Não há nada mais necessário ao homem do que o Santo Batismo, meio pelo qual ele é perdoado de todos os seus pecados – sobretudo o pecado original -, recupera a Graça Santificante e renasce da água e do Espírito (cf. Jo 3, 5), tornando-se um homem novo, templo do Espírito Santo, filho adotivo de Deus e participante, pela Graça, de Sua natureza divina. O Batismo é, portanto, a porta de entrada para a Igreja, Corpo Místico de Cristo, e a porta para os demais sacramentos.
Tais características fazem do Batismo uma realidade de fácil representação através de sinais visíveis, e a Igreja soube, ao longo dos séculos, beneficiar-se de tal facilidade para enriquecer a cerimônia sacramental que envolve o Batismo. Antes da reforma dos livros litúrgicos em 1970, toda essa riqueza simbólica do rito batismal era ainda mais perceptível. Com a reforma, algumas coisas foram acrescentadas ao rito - trazendo-o mais para o contexto da liturgia da palavra, com leituras etc - e outras foram suprimidas, tirando um pouco da riqueza simbólica e pedagógica presente no rito tradicional.
Com a promulgação do motu proprio Summorum Pontificum em 2007 pelo Santo Padre Bento XVI, foi facultado aos párocos o poder de fazer uso dos rituais tradicionais de alguns sacramentos – entre eles o Batismo – nos termos a seguir:
Art. 9 § 1º - O pároco, após ter considerado tudo antecipadamente, pode conceder a licença para usar o ritual precedente na administração dos sacramentos do Batismo, do Matrimônio, da Penitência e da Unção dos Enfermos, se o requer o bem das almas.
Sabendo deste benefício generosamente concedido pelo Santo Padre, fizemos a opção pelo rito tradicional do batismo para que marcasse com toda a sua beleza litúrgica o início da caminhada cristã de nossa amada filha, Ana Catarina. Para isso, solicitamos ao nosso pároco, o Pe. Nildo Leal de Sá, que nos concedesse tal licença. Como não poderia se esperar diferente, o padre prontamente a concedeu e a cerimônia foi realizada aos 17 de Outubro de 2009, na Matriz de São Sebastião e São Cristóvão, Recife.
Entre os tantos aspectos e detalhes presentes no rito tradicional do Batismo, destacamos os seguintes:
1- A pia batismal é posicionada próxima à porta da Igreja – em algumas igrejas mais antigas a pia era construída do lado de fora -, simbolizando que o Batismo é a porta de entrada para a Igreja, é o Sacramento que nos tira do mundo e nos coloca na Comunhão dos Santos. Portanto, sacerdote, pais, padrinhos e demais presentes recebem o catecúmeno na porta da Igreja;
2- Uma pitada de sal exorcizado é colocada na boca da criança, enquanto o padre recita algumas orações. O “sal da sabedoria” representa o sabor com o qual o cristão deve temperar o mundo (cf. Mt 5, 13);
3- Ao final da primeira etapa da cerimônia - a introdução na Igreja -, o sacerdote realiza alguns exorcismos sobre a criança, pedindo ao Deus Altíssimo que a liberte do pecado e da escravidão de Satanás. Os exorcismos foram realizados em língua latina, não apenas pela beleza e da língua universal da Igreja, mas, também por conta da dureza das palavras que são usadas durante os exorcismos;
4- Após a primeira etapa da cerimônia, todos seguem a criança em direção à pia batismal rezando o Credo e o Pai Nosso em lugar da criança (os candidatos na idade da razão devem recitar publicamente estas orações recebidas pela Tradição da Igreja). O último exorcismo é realizado e os padrinhos, no lugar da criança, renunciam a Satanás;
5- O padre, então, dá início ao Batismo propriamente dito, dando fim à parte preparatória ou penitencial do rito. A cor da estola do sacerdote, que antes era roxa, agora passa a ser branca, pois o Batismo também simboliza a passagem da morte para a vida, da morte para o pecado para a vida da Graça;
6- Após o Batismo, a criança recebe a veste branca “que deverá ser levada sem mancha até o tribunal de Nosso Senhor Jesus Cristo” e a vela acesa que simboliza a luz da Fé e da Graça recebida no Batismo. Por fim a criança é consagrada a Nossa Senhora.
Para melhor ilustrar o acontecimento, compartilhamos convosco algumas fotos que foram tiradas durante a cerimônia.
domingo, 2 de maio de 2010
Um Batismo na forma extraordinária, em Recife, PE
Por
Rafael Vitola Brodbeck
Por José Claudemir Pacheco Junior
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