam responder-lhe com as mesmas palavras que se disseram a Bartimeu: É Jesus de Nazaré que passa. É Ele mesmo, que percorre as ruas recebendo a homenagem da nossa fé e do nosso amor. É Ele mesmo!
E, como no caso de Bartimeu, também o nosso coração deveria inflamar-se e gritar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim! E o Senhor, que passa abençoando e fazendo o bem9, terá compaixão da nossa cegueira e de tantos males que por vezes afligem a nossa alma. Porque a festa que hoje celebramos, com uma exuberância de fé e de amor, “quer romper o silêncio misterioso que circunda a Eucaristia e tributar-lhe um triunfo que ultrapassa os muros das igrejas para invadir as ruas da cidade e infundir em toda a comunidade humana o sentido e a alegria da presença de Cristo, silencioso e vivo acompanhante do homem peregrino pelos caminhos do tempo e da terra”10.
E isto cumula-nos o coração de alegria. É lógico que os cânticos que acompanham Jesus Sacramentado, especialmente neste dia, sejam cânticos de adoração, de amor, de profunda alegria. Cantemos ao Amor dos amores, cantemos ao Senhor. Deus está aqui; vinde, adoradores, adoremos Cristo Redentor... “Pange, lingua, gloriosi”... Canta, ó língua, o mistério do glorioso Corpo de Cristo...
A procissão solene pelas ruas das aldeias e cidades é de origem muito antiga e constitui um testemunho público da piedade do povo cristão para com o Santíssimo Sacramento11. Neste dia, o Senhor toma posse das nossas ruas e praças, atapetadas em muitos lugares com flores e ramos; para esta festa projetaram-se magníficos ostensórios. Muitos serão os cristãos que hoje acompanharão o Senhor que sai em procissão, que sai ao encontro dos que o querem ver, “fazendo-se encontradiço dos que não o procuram. Jesus aparece assim, uma vez mais, no meio dos seus: como reagimos perante essa chamada do Mestre? [...].
“A procissão do Corpo de Deus torna Cristo presente nas aldeias e cidades do mundo. Mas essa presença [...] não deve ser coisa de um dia, ruído que se ouve e se esquece. Essa passagem de Jesus lembra-nos que devemos descobri-lo também nas nossas ocupações habituais. A par da procissão solene desta Quinta-Feira, deve avançar a procissão silenciosa e simples da vida comum de cada cristão, homem entre os homens, mas feliz de ter recebido a fé e a missão divina de se conduzir de tal modo que renove a mensagem do Senhor sobre a terra [...].
“Peçamos, pois, ao Senhor que nos conceda a graça de sermos almas de Eucaristia, que a nossa relação pessoal com Ele se traduza em alegria, em serenidade, em propósitos de justiça. E assim facilitaremos aos outros a tarefa de reconhecerem Cristo, contribuiremos para colocá-lo no cume de todas as atividades humanas. Cumprir-se-á a promessa de Jesus: Eu, quando for exaltado sobre a terra, tudo atrairei a mim (Jo 12, 32)”12.
(1) Seqüência Lauda, Sion, Salvatorem; (2) João Paulo II, Carta Dominicae Cenae, 24-II-1980, 3; (3) Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 161; (4) Sl 80, 17; Antífona de entrada da Missa de Corpus Christi; (5) João Paulo II, Homilia, 4-VI-1988; (6) cfr. Deut 8, 2-3; 14-16; Primeira leituraib., ciclo A; (7) Lc 9, 11-17; cfr. Evangelho da Missaib., ciclo C; (8) Lc 18, 37; (9) cfr. At 10, 38; (10) Paulo VI, Homilia, 11-VIII-1964; (11) cfr. J. Abad e M. Garrido, Iniciación a la liturgia de la Iglesia, Palabra, Madrid, 1988, págs. 656-657; (12) Josemaría Escrivá, op. cit., n. 156.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Santa Missa da Solenidade da Ssma Trindade por Dom Athanasius Schneider, ORC

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No último dia 03 de junho, Dom Athanasius Schneider, ORC oficiou uma Santa Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano na Igreja de Nossa Senhora do Loreto em Borgo Peri, diocese de Albenga-Imperia, no norte da Itália, em ocasião do 250º aniversário de Dedicação da Igreja.

Dom Athanasius, ORC é bispo no Casaquistão e membro da Ordem dos Cônegos Regulares da Santa Cruz (Crúzios) e foi durante muitos anos professor de Patrologia no Institutum Sapientiae, mantido pela Ordem em Anápolis - GO e destinado a seminaristas diocesanos e religiosos de todo o Brasil.

















terça-feira, 5 de junho de 2012

Arautos do Evangelho publicam no Brasil livro de canto gregoriano

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Em iniciativa merecedora dos elogios mais generosos, os Arautos do Evangelho publicam no Brasil, por meio da Editora Lumen Sapientiae, o Liber Cantualis, que contém Ordinários e diversas das peças musicais gregorianas da Liturgia do Rito Romano.

O leitor pode ver neste link algumas páginas da publicação. Como se poderá ver, é fornecida a tradução em português dos textos em latim próprios do canto gregoriano, o que é de grande ajuda para todos.

Nunca é demais lembrar que o canto gregoriano é o canto próprio da Liturgia Romana, sendo encorajado e solicitado por muitos papas. No século XX, praticamente todos os sumos pontífices escreveram em favor do canto gregoriano e da língua latina na Liturgia, e cada um de nós que houver experimentado o gregoriano e o latim na Liturgia saberá quão grande é sua contribuição para a elevação e a solenização do serviço divino.

Bento XVI, o primeiro papa eleito no século XXI, tem repetidamente demonstrado que também sua é a orientação dos seus predecessores.

