Por Sem. Diego Ferracini e Pedro Ravazzano
A Santa Missa é o coração da cristandade, afinal é nesta celebração que meditamos sobre todo o amor de Deus aos homens. No altar os fiéis contemplam a mística da Verdade e conhecem os mais belos dogmas da Igreja. A sua realidade sacrificial nos obrigar a refletir e mergulhar na grandeza imensurável de Cristo, um Deus que se fez homens e com os homens viveu e pelos homens morreu para salvá-los. Entretanto, infelizmente, a Santa Missa é muitas vezes corrompida e deformada. Claro que, obviamente, os pecados do Sacerdote e a diminuição do caráter sagrado da celebração não tornam inválido o Mistério. Não obstante, e isto é inegável, os efeitos de uma Missa bem celebrada e embebida na sobrenaturalidade são bem diferentes dos efeitos de uma Missa que não honra o Sacrifício ali exaltado.
O grande problema litúrgico é oriundo de uma crise de fé. A desobediência e a falta de reverência à Santa Missa se originam da descompreensão da realidade mística que se faz presente. Não tenho dúvida de que se os fiéis, assim como os Sacerdotes, entendessem que a Liturgia não é um banquete, um símbolo, uma recordação, mas sim a renovação do Sacrifício incruento de Jesus Cristo na Cruz, ninguém ousaria banalizar e profanizar a exaltação celeste celebrada. Devemos ir à Igreja como se fossemos ao Calvário, e nos comportar diante do altar como se estivéssemos contemplando o Trono de Deus. Provavelmente, muitos fiéis achariam esta definição exagerada, mas, de fato, a Missa é o Sacrifício, o “memorial da sua morte real sobre o Calvário repete-se sempre no sacrifício do altar”, como disse S.S Pio XII na Mediator Dei. Na Ecclesia de Eucharistia S.S João Paulo II diz:
Os teólogos da libertação fazem uma confusão em questões básicas, acreditam que a beleza e a ostentação servem apenas para exaltar o homem. Engano tão primitivo só poderia ser reflexo da perda de espiritualidade. A suntuosidade dignifica, apenas, a grandeza do Senhor. A beleza não é relativa como muitos pensam, daí que os religiosos fiéis ao espírito católico entendessem que através dela Deus poderia ser adorado de maneira mais sublime e perfeita; o homem dando ao Pai os frutos mais magnânimos de suas mãos.
Entretanto, o foco desse artigo não é a discussão sobre o sentido místico da Santa Missa. Essa breve introdução é necessária porque é justamente a falta de compreensão da realidade sobrenatural e sacrificial da celebração que impede o triunfo de um correto espírito de contrição e piedade. São Leonardo de Porto-Maurício foi um grande apóstolo da Liturgia, não porque tenha se destacado pelas suas arrebatadoras celebrações, mas porque conhecia a plenitude e a profundidade do Mistério do Altar. Os sermões que o frade proferia arrebatavam corações, convertia infiéis, santificava pecadores. Vejamos este pequeno trecho do livro As Excelências da Santa Missa:
O “rito do povo”, o pão “eucaristizado”, “a assembléia celebrante”, “a palavra como pão”, mediante o uso de tais termos, como seria possível demonstrar a sacralidade presente naquele momento ou a “janela aberta sobre o Calvário” (Pe. Gianpietro- Missão Belém)?
Os movimentos, principalmente os juvenis, que estimulam a devoção para com o Santíssimo Sacramento, são estigmatizados como retrógrados ou anacrônicos e representados como fruto de uma geração saudosista de pais burgueses. Seria necessário aqui responder qual o motivo de um zelo, cuidado e até carinho para com os santos paramentos ou alfaias ser diretamente associado a uma classe social, por acaso seria fator determinante de um “amor a pobreza” o amor ao feio e ao odioso?
Gostaria aqui de lembrar os anais cistercienses, que na pessoa dos fundadores São Roberto de Molesme, Santo Estevão Harding e Santo Alberico, pedem a mais singela nudez nas igrejas (pois diferente da outras abadias que para os fundadores dificultam a contemplação com as portentosas pinturas) as capelas cistercienses devem refletir os conselhos evangélicos. Sabemos, por outro lado, que na primeira fundação um grande crucifixo dominava todo o templo em sua profunda beleza, causando admiração aos visitantes.
