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quarta-feira, 7 de julho de 2010

A Eucaristia e a liturgia para o novo Prefeito da Congregação para os Bispos

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Saiu em 30 de Junho passado a nomeação do Eminentíssimo Cardeal Marc Ouellet, PSS, Arcebispo de Quebec e Primaz do Canadá, para suceder o Cardeal Giovanni Battista Re na prefeitura da Congregação encarregada dos Sucessores dos Apóstolos.

Mas o que pensa o homem encarregado de auxiliar o Papa na escolha dos Bispos sobre a Liturgia e a Eucaristia?

Alegrei-me ao ver as declarações do Purpurado sobre Liturgia.

O Cardeal Ouellet possui um pensamento abalizado a respeito de Liturgia, com a seriedade suficiente para reconhecer as deficiências da Reforma Litúrgica e a necessidade de recuperar-se o que foi perdido. Bastante adequado, pois, para auxiliar o Santo Padre em sua cruzada pela restauração da sacralidade da Liturgia e da redescoberta de seu valor; e isto num ponto nevrálgico: os Bispos, guardiães da Liturgia.

Em entrevista à 30 Dias, Ouellet reconhece que desde a época de sua ordenação, na década de 60, “o canto e a liturgia [...] passava[m] por um momento particularmente caótico”.

São palavras suas:
Depois do Concílio Vaticano II houve um movimento progressista litúrgico muito exagerado, que fez com que desaparecessem os tesouros da tradição como, por exemplo, o canto gregoriano. Tesouros que deveriam ser recuperados. Mas, como afirma o cardeal Joseph Ratzinger, deve ser recuperado principalmente o sentido sagrado da liturgia, a percepção de que a liturgia não é uma coisa nossa que nós fabricamos, que podemos recompor segundo os nossos gostos passageiros, mas é algo que se recebe, que nos é doado. Portanto as objetividades das reformas litúrgicas têm a sua importância. Creio que as chamadas do cardeal Ratzinger sejam muito importantes. Penso que o Concílio Vaticano II tenha feito uma boa constituição sobre a sagrada liturgia, a Sacrosanctum Concilium. Mas a atuação da reforma litúrgica não foi – sempre – à altura. Seria preciso voltar à essênciada Sacrosanctum Concilium”.
É opinião do Cardeal, pois, que a Sacrosanctum Concilium não foi corretamente seguida pela Comissão que reformou a Liturgia. Esta, aliás, era a opinião também de Ratzinger, desde sua época de padre, e de renomados liturgistas e teólogos: Gagnon, Gamber, Ottavianni...

Ouellet não foge à linha e admite: há problemas na Reforma Litúrgica.

As soluções?

Estas que o Santo Padre vem empregando: o resgate das tradições litúrgicas genuinamente católicas, dos símbolos, da beleza do culto e, o que é mais importante, da sacralidade e do sentido da Liturgia.

E em sua atuação como Arcebispo, Sua Eminência deu vapor a esse projeto, sempre em consonância com o Santo Padre.

Para “recuperar os tesouros”, como fala a 30 Dias, em 2009 o Cardeal Ouellet doou à Fraternidade São Pedro uma Igreja onde seria celebrada a Santa Missa todos os dias, exclusivamente segundo o usus antiquior. Trata-se da Igreja de St-Zéphirin-de-Stadacona, da Paróquia de Notre-Dame-de-Roc-Amadour, confiada ao Pe. Guillaume Loddé, FSSP.

Da lamentação pela perda do canto gregoriano, surge o impulso para que se notabilizasse em Quebec pelo seu apoio ao canto gregoriano como canto litúrgico próprio da Santa Missa, segundo The New Liturgical Movement.

E nas celebrações do Congresso Eucarístico Internacional de Quebec, em 2008, a Liturgia não deixou nada a desejar, com toda a pompa e sacralidade devidas ao Sacro Culto de Nosso Senhor.
Interessante é a sua atuação quando o Santo Padre enfrentava duras críticas por ter remitido a excomunhão dos Bispos da Fraternidade São Pio X. O Cardeal Ouellet foi responsável por uma defesa vigorosa de Sua Santidade:
Em todos os níveis de condução da Igreja, a unidade com Pedro e a solidariedade com ele não tiveram bons resultados este ano. [...] Já é tempo de atuar e de tomar partido com nosso santo Padre, quem é admiravelmente tranqüilo e coerente no cumprimento de todas suas tarefas. É uma grande bênção para nós a qualidade de seu ensinamento. [...] Estamos com Pedro, em solidariedade com nosso Bispos e sacerdotes. [...] Ponhamo-nos ao lado do Sucessor de Pedro, nosso Papa, neste tempo de desafios, aceitando com coragem nossa tarefa de construir em todas as partes a unidade e a solidariedade”, disse, numa conferência, diante de 90 Bispos, 8 Cardeais e 1000 Cavaleiros de Colombo, num momento em que boa parte da Igreja e mesmo do Clero deu as costas ao Santo Padre.
Mas a “recuperação dos tesouros perdidos” não termina. O Cardeal Ouellet, segundo suas próprias palavras, crê que o principal é recuperar “o sentido sagrado da liturgia, a percepção de que a liturgia não é uma coisa nossa que nós fabricamos, que podemos recompor segundo os nossos gostos passageiros”. O trecho, por si só, já é de dar calafrios em qualquer modernista litúrgico ou laboratorista de culto.

