Por Dom Henrique Soares da Costa, bispo titular de Acúfida e Auxiliar da Arquidiocese de Aracaju.
Recentemente participava como Bispo da reinauguração do Palácio do Governo de Sergipe. Um belo trabalho. Apreciava algumas obras de arte. Alguém me perguntou, diante de algumas pinturas de várias escolas, estilos e épocas, de qual eu mais gostava. Apontei uma, que decepcionou meu interlocutor: “O senhor, tão jovem, com um gosto tão acadêmico?” Não! Não é gosto acadêmico! É sede do simplesmente belo, sereno reflexo da beleza que Deus escondeu em todas as coisas!
Segundo Joseph Ratzinger, nosso Bento XVI, a arte cristã, hoje, encontra-se num dilema: por um lado, deve opor-se ao culto da feiúra, que diz que tudo o que é belo é uma ilusão e que só a representação do cruel, baixo e vulgar é a verdade, a verdadeira luz do conhecimento, que exprime a crua e verdadeira realidade. Nesta linha, pense-se na grosseria das novelas e filmes, pense-se em certa arte que se compraz no bizarro, no exótico e hermético... No fundo, tal arte exprime o não-sentido, o absurdo de uma realidade que não é fruto de um Lógos, de um Amor eterno.
Por outro, deve a sensibilidade artística cristã contrapor-se à beleza fraudulenta, que faz com que o ser humano se rebaixe ao invés de fazê-lo grande, e que, por essa razão, é falsa. Aqui temos a arte do culto da forma sem conteúdo, como, por exemplo, a exposição do corpo humano, reduzido a objeto de sedução e incitação ao erotismo claro ou implícito... Nesta linha a realidade aparece desprovida de consistência: tudo é reduzido a consumo e satisfação dos próprios sentidos: fica-se na casca, na aparência das coisas, sem a capacidade de contemplar realmente o ser em toda a sua beleza e em todo o seu mistério! Nunca deveríamos esquecer que o ser, pelo simples fato de ser, de ter escapado do nada, é digno de admiração e profundo respeito!
Ratzinger invoca a famosa a frase do grande escritor russo, Dostoievsky: “A beleza salvará o mundo”. De que beleza fala o ilustre pensador? Refere-se ele Àquela Beleza de que fala Santa Teresa d’Ávila: “Formosura que excedeis a toda formosura, sem ferir dor fazeis e sem dor desfazeis o amor da criatura!” Sim, a Beleza suprema que nos é dada a contemplar neste mundo, a Beleza, critério de toda outra beleza, a norma de toda estética realmente libertadora, é a Beleza redentora de Cristo, o crucificado e ressuscitado!
Precisamos aprender a contemplá-lo, contemplar a beleza do Cristo – insiste Ratzinger. Contemplar significa entrar em simpatia, em sintonia com a estupenda realidade que ele representa e produz no mundo: um amor que se doa totalmente para nos redimir, para nos divinizar! Um amor que revela o sentido último de toda a realidade! Sem este amor, o mundo morre sufocado pela banalidade e a feiúra! Se nós o conhecermos, não apenas nas palavras, mas se formos trespassados pela flecha da sua beleza paradoxal, só então o conheceremos verdadeiramente, e não apenas porque ouvimos outras pessoas falando a seu respeito. E então teremos encontrado a beleza da Verdade, da Verdade que redime e seremos suas felizes e entusiasmadas testemunhas!
Mas, precisamente aqui encontramo-nos na profunda crise do cristianismo atual, da Igreja dos nossos dias: perdemos o sentido da Beleza, do gozo de contemplar desinteressadamente! Nossa fé, nossa liturgia, nossa teologia tornaram-se demasiadamente conceituais, cartesianas! Há quem possa realmente alimentar sua fé, sua paixão por Cristo com a enorme maioria de nossas missas barulhentas, cheias de comentários, entupidas de paramentos de mal gosto, artificialmente criados por modas discutíveis? Há devoção que suporte uma missa na qual o padre inventa os gestos como um animador de auditório ou não exprime os gestos indicados no missal – gestos que não são seus, mas de Cristo e da Igreja? E os comentários dos nossos folhetos litúrgicos? E o “Reino”(= sociedade socialista), que substituiu Jesus? E a cruz retirada de nossos presbitérios? E a teologia escrita por gente sem fé e sem espírito contemplativo: teologia racionalista e rasteira, que eleva tanto quanto um voo de galinha?