Os atuais “artistas” sacros entendem essa singeleza como esconder ao sagrado, o altar parece mais uma mesa jogada ao acaso em um salão de festas e a reserva eucarística na melhor das hipóteses será símbolo de alguma coisa libertadora. (uma foice-sacrário?) Os exemplos dos santos são referenciais certos de como deve ser a atitude para com o Sagrado, Madre Clélia Merloni possui uma preocupação constante com a lamparina que ardia frequentemente diante do Sacrário, a qual jamais poderia ficar apagada, nos últimos momentos de sua vida ela entenderá o significado profundo da tremula chama.
Voltando ao exemplo dos movimentos juvenis que lutam pela defesa da Liturgia (com L maiúsculo), estes são desmotivados a procurar uma intensa vida de piedade e aderir a uma causa política que é sem sombra de dúvida, muito mais emocionante.
Os modernos liturgistas fazem questão de condenar como algo nojento as antigas celebrações e procissões papais, que exaltavam um homem e causavam o sofrimento daqueles que não podiam atingir tal estado. Acusação infame que Chesterton em sua divina obra “Ortodoxia” demonstra ser no mínimo fundada em uma falta de conhecimento e acima de tudo em um problema do próprio critico esta acusação. O pensador nos lembra que aqueles suntuosos papas e bispos que apareciam em público com fausto celeste, carregavam por baixos das planetas e capas, metálicos instrumentos de penitência, ou então, quando sozinhos se entregavam a chorar os próprios pecados e os pecados do mundo e não poucas vezes dormiam sobre duras tábuas usando um burel grosseiro.
Os modernistas nos acusarão de tentar negar algo visível, não nega-se a visível suntuosidade de Santa Maria Maior, o esplendor de São Paulo Extra-Muros, as procissões respeitosas; esquecem os mundanos liturgistas que as grandes ocasiões e os faustosos momentos não aconteciam em público. Apareciam as carmelitas em público trajando cilícios e instrumentos de mortificação? Surgiriam em público papas com rostos inchados por chorar as ofensas ao Sagrado Coração? As passionistas apareciam pelas ruas rasgando os hábitos em memória da Paixão do Redentor?
Ademais, é importante frisar que a suntuosidade das celebrações romanas só são menores que o espírito de contrição, piedade e reverência ali presente. As Santas Missas papais e cardinalícias são exemplos para todos os Sacerdotes, não por conta do esplendor dos paramentos, vasos sagrados e construções, mas, principalmente, pela dignidade e respeito que se tem ao Mistério, fruto da compreensão do caráter sacrificial da celebração. Claro que a beleza também deve ser imitada, já que quando usada para resplandecer a grandeza da Eucaristia só torna mais sublime a adoração. Em tempos não muito distantes tanto as pequenas comunidades como as grandes catedrais tinham belas casulas, delicados cálices e patenas etc, simplesmente porque era ponto pacífico entre os fiéis a importância da respeitabilidade à Liturgia, reverência representada no cuidado com a beleza.
Tolos homens negam o remédio que lhes é dado, se lhes fossem tirados os faustosos cortejos que lembram a sublimidade dos Mistérios, chorariam ao ver a miséria que recobre os mais pequenos esconderijos humanos e gritariam de dor ao ver que não podem imitar os exemplos daqueles que acusam de orgulho e soberba.
A Santa Missa é o coração da cristandade, afinal é nesta celebração que meditamos sobre todo o amor de Deus aos homens. No altar os fiéis contemplam a mística da Verdade e conhecem os mais belos dogmas da Igreja. A sua realidade sacrificial nos obrigar a refletir e mergulhar na grandeza imensurável de Cristo, um Deus que se fez homens e com os homens viveu e pelos homens morreu para salvá-los. Entretanto, infelizmente, a Santa Missa é muitas vezes corrompida e deformada. Claro que, obviamente, os pecados do Sacerdote e a diminuição do caráter sagrado da celebração não tornam inválido o Mistério. Não obstante, e isto é inegável, os efeitos de uma Missa bem celebrada e embebida na sobrenaturalidade são bem diferentes dos efeitos de uma Missa que não honra o Sacrifício ali exaltado.