Mas possui um sentido especial para Ouellet, que, em termos de significado da Liturgia, está completamente alinhado com o ensino magisterial da Igreja a respeito da Eucaristia, especialmente com a recente Encíclica Ecclesia de Eucharistia, do Papa João Paulo II, e a Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, de Bento XVI.
Este dom por excelência foi longamente preparado por Deus na história da salvação. A sagrada eucaristia recapitula e coroa com efeito, uma multidão de dons de Deus feitos à humanidade depois da criação do mundo. Ela leva à sua realização o desígnio de Deus de estabelecer uma aliança definitiva com a humanidade. [...] Ela é um memorial vivo do dom que Jesus Cristo fez do seu corpo e do seu sangue para resgatar a humanidade do pecado e da morte e comunicar-lhe a vida eterna” (I, A).
Para se dar ao mundo neste mistério da aliança, Deus conta com a Igreja, sua humilde ‘esposa’. Mesmo pobre e frágil por causa dos pecados de seus filhos, a Igreja compromete-se pela penitência e pela sagrada eucaristia, na renovação constante da graça do seu batismo. [...] ‘É grande este mistério’, exclama o apóstolo Paulo, pensando na união de Cristo e da Igreja, como modelo e o mistério do casamento sacramental (Ef 5,32) S. Ambrósio vê na eucaristia “a prenda nupcial” de Cristo à sua Esposa e na comunhão o beijo de Amor. E Cabasilas pode justamente observar: “ ‘Este mistério é grande’, diz o bem-aventurado Paulo para exaltar esta união. Porque é então o matrimónio tão exaltado quando o Esposo puríssimo desposa a Igreja como virgem. É aqui que Cristo “alimenta” o coro daqueles que o rodeiam, e é por este único sacramento que “nós somos carne da sua carne e ossos dos seus ossos” (Cabasilas, La vie en Christ, IV, 30, trad. M.H.Congourdeau, S.C. n.355, Paris, 1989, p.291). A eucaristia lança-nos na oferenda de Jesus. Não receberemos somente o Logos incarnado de maneira estática, mas somos envolvidos na dinâmica da sua oferenda” (II, A, c).
O dom de Deus no banquete do amor, leva o compromisso da Igreja partilhar esse dom com a humanidade inteira, que é chamada a tornar-se Corpo e esposa de Cristo. A primeira homenagem da Igreja a este mistério é o de uma fé plena, admirativa e adoradora. Porque, ao mistério do dom eucarístico por excelência do mesmo Deus, deve corresponder o mistério de fé por excelência como adesão total e plena de gratidão da Igreja, unida à fé imaculada de Maria. A missão do Espírito Santo é justamente assegurar esta correspondência nupcial entre a atualização perpétua do mistério eucarístico e o acolhimento da Igreja que alimenta assim a esperança do mundo pelo seu testemunho” (II, B, a).
A celebração eucarística torna presente Cristo no ato de adoração por excelência que é a sua morte sobre a cruz. Pelo seu ato de amor absoluto até à morte, Cristo volta para o Pai com a humanidade reconciliada e obtém para todos o Espírito de amor e de paz que anima a adoração da Igreja em espírito e verdade. Por ele, com ele e nele, é toda a Igreja que é adoradora, em nome da humanidade resgatada. O ato de adoração por excelência de Cristo e da Igreja realiza-se na oferenda do santo sacrifício in Persona Christi, Caput et Corpus, como diz S. Agostinho” (III, B).
Que Sua Eminência, pois, com a graça de Deus, possa desempenhar bem sua nova função, auxiliando o Santo Padre na escolha de Bispos alinhados com seu Magistério e com sua cruzada pela restauração da Sagrada Liturgia!

Tu és Pedro, Bento XVI! És pedra!

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Por Everson Fontes Fonseca (Seminarista)*