Nada pode pôr-nos em contato tão próximo com a beleza do próprio Cristo como o mundo de beleza criado ao longo dos séculos pela fé e a luz que brilha na face dos santos, através dos quais a própria luz do Senhor se torna visível.
É pela falta dessa realidade que sentimos o peso de um cristianismo sem graça, de uma Igreja burocrática, de uma falta de espiritualidade sólida e profunda... É preciso urgentemente uma Igreja que volte ao silêncio, que volte ao belo, que volte ao rito litúrgico, que volte ao Cristo! O Santo Padre Bento XVI tem tentado bravamente fazer que o clero volte a este caminho. Poucos têm compreendido seu apelo e correspondido ao seu chamamento...
Abaixo um triste exemplo da feiúra em que caiu o Ocidente cristão e da beleza genuinamente cristã, aqui representada numa Missa do Patriarcado de Moscou... Que vergonha para nós! Que tristeza! Que vulgaridade!
Disponível em Visão Cristã - Blog de Dom Henrique
Convite aos leitores do Salvem a Liturgia que possuem Orkut,
ResponderExcluirParticipem e ajudem a divulgar a comunidade no Orkut sobre o livro do Dr.Thomas E.Woods, "Como a Igreja Católica construi a civilização ocidental", Dom Antônio Rossi keller é co-proprietario e moderador.... vamos tornar este livro popular para que os católicos tenha argumentos e não fiquem calados ouvindo as maiores barbaridades, injustiças e mentiras contra a Igreja Católica.... devemos nos defender com a verdade e o testemunho!
aqui o link da comunidade
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=97652466
Por favor ajudem a divulgar a comunidade, Chega de tantas calúnias à Igreja! e chega de tanta omissão por parte dos filhos dela, infelizmente muitas por ignorância, e é aqui que este livro vai ajudar, acabar com ignorância da maior parte dos católicos.
Seminarista Wiler Geraldo da Silva, Diocese de São João del-Rei- MG
Belíssima reflexão de D. Henrique!!! Creio que o texto do Papa sobre beleza a qual ele se refere deve ser esse aqui: http://www.quadrante.com.br/Pages/especiais301007.asp?id=346&categoria=Filosofia
ResponderExcluirEngraçado ele ter sido qualificado de "acadêmico" pelo seu gosto. A arte subjetivista contemporânea é que tenta em meio a seus delírios verborrágicos e pseudo-intelectuais impor-se como dogma no meio acadêmico.
Deo Gratias aos poucos a Arte Sacra vai renascendo em seu esplendor no Ocidente. A reflexão de D. Henrique é um sinal disso.
Meu Deus! o video postado fala por si mesmo; ótimo! Acreditar que aquele "caixote" pintado constituem a capa de um evangeliario chega a ser avultante, deprimente! sobretudo com a presença de bispos que são os liturgos de suas dioceses; e o são, é claro, em comunhão com o que faz e quer a Igreja.
ResponderExcluirPe. Donisete
Caro Sem. Wiler geraldo da Silva
ResponderExcluirQual editora brasileira publicou o livro do Dr.Thomas E.Woods, "Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental"? Ou, como adquirir tal livro?
Fraternalmente!
Paz e Bem!
André
éééée né...diga-se de passagem: O Patriarcado ORTODOXO de Moscou, ou seja, dos Cismáticos.
ResponderExcluirPor que eles que cairam no cisma e na heresia (segundo os apologetas católicos) conseguem manter aquilo que as ovelhas de Pedro não conseguem? Se nós católicos somos a verdadeira Igreja, por que não nos portamos como tal?
Por quanto tempo teremos que recorrer à liturgia celebrada pelos cismáticos para mostrar aos outros o que é de fato uma liturgia bem celebrada?
Por favor, sou católico e não quero dizer que eles estão certos e nós não. Só quero que os "defensores" dos abusos liturgicos reflitam sobre isso!
Se não é o fim, é o começo do fim...
ResponderExcluirVer uma baixaria dessa, com aquele diácono, palhaço e vulgar, dançando com aquele trapo, que dizem que era o evangeliário.
Depois, o próprio Bispo que presidiu àquela "celebração" batendo palmas, parecendo um bobo alegre, com aquele báculo horrível de madeira, causa náuseas...
