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sábado, 24 de julho de 2010

O sentido da capa magna

Alguns escreveram ao Salvem criticando postagens em que figuravam Bispos com a capa magna, antes de uma Missa Pontifical no rito antigo. Diziam que é preciso ser equilibrado.

Concordamos com o equilíbrio. Claro que não podemos fazer da liturgia uma pantomima, uma caricatura de culto, um teatro de vaidades, nem a liturgia se pode transformar em conversa de estilistas ou fashionistas.

Todavia, a capa magna não é nenhum exagero. Ela está prevista, inclusive pelo ATUAL Cerimonial dos Bispos, após o Vaticano II, após a reforma de Paulo VI, para ocasiões de extrema solenidade. Ou seja, é para a forma ordinária também, para o rito novo. Mas, no antigo e no novo, em situações raras.

Se fosse usada habitualmente, como parte da veste talar do Bispo ou do Cardeal, aí, sim, algo iria mal. Um Bispo que a utilizasse cotidianamente em seus afazares, ou em cada Missa que celebrasse ou assistisse, isso, sim, resultaria em um tosco anacronismo, em um desejo de aparecer.

Repetimos: não é para o dia-a-dia que a capa magna está desenhada, mas como parte da veste coral mais solene. Nem mesmo quando assiste, normalmente, um ofício com veste coral, está o Bispo obrigado à capa. Ela, diríamos, não só é solene, como soleníssima.

E qual seu sentido? – perguntam alguns.

Manifestar, justamente porque é soleníssima, justamente porque é de raro uso, a realeza da Igreja. Trata-se, também a capa magna, como qualquer outra veste ou paramento, de realçar a glória de Deus. A beleza tem sua função na liturgia. É um instrumento de poderosa pedagogia, bem o sabemos. Ao vermos, em condições excepcionais, Bispos com suas capas magnas, somos imediatamente transportados para um mundo em que eles são nobres – e os Cardeais, príncipes –, e a Igreja um Reino. A capa magna tem um quê de sobrenatural, exatamente pelo pulchrum que nela reside. Não é ordinária, e sim majestosa. E essa suntuosidade nos diz que a Igreja não é do dia-a-dia, que o espiritual é algo sublime, superior, acima das coisas comuns.

O exterior reflete o interior. A beleza reflete a verdade. O culto não pode ser apenas interior, nem mínimo. Dar apenas o mínimo prescrito é como faltar com a generosidade para com Deus. O minimalismo litúrgico tem raízes na concepção luterana de culto, com um fundo marcadamente gnóstico, em que só importa o interior, e o exterior, se é necessário, só deve ser embelezado com o indispensável, com o essencial, com o suficiente.

Essa idéia de que basta uma batina e, no máximo, um ferraiolo (a capa curta), ou, nem isso, apenas um clergyman, e, na Missa, uma casula simples, com duas velas e incenso eventual, com altar em forma de bloco, é gnóstica. Não despreza o exterior de todo, mas contenta-se com o mínimo indispensável, ignorando que, nos acidentes e nas opções, há sinais legítimos e catequéticos.

A falta de símbolos torna carente o homem. E, se o homem moderno não os sabe ler, não é preciso acabar com eles, porém ensiná-lo sua reta interpretação. Pensar o contrário seria o equivalente a, diante de tantos analfabetos, extinguir as letras…

Fotos de capas magnas seguem, ilutrando nosso despretencioso artigo:

Fasciculus:Theodor Kardinal Innitzer -001-.jpg

E, enfim, para os que acham que a capa magna é “coisa de antes do Concílio”, ou “só para os tradicionalistas, que usam a liturgia antiga”, ou “moda da forma extraordinária”, ou ainda “invenção dessa geração Bento XVI”, vejam o Papa anterior, João Paulo II, quando ainda era Cardeal, e nos tempos posteriores ao Vaticano II, em capa magna:

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