Publicado no Jornal da Cidade, Aracaju - SE, em 15/05/2010

Intrépido, destemido, confiante, eis a face do “Cooperador da Verdade”. Confiança inabalável daquele que faz às vezes da Pedra da Igreja de Cristo. Bento XVI, com o seu silêncio comunicante, expressa uma máxima atitude: confia naquele que é a Cabeça da Igreja. Perante tantos ultrajes, ofensas, difamações, lá está ele, cabeça erguida, férula na mão, doce peso da Igreja às costas, voz rouca, testemunha a Verdade. Tu és Pedro, Bento XVI! E não falo de verdade ideológica, mas da Verdade, Cristo Jesus, Nosso Senhor (cf. Jo 14, 6).
No desenrolar dos dias, ao ver inúmeros episódios nefastamente satânicos e odiosos por parte de alguns órgãos da imprensa, tenho presente o que o próprio Jesus já avisara aos seus nas bem-aventuranças: “Felizes sois, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o tipo de mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, p orque será grande a vossa recompensa nos céus” (Mt 5, 11-12).
O ódio ao Papa Ratzinger é o ódio à Igreja. Como voz profética a “Mãe Católica” não pode sucumbir num silêncio omissivo diante das diversas formas de relativismos e de injustiças patrocinadas por ideologias adversas à moral cristã. Aqui, vale ressaltar a pretensão dos que querem descriminalizar o aborto; dos que ambicionam legalizar as uniões homossexuais; dos que se sentem incomodados com a presença e credibilidade da instituição Católica; enfim, de todos os que se colocam contra o Reino de Deus concretizado pela Igreja, e nela. Estes aderentes à subversão dos costumes buscam, inescrupulosamente, a todo o custo e em vão, sacudir a Barca de Pedro, guiada pelo sopro afável do Espírito Santo, cujo leme está nas mãos do fisicamente frágil e espiritualmente inabalável, Bento XVI. Tais “lobos” recorrem ao auxílio de inverdades alardemente divulgadas, ou mesmo correm a trás dos que não testemunham a sua fé e vocação (que, diga-se de passagem, é uma minoria irrisória) para macular a imagem da Totta pulcra (Toda bela), sem mancha e sem ruga Esposa de Cristo.
O Papa tem-se mostrado rocha. Não um seixo qualquer que se fragmenta facilmente, mas caracteriza-se pela sua consistência inabalável, já que alicerça “a Jerusalém Celeste, a nossa Mãe” (Gl 4, 26). Não sentimentalmente frio e apático, e sim transparente como o diamante artisticamente lapidado que possui uma alta valorização e durabilidade. E quem é este artista? Só pode ser Deus mesmo que, com o auxílio da sua graça, vai moldando esse santo homem, através das provações e incompreensões do mundo cruel e relativo que ora vivenciamos.
Incompreensão: alto preço pago pela defesa da Verdade. Aparente derrota: resultado figurativo que os diversos meios contrários à fé desejam passar da Santa Igreja e do Sucessor de Pedro. Confiança: res posta divinamente testemunhal dada por um octogenário ao mundo incrédulo, e por isso desesperançado. Paternidade transparente: adjetivo deste homem que é o Vigário de Cristo. Sim, transparente. Não esbraveja contra os seus opositores, silencia, e neste silêncio age. Não por cobrança exterior, mas continua o que de praxe já fazia esmeradamente: transmite o Cristo, confirma o seu rebanho que a ele foi confiado, extirpa os erros, apregoa a Verdade.
A solidez da Igreja de Cristo aborrece os indiferentes. Por isso, cria-se uma ojeriza à figura petrina. O confirmar os irmãos na fé, nem sempre é fácil. Ao interpelar o magnânimo Pedro para o exercício de apascentar o seu rebanho, Nosso Senhor o previne acerca do seu martírio (cf. Jo 21, 15-19). Hoje, Pedro é interpelado nesse ancião que rege o timão da Barca-grei do Senhor, através de um fiel e corajoso seguimento àquele que o chamou. É por amor que Bento rege. É por amor que Bento sofre o seu ma rtírio incruento, a sua aparente solidão humana. Porém, esta carência superficial é recompensada pela paz de espírito dada pelo Ressuscitado, luz inextinguível que brilha em meio às trevas do pecado e do mundo.
Agora, é mais fácil ter em mente o que Jesus quis dizer com “o poder do inferno nunca prevalecerá sobre ela” (cf. Mt 16, 18). É uma promessa! Esta se cumpre cotidianamente, principalmente quando parece que tudo e todos estão contra ela. É a Igreja que testemunha o Cristo. É o Cristo que perpetua o seu Reino através do testemunho de sua Amada.
Indago-me: Qual será a atitude do mundo quando perceber que a “enganosa veracidade” dos fatos que momentaneamente incriminam o Papa foi causada por homens desleais e maledicentes? Quando se derem conta que a todo instante foram enganados por mentirosos e antiéticos veículos de comunicação que abominam a Verdade em nome de suas “verdades”? Reconhecerão a voz profético-denu nciadora de Bento XVI ao anunciar o Cristo, cujo olhar incomoda?
“Salve, Santo Padre! Vivas tanto ou mais que Pedro!” É assim que cantamos a ti na Marcha Pontifícia. É um desejo nosso, Santo Padre: que em ti, apesar da tua longevidade, resplandeça a jovialidade daquela a quem te foi dado o encargo de governá-la vigorosamente. Ainda que as intempéries do mar do mundo balancem a Barca de Pedro, a Igreja de Cristo permanece firme, Bento, com fé inabalável. Ela não afundará! O Senhor está com ela até o fim dos tempos! (cf. Mt 28, 20).
Tu és feliz, Bento XVI! És por sofreres injúrias, perseguições e mentiras por amor à Verdade! A Verdade a quem defendes recompensar-te-á, ó Pedro em meio a nós, ó Bento XVI! “Tu es Petrus, et super hanc petram aedificabo Ecclesiam meam!” (Tu ésPedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja!).
* Da Arquidiocese de Aracaju e bacharelando em Teologia pelo Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, em Aracaju-SE.

terça-feira, 6 de julho de 2010

História e sentido do sacrário na liturgia

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Atualmente chamamos de Sacrário ou Tabernáculo o local, o receptáculo, onde se deve conservar a Sagrada Eucaristia na Igreja. Seu desenvolvimento e regulamentação pelas autoridades eclesiásticas resultam de um cuidado e devoção fomentados pela Santa Igreja ao longo dos séculos com o intuito de realçar a adoração devida ao Cristo substancialmente presente nas espécies consagradas.


