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terça-feira, 27 de abril de 2010

Música litúrgica - a Seqüência

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Este texto é uma espécie de adendo, porque, embora pertença à série de artigos sobre o Próprio da Santa Missa, devota-se a um item ausente da lista de cinco que coloquei ao iniciá-la, em Fevereiro de 2010. A lista era:

-Introito
-Gradual/Salmo Responsorial
-Aclamação antes do Evangelho
-Ofertório
-Comunhão

Hoje falo da Seqüência, que ainda grafo com trema porque... sem trema não dá.

Textos anteriores da série:

Introito
Salmo Responsorial
Gradual
Aclamação antes do Evangelho

Se a Seqüência não está na lista do Próprio, por que tem que ser abordada? Porque podemos dizer que a seqüência faz, sim, parte do Próprio, e a lista poderia ter seis itens. Não a coloquei lá porque atualmente são pouquíssimas as seqüências da Liturgia, embora bem conhecidas.

Na Idade Média as seqüências nasceram como adições feitas ao Alleluia antes do Evangelho. Como o leitor viu no texto sobre a Aclamação antes do Evangelho, a vogal a do Alleluia, nas melodias gregorianas, é estendida por um melisma (muitas notas); esta extensão é chamada de jubilus e, às vezes, era chamada também de sequentia. Em certo momento, alguns começaram a escrever versos (em latim) para a sequentia.

Esta palavra passou a designar também hinos metrificados e rimados, e algumas seqüências são hoje nossas conhecidas, mas não como seqüências; é o caso de Ave maris stella (Ave, estrela do mar):

Ave maris stella
Dei mater alma
Atque semper Virgo
Felix caeli porta.

Uma tentativa de tradução: Ave, estrela do mar, cara Mãe de Deus, sempre Virgem, feliz porta do céu. Tentativa, porque traduções literais são um pouco difíceis de encontrar. Como o texto original é metrificado, é comum que se façam traduções também metrificadas, o que modifica um pouco o poema.

Ave maris stella, especificamente, é um conhecido hino de devoção mariana, prescrito também por ambas as formas do Ofício Divino (Ordinária e Extraordinária) como hino das Vésperas das comemorações da Santíssima Virgem. Composto no século VIII (isto é, tem mais de mil e duzentos anos de idade), este canto faz parte do patrimônio fabuloso que não temos o direito a desprezar.

O papa São Pio V, ao codificar em 1570 o Rito Romano, eliminou da Liturgia da Santa Missa um grande número de seqüências, mantendo somente quatro. No século XVIII, uma quinta foi introduzida (o Stabat Mater), e a lista passou a ser esta:

Victimae Paschali Laudes – na Páscoa da Ressurreição
Veni Sancte Spiritus – em Pentecostes
Lauda Sion Salvatorem – em Corpus Christi
Dies Irae – Missas dos defuntos
Stabat Mater – Nossa Senhora das Dores

A reforma litúrgica de 1969-1970 aboliu o uso do Dies Irae nas Missas dos Fiéis Defuntos e o prescreveu, dividido em partes, como hinos para as diversas horas do Ofício Divino durante a Trigésima-Quarta Semana do Tempo Comum (depois de Cristo Rei, logo antes do Advento). Suas vinte e uma estrofes foram distribuídas igualmente entre o Ofício das Leituras, Laudes e Vésperas.

Muitos de nós gostaríamos de ver o Dies Irae de volta às Missas dos Fiéis Defuntos na Forma Ordinária e, se não é mesmo pecado sugerir coisas específicas para a reforma da reforma, tenho certeza de não estar sozinho na defesa desta restauração.

Por enquanto, continuamos com quatro seqüências no Rito Novo. Porém, de acordo com a IGMR:

64. A seqüência que, exceto nos dias da Páscoa e de Pentecostes, é facultativa, é cantada antes do Aleluia.

- isto é, apenas duas delas são obrigatórias, a considerar a letra da lei.

Este número 64 da IGMR também nos informa quando a seqüência é cantada: antes da Aclamação antes do Evangelho. Trata-se de outra mudança da reforma litúrgica de 1969-1970; antes dela a seqüência era sempre cantada depois da Aclamação, e antes do Evangelho.

