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quinta-feira, 19 de maio de 2011

O que a forma ordinária traz para a forma extraordinária: a questão do mútuo enriquecimento

Fonte: Father Z

Tradução: Osvaldo Mafra Lopes Junio

Desde que Universae Ecclesiae foi publicada, o tema do “mútuo enriquecimento” do antigo e do novo, as formas extraordinária e ordinário do Rito Romano, tem ressurgido.

Nas duas últimas décadas, eu tenho falado que – na cabeça do Papa Ratzinger – há um processo mais orgânico e demorado de crescimento, renovação e revisão à ser incentivado, do qual eventualmente emergiria um tertium quid, uma forma do Rito Romano que refletiria as reforma pedidas pelo Concílio Varticano II e o Rito Romano tal qual recebido da experiência de oração da Igreja ao longo dos séculos. O que não ocorreu com o Novus Ordo, por ele ter sido um produto artificial fabricado sobre uma mesa. Mas as duas formas, velha e nova, usadas lado à lado, criariam uma atração gravitacional entre elas.

Eu acho que muitos anos atrás, o Papa Ratzinger assumiu que o novo, forma ordinária, teria uma prioridade lógica e que alguma influência da forma antiga viria produzir o tertium quid. Agora, no entanto, eu não estou tão seguro. Eu sinto uma mudança de direção. Eu suspeito que o Santo Padre pensa o inverso agora. Mas somente o tempo dirá.

Haverá seguramente um influência de um sobre o outro, um mútuo enriquecimento, uma atração gravitacional. E que esta influência crescerá enormemente conforme a “Solução Biológica” mudar a demografia do clero. Homens mais jovens, sem a bagagem do “espírito do concílio”, homens mais jovens interessados na hermenéutica da continuidade desejada pelo Papa Bento para ser aplicada à todas as coisas conciliares e pós-conciliares, estarão também interessados na forma Extraordinária. E se eles não estiverem ansiosos por usarem-na eles mesmos, eles estarão ao menos abertos à ela. Quanto mais jovens padres – futuros bispos – iniciem à exercitar seu ministério na Igreja em cada esfera da sua vida, mais as coisas irão mudar.

Mas, voltando à questão do enriquecimento mútuo.

As formas ordinária e extraordinária são claramente – conforme a mentalidade do Sumo Pontífice – destinadas à estarem “uma ao lado da outra” (UE 6). Elas influenciarão uma à outra. Isto é lógico.

Eu acredito que a forma extraordinária remodelará drasticamente a Forma Ordinária, especialmente no ars celebrandi, mas talvez também numa reintrodução de elementos perdidos na reforma. Isto afetará certamente como padres vêem eles mesmos e como conduzem o seu papel.

Entretanto, eu também acredito que a forma ordinária influenciará, na verdade tem influenciado, como os padres dizem a forma extraordinária.

Primeiramente, houve uma quase total perda da Forma Extraordinária que fez com que aqueles que a desejavam fossem mais cuidadosos, atentos e reverentes. Em assuntos humanos, familiaridade pode gerar desprezo ... ou ao menos negligência. Nas palavras de Joni Mitchell: “Não que seja sempre assim, mas você só percebe o que perdeu quando ele já se foi. Eles pavimentaram o paraíso e fizeram em eu lugar um estacionamento.” A observância da Forma Extraordinária beneficiou-se da opressão.

A mudança do foco na Forma Ordinária do padre no altar, para o padre e a assembléia, tem sido mais que de grande ajuda também. Eu acho que os padres são hoje em dia mais concientes em sua ars celebrandi, que há realmente pessoas lá, o que os leva a serem mais cuidadosos e reverentes e, em suas palavras e ações, projeta-os além do suporte do altar, não de um modo solipsístico, mas em um genuíno desejo, como mediator, para comunicar o que Deus deseja dar através das acões e palavras sagradas dos sacros mistérios.

Irei tratar um outro ponto vizinho ao assunto no qual entramos aqui neste post.