Já nos primeiros séculos da Igreja fazia-se necessário a existência de um receptáculo digno para se guardar a Eucaristia. De início, utilizavam-se pequenos vasos ou caixas chamados de arca ou arcula para guardar a Eucaristia reservada aos doentes e também para os fiéis levarem a Eucaristia para casa, haja vista as eventuais impossibilidades de participações freqüentes na Missa em tempos de perseguição.[1] Nesse sentido, também alguns fiéis usavam a Eucaristia guardada em lenços costurados de linho (oraria) ou vasinhos ou caixas de marfim, prata, ouro, madeira ou argila (encolpia) que eram presos ao pescoço.[2] Tal costume foi, contudo, proibido pela Igreja depois do século IV para evitar-se os abusos, profanações e tratamentos de forma supersticiosa para com o Santíssimo Sacramento (atualmente essa prática também é proibida. Vide a Instrução Redemptionis Sacramentum da Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, n. 132).[3]

Com a liberdade de culto promulgada pelo Imperador Constantino I em 313, os cristãos passaram a construir edifícios próprios para o culto litúrgico (basílicas) e juntamente surgiu o costume de conservar a Eucaristia dentro das basílicas. Além dos casos raros em que o vinho consagrado era mantido em um pequeno vaso de ouro (dolium), o pão consagrado era guardado em pequenos receptáculos de ouro ou prata em formato de torre ou pomba. Estes receptáculos eram inicialmente mantidos no pastophorium (também chamado por alguns escritos da época por sacrarium) que se tratava do lugar mais reservado e inacessível da Igreja.[4] Ou seja, buscava-se custodiar cuidadosamente a Santíssima Eucaristia como a um tesouro. Segundo o Arcebispo Piacenza, “as espécies eucarísticas eram introduzidas na pomba por uma pequena abertura em seu dorso, fechada com cuidado por uma tampa com dobradiça.” Aos poucos, as torres ou pombas passaram a ser colocadas suspensas por correntes no baldaquino (ciborium) que erguia-se por quatro colunas acima do altar.[5]


Por volta do ano 1000, no período da arte românica, surge uma terceira forma de receptáculo, a píxide, uma espécie de caixa decorada. “Normalmente, consistia numa caixa redonda, algumas vezes quadrada, fechada por uma tampa na maioria das vezes cônica, mas também achatada. Justamente por essas características, era de uso muito prático e também de menor custo.”[6] As pombas e torres, contudo, continuaram a ser usadas. A pomba passou a ser mais bem trabalhada artisticamente possuindo muitas vezes um pedestal. Durante o período românico o uso da pomba e da píxide tornou-se bastante comum na França, ao passo que na Itália o mais comum até o século XVI era guardar a Eucaristia em um armário em uma das paredes do presbitério ou no secretarium, uma sacristia. Com o desaparecimento do cibório sobre o altar, apareceram também novas formas de suspender o receptáculo do Santíssimo. A forma mais comum era uma haste em forma de cruz no retábulo em cuja voluta se dependurava o receptáculo.[7] Lembremos que nessa época a palavra sacrarium designava tanto os receptáculos eucarísticos quanto os receptáculos para relíquias de santos e outros objetos sagrados.[8] Hoje usamos “sacrário” para designar especificamente o receptáculo da Sagrada Eucaristia e “relicário” para designar os receptáculos de relíquias de santos.


No período gótico, a partir do século XII aproximadamente, as pombas e píxides passam a ser suspensas acima do altar (por uma haste na parede ou retábulo, ou pelo teto) cobertas por um véu ou um dossel. Também no século XIII encontramos em alguns lugares o costume de por o receptáculo eucarístico sobre o altar.[9] Porém o uso que mais se disseminou na arte gótica foi o de manter o receptáculo em um armarinho ou edícula escavada em uma das paredes laterais do presbitério.[10] Estas eram por vezes chamadas de Sakramenthauz, “Casas do Sacramento”.


Dom Mauro Piacenza descreve minuciosamente a decoração dessas edículas:


“Tinha-se o cuidado, especialmente nas igrejas de certa importância, de enfeitar a porta do armarinho com adornos elegantes e pinturas, emoldurando tudo com um arco agudo sustentado por pequenos pilares revestidos de arcos e encimados por setas. Procurava-se sempre decorar com pinturas tanto o interior quanto a porta do armarinho. Uma abertura circular ou em forma de trevo de três ou quatro folhas, fechada por grades, aberta na parede na altura do interior do armário, permitia aos fiéis que, de fora, adorassem em qualquer tempo o Santíssimo Sacramento. Uma lâmpada acesa diante da abertura indicava, de longe, o lugar em que se conservava o pão transubstanciado. Com o advento do século XVI, já não nos contentamos com esse ornamento, que, mesmo significativo e de certo interesse artístico, é ainda assim um modesto armário. Começam a aparecer as primeiras edículas do Sacramento, que, num primeiro momento - perto do final do século XIV -, foram característica quase exclusiva das igrejas do norte da Europa.”[11]

Estas edículas em muitos lugares adquiriram aspectos de grandes torres que muitas vezes chegavam a tocar o teto da Igreja. Eram as chamadas “torres do Sacramento”. É também no período gótico que surgem os primeiros paralelismos entre o receptáculo eucarístico e o Tabernáculo judaico da Antiga Aliança. Pois a Arca, o Tabernáculo, na Antiga Aliança simbolizavam a Presença de Deus no meio de Seu Povo. Já o Tabernáculo eucarístico continha o Senhor substancialmente presente na Eucaristia.[12] Fica claro na arte gótica o desejo de realçar a majestade do Sacramento da Eucaristia frente às diversas heresias da época que negavam a Presença Real de Nosso Senhor no pão e no vinho consagrados. Também é um reflexo do crescimento das devoções ao Santíssimo Sacramento, suja expressão máxima é a instituição da Solenidade de Corpus Christi na Liturgia pelo Papa Urbano IV em 1264.[13]

