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quinta-feira, 20 de maio de 2010

Missa em latim e outras reflexões paroquiais...

Quando as pessoas pessoal em "Missa em latim", geralmente pensam no chamado "rito tridentino". Essa forma de Missa, que era o rito romano em uso até a reforma da liturgia pedida pelo Concílio Vaticano II e executada pelo Papa VI, foi restaurada ao uso universal, e agora é chamada de "forma extraordinária do rito romano", ao lado da "forma ordinária do rito romano" (que vem a ser exatamente o rito romano reformado por Paulo VI).

A forma do rito romano mais usada na maioria das paróquias e institutos é a forma ordinária, geralmente celebrada na língua do povo, o vernáculo. Mas, embora a forma extraordinária, o rito romano tridentino, antigo, seja sempre em latim, a forma ordinária, o rito romano moderno, reformado, em que pese ser na maioria das vezes oferecido em vernáculo, pode ser também feito em latim.

O que diferencia a forma ordinária da extraordinária não é a língua. Não é que uma seja em vernáculo e outra em latim. Ambas são em latim, ainda que a ordinária possa ser também em vernáculo.

Também não é a posição do sacerdote que a diferencia, de vez que nenhuma norma proíbe que a forma antiga seja celebrada "de frente ao povo", nem que a forma nova seja celebrada "de frente para Deus" ou "de frente para ábside". Escapa a esse artigo falar das profundas razões teológicas, espirituais e históricas que nos fazem preferir que a Missa, em qualquer das duas formas (e mesmo em outros ritos), seja celebrada sempre "de frente para Deus" (no que importa que o padre fique, como erroneamente se diz, "de costas para o povo").

Enfim, também não são os paramentos que se diferenciam. Ambas as formas são do rito romano, portanto os paramentos são os mesmos: a alva, o cíngulo, o amito, a estola, a casula. Apenas que no rito antigo havia a obrigatoriedade do uso de um paramento em desuso na forma nova: o manípulo.

Tampouco é a música que diferencia as duas formas. Tanto em uma como em outra, o gregoriano deve ocupar o lugar da primazia. Depois, a polifonia sacra, especialmente da escola romana. E, nas Missas baixas, pode haver um canto popular acompanhando determinados ritos. Claro, no rito novo, como pode ser celebrada a Missa em vernáculo, nada mais natural que haver justas adaptações ao idioma vulgar de melodias gregorianas e composições polifônicas.

Alguns poderiam nos interpelar: mas a Missa no rito novo, na forma ordinária, em minha paróquia é com um sacerdote que não usa casula, que odeia latim e não quer nem saber de rezar "de frente para Deus" ou de cantar gregoriano...

Pois é... É bem verdade que é lícito (e, nas circunstâncias atuais, com tantos abusos litúrgicos, pode ser pastoralmente recomendável ir "tijolo a tijolo" dentro da licitude, claro) celebrar "de frente ao povo" (desde que se centre em Deus e não no povo, o que se faz sem ficar olhando para os fiéis, e evitando tratá-los como se fossem o outro pólo da relação, como se a igreja fosse um auditório). Também se pode, na Missa baixa, usar cantos populares, e mesmo na Missa solene ou na Missa cantasda usar um canto popular mais parecido com o gregoriano e a polifonia - para ver as regras do canto na Missa leia
aqui). E, por último, é perfeitamente possível usar o vernáculo.

Todavia, evitar o latim a todo custo, ignorar "solenemente" o gregoriano e a polifonia e nem sequer entender os motivos teológicos da Missa "de frente para Deus", é inconcebível a qualquer padre que se pretenda católico! Ademais, a casula, não utilizada pelo pároco do exemplo de nosso pobre fiel, é obrigatória, só sendo dispensada em ocasiões muito peculiares.

É de se refletir como a liturgia em nossa própria paróquia... E, além de desejar o rito tridentino, tentar que nosso rito moderno mesmo seja também bem celebrado! Um novo movimento litúrgico!

3 comentários:

  1. Há histórias de párocos que, quando chegam nas paróquias, vendem as casulas e "dão o dinheiro para os pobres". São como Judas Iscariotes em João 12.

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  2. gostaria de saber se existe alguma possibilidade de uma missa no rito tridentino ser celebrada em vernáculo, ou pelo menos algumas partes dela?

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  3. Olha, ontologicamente nada obstaria a que a forma extraordinária fosse celebrada em vernáculo. Aliás, em certas partes da Europa Oriental, quando o rito romano era único, antes da reforma de Paulo VI, a Missa se celebrava em vernáculo mesmo.

    E hoje as leituras podem ser feitas em vernáculo.

    A distinção entre a forma ordinária e a extraordinária NÃO é o latim. A ordinária pode ser celebrada em vernáculo e latim, e a extraordinária, embora só o possa em latim, assim se comporta em virtude de não haver autorização para o vernáculo - mas nada impede, essencialmente, que possa haver no futuro.

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