O Graduale Romanum, mesmo em sua edição para o Rito Novo, manda cantar a Seqüência depois da Aclamação. Debate-se de que instrução é a precedência (Gradual ou Missal?). A prática descrita pelo Graduale Romanum é a prática tradicional; por outro lado, se argumenta pela maior autoridade do Missal no que se refere a rubricas.

Deixo o leitor, finalmente, com os vídeos das cinco seqüências do Rito Romano, já que o Dies Irae é integrante do Forma Extraordinária.

Veni Sancte Spiritus (Seqüência de Pentecostes), com a Schola Gregoriana Mediolanensis e o professor Giovanni Vianini



Lauda Sion Salvatorem (Seqüência de Corpus Christi), com os seminaristas de Écône



Stabat Mater (Seqüência de Nossa Senhora das Dores), com o professor Giovanni Vianini



Victimae Paschali Laudes (Seqüência da Páscoa da Ressurreição) em Missa Tridentina em Łódź, Polônia, 2008



Dies Irae (Seqüência dos Fiéis Defuntos) com o professor Giovanni Vianini

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Elas querem salvar o catolicismo na Dinamarca

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Saiu na IstoÉ uma bela reportagem sobre a atividade missionária de beneditinas brasileiras na secularizada e protestantizada Dinamarca. Os mosteiros beneditinos são uma grande força para a preservação da liturgia decentemente celebrada e para a “reforma da reforma”.

Nesse sentido, temos que nos alegrar pela reportagem!

 

A história das monjas brasileiras que se mudaram para a Europa e impediram que o último mosteiro dinamarquês fosse fechado

Por Rodrigo Cardoso

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ORIGEM
A abadessa Myriam, do mosteiro de Campos do Jordão:
local de partida das monjas brasileiras

Às 15 horas já não havia mais claridade no horizonte e as luzes do mosteiro do vilarejo de Aasebakken (lê-se “ôzebáken”), situado no município de Birkerod, no norte da Dinamarca, tinham de ser acesas. A temperatura amena proporcionada pelo aquecimento interno do convento – que, até 1942, funcionou como residência de um embaixador – contrastava com o inverno rigoroso observado pela janela. Fazia 30 anos que não nevava tanto na Dinamarca. Em dezembro passado, o mês mais gelado, as monjas brasileiras Amábile Auxiliadora Dias, Maria Jacinta Ramos e Anna Maria Cabral se mudaram para o mosteiro. Nos quatro meses seguintes, os flocos brancos vindos do céu só não foram mais constantes na rotina das novas hóspedes do que as orações. Beneditinas, essas freiras entoam salmos em uníssono sete vezes por dia, em geral, entre 6h30 e 20h30.

O clima gélido do país, a luz natural que some no meio da tarde e a distância da terra natal, porém, não desviam as brasileiras da missão que as fizeram se estabelecer em Aasebakken: salvar o único mosteiro beneditino católico do país, que corre o risco de sumir do mapa. Isso estava prestes a acontecer por falta de novas monjas para ocupar o casarão de 50 cômodos do mosteiro, fundado há quase 70 anos por uma alemã.

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NA DINAMARCA
O grupo pioneiro que desembarcou no mosteiro,
em 2006 (apenas a primeira à dir. não é brasileira)

Madre Margarida Hertel, além de responder pela transformação do casarão dinamarquês em convento, estreitou os laços entre as religiosas do Brasil e da Dinamarca ao desembarcar no País e patrocinar a criação dos mosteiros de Nossa Senhora da Glória, em Uberaba (MG), e de São João, em Campos do Jordão (SP), em 1948 e 1964, respectivamente. “Por causa das irmãs de fora, as brasileiras conheciam toda a história da rainha Margarida, do príncipe Frederik, da princesa Alexandra da Dinamarca e por aí vai”, lembra a atual abadessa do mosteiro de São João, Myriam de Castro, 48 anos.

No 40º aniversário do convento de Campos do Jordão – onde as irmãs Amábile, Maria Jacinta e Anna Maria viviam antes de partir para o Hemisfério Norte –, a abadessa escreveu para as irmãs de Aasebakken convidando- as para os festejos. Rompeu-se aí um hiato de 40 anos sem informações entre as religiosas dos dois países. A resposta das estrangeiras as comoveu. “Elas escreveram que a comunidade
estava morrendo e que, por causa do número reduzido de vocações na Europa, a salvação seria o socorro das brasileiras”, conta a irmã Maria de Nazaré, 68 anos, que esteve na Dinamarca em 2006 acompanhando e traduzindo o idioma para o primeiro grupo de três brasileiras que lá desembarcaram.