O leitor poderá encomendar seu livro no Instituto Lumen Sapientiae:

Rua Dom Domingos de Sillos, n° 238
CEP: 02526-030 – São Paulo -SP
Telefone: (11) 4419-2311
Endereço eletrônico: lumen.sapientiae [arroba] arautos [ponto] com [ponto] br

A notícia nos vem deste link, enviado por um leitor que solicitou esta divulgação que consideramos muito oportuna. É também nosso pedido aos caros leitores que divulguem esta animadora novidade.

domingo, 3 de junho de 2012

Santíssima Trindade- Pe. Francisco F. Carvajal

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A Igreja celebra hoje o mistério central da nossa fé, a Santíssima Trindade, fonte de todos os dons e graças, mistério inefável da vida íntima de Deus. A liturgia da Missa convida-nos a chegar ao trato íntimo com cada uma das Três Divinas Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A festa foi estabelecida para todo o Ocidente em 1334 pelo Papa João XXII, e ficou fixada para o domingo depois da vinda do Espírito Santo.
I. TIBI LAUS, tibi gloria, tibi gratiarum actio... “A Ti o louvor, a Ti a glória, a Ti a ação de graças pelos séculos dos séculos, ó Trindade Beatíssima”1.
Depois de ter renovado os mistérios da salvação – desde o nascimento de Cristo em Belém até a vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes –, a liturgia propõe-nos o mistério central da nossa fé: a Santíssima Trindade, fonte de todos os dons e graças, mistério inefável da vida íntima de Deus.

Pouco a pouco, com uma pedagogia divina, Deus foi manifestando a sua realidade íntima, foi-nos revelando como Ele é em si, independente de todas as coisas criadas. No Antigo Testamento, dá a conhecer sobretudo a Unidade do seu Ser, bem como a sua completa distinção do mundo e o seu modo de relacionar-se com ele, como Criador e Senhor. Ensina-nos de muitas maneiras que é incriado, que não está limitado a um espaço (é imenso), nem ao tempo (é eterno). O seu poder não tem limites (é onipotente): Reconhece, pois, e medita hoje no teu coração – convida-nos a liturgia – que o Senhor é o único Deus desde o alto dos céus até ao mais profundo da terra, e que não há outro2. Somente Tu, Senhor.
O Antigo Testamento proclama sobretudo a grandeza de Javé, único Deus, Criador e Senhor de todo o Universo. Mas também revela-o como pastor que busca o seu rebanho, que cuida dos seus com mimo e ternura, que perdoa e esquece as freqüentes infidelidades do Povo eleito... Ao mesmo tempo, vai manifestando a paternidade de Deus Pai, a Encarnação de Deus Filho, que é anunciada pelos profetas, e a ação do Espírito Santo, que vivifica todas as coisas.
Mas é Cristo quem nos revela a intimidade do mistério trinitário e o convite para que participemos dele. Ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar3. Ele revelou-nos também a existência do Espírito Santo junto com o Pai e enviou-o à Igreja para que a santificasse até o fim dos tempos; e revelou-nos a perfeitíssima Unidade de vida entre as Pessoas divinas4.
O mistério da Santíssima Trindade é o ponto de partida de toda a verdade revelada e a fonte de que procede a vida sobrenatural e para a qual nos encaminhamos: somos filhos do Pai, irmãos e co-herdeiros do Filho, santificados continuamente pelo Espírito Santo para nos assemelharmos cada vez mais a Cristo. Assim crescemos no sentido da nossa filiação divina. Assim nos convertemos em templos vivos da Santíssima Trindade.
Por ser o mistério central da vida da Igreja, a Santíssima Trindade é continuamente invocada em toda a liturgia. Fomos batizados em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e em seu nome perdoam-se os pecados; ao começarmos e ao terminarmos muitas orações, dirigimo-nos ao Pai, por mediação de Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Muitas vezes ao longo do dia, nós, os cristãos, repetimos: Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
“– Deus é meu Pai! – Se meditares nisto, não sairás dessa consoladora consideração.
“– Jesus é meu Amigo íntimo! (outra descoberta), que me ama com toda a divina loucura do seu Coração.
“– O Espírito Santo é meu Consolador!, que me guia nos passos de todo o meu caminho.
“Pensa bem nisso. – Tu és de Deus..., e Deus é teu”5.
II. A VIDA DIVINA – da qual fomos chamados a participar – é fecundíssima. O Pai gera o Filho eternamente, e o Espírito Santo procede do Pai e do Filho. Esta geração do Filho e a espiração do Espírito Santo não são algo que tenha acontecido num momento determinado, deixando como fruto estável as Três Divinas Pessoas: essas procedências (os teólogos chamam-nas “processões”) são eternas.
No caso das gerações humanas, um pai gera um filho, mas esse pai e esse filho permanecem depois do ato gerador; o homem que é pai não é somente “pai”: antes e depois de gerar, é “homem”. Mas a essência de Deus Pai está em que todo o seu ser consiste em dar a vida ao Filho. Isso é o que o determina como Pessoa Divina, distinta das outras. Na vida natural, o filho que é gerado tem a sua realidade própria, mas a essência do Unigênito de Deus é precisamente ser Filho6. Em Deus, a Paternidade, a Filiação e a Espiração constituem todo o ser do Pai, do Filho e do Espírito Santo7.
Desde que o homem é chamado a participar da própria vida divina pela graça recebida no Batismo, está destinado a participar cada vez mais dessa Vida. É um caminho que é preciso percorrer continuamente. Do Espírito Santo recebemos constantes impulsos, moções, luzes, inspirações para avançarmos mais depressa por esse caminho que conduz a Deus, para estarmos numa “órbita” cada vez mais próxima do Senhor. “O coração necessita então de distinguir e adorar cada uma das Pessoas divinas. De certa maneira, o que a alma realiza na vida sobrenatural é uma descoberta semelhante às de uma criaturinha que vai abrindo os olhos à existência. E entretém-se amorosamente com o Pai e com o Filho e com o Espírito Santo; e submete-se facilmente à atividade do Paráclito vivificador, que se nos entrega sem o merecermos: os dons e as virtudes sobrenaturais!
“Corremos como o cervo, que anseia pelas fontes das águas (Ps XLI, 2); com sede, gretada a boca, ressequida. Queremos beber nesse manancial de água viva. Sem esquisitices, mergulhamos ao longo do dia nesse veio abundante e cristalino de frescas linfas que saltam até a vida eterna (cfr. Ioh IV, 14). Sobram as palavras, porque a língua não consegue expressar-se; começa a serenar-se a inteligência. Não se raciocina, fita-se! E a alma rompe outra vez a cantar com um cântico novo, porque se sente e se sabe também fitada amorosamente por Deus, em todos os momentos”8.
III. A SANTÍSSIMA TRINDADE habita na nossa alma como num templo. E São Paulo faz-nos saber que o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado9. E aí, na intimidade da alma, temos de nos acostumar a relacionar-nos com Deus Pai, com Deus Filho e com Deus Espírito Santo. “Vós, Trindade eterna, sois mar profundo, no qual quanto mais penetro, mais descubro, e quanto mais descubro, mais vos procuro”10, dizemos-lhe no recolhimento da nossa alma.
“Ó meu Deus, Trindade Santíssima! Extraí do meu pobre ser o máximo rendimento para a vossa glória e fazei de mim o que quiserdes no tempo e na eternidade. Que eu jamais levante o menor obstáculo voluntário à vossa ação transformadora [...]. Segundo a segundo, com intenção sempre atual, quereria oferecer-vos tudo quanto sou e tenho; e que a minha pobre vida fosse, em união íntima com o Verbo Encarnado, um sacrifício incessante de louvor de glória à Santíssima Trindade [...].
“Ó meu Deus, como quereria glorificar-vos! Oh, se em troca da minha completa imolação, ou de qualquer outra condição, estivesse em minhas mãos incendiar o coração de todas as vossas criaturas e toda a Criação nas chamas do vosso amor, como quereria fazê-lo de todo o coração! Que ao menos o meu pobre coração vos pertença por inteiro, que nada reserve para mim nem para as criaturas, nem uma só das suas pulsações. Que eu ame imensamente todos os meus irmãos, mas unicamente convosco, por Vós e para Vós [...]. Desejaria, sobretudo, amar-vos com o coração de São José, com o Coração Imaculado de Maria, com o Coração adorável de Jesus. Desejaria, finalmente, submergir nesse Oceano infinito, nesse Abismo de fogo que consome o Pai e o Filho na unidade do Espírito Santo e amar-vos com o vosso próprio infinito amor [...].
“Pai Eterno, Princípio e Fim de todas as coisas! Pelo Coração Imaculado de Maria eu vos ofereço Jesus, vosso Verbo Encarnado, e por Ele, com Ele e nEle, quero repetir-vos sem cessar este grito arrancado do mais fundo de minha alma: Pai, glorificai continuamente o vosso Filho, para que o vosso Filho vos glorifique na unidade do Espírito Santo pelos séculos dos séculos (cfr. Jo 17, 1).
“Ó Jesus, que dissestes: Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar (Mt 11, 27), “mostrai-nos o Pai, e isso nos basta! (Jo 14, 8).
“E Vós, ó Espírito de Amor!, ensinai-nos todas as coisas (Jo 14, 26) e formai com Maria, em nós, Cristo Jesus (Gal 4, 19), até que sejamosconsumados na unidade (Jo 17, 23), no seio do Pai (Jo 1, 18). Amém”11.
(1) Triságio Angélico; (2) Deut 4, 39; Primeira leitura da Missa da Solenidade da Santíssima Trindade, ciclo B; (3) Mt 11, 27; (4) Jo 16, 12-15;Evangelhoib., ciclo C; (5) Josemaría Escrivá, Forja, n. 2; (6) cfr. J. M. Pero-Sanz, El Símbolo Atanasiano, Palabra, Madrid, 1976, pág. 51; (7) Um Cartuxo, La Trinidad y la vida interior, 2ª ed., Rialp, Madrid, 1958, págs. 45-47; (8) Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, ns. 306-307; (9) Rom 5, 5; Segunda leituraib., ciclo C; (10) Santa Catarina de Sena, Diálogo, 167; (11) Sor Isabel da Trindade, Elevación a la Santísima Trinidad, em Obras completas, 4ª ed., Ed. Monte Carmelo, Burgos, 1985, págs. 757-758.