O grande problema litúrgico é oriundo de uma crise de fé. A desobediência e a falta de reverência à Santa Missa se originam da descompreensão da realidade mística que se faz presente. Não tenho dúvida de que se os fiéis, assim como os Sacerdotes, entendessem que a Liturgia não é um banquete, um símbolo, uma recordação, mas sim a renovação do Sacrifício incruento de Jesus Cristo na Cruz, ninguém ousaria banalizar e profanizar a exaltação celeste celebrada. Devemos ir à Igreja como se fossemos ao Calvário, e nos comportar diante do altar como se estivéssemos contemplando o Trono de Deus. Provavelmente, muitos fiéis achariam esta definição exagerada, mas, de fato, a Missa é o Sacrifício, o “memorial da sua morte real sobre o Calvário repete-se sempre no sacrifício do altar”, como disse S.S Pio XII na Mediator Dei. Na Ecclesia de Eucharistia S.S João Paulo II diz:
A Missa torna presente o sacrifício da cruz; não é mais um, nem o multiplica.(16) O que se repete é a celebração memorial, a « exposição memorial » (memorialis demonstratio),(17) de modo que o único e definitivo sacrifício redentor de Cristo se actualiza incessantemente no tempo. Portanto, a natureza sacrificial do mistério eucarístico não pode ser entendida como algo isolado, independente da cruz ou com uma referência apenas indirecta ao sacrifício do Calvário.O desleixo de muitos fiéis só perde para o descaso dos Sacerdotes! Como é penoso perceber que muitos celebrantes sobem ao altar sem reverência e humildade. A solenidade necessária é preterida e substituída por uma falsa piedade. Sacerdotes sem casula, cânticos milenares deformados, comunhão profanada, altares pessimamente cuidados, tudo isso é sintoma de uma crise de fé. Entretanto, um dos mais representativos atestados de decadência é a aversão que certos Sacerdotes tem à beleza. Os Padres contaminados pela heresia da Teologia da Libertação e pelo modernismo em geral perderam a noção mais básica sobre a importância da dignidade dos paramentos, das imagens e da ornamentação. Claro que em si a beleza é vazia, mas como um dos atributos de Deus ela resplandece a grandeza do Mistério. A beleza se coloca com uma função pedagógica que favorece o melhor entendimento da Eucaristia.
Os teólogos da libertação fazem uma confusão em questões básicas, acreditam que a beleza e a ostentação servem apenas para exaltar o homem. Engano tão primitivo só poderia ser reflexo da perda de espiritualidade. A suntuosidade dignifica, apenas, a grandeza do Senhor. A beleza não é relativa como muitos pensam, daí que os religiosos fiéis ao espírito católico entendessem que através dela Deus poderia ser adorado de maneira mais sublime e perfeita; o homem dando ao Pai os frutos mais magnânimos de suas mãos.
Entretanto, o foco desse artigo não é a discussão sobre o sentido místico da Santa Missa. Essa breve introdução é necessária porque é justamente a falta de compreensão da realidade sobrenatural e sacrificial da celebração que impede o triunfo de um correto espírito de contrição e piedade. São Leonardo de Porto-Maurício foi um grande apóstolo da Liturgia, não porque tenha se destacado pelas suas arrebatadoras celebrações, mas porque conhecia a plenitude e a profundidade do Mistério do Altar. Os sermões que o frade proferia arrebatavam corações, convertia infiéis, santificava pecadores. Vejamos este pequeno trecho do livro As Excelências da Santa Missa:
"O Santo [São Vicente Ferrer] queria que o altar fosse ornamentado com magnificência; exigia extremo asseio nos paramentos e vasos sagrados. Confesso que a pobreza de muitas igrejas escusa-as de possuir paramentos ricos, bordados a ouro e seda; quem pode, porém, dispensar o asseio e a decência convenientes? Zelo tão ardente pelos Santos Mistérios animava o seráfico São Francisco, que, apesar de seu amor à santa pobreza, queria os altares mantidos em perfeita limpeza, e mais ainda os sagrados paramentos que diretamente servem ao Divino Sacramento. Ele mesmo punha-se muitas vezes a varrer as Igrejas.Fato digno de admiração são os novos movimentos, que impulsionados por um sincero amor ao que há de belo na Santa Tradição e na Pia Liturgia pelos meios mais diferentes oferecem aos fiéis o que lhes é poupado por “preocupados pastores”. Fiéis possuem retirada a escolha, são sujeitados ao populismo reinante que arrombou as portas das Igrejas e transformou o local, o rito, em mais uma ocasião de festa ou de promoção social.
São Carlos, em suas ordenações, mostra-se tão exigente em coisas que podem parece mesquinhas minucias, que, na verdade, é de admirar.
Para terminar, a augusta Mãe de Jesus, nosso Deus quis pessoalmente fazer-nos compreender esta necessidade, quando em uma aparição a Santa Brigida, disse: “Missa dicinon debet nisi in ornamentis mundis. “Não se deve celebrar a Santa Missa senão com paramentos convenientes, que inspirem devoção por seu asseio e decência”
O “rito do povo”, o pão “eucaristizado”, “a assembléia celebrante”, “a palavra como pão”, mediante o uso de tais termos, como seria possível demonstrar a sacralidade presente naquele momento ou a “janela aberta sobre o Calvário” (Pe. Gianpietro- Missão Belém)?