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Todos os anos, no último domingo de maio, Aasebakken é tomada por duas mil pessoas. Depois de caminhar por uma floresta em companhia dos sacerdotes de suas paróquias, rezando o terço naquela que é conhecida como a maior romaria católica da Dinamarca, elas lotam o gramado ao redor do casarão. Quatro anos atrás, esse centro de peregrinação composto por 11 alqueires de terra – palco de uma missa celebrada por João Paulo II, em 1989, quando esteve em solo dinamarquês em visita oficial – era ocupado por apenas cinco freiras. Esse número já foi de 30 no século passado. “A Dinamarca possuía cerca de 50 mosteiros. Com a reforma luterana, os católicos passaram a sofrer grandes pressões, as monjas foram morrendo e só restou Aasebakken”, explica o biblista e cônego Celso Pedro da Silva, reitor do Centro Universitário Assunção (Unifai).

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Atualmente, residem no convento quatro brasileiras e uma dinamarquesa. “Estamos iniciando uma refundação. Por enquanto somos uma presença silenciosa orante”, conta a irmã Anna Maria, que se tornou a primeira brasileira com o título de superiora dentro da casa. No mês que vem, a abadessa Myriam desembarcará na Dinamarca acompanhada de uma quinta brasileira para Aasebakken. Com 27 anos, natural do Ceará, a irmã Rafaela da Silva está ansiosa para contribuir. “O que Deus criou nada vai destruir. É uma alegria, uma realização poder ajudar”, diz.

Pelo acordo feito entre as religiosas, a abadessa brasileira terá de visitar Aasebakken anualmente durante três anos para avaliar se a empreitada está valendo a pena. Os progressos, segundo Myriam, já são visíveis. “Houve a retomada do louvor divino. Elas conseguiram celebrar a Páscoa e já há uma candidata dinamarquesa a se tornar freira, o que é um sinal de que há uma esperança de vida religiosa lá”, conta ela.

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NA NEVE
“Estamos iniciando uma refundação”, diz a irmã Anna
Maria, superiora no convento

Três das quatro brasileiras fazem aulas de dinamarquês. São cinco horas de estudos, três vezes por semana. Por viver na Dinamarca desde 2006, a irmã Maria Vitória Nascimento está adiantada em relação ao idioma. Brincam suas colegas religiosas que, de tão adaptada ao país nórdico,  Maria Vitória, uma negra de 50 anos, só falta adquirir olhos azuis. O cônego Pedro da Silva lembra de uma passagem que viveu na Dinamarca, quando lá esteve visitando as monjas brasileiras. “Estávamos almoçando no refeitório dos hóspedes e a irmã Maria Vitória entrou carregando uma cerveja”, conta. “Aí, ela disse: ‘Quando são os padres delas (dinamarquesas) que nos visitam, elas põem cerveja na mesa. Então, para os nossos, também vai ter’.”

Além dos estudos, as monjas cuidam da limpeza dos cômodos da casa principal, da hospedaria dos visitantes e de outros trabalhos caseiros. E estão se adaptando à solidão do lugar. Em Campos do Jordão, elas tinham bastante contato  com a população da cidade. Em Birkerod, tudo é muito isolado, distante do contato com as pessoas. Nas estradas e parques não se encontra gente com frequência . Mais: não há muitos católicos. Com cinco milhões de habitantes, a Dinamarca é um país luterano: 90% da população segue essa doutrina. Os católicos somam 35 mil (0,7%), enquanto os muçulmanos, 150 mil (3%). “Muitos leigos, no entanto, têm nos procurado para desfrutar do silêncio do mosteiro”, conta a irmã Anna Maria.

E, assim, as portas do mosteiro de Aasebakken seguem abertas. Para leigos, religiosos, dinamarqueses ou brasileiros como a irmã Amábile, 32 anos, que, feliz na Dinamarca, enviou uma foto para as monjas que ficaram no Brasil com o seguinte título: “Minha primeira neve.”