E aquele caixote, rídículo, de madeira??? É o altar???
Por favor...
Foi a fé e a Liturgia ortodoxa, que ajudaram o povo russo a passar pelos horrores do comunismo e conservarem a fé...
Como dizia, num tom jocoso, um velho cônego, já nos seus 90 e tantos anos... "Jesus Cristo viveu pouco para ver o que estamos vendo"...
Meu Deus...
Chamar aquilo de "Pontifical"...
Melhor seria chamar de um show barato e vulgar, parodiando, desgraçadamente, a Santa Missa...
Brincadeira de mau gosto...
Mãe de Fátima, rogai por nós!
Ai o livro foi publicado pela editora quadrante custa R$ 38,00 e pode ser comprado por este link:
ResponderExcluirhttp://www.quadrante.com.br/Pages/loja_detalhes.asp?id=672&categoria=Pensamentos
veja a sinopse:
Se perguntarmos a um estudante universitário o que sabe do contributo da Igreja Católica para a sociedade, a sua resposta talvez se resuma a uma palavra: “opressão”, por exemplo, ou “obscurantismo”. No entanto, essa palavra deveria ser “civilização”.
O autor destas páginas, Thomas Woods, doutorado pela Universidade de Columbia, mostra como toda a Civilização Ocidental nasceu e se desenvolveu apoiada nos valores e ensinamentos da Igreja Católica. Em concreto explica, entre muitas outras coisas:
• Por que o milagre da ciência moderna e de uma filosofia que levou a razão à sua plenitude só puderam nascer sobre o solo da mentalidade católica;
• Como a Igreja criou uma instituição que mudou o mundo: a Universidade;
• Como ela nos deu uma arquitetura e umas artes plásticas de beleza incomparável;
• Como os filósofos escolásticos desenvolveram os conceitos básicos da economia moderna, que trouxe para o Ocidente uma riqueza sem precedentes;
• Como o nosso Direito, garantia da liberdade e da justiça, nasceu em ampla medida do Direito canônico;
• Como a Igreja criou praticamente todas as instituições de assistência que conhecemos, dos hospitais à previdência;
• Como humanizou a vida, ao insistir durante séculos nos direitos universais do ser humano – tanto dos cristão como dos pagãos – e na sacralidade de cada pessoa.
Num momento em que se propaga uma imagem da Igreja como inimiga dos progressos da ciência e da técnica, e da liberdade do pensamento, este é um livro que desfaz preconceitos, corrige clichês e ensina inúmeras verdades teimosamente omitidas no ensino colegial e universitário.
Eu não teria cara de dizer a um ortodoxo que ele precisa se converter.
ResponderExcluirQue coisa triste.
Mas aqui em minha cidade é isso multiplicado por 100. O Padre aqui, atende o telefone no meio da Missa e fala com os fiéis ao vivo.
É a chamada disque-Missa.
Infelizmente, vi um pouco da minha paróquia nesse vídeo. O altar(?) de madeira, sem toalha, danças, "acólitas" e outras invenciones pseudo-litúrgicas. Quanta diferença entre um espetáculo profano e uma missa verdadeira. É realmente deprimente...
ResponderExcluirEu fiquei pensando aqui, logo nossas igrejas vão substituir os livros litúrgicos por IPad (e-books), o Missal do Altar por um notebook, alias, hoje para ofertar o dízimo, se dirija a secretária e pague no cartão. Nem mesmo os sacramentais estão insentos, o que se diga do terço eletronico, perder as contas das ave-maria será coisa do tempo de nossas mães e avós!
ResponderExcluirDizimo cartão: http://www.cidadeverde.com/igreja-ira-aceitar-dizimo-no-cartao-de-credito-25258
Terço eletronico: http://www.redetec.org.br/inventabrasil/terco.htm
Como dizia o Servo de Deus Paulo VI, junto com o vento do Espírito entrou na Igreja pós- conciliar (Vaticano II) a fumaça de Satanás. Quanto mais dessacralizada uma cultura, uma sociedade, mais necessitada de sinais, ritos, etc., que remetem ao sagrado e ao mistério. Não precisamos olhar para nenhuma Igreja Ortodoxa, por mais rico que seja seu patrimônio, o nosso tesouro litúrgico basta. O que precisa é aplicá-lo, o povo de Deus está cansado e sedento, cabe a autoridade eclesiástica agir.
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