sábado, 2 de junho de 2012

Deixai vir a mim as criancinhas (ou: a participação ativa de crianças na Forma Extraordinária)

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O New Liturgical Movement trouxe recentemente um interessantíssimo relato de uma leitora a respeito da participação de crianças numa Santa Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano.

A Missa foi rezada para uma Junior school (mais ou menos equivalente ao nosso Ensino Fundamental) na cidade de Birmingham (Inglaterra) pelo Pe. George Grynowski. Antes da Missa, houve uma breve palestra sobre a história da Missa e as diferenças entre as duas formas do Rito Romano. Durante a Missa, foram inseridos três comentários (antes do Ofertório, do Cânon e após a Comunhão), lidos por crianças. E após a Missa, o Regina Caeli foi cantado (detalhe: o pedido partiu de uma das crianças!).

As crianças recebendo a Santa Comunhão
Na volta para a escola, os alunos escreverem uma breve redação sobre a Missa da qual participaram. E aqui veio a parte que mais me surpreendeu! O retorno delas foi extremamente positivo. Comentários como: “Eu gostei que ela foi rezada em latim, como deveria ser sempre”, “Ela é silenciosa e mais cheia de paz”, “Ela era quieta, o que me deu mais tempo para rezar”. De fato, um terço das crianças do 5º Ano (aprox. 10 anos de idade) disse preferir a Missa na Forma Extraordinária.

Quem sabe é justamente a pureza destas crianças – livres de preconceitos e ideologias – de que necessitamos todos nós, principalmente aqueles que se opõem radicalmente à Forma Extraordinária. O argumento de que o usus antiquior ou o latim impedem a participação verdadeira e ativa cai por terra diante da simplicidade destas crianças.

Bem tinha razão Nosso Senhor: «Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas. Em verdade vos declaro: quem não receber o Reino de Deus como uma criancinha, nele não entrará» (Lc XVIII, 16-17).