Semana Santa no Brasil com dignidade, sacralidade e respeito às rubricas - XXVI (na forma ordinária em vernáculo, em Rondinha, PR)

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Os frades estudantes da Ordem dos Frades Menores (OFM), da Província Imaculada Conceição-SP, celebraram com real dignidade, simplicidade e beleza, o Tríduo Sacro. Aqui destacamos alguns aspectos, dentre eles, o uso dos paramentos: sobrepelizes sobre o hábito e as vestes próprias dos Sacerdotes. Excessão para a oração do "Ofício das Trevas", celebrado na Sexta-feira da Paixão do Senhor. Apenas ressaltamos a estética do espaço litúrgico, pois o hábito franciscano NÃO É uma veste litúrgica, mas penitencial e, portanto, sobre ele, devem ser usados os paramentos próprios.

Santa Missa "In coena Domini" - ato do Lava-pés


Para o "Ofício das Trevas"




Sexta-feira da Paixão do Senhor


Vigília Pascal

"Pulchirtudo tam antiqua et tam nova" (A beleza sempre antiga e sempre nova)

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Por Duncan G. Stroik, publicado em Sacred Architecture, Volume 16 (http://www.sacredarchitecture.org/articles/pulchritudo_tam_antiqua_et_tam_nova/)

Traduzido por Rafael Diehl

Parte da história da arte e arquitetura é recuperação de elementos encontrados no passado. Algumas vezes isso é uma questão de continuidade, enquanto em outras vezes os elementos são referenciados de forma a associar o novo trabalho com uma edificação ou um período histórico. O Movimento Litúrgico do século XX buscava um retorno à liturgia da antigüidade e via os desenvolvimentos datados do período medieval ou da Contra-Reforma como acréscimos desnecessários ou decadências. Por volta dos anos 1920, o desejo de despojar a liturgia desses acréscimos encontrou seu resultado arquitetônico na retirada dos santos e retábulos dos altares principais. Os teóricos do Movimento Litúrgico, por exemplo, queriam focar na natureza sacrificial da Missa, mas com a exclusão de toda a iconografia. O modelo desses teóricos, que foi adotado tanto nas igrejas novas quanto nas existentes, compunha um não-coberto altar de pedra com um tabernáculo de bronze no topo encimado por um crucifixo com um dossel ou baldaquino por cima. Isso possuía uma simplicidade clássica, inspirada na antigüidade, que continua a ressoar nos católicos de hoje. Teria esse enxugamento das igrejas góticas e clássicas em nome de uma era de ouro mais antiga conduzido à posterior adoção de arquitetura modernista para nossas igrejas? A remoção de tabernáculos, altares laterais, balaustrada dos altares e bancos que seguiu nos anos 1950 e 1960 conduziu à reinvenção da arquitetura da igreja como salão comunitário.







Em sua encílcia Mediator Dei, de 1947, Pio XII expressou preocupação a respeito do que chamou de arqueologismo: “A liturgia dos primeiros tempos é muito certamente digna de toda veneração. Mas o uso antigo não é, por motivo somente de sua antiguidade, o melhor, seja em si mesmo, seja em relação aos tempos posteriores e ás novas condições verificadas. Os ritos litúrgicos mais recentes da mesma forma merecem respeito e reverência. Estes, igualmente, recebem sua inspiração do Espírito Santo, que assiste a Igreja em todas as épocas até a consumação do mundo... não é certamente coisa tão sábia e louvável reduzir tudo e de qualquer modo ao antigo.”

Enquanto a defesa do retorno à antiguidade e à igreja doméstica é hoje menos forte, o arqueologismo a qual Pio XII se refere está, contudo, emergindo em novas formas. Os cristãos olham para os “bons e velhos tempos”, estejam nos anos 1950 ou 1250. Quanto mais longe a época, mais fácil é mascarar suas imperfeições para recuperá-la como uma era dourada onde as coisas eram melhores, mais puras. Contudo, conforme afirma a Sacrosanctum Concilium, “durante o curso dos séculos, ela [a Igreja] acumulou um tesouro de arte que deve ser muito cuidadosamente preservado.” A arte do passado é uma janela para a fé e prática de um tempo específico, mas pode também falar para todas as épocas. Rejeitar períodos, exceto nossos favoritos, quer como primitivos ou decadentes é se perder da rica tapeçaria de arte e arquitetura que a Igreja tem fomentado.