A disposição do Tabernáculo eucarístico sobre a mesa do altar, que já encontramos nas Ordinationes de Alexandre IV aos Eremitas de Santo Agostinho no século XIII, se estabelecerá como uma verdadeira tendência a partir do século XVI. A primeira iniciativa nesse sentido foi tomada por Gian Mateo Giberti, bispo de Verona, que buscou implantar o tabernáculo sobre a mesa do altar-mor em toda a sua diocese. Giberti construiu um novo altar-mor em sua catedral na qual o tabernáculo figurava no centro, sobre a mesa do altar.[14] Um biógrafo do dito bispo assim descreveu tal disposição do tabernáculo na igreja: tanquam cor in pectore et mentem in anima (“tal como o coração no peito e a mente na alma”).[15] São Carlos Borromeo, Cardeal-Arcebispo de Milão reformou o altar-mor de sua catedral, retirando o antigo retábulo) e colocando sobre a mesa do altar-mor um Tabernáculo para guardar a Eucaristia, antes custodiada na sacristia da dita catedral.[16] Apesar da divulgação de Borromeo e da imposição do Ritual do Papa Paulo V (1614) para a diocese de Roma, vários concílios deixaram liberdade de escolha para as dioceses sob qual modelo de receptáculo eucarístico adotar. Na maioria dos lugares da Itália continuou-se a usar tabernáculos de parede ou edículas eucarísticas[17] (na França até o século XVIII era comum ainda o costume de manter uma píxide suspensa acima do altar-mor e na Bélgica e Alemanha mantiveram-se o uso das Sakramenthauz até meados do século XIX)[18] . Em Roma, a maioria das igrejas barrocas (Gesú, San Ignacio) bem como as Basílicas maiores (reformadas durante a Renascença e o Barroco) cultivou o uso de uma Capela lateral específica com um altar para sustentar o tabernáculo onde se conservavam as santas espécies.



Dom Mauro Piacenza explica esse novo destaque ao local do Santíssimo na Igreja, forma de reafirmar a doutrina eucarística da Igreja contra as novas heresias protestantes:


“Como se sabe, aqueles eram os anos da aplicação das normas do Concílio de Trento (1545-1563), que, nesse caso, reagia à doutrina protestante que negava a permanência da presença real de Cristo nas espécies eucarísticas. Deve-se à exigência de afirmar a doutrina católica a difusão do posicionamento do tabernáculo, bem visível, sobre o altar maior. A forma mais comum era a pequena casa, incorporada à parte elevada do altar, ladeada por degraus (habitualmente dispostos em três níveis) sobre os quais eram postos castiçais para a ascensão de sírios, às vezes numerosos, sobretudo por ocasião das exposições eucarísticas solenes. Assim, a mesa se tornou, visivelmente, quase uma parte menor do altar, cada vez mais monumental, no qual foi dado grande desenvolvimento artístico a cruzes, castiçais, bustos-relicários ou estátuas de santos e de anjos, grandes retábulos, etc. No século XVIII, as obras mais
apreciadas eram as portinholas dos tabernáculos, em metais e pedras preciosas.”[19]


Foi durante o período barroco, entre os séculos XVII e XVIII, que o tabernáculo junto ao altar-mor começou a se difundir de maneira mais intensa. Prova disso é que o Papa Bento XIV em sua constituição Accepimus de 1746 declarava essa disposição de receptáculo eucarístico como “disciplina vigente”.[20] Em 1863 a Sagrada Congregação dos Ritos vetava qualquer outra forma de receptáculo além do tabernáculo de altar.[21] A prática do século XIX até a movimento litúrgico do século XX restringia o uso de altares-mor sem Sacrário somente para as igrejas Catedrais, Basílicas e Colegiatas, conforme determinava o Cerimoniale aepiscoporum vigente na época. Isto para que pudessem celebrar-se mais comodamente as cerimônias litúrgicas solenes, mais comuns nessas igrejas maiores, dispondo assim uma capela específica para o Santíssimo para que os fiéis pudessem melhor adorar e exercitar suas práticas devocionais. [22]






As normas litúrgicas atuais da Igreja dispõem o seguinte acerca do Sacrário ou Tabernáculo:

“«De acordo com a estrutura de cada igreja e os legítimos costumes de cada lugar, o Santíssimo Sacramento será guardado em um sacrário, na parte mais nobre da igreja, mais insigne, mais destacada, mais convenientemente adornada» e também, pela tranqüilidade do lugar, «apropriado para a oração», com espaço diante do sacrário, assim com suficientes bancos ou assentos e genuflexórios. Atenda-se diligentemente, além disso, a todas as prescrições dos livros litúrgicos e às normas do direito, especialmente para evitar o perigo de profanação.” (Redemp. Sacr. n. 130)[23]

O sentido de o Sacrário ter um posto de destaque na configuração arquitetônica da Igreja é explicada pela mesma Instrução Redemptionis Sacramentum (n. 129): favorecer a adoração e o culto de latria ao Cristo Eucarístico em todos os momentos, mesmo fora da Santa Missa, além da finalidade prática de custodiar as Hóstias destinadas à comunhão dos enfermos e outros incapacitados de participarem da celebração da Santa Missa.[24]