Que Nossa Senhora nos ensine a ter um coração de criança para que possamos, como uma criança que se agarra na saia de sua mãe, nos colocar ao seu lado diante do Sacrifício de Seu Filho que se atualiza em cada Santa Missa.

E você, caro leitor, tem alguma história positiva acerca da participação de crianças na Santa Missa na Forma Extraordinária?

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Visitação de Nossa Senhora - Pe. Francisco F. Carvajal

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A festa de hoje, instituída por Urbano VI em 1389, situa-se entre a Anunciação do Senhor e o nascimento de João Batista, de acordo com o relato evangélico. Comemora-se a visita de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel, já avançada em idade, para ajudá-la na esperança da sua maternidade, e ao mesmo tempo para partilhar com ela o júbilo das maravilhas realizadas por Deus em ambas. Esta festa da Virgem, com a qual terminamos o mês que lhe é dedicado, manifesta-nos a sua ação medianeira, o seu espírito de serviço e a sua profunda humildade. Ensina-nos a levar a alegria cristã aos lugares aonde vamos. Como Maria, temos de ser causa de alegria para os outros.
I. VINDE E ESCUTAI, todos os que temeis a Deus, e eu vos contarei as maravilhas que o Senhor fez em mim1, lemos na Antífona de entrada da Missa.
Pouco depois da Anunciação, Nossa Senhora foi visitar sua prima Isabel, que vivia na região montanhosa da Judéia, a quatro ou cinco dias de caminho. Naqueles dias – diz São Lucas –, Maria levantou-se e foi com presteza à montanha, a uma cidade de Judá2. A Virgem, ao conhecer por meio do Anjo o estado de Isabel, apressa-se a ir ajudá-la nas lides da casa. Ninguém a obriga; Deus, através do Anjo, não lhe exigira nada nesse sentido, e Isabel não lhe solicitara ajuda. Maria poderia ter permanecido na sua própria casa, para preparar a chegada do seu Filho, o Messias. Mas põe-se a caminho cum festinatione, com alegre prontidão, para prestar os seus singelos serviços à sua prima3.

