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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Ritos simples que podem ser retomados nas paróquias com vistas a uma maior piedade e renovação da liturgia

Se a sua paróquia, caro leitor, não tem ainda condições de implementar uma Missa solene, ou uma Missa cantada em latim, com gregoriano, ou ainda não há condições de convencer o pároco a adotar fielmente o disposto nas rubricas, talvez seja oportuno começar "aos poucos", com cerimônias menos elaboradas, fora da Missa, que despertem a todos para uma maior piedade e ajudem, por sua regularidade, na renovação da liturgia em sua igreja.

Esses ritos são todos litúrgicos, dispostos nos livros apropriados, e, pela relativa simplicidade, afastam qualquer má vontade - exceto, claro, se for uma grande má vontade...

Damos alguns exemplos:

Te Deum

O Te Deum é um canto tradicional em gregoriano, com uma partitura das menos complicadas. Pode-se, se não houver quem cante, apenas dizê-lo, em latim ou em vernáculo mesmo. Caso a dificuldade seja mesmo grande, é melhor recitá-lo do que cantá-lo, ao menos num primeiro momento.

Para que não seja apenas uma recitação simples, pode-se usá-lo, cantado ou rezado, em português ou na língua da Igreja, no contexto de uma Exposição do Santíssimo.

Faça-se, então, tudo como na Exposição Solene: padre ou diácono om alva, cíngulo, amito e estola para expor (ou batina, sobrepeliz e estola), e mais o pluvial para a bênção e reposição; quando for pegar o ostensório para a benção, usa-se também, por cima do pluvial, o umeral. Tudo na cor branca ou festiva.

Antes de dar a bênção, com o padre ou diácono com pluvial, mas sem umeral, canta-se ou recita-se o Te Deum, e só depois o Tantum Ergo.

Se não houver exposição, pode-se fazer a recitação ou canto do Te Deum, ainda assim de modo solene: o padre ou diácono de alva, cíngulo, amito, estola e pluvial (ou batina, sobrepeliz, estola e pluvial), sempre brancos ou festivos os paramentos. O padre ou diácono, revestido de tais paramentos chega até o presbitério, ou os degraus do mesmo, genuflete ao tabernáculo (ou prostra-se ao altar, se não houver tabernáculo), faz o sinal-da-cruz, acompanhado de todos, usa a saudação litúrgica costumeira ("Dominus vobiscum"), e pode pregar uma pequena homilia. Após a homilia, canta-se ou recita-se o Te Deum, terminando com a oração conclusiva que o segue, e uma bênção simples.

O padre ou diácono pode contar com acólitos. Se for com Exposição, deverão existir esses acólitos.

O texto em latim do Te Deum está aqui.

O Te Deum é comumente celebrado como ação de graças no último dia do ano civil, e em festas pátrias importantes: no 7 de Setembro (Dia da Pátria), por exemplo, ou no dia 22 de Abril (Descobrimento do Brasil), ou, no caso do Rio Grande do Sul, no 20 de Setembro (Dia do Gaúcho ou Dia da Revolução Farroupilha, data magna do Estado). Na comemoração de grandes batalhas históricas, ou em ação de graças pelo fim de uma guerra (ou vitória em uma guerra justa), ou, então, após um grande feito que necessitou da especial ajuda de Deus (resgate de feridos após um terremoto, ou esses mineiros recém socorridos no Chile), também se pode cantar ou recitar o Te Deum.

Ladainhas solenes

Existem algumas ladainhas que constam do Ritual Romano, quer da forma ordinária, quer da extraordinária, e são atos litúrgicos, i.e., oficiais para o culto católico. São usadas em diferentes situações, podendo constituir celebrações independentes.

Assim, na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, ou em sua novena preparatória, ou nas primeiras sextas-feiras do mês, ou ainda em todo o mês de junho, se poderia, por exemplo, fora da Missa, instituir a recitação ou canto solene da Ladainha do Sagrado Coração de Jesus.

Ou, durante o mês de julho, principalmente no dia 1º, poder-se-ia cantar ou rezar a Ladainha do Preciosíssimo Sangue de Cristo.