Refletindo encima desses princípios, de que a localização do receptáculo eucarístico deve estar localizado de tal forma que possa ser reconhecido individualmente por todos os fiéis, o Papa Bento XVI recorda a importância da lâmpada perenemente acesa junto ao sacrário para recordar a Presença do Senhor e pondera as seguintes considerações:
“Tendo em vista tal objetivo, é preciso considerar a disposição arquitectónica do edifício sagrado: nas igrejas, onde não existe a capela do Santíssimo Sacramento mas perdura o altar-mor com o sacrário, convém continuar a valer-se de tal estrutura para a conservação e adoração da Eucaristia, evitando porém colocar a cadeira do celebrante na sua frente. Nas novas igrejas, bom seria predispor a capela do Santíssimo nas proximidades do presbitério; onde isso não for possível, é preferível colocar o sacrário no presbitério, em lugar suficientemente elevado, no centro do fecho absidal ou então noutro ponto onde fique de igual modo bem visível. Estas precauções concorrem para conferir dignidade ao sacrário que deve ser cuidado sempre também sob o perfil artístico. Obviamente, é necessário ter em conta também o que diz a propósito a Instrução Geral do Missal Romano. Em todo o caso, o juízo último sobre esta matéria compete ao bispo diocesano. (Sacr. Car., n. 69)”[25]
Como se pode ver, o Santo Padre enumera 3 possibilidades:
1) Continuar usando o Sacrário do altar antigo junto à parede;
2) Construir uma Capela própria para o Santíssimo Sacramento;
3) Dispor o Sacrário em um local visível, de preferência no fecho absidal.
Das três formas a opção 2 é bastante comum na construção de novas igrejas e inclusive é a recomendada preferencialmente pelo Arcebispo Mauro Piacenza. Contudo, ao escolher essa opção deve-se observar duas coisas: a Capela do Santíssimo deve ser um lugar de destaque e de fácil acesso aos fiéis e deve proporcionar um ambiente digno que transmita uma atmosfera de sacralidade propícia à oração, meditação e adoração. Em muitas construções recentes, influenciados por um liturgicismo desordenado, a Capela eucarística acaba se tornando uma forma de “esconder” o Santíssimo dos fiéis (pois estes liturgicistas erroneamente crêem que devoção pessoal e prática litúrgica se antagonizam). Tal situação acaba gerando também alguns sacrários de gosto duvidoso, com materiais e formas indecorosas e contrárias à tradição iconográfica da Igreja.
A primeira e a terceira opção são semelhantes. Os fiéis já estão familiarizados com a presença do Sacrário no centro do fecho absidal, mesmo que não esteja sobre um antigo altar, ele ainda adquire um destaque latente no edifício. Há contudo de se cuidar para que Altar e Sacrário formem um conjunto harmonioso no presbitério. Este modelo de dispor o Sacrário no centro do fecho absidal é utilizado, por exemplo, pela Abadia beneditina de Le Barroux na França e pela Catedral de São Paulo em Birmingham, Alabama, nos Estados Unidos. Outra opção nesse caso seria também construir sacrários artisticamente trabalhados na parede do presbitério, inspirando-se nos modelos góticos da Basílica de São Clemente em Roma (que ainda está em uso) ou nos Sakramenthauz alemães (contudo levando-se em conta as normas vigentes da Igreja quanto aos materiais a serem utilizados na confecção do Tabernáculo). Já as antigas formas de pomba ou píxide estão certamente descartadas, haja vista serem pequenas demais para ocuparem a posição de destaque e visibilidade exigida pelas atuais normas litúrgicas.

Como a Liturgia desenvolve-se em continuidade e não em ruptura com a Tradição, podemos refletir a partir das práticas tradicionalmente usadas. Podemos partir de um princípio semelhante ao antigo Cerimonial dos Bispos: em paróquias de vida menos tumultuada, onde não haja grande concurso de pessoas, disponha-se o Sacrário sobre o altar ou no fecho absidal de forma que fique suficientemente visível a todos os fiéis. Nas igrejas onde haja grande concurso de pessoas ou grande quantidade de Ofícios solenes (igrejas turísticas, Basílicas, Catedrais, Colegiatas, Santuários, grandes Abadias, etc) disponha-se o Santíssimo em uma Capela própria para favorecer um ambiente mais calmo de oração para os fiéis. Esta é a forma adotada, por exemplo, nas Basílicas maiores de Roma e funciona muito bem. Estas basílicas recebem freqüentemente grande número de turistas, mas na Capela do Santíssimo só se entra para oração e isto propicia aos fiéis momentos de oração na dita igreja sem serem importunados pela movimentação de turistas no restante do edifício.

Por fim, vimos que dado as normas vigentes na Igreja, há 3 possibilidades de se dispor o Sacrário na Igreja. Os responsáveis pela construção ou reforma dos edifícios dedicados ao culto devem portanto levar em conta as circunstâncias ao julgarem qual das 3 formas será a mais adequada para cada caso. O que não se deve perder de vista é o destaque que deve-se dar ao Santíssimo na Igreja: deve ser um ponto de referência para os fiéis, um lugar de decoro e sacralidade, que demonstre e testemunhe sensivelmente a Presença de Nosso Senhor nas espécies consagradas, para que possam os fiéis tributar ao Senhor presente neste Augusto Sacramento a devida adoração.