Nós acompanhamo-la por aqueles caminhos nestes momentos de oração e dizemos-lhe com as palavras que lemos na primeira Leitura da Missa: Entoa cânticos de louvor, filha de Sião, alegra-te e exulta de todo o coração, filha de Jerusalém [...]. O Senhor, que é o rei de Israel, está no meio de ti [...]. Ele se regozijará em ti com júbilo eterno4.
É fácil imaginar a imensa alegria que dominava a nossa Mãe desde o dia da Anunciação, e o grande desejo que teria de comunicá-la. Por outro lado, o anjo dissera-lhe: Eis que Isabel, tua prima, também concebeu um filho..., e, segundo esse testemunho expresso, tratava-se de uma concepção prodigiosa, relacionada de algum modo com o Messias que estava para vir5.
Nossa Senhora entrou em casa de Zacarias e saudou sua prima. E aconteceu que, quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança saltou no seu seio, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Toda a casa se transformou pela presença de Jesus e de Maria. A saudação da Virgem “foi eficaz porquanto cumulou Isabel do Espírito Santo. Com as suas palavras, mediante a profecia, Maria fez brotar na sua prima, como de uma fonte, um rio de dons divinos [...]. Com efeito, onde quer que esteja a cheia de graça, tudo fica repleto de alegria”6. É um prodígio que Jesus realiza por meio de Maria, dAquela que esteve associada desde os começos à Redenção e à alegria que Cristo traz ao mundo.
A festa de hoje apresenta-nos uma faceta da vida interior de Maria: a sua atitude de serviço humilde e de amor desinteressado pelos que se encontram em necessidade7, uma atitude que se traduz numa maravilhosa sementeira de alegria. Maria convida-nos sempre à entrega pronta, alegre e simples aos outros. Mas isto só será possível se nos mantivermos muito unidos ao Senhor, trazendo-o dentro de nós pelo estado de graça e pelo espírito de oração: “A união com Deus, a vida sobrenatural, comporta sempre a prática atraente das virtudes humanas: Maria leva a alegria ao lar de sua prima, porque «leva» Cristo”8. Nós «levamos» Cristo conosco, e com Ele a alegria, aos lugares onde vamos..., ao trabalho, aos vizinhos, a um doente...? Somos habitualmente causa de alegria para os outros?
II. À CHEGADA DE NOSSA SENHORA, Isabel, repleta do Espírito Santo, proclama em voz alta: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre! De onde a mim esta dita, que venha a Mãe do meu Senhor visitar-me? Porque assim que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu ventre.
Isabel não se limita a chamá-la bendita, mas relaciona o seu louvor com o fruto do ventre de Maria, que é bendito pelos séculos. Maria e Jesus estarão sempre juntos. Os momentos mais prodigiosos da vida de Jesus transcorrerão – como neste caso – em íntima união com a sua Mãe, Medianeira de todas as graças: “Esta união entre Mãe e Filho na obra da Salvação – diz o Concílio Vaticano II – manifesta-se desde o tempo da conceição virginal de Cristo até a sua morte”9.
Devemos aprender hoje, uma vez mais, que cada encontro com Maria representa um novo encontro com Jesus. “Se procurarmos Maria, encontraremos Jesus. E aprenderemos a entender um pouco do que há no coração de um Deus que se aniquila [...]”10, que se torna acessível no meio da simplicidade dos dias correntes de uma cena doméstica como a visita de Maria à sua prima Santa Isabel.
Lembremo-nos, porém, de que esse dom imenso – podermos conhecer e amar a Cristo – teve o seu começo na fé de Santa Maria:Bem-aventurada a que acreditou, diz Isabel a Maria. “A plenitude de graça, anunciada pelo anjo, significa o dom do próprio Deus; a fé de Maria, proclamada por Isabel na Visitação, significa que a Virgem de Nazaré correspondeu a esse dom”11.
Manter a fé, robustecê-la no meio da vida diária, não é fácil. Tudo parece tão banal ou tão necessário, tão dependente dos nossos esforços ou de leis meramente naturais, que tendemos a perder de vista que é Deus quem produz em nós o querer e o agir12Sem mim, nada podeis fazer13, disse-nos o Senhor: nada. O nosso Deus é umDeus escondido14, que prefere atuar por meio de causas segundas. Seremos tão insensatos – e tão infelizes – que não descubramos a sua mão amorosa, os seus desígnios eternos, tanto nos eventos mais clamorosos como no suceder “mecânico” das horas de trabalho, da vida familiar? Para um homem de fé, para uma mulher de fé, tudo é Providência.
III. O CLIMA QUE RODEIA e empapa o episódio da Visitação é de alegria; o mistério da Visitação é um mistério jubiloso. João Batista exulta de alegria no seio de Santa Isabel; Isabel, cheia de alegria pelo dom da maternidade, prorrompe em aclamações ao Senhor; e, enfim, Maria eleva aos céus o Magnificat, um hino transbordante de alegria messiânica15. O Magnificat é “o cântico dos tempos messiânicos, onde confluem a alegria do antigo e do novo Israel”16. E é a manifestação mais pura do segredo íntimo da Virgem, que lhe fora revelado pelo anjo. Não há nele rebuscamento nem artificialismo: é o espelho da alma de Nossa Senhora, uma alma cheia de grandeza e tão próxima do seu Criador: A minha alma glorifica o Senhor, e o meu espírito rejubila em Deus, meu Salvador.
E com este canto de alegria humilde, a Virgem deixou-nos uma profecia: Eis que desde agora me chamarão bem-aventurada todas as gerações. “Desde remotíssimos tempos a Bem-aventurada Virgem é venerada sob o título de Mãe de Deus, sob cuja proteção os fiéis se refugiam súplices em todos os seus perigos e necessidades. Por isso, sobretudo a partir do Concílio de Éfeso, o culto do povo de Deus a Maria cresceu maravilhosamente em veneração e amor, em invocações e desejos de imitação, de acordo com as suas próprias palavras proféticas: Eis que me chamarão bem-aventurada todas as gerações, porque fez em mim grandes coisas aquele que é Todo-Poderoso17.
A nossa Mãe Santa Maria não se distinguiu por nenhum feito prodigioso; o Evangelho não nos dá a conhecer nenhum milagre que tenha realizado enquanto esteve na terra; poucas, muito poucas são as palavras que dEla nos conservou o texto inspirado. A sua vida aos olhos dos outros foi a de uma mulher corrente, que devia levar adiante a sua família. No entanto, a profecia cumpriu-se fielmente. Quem pode contar os louvores, as invocações, as oferendas e os santuários em sua honra, as devoções marianas...? Ao longo de vinte séculos, chamaram-na bem-aventurada pessoas de todo o gênero e condição: intelectuais e gente que não sabia ler, reis, guerreiros, artesãos, pessoas de idade avançada e crianças que começavam a balbuciar... Nós estamos cumprindo agora aquela profecia. Ave Maria, cheia de graça [...], bendita sois vós entre as mulheres..., dizemos-lhe na intimidade do nosso coração.
De modo particular, tivemos ocasião de invocá-la ao longo dos dias deste mês de maio, “mas o mês de maio não pode terminar; deve continuar na nossa vida, porque a veneração, o amor, a devoção à Virgem não podem desaparecer do nosso coração, e, além disso, devem crescer e manifestar-se num testemunho de vida cristã, modelada conforme o exemplo de Maria, o nome da formosa flor que sempre invoco, manhã e tarde, como canta Dante Alighieri (Paraíso 23, 88)”18.
Pelo trato íntimo com Maria, descobrimos Jesus. “Como seria o olhar alegre de Jesus! O mesmo que brilharia nos olhos de sua Mãe, que não pode conter a alegria – «Magnificat anima mea Dominum!» –, e a sua alma glorifica o Senhor desde que o traz dentro de si e a seu lado. – Ó Mãe! Que a nossa alegria, como a tua, seja a alegria de estar com Ele e de o possuir”19.
(1) Sl 65, 16; Antífona de entrada da Missa de 31 de maio; (2) Lc 1, 39-59; (3) cfr. M. D. Philippe, Misterio de Maria, pág. 142; (4) Sof 3, 14.17-18; (5) cfr. F. M. Willam,Vida de Maria, pág. 85; (6) Pseudo-Gregório Taumaturgo, Homilia II sobre a Anunciação; (7) João Paulo II, Homilia, 31-V-1979; (8) Josemaría Escrivá, Sulco, n. 566; (9) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 57-58; (10) Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 144; (11) João Paulo II, Enc. Redemptoris Mater, 25-III-1987, 12; (12) Fil 2, 13; (13) Jo 15, 5; (14) Is 45, 15; (15) cfr. id.,Homilia, 31-V-1979; (16) Paulo VI, Exort. Apost. Marialis cultus, 2-II-1974, 18; (17) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 66; (18) João Paulo II, Homilia, 25-V-1979; (19) Josemaría Escrivá, Sulco, n. 95.

Pe. Jacson, amigo do Salvem, é nomeado cônego em Frederico Westphalen, RS

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Dom Antonio Keller nos manda mensagem e fotos:

No último dia 13 de maio, na Catedral Santo Antonio, de Frederico Westphalen (RS), o Revmo. Pe. Jacson Rodrigo Pinheiro, do presbitério da Diocese, recebeu, de minhas mãos o título de Cônego Honorário do Capítulo da Catedral.

Cônego Jacson é Pároco de Seberi, Chanceler do Bispado, Diretor Espiritual do Seminário Maior, Juiz Auditor da Câmara Eclesiástica e também Diretor Espiritual do Cursilho de Cristandade e do Movimento Emaús.

Todos temos uma grande estima pelo mais novo Cônego da Diocese, por sua dedicação, profundo senso eclesial e por ser sempre um bom amigo de todos.

