É o hino em louvor do círio pascal cantado por um diácono no Sábado Santo. No Missal o título do hino é "Præconium", como aparece na fórmula usada da bênção dada ao diácono: "ut digne et competenter annunties suum Paschale præconium". [Até os Missais da década de 20 (edição pio-beneditina) o nome era grafado como Exultet (sem o 's').] Fora de Roma, o uso do círio pascal parece ter sido muito antigo na Itália, na Gália e na Espanha, e talvez, pela referência de Santo Agostinho (Cidade de Deus, XV, 22), na África. O Liber Pontificalis atribui sua introdução na Igreja Romana local pelo Papa Zózimo. A fórmula usada para o "Præconium" não foi sempre o "Exsultet", embora talvez seja verdade dizer que esta fórmula sobreviveu, onde outras fórmulas contemporâneas desapareceram. No "Liber Ordinum", por exemplo, a fórmula é de natureza de uma bênção, e o Sacramentário Gelasiano traz a oração "Deus mundi conditor", não encontrada em outro lugar, mas contendo o notável "louvor da abelha" - possivelmente uma reminiscência - que é encontrado com algumas modificações em todos os textos do "Præconium" até o dia de hoje.
A regularidade do cursus métrico do "Exsultet" levar-nos-ia a datar sua composição talvez entre o início do séc. V e o fim do séc. VII, não após. Os mais antigos manuscritos em que ele aparece são dos três Sacramentários Galicanos: o Missal de Bobbio (séc. VII), o Missale Gothicum e o Missale Gallicanum Vetus (ambos do séc. VIII). O manuscrito mais antigo do Sacramentário Gregoriano (Vat. Reg. 337) não contém o "Exsultet", mas foi inserido no suplemento do que livremente foi chamado de Sacramentário de Adriano, e provavelmente elaborado sob a direção de Alcuíno.
Na liturgia, pode ser comparado com outras duas formas: a Bênção de Ramos e a Bênção da Fonte Batismal. Brevemente, a ordem dele é:
- Um convite a que os presentes se unam ao diácono na invocação da bênção de Deus, para que os louvores do círio sejam dignamente celebrados. Este convite, que carece nas duas bênçãos mencionadas, pode ser considerado como um "Orate fratres" ampliado, e sua antiguidade é atestada pela sua presença na forma Ambrosiana, que difere em algo da Romana. Esta seção termina com "Per omnia sæcula sæculorum", levando para o...
- "Dominus vobiscum" etc, "Sursum" etc, "Gratias agamus" etc. Esta seção, expressa na forma eucarística para enfatizar sua solenidade, serve como introdução ao corpo do "Præconium".
- O "Præconium" propriamente dito, é de natureza de um Prefácio, ou, como chamado no Missale Gallicanum Vetus, uma contestatio. Primeiro, um paralelo é traçado entre a Páscoa da Antiga e da Nova Aliança, sendo o círio uma espécie de Coluna de Fogo. E aqui a linguagem da liturgia se eleva a um grau que dificilmente é encontrado em qualquer outro texto na literatura cristã. Passamos de uma fria afirmação dogmática para o calor do mais profundo misticismo, para a região onde, à luz do paraíso, até o pecado de Adão é considerado verdadeiramente necessário e chamado de culpa feliz. Segundo, o próprio círio é oferecido como um holocausto, um tipo de Cristo, marcado com os grão de incenso como com as cinco chagas gloriosas da sua Paixão. E, por fim, o Præconium termina com uma intercessão geral pelos presentes, pelo clero, pelo papa, e por todos os governantes cristãos. [O texto rezava pelo governante do Sacro Império Romano. Como em 1804 o Imperador Francisco II da Áustria resignou a estas prerrogativas, por conta das Guerras Napoleônicas, a oração deixou de ser feita até o Papa Pio XII, em 1955, alterar o texto, para que se rezasse por todos os governantes em geral. Esta oração permanece apenas no Exsultet para a Forma Extraordinária do Rito Romano.]
São notáveis três acessórios do "Exsultet": o cerimonial que se desenrola; a música a ser cantada e os "Rolos do Exsultet" ou simplesmente os "Exsultet", que eram rolos em que o texto estava outrora escrito. O diácono veste uma dalmática branca, enquanto o restantes dos ministros sagrados está de roxo. A colocação dos cinco grãos de incenso às palavras incensi huius sacrificium provavelmente se originou de um equívoco na interpretação do texto. O acender do círio é seguido da iluminação de todas as lâmpadas e velas da Igreja, apagadas desde o fim das Matinas. O canto é normalmente uma forma elaborada do bem conhecido recitativo do Prefácio. Em alguns lugares uma longa bravura [=passagem musical que exige grande técnica e agilidade] era introduzida com a palavra accendit, para preencher a pausa que ocorreria para se acender o círio. Na Itália o Præconium era cantado a partir de longas tiras de pergaminho, gradualmente desenrolados ao passo em que o diácono ia cantando. Estes "rolos do Exsultet" eram decorados com iluminuras e com retratos dos soberanos que reinavam no tempo, cujos nomes eram mencionados no decorrer do "Præconium". O uso destes rolos, como se sabe atualmente, ficou restrito à Itália. Os melhores exemplos datam dos séc. X e XI.
[Na falta de um diácono, e se o sacerdote celebrante não o pode cantar ou não é apto para isto, um leigo pode fazê-lo.]
Fonte: Walker, Charlton. "
Exultet." The Catholic Encyclopedia. Vol. 5. New York: Robert Appleton Company, 1909.