Em todos os dias do mês de maio, ou nas solenidades, festas e memórias da Santíssima Virgem, ou nos sábados, a ladainha seria a de Nossa Senhora. Na memória do Santíssimo Nome de Jesus, a ladainha própria referente a essa devoção. Já nas primeiras quintas-feiras de cada mês ou na comemoração votiva de Nosso Senhor Jesus Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote, a Ladainha de Nosso Senhor Jesus Cristo, Sacerdote e Vítima, pela Santificação do Clero. Em Pentecostes e sua oitava, ou no primeiro dia do ano, a Ladainha do Espírito Santo (seguida ou antecedida pelo Veni Creator, se for oportuno). Nas quartas-feiras, e nas festas josefinas, a Ladainha de São José. Nos Domingos e nas sextas-feiras ou na solenidade de Todos os Santos, pode-se rezar a Ladainha de Todos os Santos.

Todas essas ladainhas podem ser usadas de modo privado pelos fiéis, ou em coro na igreja ou fora dela. Mas, para a proposta que ora apresentamos, convém fazer de seu canto ou recitação uma autêntica cerimônia.

O padre ou diácono usa alva, amita, cíngulo, estola e pluvial (ou batina, sobrepeliz, estola e pluvial), e faz como no Te Deum acima descrito. Em lugar do canto do Te Deum, recita-se ou canta-se a ladainha correspondente.

Pode-se fazer de outro modo também, processional. Em outra igreja ou recito apartado da igreja, inicia-se com o sinal-da-cruz e a saudação. Durante a procissão, se canta ou recita a ladainha, e, chegando na igreja, o clérigo vai até o altar, venera-o ou adora o Santíssimo no tabernáculo, e reza a oração conclusiva, dando a bênção.

É possível também combinar a ladainha com a Exposição do Santíssimo Sacramento, caso em que se a recita com o Senhor solenemente exposto, antes do Tantum Ergo, e os paramentos serão, facultativamente, da cor correspondente à ladainha ou, então, brancos ou festivos.

Para as ladainhas de Todos os Santos, Nossa Senhora, Sagrado Coração de Jesus, Santíssimo Nome de Jesus e São José, usam-se paramentos brancos ou festivos. Nas ladainhas do Espírito Santo, Preciosíssimo Sangue de Cristo, e Nosso Senhor Jesus Cristo, Sacerdote e Vítima, paramentos vermelhos ou festivos.

Fora da Exposição, pode haver acólitos. Com ela, devem.

Os textos das ladainhas, em latim, estão abaixo:

Ladainha de Todos os Santos (o texto é da forma extraordinária, com os santos acrescentados pelo Ritual da forma ordinária entre colchetes... como a forma ordinária permite adaptação na ladainha, pode-se usar essa mistura de formas)

Ladainha do Sagrado Coração de Jesus

Ladainha do Preciosíssimo Sangue de Cristo

Ladainha do Santíssimo Nome de Jesus

Ladainha de Nosso Senhor Jesus Cristo, Sacerdote e Vítima (em português e latim, conforme o texto oficial da Congregação para o Clero, que a aprovou, não constando nos livros litúrgicos, entretanto)

Ladainha do Espírito Santo

Ladainha de Nossa Senhora

Ladainha de São José

Sete Salmos Penitenciais

É costume, nas sextas-feiras da Quaresma, e outras ocasiões penitenciais, rezar ou cantar os Sete Salmos Penitenciais, dispostos no Ritual Romano da forma extraordinária. Não são salmos para escolher: a cerimônia é a reza dos sete, um após o outro, com a antífona e a oração própria.

Se se quer dar maior solenidade, faz-se como descrito nas ladainhas e no Te Deum. Após os Salmos, canta-se ou recita-se a Ladainha de Todos os Santos. Pode-se celebrar com o Santíssimo exposto. Fora da Exposição, pode haver acólitos. Com ela, devem.

O texto dos Sete Salmos Penitenciais, em latim, está aqui.

Antífonas marianas

Da mesma forma e com os mesmos paramentos descritos acima, sempre da cor branca ou festiva, podendo-se, onde houver indulto, utilizar-se o azul, canta-se ou reza-se, em latim ou vernáculo, de modo solene, de preferência diante de uma imagem ou quadro da Bem-aventura Virgem Maria, uma antífona conforme o tempo litúrgico: Salve Regina, Regina Coeli, Ave Regina Caelorum, ou Alma Redemptoris Mater.