Os movimentos, principalmente os juvenis, que estimulam a devoção para com o Santíssimo Sacramento, são estigmatizados como retrógrados ou anacrônicos e representados como fruto de uma geração saudosista de pais burgueses. Seria necessário aqui responder qual o motivo de um zelo, cuidado e até carinho para com os santos paramentos ou alfaias ser diretamente associado a uma classe social, por acaso seria fator determinante de um “amor a pobreza” o amor ao feio e ao odioso?
Gostaria aqui de lembrar os anais cistercienses, que na pessoa dos fundadores São Roberto de Molesme, Santo Estevão Harding e Santo Alberico, pedem a mais singela nudez nas igrejas (pois diferente da outras abadias que para os fundadores dificultam a contemplação com as portentosas pinturas) as capelas cistercienses devem refletir os conselhos evangélicos. Sabemos, por outro lado, que na primeira fundação um grande crucifixo dominava todo o templo em sua profunda beleza, causando admiração aos visitantes.
Os atuais “artistas” sacros entendem essa singeleza como esconder ao sagrado, o altar parece mais uma mesa jogada ao acaso em um salão de festas e a reserva eucarística na melhor das hipóteses será símbolo de alguma coisa libertadora. (uma foice-sacrário?) Os exemplos dos santos são referenciais certos de como deve ser a atitude para com o Sagrado, Madre Clélia Merloni possui uma preocupação constante com a lamparina que ardia frequentemente diante do Sacrário, a qual jamais poderia ficar apagada, nos últimos momentos de sua vida ela entenderá o significado profundo da tremula chama.
Voltando ao exemplo dos movimentos juvenis que lutam pela defesa da Liturgia (com L maiúsculo), estes são desmotivados a procurar uma intensa vida de piedade e aderir a uma causa política que é sem sombra de dúvida, muito mais emocionante.
Os modernos liturgistas fazem questão de condenar como algo nojento as antigas celebrações e procissões papais, que exaltavam um homem e causavam o sofrimento daqueles que não podiam atingir tal estado. Acusação infame que Chesterton em sua divina obra “Ortodoxia” demonstra ser no mínimo fundada em uma falta de conhecimento e acima de tudo em um problema do próprio critico esta acusação. O pensador nos lembra que aqueles suntuosos papas e bispos que apareciam em público com fausto celeste, carregavam por baixos das planetas e capas, metálicos instrumentos de penitência, ou então, quando sozinhos se entregavam a chorar os próprios pecados e os pecados do mundo e não poucas vezes dormiam sobre duras tábuas usando um burel grosseiro.
Os modernistas nos acusarão de tentar negar algo visível, não nega-se a visível suntuosidade de Santa Maria Maior, o esplendor de São Paulo Extra-Muros, as procissões respeitosas; esquecem os mundanos liturgistas que as grandes ocasiões e os faustosos momentos não aconteciam em público. Apareciam as carmelitas em público trajando cilícios e instrumentos de mortificação? Surgiriam em público papas com rostos inchados por chorar as ofensas ao Sagrado Coração? As passionistas apareciam pelas ruas rasgando os hábitos em memória da Paixão do Redentor?
Ademais, é importante frisar que a suntuosidade das celebrações romanas só são menores que o espírito de contrição, piedade e reverência ali presente. As Santas Missas papais e cardinalícias são exemplos para todos os Sacerdotes, não por conta do esplendor dos paramentos, vasos sagrados e construções, mas, principalmente, pela dignidade e respeito que se tem ao Mistério, fruto da compreensão do caráter sacrificial da celebração. Claro que a beleza também deve ser imitada, já que quando usada para resplandecer a grandeza da Eucaristia só torna mais sublime a adoração. Em tempos não muito distantes tanto as pequenas comunidades como as grandes catedrais tinham belas casulas, delicados cálices e patenas etc, simplesmente porque era ponto pacífico entre os fiéis a importância da respeitabilidade à Liturgia, reverência representada no cuidado com a beleza.
Tolos homens negam o remédio que lhes é dado, se lhes fossem tirados os faustosos cortejos que lembram a sublimidade dos Mistérios, chorariam ao ver a miséria que recobre os mais pequenos esconderijos humanos e gritariam de dor ao ver que não podem imitar os exemplos daqueles que acusam de orgulho e soberba.