Um dos mais fascinantes precursores arquitetônicos do Movimento Litúrgico foi o Gothic revival [N.do T.: estilo neogótico] do século XIX. O líder católico dessa renovação, A. W. N. Pugin, acreditava que o gótico era a única arte verdadeiramente cristã. Ele era apoiado nessa crença pela Sociedade Eclesiológica na igreja Anglicana. Apesar de ser um arquiteto talentoso, Pugin rejeitava os primeiros novecentos anos de arquitetura como prólogo e os últimos quatrocentos anos como declínio. Sua idéia era uma teoria atrativa, apesar de simplista, que equiparava a arte e arquitetura gótica com a presumida pureza, cavalaria e piedade da Idade Média. Esta concepção romântica, juntamente com a rejeição de outros períodos da arquitetura como menos cristãos, tem curiosamente reaparecido nas recentes décadas.

Devemos aspirar recuperar uma era dourada da liturgia ou arquitetura, ou devemos buscar criar belos e atemporais trabalhos de arte e arquitetura sacra? Tanto a antiga igreja doméstica quanto a Catedral gótica devem ser vistas co mo parte de uma grande tradição, juntamente com o estilo Românico, Bizantino, Renascentista e Barroco. A história da arquitetura sacra é história de recuperação, mas também de desenvolvimento.


Isso não é para argumentar que é de algum modo antinatural para nós termos nossas músicas, pinturas ou igrejas favoritas. É também perfeitamente válido, inclusive benéfico, debater os relativos méritos de vários períodos da arquitetura. De qualquer forma, um entendimento católico da arte e arquitetura pode apreciar a Catedral gótica radiante bem como a modesta igreja de Missão, a antiga Basílica cristã e a capela barroca do Rosário adjunta a mesma. Embora pareça natural equiparar diferentes estilos arquitetônicos com as forças ou fraquezas de uma época, é algo na verdade baseado em uma abordagem historicista ou modernista da história. Buscar construir uma nova arquitetura porque isso conduziria novamente a uma era de ouro, quer seja a antiguidade, a Idade Média ou qualquer outra época é arqueologismo. A arquitetura sacra deve ser baseada em princípios e exemplos do passado, mas ela não pode recriar uma suposta era de ouro. Como disse o Papa Bento XVI por ocasião do aniversário de 500 anos dos Museus Vaticanos em Junho de 2006:

“Em todas as épocas os cristãos buscaram expressar a visão da fé acerca da beleza e ordem da Criação de Deus, a nobreza de nossa vocação como homens e mulheres feitos à Sua imagem e semelhança, e a promessa de um cosmo redimido e transfigurado pela Graça de Cristo. Os tesouros artísticos que nos cercam não são simplesmente impressionantes monumentos de um passado distante. Ao contrário,... eles permanecem como um perene testemunho para a imutável Fé da Igreja no Deus Triuno quem, na memorável frase de Santo Agostinho, é Ele mesmo ‘beleza sempre antiga, sempre nova’.”


domingo, 25 de abril de 2010

Semana Santa no Brasil com dignidade, sacralidade e respeito às rubricas - XXV (versus Deum, na forma ordinária em vernáculo, em Quevedos, RS)

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Celebrada, na forma ordinária, mas versus Deum, e em vernáculo, pelo Pe. Rodrigo da Rosa Cabrera, na Paróquia Nossa Senhora dos Remédios.









Legalista, eu?!

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Em conversa com um amigo, pedi-lhe que visitasse o site do Salvem a Liturgia! e me desse o seu parecer. Ele assim o fez, e quando conversamos novamente, disse que achava o apostolado muito “legalista”. Fiquei meditando no assunto, e peço licença para discordar do meu amigo, embora o estime muito.

Legalismo

Quando se pretende ensinar, dar exemplo, deve-se sempre usar o melhor espécime, observar os princípios e normas do assunto que se ensina. Ao ensinar o Português, por exemplo, de onde vamos buscar exemplares para análise e aprendizado? Dos clássicos, não é verdade? Nossos filhos precisam ler Machado de Assis, José de Alencar, Eça de Queiroz, Olavo Billac, entre inúmeros outros, pois assim travam contato com a riqueza de possibilidades que é a língua portuguesa.

Não faz sentido eu ensinar português usando somente um vocabulário limitado, nem usando Guimarães Rosa, que tem mais neologismos que vocábulos em português na sua obra, ou ainda, usando o “miguxês”, língua abreviada e fonética usada no “cyberespaço”. Nenhuma dessas variantes reflete o que é o português, nem serve tão bem para a comunicação na vida civil, acadêmica, etc.