Notas de Referência:
[1]Interessante o relato de um rito de comunhão privada que pela sua forma de adoração e reverência contrasta com a abusiva comunhão “self-service” de nossos tempos: “O cardeal Bona, em seu Rerum liturgicarum, no nº 17, cita o texto das disposições emitidas por um bispo de Corinto, que permitem conhecer o rito de uma comunhão doméstica. “Se vossa casa for dotada de um oratório, depositareis sobre o altar o vaso que contém a Eucaristia. Se faltar o oratório, sobre uma mesa decente. Estendereis um pequeno véu sobre a mesa e lá depositareis as sagradas partículas; queimareis alguns grãos de incenso e cantareis o trisagion [o nosso Sanctus, ndr.] e o Símbolo; então, depois de terdes feito as genuflexões, em sinal de adoração, absorvereis religiosamente o Corpo de Jesus Cristo”.” PIACENZA, Mauro. O receptáculo da Eucaristia. In: Revista 30 Dias. Junho de 2005. Disponível aqui.
[2]PIACENZA, Mauro. Op. Cit.
[3]“Em vista dos vários abusos cometidos com a S. Eucaristia, os Concílios regionais, desde o século IV, foram admoestando os fiéis. Tenham-se em vista, por exemplo, o Concílio de Saragoça (Espanha) em 380 (cân. 3) e o l de Toledo (Espanha), que em 400 assim legislava:
“Se alguém não consumir realmente a Eucaristia recebida do sacerdote, seja expulso como um sacrílego” (cân. 14).” BETTENCOURT, Estêvão, OSB. A Comunhão Eucarística na Mão. In: Revista Pergunte e Responderemos. 2000. Disponível aqui.
[4]PIACENZA, Mauro. Op. Cit.
[5]Idem, Ibidem.
[6]Ibidem.
[7]Ibid.
[8]BRAUN, Joseph. Verbete Tabernaculo. In: Enciclopedia Catolica. Disponível aqui.
[9]Encontramos essa forma de receptáculo eucarístico relatados nas Admonitio synodalis de Regino de Prüm no século IX, bem como no Rationale Divinorum Officiorum de Guillaume Durand e nos Sínodos de Trier e Münster, no século XIII. Há também evidências de retábulos em forma de tríptico com cofres para o Santíssimo, como o altar de Santa Clara na Catedral de Colônia (século XIV) ou combinações de retábulo com casa do Sacramento como o altar-mor da Igreja de São Martinho de Ladshut na Bavária, datado de 1424. Idem, Ibidem.
[10]PIACENZA, Mauro. Op. Cit.
[11]Idem, Ibidem.
[12]LANG, Uwe Michael. Tanquam cor in pectore: the Eucharistic Tabernacle Before and After the Council of Trent. In: Revista Sacred Architecture. Volume 15. Disponível aqui.
[13]PIACENZA, Mauro. Op. Cit.
[14]Idem, ibidem.
[15]RIGHETTI, Mario. Historia de La Liturgia. Tomo I. Madrid: Biblioteca de Auctores Cristianos, 1955. p. 472.
[16]LANG, Uwe Michael. Op.Cit.
[17]PIACENZA, Mauro. Op. Cit.
[18]BRAUN, Joseph. Op. Cit.
[19]PIACENZA, Mauro. Op. Cit.
[20]Idem, ibidem.
[21]BRAUN, Joseph. Op. Cit. ; PIACENZA, Mauro. Op. Cit.
[22]BRAUN, Joseph. Op. Cit.; RIGHETTI, Mario. Op. Cit. p. 473.
[23]ARINZE, Cardeal Francis. Instrução Redemptionis Sacramentum da Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos sobre algumas coisas que se devem observar e evitar acerca da Santíssima Eucaristia. Roma, 2004. Disponível aqui.
[24]“«A celebração da Eucaristia no Sacrifício da Missa é, verdadeiramente, a origem e o fim do culto que se lhe tributa fora da Missa. As sagradas espécies se reservam depois da Missa, principalmente com o objeto de que os fiéis que não podem estar presentes à Missa, especialmente os enfermos e os de avançada idade, possam unir-se a Cristo e ao seu Sacrifício, que se imola na Missa, pela Comunhão sacramental». Além disso, esta conservação permite também a prática de tributar adoração a este grande Sacramento, com o culto de latria, que se deve a Deus. Portanto, é necessário que se promovam vivamente aquelas formas de culto e adoração, não só privada mas sim também pública e comunitária, instituídas ou aprovadas pela mesma Igreja.” Idem, ibidem.
[25]BENTO XVI, Papa. Exortação Apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis sobre a Eucaristia fonte e ápice da vida e missão da Igreja. Roma, 2007. Disponível aqui.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Forma extraordinária em Curitiba - II

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Novas fotos de Missas regularmente celebradas segundo o usus antiquor, na capital do Paraná, organizadas pelo amigo Marcos Vinícius Mattke e o pessoal da Associação São Pio V.

As Missas foram celebradas pelo Pe. Adriano, na Paróquia Divino Espírito Santo, pelo Pe. Antônio, na Igreja São João Batista, o Precursor, e pelo Pe. Alberto Santiago, na Paróquia Imaculada Conceição.

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domingo, 4 de julho de 2010

O valor da liturgia - trechos de "Nociones elementales de liturgia", D. Gubianas, OSB

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Apresentamos uma tradução ao português de um excerto do magnífico livro "Nociones elementales de liturgia", de D. Alfonso Maria Gubianas, OSB, publicado em Barceleno, em 1930.

1º A liturgia participa das notas da Igreja

Para compreender o valor da liturgia católica, fixemo-nos primeiramente no fato de que ela reveste todos os caracteres que distinguem a verdadeira Igreja, e participa de suas notas gloriosas.