Desejo ao Cônego Jacson toda a alegria e paz no Senhor, agradecendo muito sua presença tão dedicada em nossa Diocese.

Dom Antonio Carlos Rossi Keller
Bispo de Frederico Westphalen








quarta-feira, 30 de maio de 2012

Cadê o espírito da liturgia?

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É notório que existe atualmente na Igreja um forte clamor pela retomada da estética. Entretanto, como já nos ensina o Santo Padre, esta busca não deve se transformar no esteticismo vazio, mas, isto sim, tem que ser consequência de algo anterior, da intimidade com Deus e da busca sincera pela vivência coerente da fé cristã.

Entretanto, também é notório que muitos se satisfazem nas rendas e nos brocados ou já consideram batalha ganha se os seminaristas usam batina. Contudo, a preocupação de Bento XVI se encontra muito mais na evangelização da cultura e na reflexão a respeito da crise da modernidade. Porém, em perfeita sintonia com o seu projeto, o Sumo Pontífice, em suas cerimônias, procura colocar em prática aquilo que já destacara em obras como “Introdução ao Espírito da Liturgia.”

Como o próprio título do livro do então Cardeal Ratzinger nos mostra, a liturgia tem um espírito, e certamente este não se encontra na vazia percepção horizontal. Reduzir a “reforma da reforma”, como alguns gostam de chamar o novo movimento litúrgico, ao uso de casula romana ou alva com renda de frivolité é, simplesmente, incidir no mesmíssimo erro tão comum nas décadas de 70 e 80. O esvaziamento do mistério pode ser feito tanto de túnica, estola e atabaque como com brocados, batinas e latim.

Deste modo, é mais do que urgente fortalecer as mais diversas frentes. Assim, se é necessário que a Igreja esteja refletindo sobre a cultura, também é importante que haja outros empenhados na defesa da liturgia. Entretanto, que todos saibam pelo que estão lutando e porque estão batalhando. Não há espaço para simplismos e idealizações românticas. Não se pode confundir tradição com uso de batina ou casula romana. Pode ser, porém, que o uso de batinas, rendas, brocados ou qualquer coisa do gênero seja uma faceta da tradição, mas seria extremamente inocente de nossa parte cantar odes de alegria ao se deparar com um sacerdote trajado com o seu hábito talar ou portando um barrete na Santa Missa. Preocupemos-nos primeiro com a coerência de vida e a com a busca sincera da santidade, o resto, sim, o resto, é consequência e fruto.

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terça-feira, 29 de maio de 2012

Arcebispo de Goiânia chama à fidelidade litúrgica e proíbe "orações de cura" durante a Missa

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Do site da CNBB:

Arcebispo de Goiânia não permite inserção de"orações de cura" na Missa  
O arcebispo de Goiânia (GO), Dom Washington Cruz, assinou decreto, no início de abril último, não permitindo a inserção de "orações de cura" durante a celebração da missa. O arcebispo lembra, no Decreto, que as orações de cura litúrgicas se celebrem segundo o rito prescrito e com as vestes sagradas indicadas no Ordo benedictionis infirmorum do Rituale Romanum.
Dom Washington Cruz
Veja a íntegra do Decreto:
Considerando 
• a Instr. Ardens felicitatis, da Congregação para a Doutrina da Fé (14 de setembro de 2000), na qual se afirma que «a própria Igreja na sua liturgia pede ao Senhor pela saúde dos enfermos» (n. 2); 
• o documento n. 53 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (27 de novembro de 1994), no qual se estabeleceu que «Nas celebrações, observe-se a legislação litúrgica [ ..] Não se introduzam elementos estranhos à tradição litúrgica da Igreja ou que estejam em desacordo com o que estabelece o Magistério ou aquilo que é exigido pela própria índole da celebração» (n. 40); 
• a competência do Bispo diocesano de «dar normas relativas à liturgia, às quais todos são obrigados» (cân. 838, § 4),

DECRETA 
- que as orações de cura litúrgicas se celebrem segundo o rito prescrito e com as vestes sagradas indicadas no Ordo benedictionis infirmorum do Rituale Romanum;
- que o uso de instrumentos de comunicação social, durante as orações de cura, tanto litúrgicas como não litúrgicas, seja submetido à vigilância do Bispo, conforme o cân. 823; 
- que não se insiram orações de cura, litúrgicas ou não litúrgicas, na celebração da Santíssima Eucaristia, dos Sacramentos e da Liturgia das Horas. 
Consciente que "A intervenção da autoridade do Bispo diocesano é obrigatória e necessária, quando se verificarem abusos nas celebrações de cura, litúrgicas ou não litúrgicas, em caso de evidente escândalo para a comunidade dos fiéis ou quando houver grave inobservância das normas litúrgicas e disciplinares» (art. 10, Instr. Ardens felicitatis), estabelece que o presente decreto seja publicado e notificado no território da Arquidiocese. 
Dado em Goiânia, na sede da Cúria Metropolitana, aos 05 dias do mês de abril de 2012. 
Dom Washington Cruz
Arcebispo Metropolitano de Goiânia
**

Que mais e mais bispos possam, como nossos pastores que são, repetir esta bela atitude de Dom Washington. Vivemos num tempo em que se tornou comum ouvir falar de "missa de cura", "missa disso" e "missa daquilo". Mas a Santa Missa não é entretenimento, e o centro da Liturgia deve ser Cristo. Essa corrida pela "(pseudo-)criatividade" litúrgica já levou a que padres disputem fiéis um com o outro. Isso é um fato!

Cristo deve voltar a ser o centro e, para que isso aconteça de forma mais eficaz, precisamos mortificar nossa vontade de atrair os fiéis de outras formas que não pelo próprio Cristo presente no Santo Sacrifício da Missa. Basta que sirvamos a Igreja como ela quer ser servida!