Creio eu que com a liturgia se dá algo bem semelhante. Percebo o Papa esmerando-se em suas celebrações, cumprindo seu papel de dar exemplo. Nós, em nossa missão de promover a formação litúrgica, que maneira melhor temos de fazê-lo, que não a de incentivar a fidelidade às rubricas? Seguindo o Missal o católico aprende, na prática, a reverência, a solenidade e a riqueza de nossa liturgia.

Aprendendo a preparar a celebração conforme o Missal, se aprende o verdadeiro espírito litúrgico, subjacente às normas. O objetivo do nosso apostolado, portanto, mais que incentivar a adoção cega de normas e preceitos, é de estimular a busca da compreensão da grandiosidade do Santo Sacrifício e da Liturgia Católica. Isso não é legalismo, e sim valorização, perfeccionismo.

Sacras para o Invitatório, em latim, da Liturgia das Horas - I

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O Salmo 94 convida os fiéis ao louvor do Altíssimo:

1. Vinde, manifestemos nossa alegria ao Senhor, aclamemos o Rochedo de nossa salvação;
2. apresentemo-nos diante dele com louvores, e cantemos-lhe alegres cânticos,
3. porque o Senhor é um Deus imenso, um rei que ultrapassa todos os deuses; (...)

- e, por esta razão, desempenha há muitas gerações, na Liturgia, o papel de salmo invitatório, o salmo que convida ao louvor de Deus.

Na Liturgia das Horas, o salmo invitatório é a maior porção daquilo a que se chama Invitatório; de fato, além dele temos uma antífona e um breve versículo introdutório, tomado também de um salmo (versículo 17 do Salmo 50: Senhor, abri meus lábios, a fim de que minha boca anuncie vossos louvores).

As citações de salmos que fiz até aqui foram tomadas a Bíblia Ave Maria. Na Liturgia propriamente dita, temos uma tradução ligeiramente diferente:

Abri os meus lábios, ó Senhor.
E minha boca anunciará vosso louvor.

Quem elaborou o texto em português fez a escolha de metrificá-lo, como o leitor poderá verificar pronunciando as palavras acima. O mesmo se fez na versão litúrgica do Salmo 94 (Vinde, exultemos de alegria no Senhor / aclamemos o rochedo que nos salva).

A seqüência dos textos, portanto, fica:

1 – Versículo introdutório (“Abri os meus lábios...”)
2 – Antífona
3 – Salmo 94, alternando cada estrofe com a antífona
4 – Glória ao Pai
5 – Antífona

Destes elementos somente a antífona varia. É verdade, também, que a Liturgia das Horas dá outras três opções de salmos como alternativas ao Salmo 94 (23, 66 e 99).

Considerando que, em geral, sempre o mesmo salmo se utiliza no Invitatório, e que a quantidade de antífonas do ano litúrgico inteiro não é excessivamente grande, acreditei existir aqui mais uma boa oportunidade de introduzir o latim na recitação da Liturgia das Horas. Possíveis objeções quanto à dificuldade de compreensão passam a inexistir, já que se usa sempre o mesmo salmo já conhecido.

Com esta finalidade, fiz algumas “sacras” com as antífonas e o Salmo 94.

As sacras são folhas, ou cartões, decorados, ilustrados e emoldurados, com textos comuns da Missa, e para sua celebração colocados sobre o altar. Muito comuns no Rito Extraordinário, podem ser perfeitamente utilizadas no Rito Ordinário como já apontou Rafael Brodbeck aqui no Salvem a Liturgia.

As que fiz não são ilustradas, e possivelmente superem todas as sacras do mundo em simplicidade – mas talvez sirvam, ao menos como um exemplo para que façam suas próprias sacras aqueles que assim desejarem.

Estão aqui compartilhadas com os leitores, em arquivo jpg que pode ser impresso em papel fotográfico 20 x 30 nas lojas que revelam fotos digitais.


Antífonas e Salmo 94 para o Tempo Comum - 359 kb, JPG (são sete antífonas, uma para cada dia da semana)


Logo colocarei as sacras do Advento, do Natal e das Solenidades do Senhor. Para aqueles que desejam, em pouco espaço, um número maior de antífonas, fiz duas sacras sem o texto do Salmo, que pode ser tomado de outra fonte (o próprio livro, por exemplo).


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