Por sua antiguidade, se remonta aos Apóstolos; é una em substância; como a túnica da rainha, não admite diversidade senão em seu ornato e, por assim dizer, nas pérolas e brocados que a embelezem; é universal, pertencendo a todo lugar e tempo; é santa, com a santidade própria do Espírito Santo, que a anima interiormente, e que, falando pelas Escrituras e pela Tradição, forma toda a trama das palavras sagradas.

2º Nos ensina como temos de cumprir o primeiro de nossos deveres religiosos

Consistindo a liturgia no exercício eclesiástico da virtude da religião, se compreende também facilmente que seu valor seja importantíssimo, já que ela nos ensina como devemos cumprir o primeiro de nossos deveres religiosos para com Aquele de quem tudo temos recebido: o dever de adorar a Deus. Assim como nossa primeira relação para com Deus é a relação de dependência absoluta, assim nosso primeiro dever para com Ele é o de adorá-Lo, reconhecendo essa mesma dependência. E a liturgia não só nos ensina o cumprimento deste primeiro dever para com Deus, senão que nos propõe o santo sacrifício da Missa como o ato supremo de culto, com o qual reconhecemos o domínio que Ele tem sobre todos os homens e sobre todas as criaturas.

Mediante o santo sacrifício da Nova Lei, não só adoramos a Deus, senão que por seu intermédio Lhe damos graças por todos os benefícios recebidos, Lhe pedimos tudo quanto nos é necessário, e Lhe aplacamos pelas ofensas com as quais O injuriamos. Assim considerado o santo sacrifício, bem o podemos reconhecer como um sapientíssimo e o mais admirável compêndio do cristianismo.

3º Nos prepara para oferecer o santo sacrifício

A sagrada liturgia não só nos propõe o santo sacrifício da Missa como meio para adorar a Deus e cumprir com nossos principais deveres religiosos, mas também nos prepara e nos ensina como temos de oferecer ao Altíssimo o que Lhe é mais agradável, o que sempre O apraz.

É tão grande o desejo da Igreja de que ofereçamos de modo devido ao Senhor o santo sacrifício, que bem podemos nos assegurar que toda a ordem do Ofício Divino se propõe a elevar nossa mente e nosso coração para que nos encontramos melhor dispostos ao oferecimento da Vítima que nos reconcilia com nosso Deus, três vezes santo.

Não somente a ordem do Ofício Divino é uma preparação para oferecer a Deus o santo sacrifício da Missa, senão que mediante o sacramento do Batismo e o da Penitência, a liturgia prepara e dispõe as almas para apresentar ao Altíssimo a vítima de um valor infinito, o sacrifício do próprio Jesus Cristo.

4º Nos ajuda para a santificação de nossas almas

A santificação de nossas almas é o segundo dos fins a que se propõe a sagrada liturgia.

É tão certo que a liturgia se propõe também a nossa santificação que na atual economia da graça ninguém poderá se santificar prescindindo voluntária e conscientemente da liturgia, deixando de lado o que nos propõe a sagrada liturgia, omitindo os meios de santificação oferecidos pela sagrada liturgia, já que com ela e mediante os santos sacramentos, que constituem uma de suas mais importantes partes, nos purificamos de toda mancha de pecado, se nos comunica abundante e copiosamente a graça que nos eleva a uma ordem sobrenatural, e nos faz santos, agradáveis a Deus e participantes de sua própria divina natureza.

sábado, 3 de julho de 2010

Dignidade num momento de pesar.

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Publicamos aqui algumas imagens da Santa Missa de funeral e sepultamento de três crianças abortadas. A celebração aconteceu na Paróquia da Gruta da Assunção em Detroit (Michigan - EUA) em 27 de junho de 2008. O sepultamento se deu no cemitério paroquial próximo a Gruta da Assunção.  A Santa Missa foi presidida por S. Excelência Reverendíssima,  Dom John M. Quinn, bispo auxiliar da Arquidiocese de Detroit.

Mais fotos podem ser vistas no blog: JESUS CRISTO Sumo e Eterno Sacerdote















sexta-feira, 2 de julho de 2010

Procissão de Ramos antes da Missa, no Seminário Mater Ecclesiae, de Itapecerica da Serra, SP

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Os Legionários de Cristo formam não só padres para sua congregação. Além de seus seminários próprios, possuem dois, fundados a pedido do Papa João Paulo II, que muito confiava na Legão, para formar exclusivamente sacerdotes diocesanos. Um deles está em Roma, e outro em Itapecerica da Serra, SP.

Trata-se este de Itapecerica do Seminário Interdiocesano Maria Mater Ecclesiae, e nele estudam seminaristas de diversas dioceses brasileiras.

As fotos abaixo mostram a procissão antes da Missa de Ramos deste ano. Não deixa de ser uma lufada de esperança contemplar tantos seminaristas DIOCESANOS de batina, acolitando com sobrepeliz, cantando hinos em latim. Esses seminaristas são os futuros párocos. Não são legionários, são diocesanos, assumirão paróquias, serão professores em seus seminários diocesanos.

O esplendor das cerimônias legionárias não ficará retido ambientes internos da congregação. Padres e mais padres com boa formação, estudando no Mater Ecclesiae, vestindo batina e gostando de latim, celebrando nos dois ritos (no tradicional, e no rito novo também em latim, além de um vernáculo decente, sem bagunça) com dignidade, sobriedade, obediência ao Papa, é tudo do que precisamos.

Muitos dos seminaristas acabam aderindo ao Movimento Regnum Christi.
















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