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Padres e Seminaristas da FSSPX – “Um reconhecimento é desejável”

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Do blog da Una Voce Brasil:

 

O canal de comunicação da Conferência Episcopal dos Estados Unidos lançou recentemente um pequeno vídeo no portal “Youtube” com as palavras do Superior Geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, Dom Bernard Fellay, onde ele expõe suas considerações sobre Roma, sobre um reconhecimento e uma regularização canônica por parte da Santa Sé e sobre a fraternidade em si. Nesse mesmo vídeo o bispo deixa claro que o movimento vem do Papa Bento XVI e apenas deles, o que nos faz subentender que há dentro do próprio círculo próximo do Papa pessoas que não querem a FSSPX endossadas por Roma.

Ontem, entretanto, o mesmo canal da Conferência Episcopal lançou dois pequenos vídeos. No primeiro temos novamente Dom Fellay, sendo uma pequena continuação do vídeo anterior. Este vídeo mostra que o Superior Geral está consciente do perigo de divisão interna na fraternidade. O segundo vídeo mostra seminaristas de Écône (Suíça) – o primeiro seminário fundado pelo arcebispo Marcel Lefebvre – e padres professores do mesmo seminário dando suas considerações. Neste segundo vídeo vemos que o coração da Fraternidade (Écône) não foi abalado pela divisão e deseja sim um reconhecimento da parte da Santa Sé, que seria uma espécie de satisfação da justiça, uma vez que estes padres foram tratados com extrema hostilidade nessas duas décadas.

A Una Voce Brasil, procurando apresentar informações aos seus membros e leitores, colocou o mais rápido possível estes dois novos vídeos em seu Canal do Youtube (http://www.youtube.com/user/unavocebrasil), traduzidos e legendados para que todos os brasileiros tenham a oportunidade de acompanhar as importantes declarações dos mesmos, já que nenhum conteúdo com mesma qualidade é produzido originalmente em língua portuguesa.

Parte II — Dom Fellay, Roma e divisões internas

 