No que concerne à ars celebrandi, por anos, no período nergo quando apenas por querer a forma antiga como um seminarista significava certamente a expulsão dos seminários da corrente dominante, eu escutei críticas à missa antiga por causa da forma com que o padre a dizia. Isso era muito estranho, com certeza. Se os padres fazem coisas estúpidas por eles mesmos, a culpa é deles. De alguma forma elementos do rito podem convidar à algumas escolas, com certeza. Mas é o padre que diz a missa, não o libro que diz a missa.

Uma forma comum de denigrir a forma antiga da Missa era o comentário zombeteiro que padres seriam escrupulosos na forma que eles, por exemplo, diziam as palavras da consagração ou faziam alguns gestos. Alguns padres eram terrivelmente escrupulosos. Por causa da formação e do seu próprio desejo de não cometer pecados, eles levavam a sério o antigo ensinamento que erros na celebração eram pecados mortais. Quando isto era acoplado à um carater escrupuloso e também ao Jansenismo que chegou à alguns seminários, especialmente aqueles com uma base Irlandesa sobre a influência dos franceses que tinham uma abordagem terrivelmente rígida para muitas dimensões da vida humana e para o mundo material, o resultado na liturgia não era sempre ótimo.

Para fazer minhas considerações finais, talvez os anos de intervenção – que foram, sem dúvida, manchados pelos horrores da ilícita e frequentemente estúpida experimentação, dos abusos litúrgicos e do muito mal gosto – serviram para romper o controle de algumas escolas de abordagem, algumas talvez de rigidez jansenistas, de escrupuloso rubricismo contra a qual, eu temo, muitas da multidão de discontinuidades reagiu tão fortemente que elas romperam seus grilhões após o Concílio e enlouqueceram, nos levando junto com eles à um buraco litúrgico do qual agora temos que sair pela escada do Summorum Pontificium.

Eu volto agora ao meu ponto sobre o comentário. Fr. Augustine Thompson, OP, deixou um interessante comentário. Ele tomou meu ponto de que a Forma Ordinária enxercerá também uma atração gravitacional sobre a Forma Extraordinária. Heresia para alguns tradicionalistas ... mas a verdade. Padres são homens de seu próprio tempo, não apenas de épocas passadas.

Fr. Thompson observa:

Tendo sido ordenado à cerca de 25 anos, e tendo celebrado missa todo dia sem impedimento (ex. Sexta Feira Santa) mais ainda, eu celebrei o antigo rito (Dominicano) pelo menos 1000 vezes e o rito novo ainda mais vezes. E existem coisas que celebrantes, especialmente novos celebrantes do antigo rito, podem aprender do novo.

Em particular, eu percebi que os novos celebrantes do Rito Dominicano tentam correlacionar rigidamente os gestos (por exemplo no Per Ipsum) com as palavras por causa das rúbricas inseridas “faça cruz,” “pegue a hóstia”, etc ... no meio da sentença. O sentido de liberdade que vem do novo rito (onde os gestos feitos são geralmente aqueles que vêm naturalmente ao padre), dá uma sensação de propriedade pessoal do movimento. Quando eu instigo novos celebrantes à simplesmente conhecerem os gestos à fazer e fazê-los naturalmente conforme eles lêem o livro, eles percebem que a ação por completo é mais graciosa (e o gesto termina no momento certo). Agora, eu aprendi a fluidez do movimento através de uma constante prática – e finalmente consegui isso apenas quando eu parei com a escrupulosa tentativa de seguir rigidamente as rúbricas – e então eu realizei que se eu permitisse à mim mesmo o sentido de liberdade no rito novo desde o começo, isto teria vindo mais rápido.

Na verdade, o objetivo é celebrar com fluidez e elegância, e fazê-lo conforme as rubricas indicam. Mas um sentimento “novus ordo” de liberdade tem ajudado o novo celebrante do rito antigo à fazê-lo mais naturamente.

Eu estou certo de que há outros exemplos de vezes quando minha celebração do rito novo ajudou-me com o antigo. (E vice-versa)

Discutir de uma forma cuidadosa, tendo relido primeiro o que você pode querer compartilhar, e então perguntando a você mesmo: “Isto contribui para algo de útil?”
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