É tradicional que se o faça fora da Exposição ao Santíssimo, podendo-se cantar ou rezar depois da reposição no tabernáculo, mas sempre como último ato litúrgico da noite. Como rito originário, é parte do Ofício das Completas, sem a oração que segue a antífona, mas quem não recita a Liturgia das Horas pode usar a cerimônia de modo independente e com a oração própria. Uma paróquia pode fazer celebrar essa antífona como uma oração da noite nos sábados, em tempo relativamente afastado da Missa, convocando-se o povo com o sino.

Bênçãos solenes

Outros ritos que podem ser facilmente implementados em uma paróquia são as bênçãos dadas de modo solene, com paramentos. Se bem que todo sacerdote e diácono possa e deva impartir a bênção de modo simples e espontâneo sobre coisas, pessoas e lugares, é bastante conveniente que use o texto liturgicamente disposto nos livros.

Mais ainda: aproveitar a ocasião e colocar uma estola com sobrepeliz, se estiver usando veste talar, ou, na falta dela, uma alva, amito, cíngulo e estola. Um pluvial também pode ser usado.

O Ritual Romano, quer da forma ordinária, quer da extraordinária, traz inúmeros textos para bênçãos de infindáveis situações de vida, locais, objetos, famílias, indivíduos. Se bem que o Ritual da forma extraordinária seja mais generoso na apresentação das variadas bênçãos, uma para cada situação, e sempre com um versículo ou salmo, o da forma ordinária é melhor disposto para que a bênção seja uma autêntica celebração, incluindo leituras da Palavra de Deus, ladainhas, preces e a oração conclusiva. Todavia, é bom que se frise, o Ritual novo elimina, na prática, a distinção entre as bênçãos invocativas e constitutivas, sendo pobre na própria bênção, conforme o Pe. John Zuhlsdorf, pelo que recomendamos, se for usar o texto em latim, faça-o com o Ritual antigo.

Procissões solenes

Uma outra dica é solenizar as procissões, fazendo-as como manda a tradição litúrgica da Igreja. Use o padre ou o diácono uma batina com sobrepeliz, estola e pluvial, ou alva, amito, cíngulo, estola e pluvial.

Para procissões do padroeiro ou titular da igreja, a cor correspondente. Para procissões do Senhor Morto, na noite de Sexta-feira Santa, a cor da estola e do pluvial é o preto. Para o Senhor dos Passos, na Semana Santa, o roxo ou o preto. Para procissões penitenciais (pedindo o fim de uma guerra ou por ocasião de uma calamida pública ou uma doença, ou perdão dos pecados públicos), o roxo. Pode-se ter as procissões - constantes do Ritual Romano de ambas as formas - para pedir chuva, para repelir tempestades, para abençoar as colheitas ou o plantio, de ação de graças. Ou, então, para transladar relíquias (que, no caso dos mártires, pedirá a cor vermelha). Procissões no Tempo Comum sem caráter penitencial e sem envolver uma festa específica pedirão a cor verde dos paramentos.

A procissão não é apenas um amontoado de gente caminhando. Deve haver certa solenidade. Vários acólitos, em alva e cíngulo, ou em batina e sobrepeliz. Tocheiros. Turiferário e navetário, com incenso. Cruciferário ladeado de ceroferários. Diáconos com dalmáticas ou pluviais. O sacerdote, se oportuno, usando o seu barrete, ou o Bispo com sua mitra (simples nas penitenciais, exequiais e quaresmais, ornada nas demais). Haja uma ordem também: confrarias, associações de fiéis, institutos religiosos.

Se uma relíquia for transladada, pode ser usado um baldaquino para cobri-la, e um véu umeral da cor adequada por quem a transportar. Uma imagem deve ser carregada de modo solene também.

Junto a cânticos populares, entoem-se hinos gregorianos, ladainhas, e use-se o rito disposto no Ritual. Na forma extraordinária, esse rito tem algumas características e antífonas.

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