Seminaristas e Padres falam sobre um reconhecimento da Fraternidade

domingo, 27 de maio de 2012

A Vinda do Espírito Santo - Pe. Francisco F. Carvajal

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 O AMOR DE DEUS foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que habita em nós. Aleluia1.
Pentecostes era uma das três grandes festas judaicas; muitos israelitas iam nesses dias em peregrinação a Jerusalém, para adorar a Deus no Templo. A origem da festa remontava a uma antiquíssima celebração em que se davam graças a Deus pela safra do ano, em vésperas de ser colhida. Depois acrescentou-se a essa comemoração, que se celebrava cinqüenta dias depois da Páscoa, a da promulgação da Lei dada por Deus no monte Sinai. Por desígnio divino, a colheita material que os judeus festejavam com tanto júbilo converteu-se, na Nova Aliança, numa festa de imensa alegria: a vinda do Espírito Santo com todos os seus dons e frutos.
Quando chegou o dia de Pentecostes, estavam todos juntos num mesmo lugar. E sobreveio de repente um ruído do céu, como de um vento impetuoso, que encheu toda a casa em que se encontravam2. O Espírito Santo manifestou-se por meio dos elementos que costumavam acompanhar a presença de Deus no Antigo Testamento: o vento e o fogo3.
fogo aparece na Sagrada Escritura como imagem do amor que penetra todas as coisas e como elemento purificador4. É uma imagem que nos ajuda a compreender melhor a ação que o Espírito Santo realiza nas almas: Ure igne Sancti Spiritus renes nostros et cor nostrum, Domine... Purificai, Senhor, com o fogo do Espírito Santo as nossas entranhas e o nosso coração...
O fogo também produz luz, e significa o novo resplendorcom que o Espírito Santo faz compreender a doutrina de Jesus Cristo. Quando vier o Espírito de verdade, guiar-vos-á para a verdade completa... Ele me glorificará, porque tomará do que é meu e vo-lo dará a conhecer5. Numa ocasião anterior, Jesus havia comunicado aos seus: O Advogado, o Espírito Santo... vos ensinará tudo e vos trará à memória tudo quanto eu vos disse6. É Ele quem nos conduz à plenacompreensão da verdade ensinada por Cristo: “Tendo enviado finalmente o Espírito de verdade, completou, culminou e confirmou a revelação com o testemunho divino”7.
No Antigo Testamento, a obra do Espírito Santo é freqüentemente sugerida pela palavra “sopro”, a fim de exprimir ao mesmo tempo a delicadeza e a força do amor divino. Não há nada mais sutil que o vento, que penetra por toda a parte, que parece até percorrer os corpos inanimados e dar-lhes vida própria. O vento impetuosodo dia de Pentecostes exprime a nova força com que o Amor divino irrompe na Igreja e nas almas.
São Pedro, diante da multidão de pessoas que se encontravam nas imediações do Cenáculo, fez-lhes ver que se estava cumprindo o que fora anunciado pelos Profetas8E sucederá nos últimos dias, diz Deus, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne...9 Os que receberem a efusão do Espírito não serão já uns poucos privilegiados, como os companheiros de Moisés10, ou como os Profetas, mas todos os homens, na medida em que se abrirem a Cristo11. A ação do Espírito Santo deve ter produzido tal assombro nos discípulos e nos que os escutavam que todos estavam fora de si, cheios de amor e de alegria.
II. A VINDA DO ESPÍRITO SANTO no dia de Pentecostes não foium acontecimento isolado na vida da Igreja. O Paráclito san-tifica-a continuamente, como também santifica cada alma, através das inúmeras inspirações que se escondem em “todos os atrativos, movimentos, censuras e remorsos interiores, luzes e conhecimentos que Deus produz em nós, prevenindo o nosso coração com as suas bênçãos, pelo seu cuidado e amor paternal, a fim de nos despertar, mover, estimular e atrair para as santas virtudes, para o amor celestial, para as boas resoluções, para tudo aquilo que, numa palavra, nosconduz à nossa vida eterna”12. A sua ação na alma é “suave e aprazível [...]; Ele vem salvar, curar, iluminar”13.
No dia de Pentecostes, os Apóstolos foram robustecidos na sua missão de testemunhas de Jesus, a fim de anunciarem a Boa Nova a todos os povos. Mas não somente eles: todos os que crerem nEle terão o doce dever de anunciar que Cristo morreu e ressuscitou para nossa salvação. E sucederá nos últimos dias, diz Deus, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e profetizarão os vossos filhos e as vossas filhas, e os vossos jovens verão visões, e os vossos anciãos sonharão sonhos. E sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei o meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão14. Assim pregou São Pedro na manhã de Pentecostes, que inaugurava a época dos últimos dias, os dias em que o Espírito Santo foi derramado de uma maneira nova sobre aqueles que crêem que Jesus é o Filho de Deus e põem em prática a sua doutrina.
Todos os cristãos têm desde então a missão de anunciar, de cantar as magnalia Dei15, as maravilhas que Deus fez no seu Filho e em todos aqueles que crêem nEle. Somos agora um povo santo para publicar as grandezas dAquele que nos transferiu das trevas para a sua luz admirável16.
Ao compreendermos a grandeza da nossa missão, compreendemos também que ela depende da nossa correspondência às moções do Espírito Santo, e sentimo-nos necessitados de pedir-lhe freqüentemente que lave o que está manchado, regue o que está seco, cure o que está doente, acenda o que está morno, retifique o que está torcido17. Porque sabemos bem que no nosso interior há manchas, e partes que não dão todo o fruto que deveriam porque estão secas, e partes doentes, e tibieza, e também pequenos desvios, que é necessário retificar.
III. PARA SERMOS MAIS FIÉIS às constantes moções e inspirações do Espírito Santo na nossa alma, “podemos atentar para três realidades fundamentais: docilidade [...], vida de oração e união com a Cruz.
Em primeiro lugar, docilidade, “porque é o Espírito Santo quem, com suas inspirações, vai dando tom sobrenatural aos nossos pensamentos, desejos e obras. É Ele quem nos impele a aderir à doutrina de Cristo e a assimilá-la com profundidade; quem nos dá luz para tomarmos consciência da nossa vocação pessoal e força para realizarmos tudo o que Deus espera de nós”18.
O Paráclito atua sem cessar na nossa alma: não dizemosuma só jaculatória se o Espírito Santo não nos move a dizê—la19, como nos mostra São Paulo na segunda leitura da Missa. Ele está presente e inspira-nos quando lemos o Evangelho, quando oramos, quando descobrimos uma luz nova num conselho recebido, quando meditamos uma verdade de fé que talvez já tivéssemos considerado antes muitas vezes. Percebemos que essa luz não depende da nossa vontade. Não é coisa nossa, mas de Deus. É o Espírito Santo quem nos move suavemente a abeirar-nos do sacramento da Penitência, a levantar o coração a Deus num momento inesperado, a realizar uma boa obra. É Ele quem nos sugere um pequeno sacrifício ou nos faz encontrar a palavra adequada que anima uma pessoa a ser melhor.
Vida de oração, “porque a entrega, a obediência, a man-sidão do cristão nascem do amor e para o amor se orientam.E o amor leva à vida de relação, à conversa assídua [...]. A vida cristã requer um diálogo constante com Deus Uno e Trino, e é a essa intimidade que o Espírito Santo nos con-duz [...]. Acostumemo-nos a procurar o convívio com o Espírito Santo, que é quem nos há de santificar; a confiar nEle, a pedir a sua ajuda, a senti-lo perto de nós. Assim se irá dilatando o nosso pobre coração, teremos mais ânsias de amar a Deus e, por Ele, a todas as criaturas”20.
União com a Cruz, “porque na vida de Cristo, o Calvário precedeu a Ressurreição e o Pentecostes, e esse mesmo processo se deve reproduzir na vida de cada cristão [...]. O Espírito Santo é fruto da Cruz, da entrega total a Deus, da procura exclusiva da sua glória e da completa renúncia a nós mesmos”21.
Podemos terminar a nossa oração fazendo nossas as súplicas contidas no hino que se canta na Seqüência da Missa deste dia de Pentecostes: Vinde, Espírito Santo, e enviai do céu um raio da vossa luz. Vinde, Pai dos pobres; vinde, dador de graças; vinde, luz dos corações. Consolo ótimo, doce hóspede da alma, doce refrigério, vinde! Vós sois descanso no trabalho, na aflição remanso, no pranto consolo. Ó luz santíssima, enchei o mais íntimo do coração dos vossos fiéis [...]. Dai aos vossos fiéis, que em Vós confiam, os vossos sete dons. Dai-lhes o mérito da virtude, dai-lhes o porto da salvação, dai-lhes a eterna alegria22.
Para chegarmos a um convívio mais íntimo com o Espírito Santo, nada tão eficaz como aproximar-nos de Santa Maria, que soube secundar como ninguém as inspirações do Espírito Santo. Os Apóstolos, antes do dia de Pentecostes, perseveravam unânimes na oração, com algumas mulheres e com Maria, a Mãe de Jesus23.
(1) Rom 5, 5; 8, 11; Antífona de entrada da Missa da vigília; (2) At 2, 1-2; (3) cfr. Ex 3, 2; (4) cfr. M. D. Philippe, Mistério de Maria, Rialp, Madrid, 1986, págs. 352-355; (5) cfr. Jo 16, 13-14; (6) Jo 14, 26; (7) Conc. Vat. II, Const. Dei Verbum, 4; (8) Jl 2, 28; (9) At 2, 17; (10) cfr. Num 11, 25; (11) cfr. Jo 7, 39; (12) São Francisco de Sales, Introdução à vida devota, II, 18; (13) São Francisco Sales,Catequese 16 sobre o Espírito Santo, 1; (14) At 2, 17-18; (15) At 2, 11; (16) 1 Pe 2, 9; (17) cfr. Missal Romano, Seqüência da Missa de Pentecostes; (18) Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 135; (19) cfr. 1 Cor 12, 3; (20) Josemaría Escrivá, op. cit., n. 136; (21) ib., n. 137; (22) Missal Romano, Seqüência da Missa de Pentecostes; (23) cfr. At 1, 14.

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